terça-feira, 29 de julho de 2014


A volta à vida real, depois de um período anestesiante – diga-se bom,  de férias foi deprimente. Foi como tomar um choque anafilático. Acordei com disposição, tomei meu café e sai em direção ao metrô. No caminho você se depara com vários camelôs fugindo desesperados com suas bugigangas, para que a guarda metropolitana não recolha o material de trabalho deles. Vi uma senhora que se atirou pra dentro de uma barraca. Parecia uma bola de boliche fazendo strike. Respirei fundo e segui adiante. No metrô, as pessoas, como sempre equivocadas, ouvindo som alto em seus celulares. Sem o fone de ouvido. Apesar de difícil, acabei conseguindo me concentrar numa leitura. Estou relendo Dom Casmurro. Com a narrativa peculiar que Machado nos oferece, foi fácil fazer uma imersão na história de Bentinho e Capitu. São os resquícios de um bom descanso.

O que dizer sobre a volta ao trabalho. Decidi me inteirar aos poucos sobre os projetos e as pendências a resolver. Eu estava com saudades da minha equipe. Mas ter que lidar, dentro de seu ambiente de trabalho, com as mesmas situações e com os mesmos problemas que acontecem há anos é lastimável. Mas eu não estou muito a fim de falar sobre isso. Depois de três viagens belíssimas, fico questionando Deus, perguntando a Ele por que eu nasci colonizado (risos). Até agora, não obtive resposta.



Como eu me desliguei do mundo, dos problemas e das notícias que percorrem os semanários, voltei chocado com tudo o que anda acontecendo. Por exemplo: li que uma atriz foi condenada por ter enviado cartas envenenadas ao presidente Barack Obama. E olha que ela trabalhou em séries bem faladas e com boa audiência, como Vampire Diaries e The Walking Dead. O nome da distinta é Shannon Guess Richardson. Vai ficar 18 anos na cadeia. Vai ter tempo suficiente pra fazer muita coisa por lá. Aprender a atuar, por exemplo.

Tive uma surpresa um tanto inusitada. Um amigo querido meu me excluiu do seu facebook. Achei estranho pois logo no início de minhas férias ele colocou uma mensagem carinhosa, desejando uma boa viagem e que eu aproveitasse. Percebi a exclusão quando ia escrever uma mensagem. Até comprei um souvenir para ele (risos). Em todo o caso, deixei um recado perguntando qual era o problema, mas ainda não retornou. E quer saber mais? Não pretendo procura-lo. Afinal de contas, não fiz nada a ele. E como estou num processo de faxina social, acredito que o universo está conspirando a favor de uma reciclagem. Encosto agora  só nos despachos de encruzilhada. Ou se preferir, na Igreja Universal.


  

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Depois de 15 dias desbravando as terras portuguesas e não aguentando mais comer tanto bacalhau, voltei para o Brasil para um pit stop de 2 dias. Lavar roupas, pagar contas e dar uma papeada com os amigos. Muitos queriam me ver, mas eu realmente estava sem condições de combinar algo com alguém. Quer dizer, se eu estou em período de férias, significa que preciso descansar até mesmo de amigos. A família também está incluída no pacote.

Fazendo um back to the wonderland, levantei-me de madrugada para ir ao aeroporto de Cumbica. Próximo destino: Santiago. Cheguei ao aeroporto pontualmente às 4h – dentro do horário orientado de se chegar até 3 horas antes do horário de embarque de meu vôo, e aguardei meu assessor de embarque, Davisson, para despachar minha mala. Como demorava, entrei em contato com ele para saber onde estava. E olha que surpresa agradável: eu o acordei. Ele me disse que seria outra pessoa que iria fazer o meu embarque, o Alexandre. Desse cretino eu não vi nem a sombra. O que é pior é a agência sequer ter avisado que haveria essa alteração. Estava furioso.  Despachei eu mesmo a mala.   Fiquei em um assento horrível, no meio do avião e ao lado de um chileno escroto, que fedia ração vencida. Ainda ganhei um plus: ele roncava muito. Me apeguei na TV de meu assento para ver alguma coisa, porque com um ronco que lembrava um gêiser em erupção, seria difícil me concentrar para dormir.

Fiz um vôo tranqüilo, que transcorreu sem problemas. Cheguei em Santiago com 2º de temperatura. Imaginei o que me aguardava no meu destino final -  San Pedro de Atacama. Já tinha muita vontade de conhecer o deserto de Atacama, mas sempre protelava. Para aguardar o próximo vôo para a cidade de Calama, fui almoçar. Mais uma situação embaraçosa: era jogo do Brasil com o Chile. Imagine você assistir um jogo com os chilenos em peso, fazendo pressão diante dos poucos brasileiros que tinham no recinto.  E pra quem estava justamente fugindo da Copa. Acho que Santa Rita de Cássia deve ter acordado com a chaga na sua testa latejando e decidiu jogar sua irritação em mim. Comi um pouco, mas perdi a fome. O pior foi meu vôo atrasar propositalmente para esperar o fim do jogo. Quando entrei no avião, o comandante não fez nenhuma festa e não deu nenhuma informação sobre o jogo. Em Calama, a notícia dada pelo motorista que foi me buscar: o Brasil ganhou do Chile. Para consolá-lo disse que o Chile tinha sido superior ao Brasil, com mais tempo de posse de bola. E foi mesmo superior.  Entrei na van para chegar ao meu destino final.


San Pedro é um vilarejo que fica no meio do nada. No percurso até chegar à cidade, fiquei contemplando a paisagem seca, desértica, mas esplendorosa da região. Fiquei imaginando o que eu poderia esperar do lugar. Reli o roteiro de viagem para começar minha viagem imaginária, apesar de não gostar muito de criar expectativas. Com a chegada à pousada, decidi descansar. Jantei uma crema de tomates e um lomo com saladas e purê. E degustando um ótimo cabernet sauvignon chileno. A temperatura estava agradável: - 9º (risos).