A volta à vida real, depois de um período anestesiante –
diga-se bom, de férias foi deprimente.
Foi como tomar um choque anafilático. Acordei com disposição, tomei meu café e
sai em direção ao metrô. No caminho você se depara com vários camelôs fugindo
desesperados com suas bugigangas, para que a guarda metropolitana não recolha o
material de trabalho deles. Vi uma senhora que se atirou pra dentro de uma barraca. Parecia uma bola de boliche fazendo strike. Respirei fundo e segui adiante. No metrô, as
pessoas, como sempre equivocadas, ouvindo som alto em seus celulares. Sem o fone de ouvido. Apesar de difícil,
acabei conseguindo me concentrar numa leitura. Estou relendo Dom Casmurro. Com
a narrativa peculiar que Machado nos oferece, foi fácil fazer uma imersão na
história de Bentinho e Capitu. São os resquícios de um bom descanso.
O que dizer sobre a volta ao trabalho. Decidi me
inteirar aos poucos sobre os projetos e as pendências a resolver. Eu estava com
saudades da minha equipe. Mas ter que lidar, dentro de seu ambiente de
trabalho, com as mesmas situações e com os mesmos problemas que acontecem há
anos é lastimável. Mas eu não estou muito a fim de falar sobre isso. Depois de
três viagens belíssimas, fico questionando Deus, perguntando a Ele por que eu
nasci colonizado (risos). Até agora, não obtive resposta.
Como eu me desliguei do mundo, dos problemas e das notícias
que percorrem os semanários, voltei chocado com tudo o que anda acontecendo.
Por exemplo: li que uma atriz foi condenada por ter enviado cartas envenenadas
ao presidente Barack Obama. E olha que ela trabalhou em séries bem faladas e
com boa audiência, como Vampire Diaries e The Walking Dead. O nome da distinta
é Shannon Guess Richardson. Vai ficar 18 anos na cadeia. Vai ter tempo
suficiente pra fazer muita coisa por lá. Aprender a atuar, por exemplo.
Tive uma surpresa um tanto inusitada. Um amigo querido
meu me excluiu do seu facebook. Achei estranho pois logo no início de minhas
férias ele colocou uma mensagem carinhosa, desejando uma boa viagem e que eu
aproveitasse. Percebi a exclusão quando ia escrever uma mensagem. Até comprei
um souvenir para ele (risos). Em todo o caso, deixei um recado perguntando qual
era o problema, mas ainda não retornou. E quer saber mais? Não pretendo procura-lo.
Afinal de contas, não fiz nada a ele. E como estou num processo de faxina
social, acredito que o universo está conspirando a favor de uma reciclagem.
Encosto agora só nos despachos de
encruzilhada. Ou se preferir, na Igreja Universal.