Brumadinho-Inhotim. Minhas mãos estavam suadas de
ansiedade. Fui ao lavabo, joguei uma água na cara, para acordar um pouco.
Passei o protetor labial e de rosto e comecei a estudar o mapa de Inhotim, que
pegamos com os competentes atendentes de atendimento do Parque. Tínhamos duas
opções para percorrer o parque: de carrinhos, parecidos com aqueles do Projac,
conduzidos por belos meninos motoristas; ou caminhando. Perguntei para Ju o que
ela preferia. Ela me perguntou o que eu queria e eu falei que seria muito mais
emocionante conhecer o parque caminhando, mas era ela que decidia. E decidida
exclamou: “vamos caminhar!” A vibe com ela estava muito boa.
Optamos por fazer as extremidades
do Centro Cultural de Inhotim, deixando o núcleo do parque para o 2º dia. Decidimos seguir a nossa intuição, sem se
preocupar por onde começar. Mas a energia de Inhotim estava respirando a favor.
Vimos uma obra de um artista que não conhecia, que não demos muita atenção, pois quando estávamos a
caminho dessa primeira obra, visualizei do outro lado da laguna a imagem que escolhi para abrir bem nossos caminhos de boas vibrações. Salve Oiticica!
E as delicadezas visuais não
paravam de acontecer. A caminho da próxima obra, uma variedade de folhas, em
diferentes cores e estilos, acompanhando o nosso desfile em direção a uma grande
artista que contribuiu muito para a Pop Art.
Demos uma volta para atravessar uma ponte e mergulharmos de cabeça na concepção artística de Oiticia. Quando entramos em sua obra, me veio uma sensação boa de infância. Me lembrei do meu aniversário
de 5 anos. Metade das pessoas que estão no álbum já morreram (risos). E a outra
está prestes a subir.
O primeiro momento surreal do
dia: entramos numa galeria onde passava um filme demos uma lida sobre o que se
tratava o vídeo. Era um filme de caráter, digamos, experimental (risos). Como não
tínhamos nos interessado, demos meia volta quando nos deparamos com um
funcionário que, com seu sotaque brejeiro, nos disse: “Num vai assistir o filme,
não? Quando olhamos pra cara dele, ficamos meio sem graça em dizer a
verdade e fizemos a linha que estávamos perdidos. Perguntamos onde
entrava para assistir e ele foi uma graça em nos orientar. Quando nos sentamos, começamos a perceber que
tínhamos entrado numa fria. Começamos a rir muito quando, de repente, paramos
ao mesmo tempo e começamos, de fato,
a ver o filme experimental. Estávamos pra
lá do Mundo de Alice.