sábado, 31 de maio de 2014


Despertei aos poucos. Levantei tarde. Quando me deparei no relógio, vi que não adiantava mais ir ao SESC Campo Limpo. Para mim, é necessário, sempre, acordar com uma boa música. O clima estava para ouvir, de cara, Suede. Uma das bandas precursoras do BritPop dos anos 90. Ao lado dos Stone Roses, o Suede abriu portas para Oásis, Blur, Pulp, Kula Shaker e tantos outros grupos que surgiram nessa época. Eu fui e sou apaixonado por Brett Anderson, vocalista da banda. Em uma entrevista que ele deu ao Melody Maker, em 1993 (nossa, tem tempo), ele declarou que era um “bissexual que ainda não tinha se apaixonado por um homem”. Imagina para um garoto, em plena efervescência juvenil, ainda se resolvendo sexualmente, ler essa entrevista? Foi um ápice!



Arrumei o quarto, guardei as roupas, me arrumei e fui até a padoca nova que abriu, próxima ao SESC Consolação. Pedi brioches na chapa com ovo estalado e um chocolate quente. Enquanto aguardava, dei uma lida no Guia da Folha. Estava no pique de fazer algo sozinho e pelas proximidades. Vi duas exposições bem interessantes. Sentou-se, ao meu lado, uma típica família “classe emergente” – aquela que tem dinheiro, mas não tem classe para gastá-lo. O “chefe de família” pegou o cardápio em cima de minha mesa, sem me pedir licença. Não dei bola. Não iria me desgastar à toa.



Desci a Major Sertório, em direção à Matilha Cultural, na Rêgo Freitas. Nunca tinha dado muita bola para essa galeria. Tinha ido uma vez, numa exposição bem pífia e no festival de documentário musical, o In-Edit, ver um ótimo filme sobre a turnê do Anthony and the Johnsons. Aguardando o sinal para atravessar a Amaral Gurgel, me deparei (pois não dá para evitar) com aquele Minhocão horrível. E pensar que antes da construção desse aborto visual, tínhamos grandes praças e um belo projeto urbanístico para a cidade. Lembravam muito aquelas praças lindas e extensas de Paris. E pensar que Paulo Maluf foi formado em Engenharia. Ele tem cadeira cativa.  No inferno. Pior é ter ainda que vê-lo nessas articulações político-eleitoreiras. Não é, Alexandre Padilha?


A Matilha Cultural melhorou no visual. A exposição, um tanto instigadora. A História da Cannabis. Bem corajoso. Apesar de ficar numa sala pequena, ela cumpre seu papel de fazer uma retrospectiva histórica e cultural da planta. Segundo alguns, originária da China. Os chineses são realmente visionários (risos). E pensar que a repressão em torno da planta começou a acontecer há apenas 100 anos atrás. Ainda pensamos como quadrúpedes. É muito retrocesso.



Saí em direção ao Museu de Arte Brasileira da FAAP. Como é bom caminhar pelo Higienópolis. Eu realmente adoro. Uma região com um ar limpo pra se respirar, bem arborizada e umas relíquias arquitetônicas. Cada prédio! Eu sempre me visualizo morando por lá.

Realmente impressionante a exposição Tauromaquia, com obras sobre o mundo da tourada, através da opinião ímpar de Francisco Goya, Picasso e Salvador Dalí. Simplesmente os três grandes pilares da pintura espanhola. E muito mais! E o que eles quiserem! Pra começar, o espaço ambientado para receber as obras, foi pensado para que nós, réles mortais feudais, percebêssemos que essa estrutura fosse criada sob uma ótica de estarmos numa arena. Os quadros ficam pendurados em diversos relevos para provocar essa intenção. As gravuras de Goya são de arrepiar! Fora toda a história e todo peso político da pintura Guernica, feita por Picasso para afrontar e denunciar o regime ditatorial do governo Franco, na Espanha. Durante esse transe de estado de graça, encontrei com um produtor, que já quis conversar sobre trabalho. Fui educado, fiz uma resposta sintética e pedi licença para terminar de ver a exposição. Uma frase de Ernest Hemingway me chamou a atenção. Em seu livro Morte na Tarde, ele escreveu: “a tourada é a única arte em que o artista está em perigo de morte”.


Parada para almoçar. Meio galeto desossado com nhoque de mandioquinha ao molho pêsto. Degustando uma taça de vinho chardonnay, dei uma folheada no Segundo Caderno, do jornal O Globo. Deborah Colker estreia, no teatro Municipal do Rio de Janeiro, duas coreografias: uma delas, Belle, é baseada no livro do escritor franco-argentino Joseph Kessel, Belle Du Jour. Essa obra-prima foi, anos mais tarde, filmada por Luís Buñuel com a exuberante Catherine Deneuve. Quem ainda não viu, corra para pegar na locadora e assisti-lo, acompanhado de uma bela taça de vinho. Encorpado, de preferência. Estou na expectativa que Deborah, com sua trupe, venha para São Paulo. Conversei com o maitre do restaurante, Celiomar. Baiano e de uma simpatia exemplar. De repente, me deu preguiça de ver Malévola.  


Voltei pra casa. No caminho, pausa rápida para um expresso ristretto. Quis descansar um pouco e me arrumar aos poucos, para ir ao teatro. Vou assistir Lampião e Lancelote, com minha amiga Elídia.



sexta-feira, 30 de maio de 2014

Fui  pegar algumas folhas de cheque no banco. Uma fila única e imensa nos caixas eletrônicos, para saque e depósito. Felizmente, dois guichês para cheques, um deles disponível. A alegria durou pouco. Não tinha formulário na máquina. Tinha outro equipamento que fornecia cheques, mas estava ocupado. Uma senhora resolveu usar para pagar suas várias contas. Ainda para ajudar, ela não sabia como manusear o caixa eletrônico e pediu ajuda a um rapaz. Ele também não sabia mexer (risos). Perguntei para o segurança se tinha algum funcionário do banco para ajudar. O distinto ser respondeu que tinham várias máquinas à disposição. Ao mesmo tempo em que o mandava à merda mentalmente, disse calmamente que era necessário alguém colocar os cheques na máquina, que estava sem os formulários. Depois que a gente fala que são do 5º Mundo, querem processar. Saí de casa apenas com um iogurte.

 


Pane no metrô. Mais uma, pra variar. Já estava lotado na estação Santa Cecília. Entrei e fiz minha imersão-no-mundo-interior-de-dentro-de-mim-mesmo. Com ajuda do santo ipod. Quando a porta do vagão se fechou, o metrô começou a andar devagar e de repente deu um breque abrupto. Continuou seu trajeto, intercalando velocidade reduzida e a maldita freada. Acho que contrataram alguém sem carteira de habilitação. O metrô parou na estação Belém e o maquinista pediu para todos descerem. Acho que já tinha pago os pecados do dia no banco. É a estação que eu desço, para ir ao trabalho. #sorryperiferia
 



O Rei do Pop está londe de perder a majestade: dois singles no Hot 100 da Billboard e seu disco Xcape em 3º lugar na parada de álbuns mais vendidos, nos EUA. O Coldplay lidera como disco mais comprado pelos norte-americanos. Tenho amigos que possuem uma inexplicável tara pelo Chris Martin, o vocalista do grupo. Ele não tem sex appeal nenhum. Ele nem tem cor! Parece um modess. E só pra constatar: por onde anda a Lady Gaga, que nem se vê o pó dela entre os 100 discos mais vendidos? Será que ela vai durar pouco? O "mundinho" pop anda bem limitado. Porém, ainda cruel.







quinta-feira, 29 de maio de 2014

Dei uma olhada nas mensagens que recebi ontem e vi que tinha uns vídeos. Me atentei para um bem bizarro: uma vadia loira na cama,  de quatro, peidando para a câmera. Pior foi ver o rabo dela. Parecia uma pintura de Francis Bacon. Nem Pitanguy daria conta de salvar.





Saindo em direção ao metrô, cumprimentei Adriano, porteiro do prédio. Um negro gato bom de se ver com os olhos. Disse para eu conferir a foto dele no whatsapp, que estava loiro. Imaginei o quão medonho deveria estar. Falei isso a ele. Vi depois a foto de Adriano no whatsapp. Ele coloriu de loiro apenas a barba dele.


Vi naquelas telas de tv do metrô, uma exposição que me interessei em ver, chamada Animalias, da artista Sté Gomez. Ela cria, em suas obras, uma relação entre a humanidade, a natureza e a tecnologia, com a espiritualidade contemporânea - sem se esquecer das crenças antigas. Pelo que li, a exposição vai até o dia 31 de maio. Como tem também a abertura do Sesc Campo Limpo no próximo sábado, terei que me esforçar pra tentar conciliar as duas coisas. A quem interessar, a exposição da Sté acontece no Urban Arts Oscar Freire, no Jardins (http://www.urbanarts.com.br/).


“Vazou” uma foto de um daquele integrante, vocalista pseudo-michê daquela boy-bandinha inglesa – One Direction. Ele está fumando uma marijuana. As fãs estão inconsoláveis. Fico imaginando a reação delas quando descobrirem que ele caga.

Me esqueci completamente de que tinha entrado no MySpace. Depois de anos, voltei a utilizar.  Almocei e fui tomar um café com Val. Comentei que Igor tinha me dado o cano, mas que “há males que vem para o bem”: Elcimar acabou passando em casa. Contei para ela que em uma de suas idas a minha casa, começamos a conversar sobre o Juízo Final. Elcimar é de berço evangélico. E eu, de berço católico. Perguntei se o Juízo o afligia. Ele respondeu que sim e que precisaríamos praticar boas ações, para irmos ao Céu. Não me contive e perguntei se ir em casa de suíngue era uma prática de boa ação. Ele me devolveu, questionando se estar comigo era uma prática de boa ação. Disse que só Jesus para responder.


 Em Família é ótima. Ou pra quem tem insônia. Ou pra quem quer ser lobotomizado.  Eu fiquei até sem ar, de tanto tédio. O bom é que realmente me deu sono (risos). E tem quem gosta de fazer média com o autor. “Porque o texxxto de Maneco é tão humanista...”. Pra quem faz terapia lacaniana, um recado: fuja. Suas novelas tem sempre essa letargia. Uma cena de café da manhã dura três capítulos. Acho que a última novela que vi dele foi Por(ra) Amor e isso já tem tempo. Só se salvava a Susana Vieira, fazendo o papel dela mesma (risos). Mas só fui descobrir anos depois. 









quarta-feira, 28 de maio de 2014



Não dormi direito de novo. Tinha acordado às 7h para ir ao banheiro, mas quando retornei para minha cama, perdi o sono. Acordei graças ao interfone da portaria, avisando que a diarista acabara de chegar. Almocei no Moinho com minha amiga Val. Ficamos dias sem nos vermos. Colocamos o papo em dia. Fomos nos encontrar com Helô na Margô, pra fazer uma linha tricô. Em meio a um expresso, que tinha prometido mentalmente a mim mesmo não tomar para não ficar elétrico à noite, ficamos vendo o início da Sessão da Tarde, com aquelas dublagens que chega a humilhar o trabalho digno de um bom ator. Como tudo tem piorado, ultimamente. Em um devaneio cênico e cínico Helô disparou: não alimente o ódio. Alimente alguém. Daria uma ótima publicitária. 

Tivemos 15 minutos de atividade física, com dois instrutores em pleno expediente, para participarmos do Dia do Desafio. Mulher não tem a elegância de disfarçar, não é mesmo? Não pode ver homem interessante. Interessante, eu digo, para os padrões delas. Não tem a sutileza, a discrição e a fineza que uma gay sabe ter. Juro que não entendia o que o garoto tinha de interessante. Eu já o tinha conhecido em uma reunião, mas fiz a Kátia total com ele: não estou vendo nada. Mas valeu a pena ter feito um bom alongamento.  Ele veio depois, me cumprimentou e eu fui cordial. Fiquei com Sidênia e Fernanda para escolher os destaques da programação para o site. Escolhemos o documentário Rio Negro, com Dráusio Varella. Me lembrei de uma dupla de música sertaneja e soltei: Rio Negro e Solimões. Sidênia complementou: a primeira dupla fluvial do Brasil (risos). Me distraí por um momento, com uma música bem descartável na cabeça: “Roar”, da Katy Perry. Michael Jackson realmente faz muita falta no cenário pop.






Jessé deixou para eu ler um texto daquela autora que eu esqueci o nome. Fez a novela...isso, Walcyr Carrasco. O tema era fantasias sexuais. Que sofrível de se ler. Fiquei por um instante querendo saber se de fato ele estava brincando com a minha cara. Sabe aquele texto cozido, requentado? Que é tão óbvio nas suas indagações e conclusão de raciocínioÉ óbvio que todos temos, sim, fantasias sexuais que não consideramos permissivas; é óbvio que todos nós temos segredos que não contamos nem para nossa sombra. Com quem ele está querendo estabelecer contato? Com os gremlins?





Juçara me ligou e eu retornei sua ligação. Saudades dela. Combinamos de assitir Walmor Y Cacilda, do Zé Celso, nesse fim de semana. Conhecendo Zé Celso como nós, ela perguntou a duração da peça. Eu disse 2 horas. Ela questionou: Só?

Fui no Engenhão para comer algo. Os atendentes quiseram puxar papo. E eu aproveitei para me divertir. Disse que tinha feito muito frio de madrugada. O chapeiro me respondeu que ele nem sentiu o frio, pois ficou “nhunhando uma hora sem parar em cima da muié dele”. Fiz a linha que não tinha entendido e comecei a rir mentalmente. Bofes adoram enaltecer a virilidade do ego. O assunto me deu fome e não resisti: chesse-calabresa. Uma fofa que também trabalha lá entrou na conversa. Uma gracinha de feia. Tem estrabismo. Mas é extrovertida e tem sendo de humor. Com essas características fiquei numa dúvida, mas depois concluí: é sapatão.

 Na saída, em direção ao metrô, Juci, Helô, Manoel e eu caminhamos pela horrenda radial leste para pegar o metrô. Fiquei um pouco pra trás, vendo eles tagarelando, quando Juci fez a pergunta que eu estava doido para alguém me fazer: o que eu tinha achado do instrutor que nos deu os exercícios de atividade física. Ela comentou, numa entrelinha geral, que as meninas (e ela) tinham achado o bofe bem interessante. Fui decupando: disse que ele tinha um conjunto estranho, a começar pela bunda enorme, os braços finos, desproporcional ao corpo, as canelas finas (me desculpem, mas homem de canela fina é o fim) e um cabelo de quem usou tintura Márcia e deixou secar no sol. Além das piadas prontas que ele soltou, durante os exercícios. Juci ficou impressionada com a resposta, achando que eu iria concordar com elas. Eu apenas concluí que em matéria de decupagem estética, sou uma ressonância magnética.

Terei que desmarcar minha terapia amanhã, mas é por uma boa causa: conseguiu convite para um bate papo no Teatro Célia Helena, com a Maria Adelaide Amaral. Luxo. Espero que a reunião da tarde de amanhã não atrase.

Vi uma foto atual da Brigitte Bardot e me assustei. Ela está a cara da Wilza Carla.




Despertei às 10h30, mas ainda com a sensação de cansaço.Tinha lavado roupa até às 2 da manhã. Levantei-me no susto, pois tive que me apressar. Tinha uma reunião marcada ao meio dia. Liguei o som e coloquei um disco que já estava no aparelho. Começou a tocar Sheryl Crow. Me lembrei que tinha colocado o álbum na noite anterior e de Rogerio cantarolando a música "If it makes you happy". Cantarolando tudo errado, diga-se de passagem.



Peguei o metrô e para minha grata surpresa, tinha um assento livre. Sentei-me, esperei terminar de escutar no ipod uma obra linda de Verdi. Desliguei para ler a saga da família Buendía. Quando o metrô parou na estação Sé e seguiu em direção à zona leste, um menino com calça de abrigo da FMU parou em minha frente. Deduzi que era estudante de educação física. O bom de se usar óculos escuros é que você pode observar todos sem deixar vestígios. Analisei o garoto: um belo conjunto, mas quando olhei para seu rosto, pensei: “Deus benza”. Um autêntico camarão.

Passei no Engenhão para pegar um suco de laranja batido com gêlo no liquidificador e um pão de queijo. Tem um atendente que adora dar em cima de mim, mas eu não dou muita bola. Ele começou a falar que estava muito frio e que o tempo estava perfeito para namorar. Eu concordei, mas falei que estava sem pretendente. Ele aproveitou o toque que eu dei na bola, para dar a cortada definitiva: disse que eu sou seletivo demais, que eu escolho muito. Não deixei por menos: comecei a dar atenção ao outro atendente que não sei o nome, mas nasceu na Paraíba, e que ele detesta.

Depois da reunião, fui dar uma olhada nas notícias. Fúteis, de preferência.  Li que a Luciana Gimenez – a ex fêmea babilônica de Mick Jagger, estava mediando (oi?) uma conversa com alguns líderes religiosos para falar sobre tolerância religiosa e desmaiou em pleno programa ao vivo. Despacharam um belo ebó nela, isso sim. Fui almoçar com Sidênia. Novamente na Margô para tomar um café, vi várias revistas Caras e me reparei com a capa de uma edição, sobre a alegria de Susana Vieira em celebrar o casamento do filho em alto mar. Adoraria que ela me convidasse. Para poder afoga-la. 

Mais whatsaaps para responder. Flavia, uma amiga muito querida de Ribeirão me mandou um vídeo, mas a conexão estava muito ruim. Igor avisou que daria uma passada em casa. Fiquei com uma certa preguiça, mas acabei combinando às 21h30. Faz tempo que não o vejo, é verdade. Espero que ele não me canse e não transforme sua ida em casa a uma sessão de terapia. Recebi um e-mail confirmando o roteiro de minha segunda viagem de férias. Respirei aliviado, pois fechei com uma relação custo benefício bem bacana. 

Fui tomar um lanche com Jessé, um colega de trabalho, editor, no Sesc Belenzinho. Divagamos sobre o peso da idade, mas preferi tirar o drama na conversa. Falamos sobre o processo de maturidade natural que todos nós, que já passamos dos 30, adquirimos. Falei sobre a ajuda que o floral me dava para segurar meu lado tempestuoso. Ele concordou e perguntou a quantidade de thc que eu coloquei no meu floral. Ri muito.

Saímos do trabalho, em direção ao metrô, Juci, Helô e eu.  Helô me perguntou se eu queria ir ao cinema, ver o novo  X-Men. Declinei do convite, dizendo que tinha um...”date” (risos). Cheguei em casa. Ao pegar o elevador encontrei, pela terceira vez em uma semana, com um vizinho meu que anda sempre de termo. Deve ter por volta de 27 anos. Brinquei com ele, falando que ele estava me perseguindo. Foi super simpático e retribuiu dizendo que ele sempre fica me esperando na esquina, pra entrarmos juntos. Assim que saí do mundo de Alice e voltei para a Terra, vi que ele carregava a sacola de um supermercado bem vagabundo. A imagem é, sem dúvida, a primeira impressão que fica.

 Vi um recado de Igor, pelo whatsapp, avisando que não viria. Estava garoando muito na região onde ele mora. Fiquei puto e mandei um recado malcriado. Afinal de contas, eu abri mão de ver X-Men.




Coloquei uma música clássica para relaxar – O Imperador, de Beethoven. Fiquei espiando o mundo pela porta da minha sacada. Olhei para uma imagem de Jesus Misericordioso que tenho e num devaneio disse: bem que Você falou que iria trazer a espada. E isso está na Bíblia. Acabei vendo o vídeo que a Flavia me mandou. Eu gostei, mas achei um pouco (risos) malvado. Elcimar passou em casa. Vi Pé na Cova e me impressionei com a bela escada que o texto do Miguel provoca no trabalho de um ator como Diogo Vilela. Foi um acerto. Só achei uma pena o tom piegas que Miguel vem se utilizando para criar um desfecho do episódio.  E “Alone again” pra coroar o final dessa trama. Nada mais italiano. Uma bela bola fora.  
  




terça-feira, 27 de maio de 2014

Segunda-feira, 26 de maio de 2014. Acordei e fiquei olhando para o teto e me perguntando se de fato teria que ir trabalhar. Me lembrei que acabei não fazendo sexo com ninguém no fim de semana. Bela motivação para começar a segunda-feira nublada. Como ainda não vivo de renda, me levantei, coloquei Neil Young no meu set list, me montei e fui encarar a linha vermelha do metrô, em direção a Neverland, ou seja, zona leste da cidade. Comprei um novo Ipod. Sempre gosto de colocar no sistema randômico pra ver se o aparelho corresponde às minhas expectativas ou estado de espírito. Deu certo. Saí de casa ao som de “Midnight Lullabies”, do Tom Waits.



Cheguei no trabalho e vi uma foto minha, no facebook, que postei no sábado durante a exposição da Yayoy Kusama, ser bastante curtida e comentada pelos amigos. Isso me deixou feliz. Mas ficarei mais feliz ainda se as mais de 70 curtidas for prestigiar a exposição. Vendo as fotos que tirei da exposição no Tomie Ohtake, me lembrei de outra exposição que fui ver – Iberê Camargo, no CCBB. Realmente impressionante a amargura colocada pelo artista em suas obras, principalmente aquelas criadas no final dos anos 80 e começo dos anos 90. Saí tão atordoado que tive que trabalhar isso na minha terapia. Em uma de suas criações, ele nos provoca e faz um reflexão sobre todas os questionamentos que fazemos durante toda a vida, sem termos nenhuma resposta para nossas perguntas. É horrível sair com a sensação de que nossa vida é apenas um ponto de interrogação, sem nenhuma vírgula para ajudar. Almocei com Helô e comentei com ela que o garçom me dá um pouco de tesão. Detalhe: ele é, digamos,  feio. Mas simpático. Num rápido flash em minha cabeça, fiz um levantamento de quantas vezes fiz sexo por compaixão. Mas prefiro me abster em dar uma resposta (risos).
Depois de uma caminhada obtusa naquela região sofrível de se ver, que chamamos de Quarta Parada (meu complemento: respiratória), fomos tomar café na Margô. Estava passando Mudança de Hábito 2, com a Whoppi Goldberg. Acho filme dublado um porre. Mas pior que isso, foi assistir, no momento que uma dupla de rapazes-de-subúrbio-estudantes da escola que Whoopi – a freira disfarçada, ensina educação musical, eles começam a fazer um típico rap norte-americano. E a Globo DUBLOU o rap (risos malignos).   Nada melhor do quer rap norte-americano dublado, pra voltar ao expediente de trabalho.

 Fui resolver algumas coisas para não deixar para as meninas de minha equipe ter trabalho dobrado. Fiquei feliz com essa boa ação. E olha que nem tomei meu floral vespertino (risos). Como toda a segunda-feira que se preze – cinza, chata e o que é pior: extensa, fizemos uma reunião para definição de pautas para um evento de artes cênicas, que acontecerá em Santos, no mês de setembro. Ai, como o processo contínuo me cansa! Ter que ouvir a mesma pergunta, pela enésima vez, e dar a mesma resposta pela enésima vez.
Saí meia hora depois do expediente. Rogério já tinha me mandado vários whatsapps. Queria me encontrar em casa. Fui apressado para o metrô. Assim que desembarquei, caminhei até a padaria. Pedi dois pães para a atendente. Me atentei a uma torta muito bonita, onde eles cortam em forma de quadrado. Perguntei gentilmente o que tinha na torta e a cretina me  respondeu com aquele ar de que a resposta que ela ia dar já bastava: “frios”. Depois que a gente trata como uma reles serviçal, reclama. Então eu calmamente perguntei: "frios é uma resposta muito genérica, não acha darling? (me esqueci numa rápida fração de segundos que ela não saberia inglês). Pode ser queijo, pode ser presunto. Me diz o que tem?" Como desejei que ela fizesse companhia para as crianças escravas chinesas. A Zara deveria recrutar.







Cheguei no apartamento. Abri as correspondências. Só contas. Pedi um tempo para Rogério chegar, para tomar uma ducha. Cheguei bem cansado. Por mim, cancelaria a vinda dele, mas depois de ter dado um cano nele a semana passada toda, resolvi recebê-lo. Assim que chegou, vi os olhos vermelhos dele e perguntei se ele estava se divertindo no mundo de Alice (risos). Ele não entendeu absolutamente nada. (risos). Me mostrou seu capacete novo, estava muito feliz. Depois do “episódio a la Bruna Marquezine, em família”, foi tomar banho e ficou repetindo várias vezes que ele estava super-mega-hifi-plus-advantage feliz com o capacete novo, que ele comprara. Depois desse mantra anti-tântrico, me levantei rápido da cama e tratei de apressá-lo, dizendo que ele precisava acordar cedo na fábrica.   Dei uma entrada rápida  no face. Acabei encontrando, através da página de uma amiga, uma colega de faculdade, na qual não tinha mais notícias dela. A cara é a mesma, mas mais inchada. A idade nos trata como bolo de ceras. Me lembrei que ela era surda de um ouvido (risos). E eu, às vezes (foram poucas vezes mesmo), pra sacanear, falava com ela (risos) do lado do ouvido que ela não escutava, só para ouvir ela dizer: como? (risos).

Coloquei a torta numa travessa para esquentar. Liguei o forno e, depois de alguns minutos (acho que dez) escrevendo, me lembrei de não colocar a torta dentro do forno. Assim que ficou pronta, percebi em meu paladar que havia catupiry na torta. Aquela atendente não me falou.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Domingo, 25 de maio de 2014. Tinha me esquecido de desligar o celular. Vários recados no whatsapp. Na maioria, de “amigos” querendo “marcar algo pra fazer” (risos). Troquei mensagem com Helô para assistirmos o filme “Gata velha ainda mia”, com a Regina Duarte. Nunca fui fã dela, pra se dizer a verdade. Sempre a achei um blefe. Ok, ela fez Malu Mulher, que foi um marco na teledramaturgia: uma série que abordou a emancipação feminina, em plena época de ditadura. É de se tirar o chapéu. Mas a Porcina que ela fez em Roque Santeiro era afetada demais. Acho que Betty Faria faria melhor (risos). Teve a Raquel, em Vale Tudo. Pena que ela não contava com Glória Píres e sua inesquecível Maria de Fátima, que não só a tombou, como roubou a cena na novela. Fora a avó que eu nunca tive – Odette Roittman. Mas isso é outra história que não estou muito a fim de desenvolver agora.
Passei no shopping Frei Caneca – a meca gay do consumo, para comprar os ingressos. A sessão estava marcada para às 18h30. Comprei e fui a uma livraria, por sinal bem bacana. Vi um catálogo do Escher, mas achei caro. Sentei-me e continuei a saga da família Buendía. A narrativa criada por García Márquez faz a minha imaginação adentrar o povoado de Macondo e não querer sair mais de lá, apesar de todo sangue derramado, consequência da guerra que durou anos, pela liberdade do povoado. Apesar de todo o sangue, preferi ficar no meu imaginário, com as personagens do livro, do que ver aquele bando de bichas carão, jurando que são cheias de conteúdo, mas que são ocas como árvores podres. Almocei no Zeffiro com Helô. Degustamos um tempranillo ótimo. O Tagliarini com ragu de rabada estava divino. E Regina Duarte me convenceu. Acho que vou ter que rever meu conceito sobre ela. #sqn.
E no espírito de voltar a vida real. A segunda-feira está chamando.


Sábado, 24 de maio de 2014. Acordei com uma vontade de não querer sair da cama. O frio, finalmente, chegou em Sampa, pra dar uma amenizada no clima seco da cidade. Depois de uma eternidade pensando no roteiro do dia, pensei em sair um pouco da dieta e me jogar numa bela feijoada. Quis escutar um disco num volume bem alto e o escolhido foi Neil Young. É impressionante o quanto o tenho escutado com mais frequência e o quanto tenho ficado mais fascinado pela obra dele. Ao mesmo tempo, faço um autoflagelo, me questionando por que eu não o conheci e o escutei há mais tempo e só agora – de 2 anos pra cá, tenho redescoberto suas composições. Liguei para Clóvis, um amigo querido que não via há tempos. Nosso último encontro tinha sido ano passado...numa feijoada. Também está fazendo dieta, para continuar (parecendo) jovem. Combinamos de nos encontrar no Chopp Escuro. Vi Clóvis e Angel aguardando uma mesa. O restaurante tem como público habitual as bichas velhas que moram por perto. Era muita concentração de naftalina por metro quadrado. Angel está com um bigode, agora. Disse a ele que estava mais jovial. Ele disse que os amigos não gostaram, mas Clovis tinha curtido. Então eu disse: fodam-se os amigos. Em meio a algumas batidas de maracujá, que tomamos compulsivamente enquanto a feijoada – que demorou muito, diga-se de passagem – não chegava, colocamos a prosa em dia. Angel comentou que enquanto estavam aguardando do lado de fora uma mesa, três pedreiros – daqueles bem rústicos – passaram pelo restaurante e um deles, olhando para meus amigos, disse: “nossa, hoje está um dia perfeito para fazer um filho”. Gargalhei e complementei que, se estivesse junto, diria: “me engravida!” (risos).
Me encontrei com Clau às 16h no metrô Faria Lima, para vermos a exposição da Yayoy Kusama, no Tomie Ohtake. Precisava urgente de um café expresso, mas ao redor da estação, não tinha opção de boas cafeterias. Fomos na comedoria do Sesc Pinheiros. De lá, caminhamos ao Tomie. Estava cheio. Bem cheio. Me deu um desânimo na hora que entrei. Mandei todos à merda, mentalmente. Apesar do início de desânimo, acabamos vendo quase toda a exposição. Tive até uma relativa felicidade de ver bastante gente por lá. Mas pegamos fila em dois galpões onde se concentrava as obras de mais impacto da Yayoy. Vendo sua obra, pensei o quanto Andy Warhol bebeu de sua fonte. Louca, insana e genial. O que me chamou a atenção foi o fato dela ter ido voluntariamente morar em um hospital psiquiátrico, desde 1977. Quero muito voltar, para terminar de ver. Suas pinturas, feitas no pós-guerra, na década de 1940 são de arrepiar. Para passar o tempo na fila, ficamos tirando sarro de algumas figuras que aguardavam também a entrada. Tinha um ser que era a cara daquele produtor musical, o Carlos Eduardo Miranda. Numa tecla de repetição, comecei a fazer uma versão de Ciranda, cirandinha, para Miranda, Mirandinha.
Cheguei em casa cansado. Tinha uma festa para ir na Blue Velvet de uma colega de trabalho. Mas, fui informado que a festa tinha sido transferida para outro lugar, bem mais longe. Pedi um sinal a Deus, se iria ou não encarar o frio e o trânsito, e Ele me deu: estava passando o documentário sobre os Titãs, no GNT. Na sequência, reprise de Downton Abbey – meu elixir aúdiovisual, atualmente - que não tinha assistido na quinta passada. Aliás, um breve parênteses: o mesmo documentário tinha passado na mesma semana, em outro canal. Até a tv paga está sucumbindo a uma programação repetida. Há tempos. Depois do episódio eletrizante, fui me jogar na obra de García Márquez, que aliás, não paro de ler.