terça-feira, 29 de dezembro de 2015


Como é bom o recesso de fim de ano. Você sem se preocupar com problemas, pendências a resolver, poder ficar jogado no sofá sem fazer absolutamente nada, curtindo preguiça. Na verdade, estou nos preparativos para viagem de fim de ano. Depois de 3 anos entrando com pé direito no novo ano na Paulicéia, resolvi procurar algo mais condizente com meu estado de espírito. Tinha me programado para viajar sozinho, algo que adoro fazer. Mas minha fiel escudeira Juçara se convidou para ir comigo. Embarcaremos na madrugada dessa quarta, com destino a Cavalcante, cidadezinha que fica dentro da Chapada dos Veadeiros. Conheço a chapada pelos lados de São Jorge e Alto Paraíso, o lado mais hypado. Os amantes do ocultismo adoram esse lugar. 

A última semana sempre tem aquela vibe reflexiva de como foi o ano de 2015. Particularmente não tenho do que reclamar, foi um ano, digamos, estável. Mesmo com o episódio da cirurgia da hérnia, não esmoreci. As férias foram proveitosas, meus pais comemoraram mais um ciclo de vida, minha irmã passando por nova fase de vida. Tive algumas perdas de amigos queridos, mas o que podemos fazer? Sabemos que a única certeza que temos na vida é a morte. Enquanto ela não vem, aproveitamos a vida.  Para viajar bastante, se priorizar e ser feliz.


Tenho colocado a leitura em dia. Pretendo terminar de ler Gente Independente, que comecei a degustar a história durante minha licença médica. Depois de quase 600 páginas lidas (faltam 79 para terminar), continuo ainda com uma birra tremenda do protagonista da trama, um homem chucro, presunçoso, auto-suficiente, orgulhoso em não querer a ajuda de ninguém. Mas um trabalhador que depois de anos como humilde servo, junta suas economias para comprar a fazenda de seu então chefe para constituir prosperidade. Mesmo assim, Bjartur da Casa Estival age sempre com desconfiança das pessoas, como um gato escaldado fugindo da água. Lógico que há outros personagens na história, mas continuo num embate em gostar da saga desse fazendeiro. Tive essa mesma sensação quando li o clássico de Gabriel García Marquez – Cem anos de solidão. O que me faz ler uma história na qual eu não me simpatize com o protagonista é a narrativa envolvente do escritor Hálmor Laxness. Fora as cutucadas que ele dá no texto com a realidade à época de seu lançamento – ascenção dos bancos, criação das cooperativas, a relação conturbada entre fazendeiros e a burguesia latente da época. Nunca pensei que pudesse soar tão atual hoje em dia. Vou levar na viagem para terminar o desfecho da história do ogro Bjartur.

Para não sair totalmente brochado da narrativa do livro, passei dia desses numa banca, na Avenida Paulista, dei uma olhada na prateleira e avistei algumas graphics novels da Marvel. Não leio HQ há tantos anos que me acendeu a vontade de folhear algumas revistas. Aí avistei de rabo de olho um livro de capa dura, lacrado. Li a sinopse na contracapa e achei no mínimo ousado: o roterista teve a ideia de escrever uma história durante a era elisabetana, com vários personagens da Marvel. Ideia bem original, com ótimas ilustrações. Imagine, por exemplo, você ler e se deparar com Magneto no papel de Inquisidor, proclamando uma caça às bruxas no reino. Pra quem é fã ardoroso, já captou que os “bruxos” são, na verdade, os X-Men. Imagine acompanhar a saga do poderoso conde Victor Von Doom – Doutor Destino, com sua ganância em querer o poder da rainha a qualquer custo. Mas Elisabeth tem um fiel escudeiro de confiança, o senhor Nick Fury. Estou contando de forma superficial, mas até agora não tenho me decepcionado com a forma que o roteirista deu vida aos personagens da Marvel, nesse enredo interessante. Levarei também para degustar na viagem.


2015 foi um ano que me distanciei da TV. Acho que a maturidade da idade vem chegando e com ela o senso crítico mais aguçado. Nada me chamou muito a atenção. Como fã de novela, só tive decepção: o fiasco que foi Babilônia me deixou sem interesse em acompanhar as tramas seguintes. Confesso que a expectativa era grande com A Regra do Jogo, mas nem João Emanuel me manteve atento à tela. E quanto aos Dez Mandamentos, valeu o esforço em bater a Globo na audiência em pleno Jornal Nacional. Mas eu nunca vi um Moisés tão apagado, tão sem ação e insosso, composto pelo Guilherme Winter. Um autista com certeza conseguiria passar mais emoção que ele.

Das séries, acompanhei de longe Gotham e achei a ideia bem interessante em retratar o período pré Batman e centrar esforços na composição dos vilões. Confesso que o Pingüim nunca me chamou tanto a atenção, mas depois de ter visto o nascimento dele na série, decidi me retratar e mudar meu conceito a respeito dele. Mérito do ator que é ótimo na interpretação do vilão. American Horror Story foi ok. Por um momento, achava que a história era uma colcha de remendos, alguns elementos utilizados em outras temporadas foram aproveitados nesta temporada. Esperava mais no desfecho.

Mesmo não reclamando (tanto) sobre o que foi 2015, não dá para ficar incólume frente a tanta notícia ruim que testemunhamos, seja na atualidade brasileira, como mundial. Politicamente foi um ano desgastante. Para mim, decepcionante com a atual gestão do Executivo e com a quantidade de ladrões envolvidos com corrupção no Legislativo, incluindo o Belzebu-mor presidente da Câmara dos Deputados. 2016 será regido por Oxalá e Iemanjá. Espero que ele com sua brancura consiga limpar com seu cajado toda sujeira enlameada no Congresso. A gente merece ter essa boa notícia no ano que vêm.

Bom, o jeito agora é começar a arrumar as malas. E esquecer o que 2015 foi. Pelo menos, com tanta notícia ruim, ganhamos anticorpos para suportar 2016. Quer dizer, espero que a gente não precise usá-los. 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015



Me recompondo, depois de um fim de semana moído. Fiquei sabendo, no sábado de manhã pelo Facebook que um querido tinha acabado de falecer. Fui mandando whatsapps para saber o que tinha acontecido. Só me restou ir prestar solidariedade ao marido. Combinei com Juçara de irmos juntos no velório. De tabela, descobri através de Keli, pelo whats, que uma colega de trabalho também tinha falecido. Há um ano e meio atrás. Tinha virado moradora de rua. Era tão inteligente. Tínhamos bons papos. Ela sofria de esquizofrenia. E quando ela surtava, ficava com a mesma cara que a Linda Blair fazia, em “O Exorcista”.


Com essas duas jacas caindo em minha cabeça, resolvi arejar a mente. Me colei e fui fazer um breakfast no Beluga Café, uma ótima pedida para você fazer um lanchinho num ambiente bem despojado. Os sócios são um charme, parecem que foram criados em cativeiro (risos). Mesmo estilo de roupa, barba comprida, óculos. E um charme peculiar. Para quem gosta de café, como eu, vale a pena fazer uma visita: eles servem versões gourmet da bebida. E o pão de queijo deles é um desbunde, feito com queijo da serra da canastra. Você sente o cheiro de Minas, harmonizando com o clima descontraído do café (http://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/beluga/). Aproveitei para dar uma olhada no Guia, enquanto aguardava meu pedido chegar, para degustar. Pensei em pegar um cine e o escolhido foi “O Clã”, do magarefe Pablo Trapero.
  
Cheguei 30 minutos antes no Reserva Cultural para garantir meu ingresso (ingresso: R$30,00 – um roubo). Estou lendo compulsivamente o livro “Gente Independente” e carrego ele para qualquer lugar que vou. Aproveitei o tempinho para tomar mais um expresso e ler um pouco. Peguei um lugar ótimo na boulangerie do Reserva. Enquanto embarco na história da Casa Estival, sentam a meu lado duas senhoras super animadas. Estavam conversando, via celular, com outra amiga que não estava participando do programa. Elas ficaram curiosas para saber qual livro estava lendo. Começamos a tricotar e elas me disseram todo o roteiro do dia, o que haviam programado para fazer. Se eu tiver um terço do ânimo delas com a idade que elas têm, o pessimismo com certeza entrará em extinção (risos).

  
Eu jurando que iria arejar o espírito e o filme me deixou (risos) com as costas doídas, de tanta tensão. Estava tão distraído que não percebi que o filme retrata o período de chumbo da ditadura militar argentina que, segundo diz, foi mais violento que ditadura brasileira. Quer dizer, se é que se pode usar qualquer critério para definir essa barbárie. Mas a forma como Trapero conta a história, sem manual de boas maneiras, atiça o (nosso) lado inspirado por Masoch. Seu papel, como condutor dessa narrativa, é o do carniceiro, para estampar de forma a nos deixar atônitos a história de uma família tradicional argentina, capitaneada por um pai nacionalista, ligado a uma facção extremista responsável por organizar sequestros e por aí, a linha narrativa vai desenvolvendo sua história. Mas Trapero propõe um momento de trégua às avessas, recheando as fortes cenas com uma trilha venenosa e deliciosamente pop. Mesmo assim, saí com as costas enrijecidas, tenso. E eu ainda fiquei me perguntando como ainda existem pessoas que pedem a volta da ditadura no país.


Continuei tenso por um bom tempo. Resolvi almoçar e ir a uma exposição. Mais uma folheada no Guia e resolvi ir ao Museu Lasar Segall, na exposição Frontralismo, do fotógrafo Facundo de Zuvíria. Assim que saí da estação Santa Cruz, já caminhando pela avenida Domingos de Morais, começa a dar um chuvisqueiro necessário para abrir os brônquios. No Ipod, a melancolia conformiza-se com a chuva, enquanto eu caminhava sorridente, com as boas coincidências da vida.



E como eu não acredito em coincidências, cheguei ao Museu para ver a exposição e assim que entro na galeria e começo a ler o texto de abertura da exposição, me atento ao detalhe que as imagens retratam o período da........ ditadura argentina. Quase pensei em voz alta: “Pelo amor da luz elétrica!” (risos). Me veio um acesso de paranoia que cheguei a pedir a Deus: “por favor, não nos faça voltar a 1964”. Só tinha a (risos) segurança para fazer companhia. Saí rapidamente e decidi me jogar nos braços de Lasar Segall. A princípio não estava nos planos ver o material de acervo, mas precisava me desintoxicar do peso que estava o dia. E foi um tiro certeiro. Apesar de algumas obras densas, me concentrei mais na forma como Lasar devia pintar - nos traços e nas texturas. Me concentrei mais nas “camadas”, nas diversas tonalidades que o pintor consegue expressar. Tocante. O peso das costas deu trégua, saí relaxado. De subway até chegar em casa.

sábado, 12 de dezembro de 2015



É sempre bom participar de um jogo de paquera. E no metrô, isso se torna divertido. Principalmente para quem usa óculos de sol. É uma arma poderosa a favor. Mas ultimamente não tenho me animado muito. Gosto do simples prazer de observar, para dar vazão à fantasia. E os ditos "jambos" são minha preferência. Dia desses, entrou na estação Pedro II um tipo "canela quase jambo". Foi de perder a concentração no livro que lia. Ele estava vendendo capas para colocar RG. E por apenas um real. Tentei procurar alguma moeda, mas estava sem sorte. Contentei-me em usar a imaginação. O duro é que toda a vez que chego no “ápice” da minha fantasia, vem à mente um ótimo mantra criado pelo meu amigo Nelson, que diz: “guarda a caneta, Isabel”! Ele me conhece bem (risos).


E a música ditou as boas pautas dos 3 principais semanários culturais. O Segundo Caderno estampou uma das bandas que mais escutei nos anos 90: Garbage. Me lembro que fiquei hipnotizado quando vi o clipe “Queer” pela primeira vez, na MTV. A banda já pontuava nessa deliciosa, lasciva, porém melancólica canção, uma discussão a respeito da transexualidade. Aliás, é necessário registrar: os anos 90 foram, sem dúvida, a década mais democrática musicalmente. Muita coisa boa borbulhava no cenário pop. Tinha para todos os gostos. Junto com Garbage, tinha 2Pac, Blur, Hole, Radiohead, tantas outras em um caldeirão de muita música boa. E Garbage tinha uma certa vantagem em chamar a atenção da crítica especializada, com uma frontwoman de atitude. Shirley Manson foi uma das poucas que tiveram a proeza de (risos) me dar tesão. Na reportagem do Globo, eles falam sobre o re-lançamento de seu disco de estreia, “Garbage”, que vendeu “apenas” 4 milhões de cópias. A banda está excursionando para tocar todas as músicas do álbum. Para quem ainda não conhece Garbage, fica um aperitivo.


Quem diria que veria Daniela Mercury retornando ao maisntream de notícias da música brasileira. Foi capa de uma das edições do Caderno 2, nesta semana. O texto em tom elogioso abre chamando-a de “rainha notória do axé”. Me desculpem os fãs de Ivete, mas Daniela coloca a atual musa pop no bolso. (Dani)Ela faz os discos mais bem feitos, se cerca com produtores mais talentosos. Ivete parece ficar naquele círculo vicioso de não sair de um padrão preguiçoso de fazer música. Qualquer musiquinha dela pra pular ou chacoalhar tem sempre a mesma base de arranjo. Acho Ivete puro fantoche,  uma autêntica Barbie Abadá (risos).



Escutei algumas músicas novas de Daniela e pelo que percebi, ela resolveu fazer as pazes com suas raízes. Está flertando de novo com os tambores do candomblé, do samba-reggae. Só acho uma bobeira da parte da artista em usar sua vida pessoal como puro marketing para chamar (ainda mais) a atenção. Uma artista do quilate dela não precisa dessa “ferramenta”. Alguns amigos falaram que é uma forma dela usar a “arte” para combater o preconceito. Ela inclusive reforça essa idéia, na entrevista que deu ao Estadão. E vê-la na capa de seu disco, copiando a ideia da fotógrafa Annie Leibovitz, quando ela tirou a icônica foto de John e Yoko momentos antes dele ser assassinado, com sua esposa, foi de uma preguiça em clima de déja-vu. Se isso é “arte” para discutir algum assunto, mostra-se o quão frágeis ainda somos de ideias. Mas para bater tambor, Daniela não desaponta.


Foi noticiado na Ilustrada uma montagem para teatro de “O Homem que caiu na Terra”, filme estrelado por David Bowie, nos anos 70. Mas como não consigo ver ninguém cantar Bowie por achá-lo único, fiz uma cara de fale com a minha Melissa e fui dormir.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015


Não consegui abrir o arquivo que Lucy me mandou a respeito da festa “surpresa”, que ela me falou na terça (falei no texto de ontem, dêem uma olhada: http://omundodelira.blogspot.com.br/2015/12/acordei-cedo-na-terca-para-fazer-exames.html). Dei um “reply” falando que não tinha acesso no link e mais uma vez me perguntou sobre meu face, para ela me adicionar. E aí não respondi mais. Acho que ela não entendeu que eu não quero adicioná-la. Nada pessoal, mas não adiciono pessoas do trabalho, só quem já é um pouco próximo. Então, infelizmente, não terei a chance de confraternizar com os colegas. Caiam no samba por mim.

 Acabei perdendo meu guarda-chuva da Benneton, no Salomão Zoppi, no dia que fiz exames. Espero que haja uma seção de achados e perdidos, que na verdade agora se chama (risos) perdidos e achados. Décadas mergulhados na burrice. E ainda nos equilibrando sobre ela.

Como estou de bode por política, me interessei em cultura medíocre e resolvi ler futilidades. Aí me deparo com a notícia no site (risos) TV Fama e leio um recado do Britto Jr. Ex-apresentador e atual chutado da Record. Apresentava aquele lixo de programa, “A Fazenda”. Nunca um nome fez tão jus ao programa. Simianos antropóides no sentido mais pejorativo que existe.

Pois Britto em uma atitude de “Se o Temer pode, eu também”, escreveu um recado no Instagram alfinetando o programa que ele trabalhou. Mas de forma indireta, sutil. Acho que se fosse para ele perder tempo em cutucar a emissora, eu acrescentaria as hashtags: #Fazenda #CAGUEI (risos)


Foi ótima a entrevista com Márcia Tiburi no programa Espaço Público, na TV Brasil. Ela está lançando o livro “Como conversar com um fascista” e acho que já entrou em sua 3ª edição. Ela me convidou para a noite de autógrafos, no Espaço Cult, mas não pude prestigiar. Lúcida e provocativa, mostrando que tem poder de fogo para fomentar uma discussão. Eu achava ela muito subaproveitada no Saia Justa, quando participava. Achei ótimo, dentro de um contexto filosófico, dizer que “a burguesia é cafona”, mas não no sentido na esfera do humor. É realmente triste a ignorância latente que existe na nossa sociedade. O que faz a falta de ler livros. Mandei um whats para ela, parabenizando-a pelo programa. Saudade de tomar um belo vinho e filosofarmos um pouco sobre o caos da vida da modernidade tardia.


Estou amando fazer Pilates. Estou fazendo há um mês e percebo que tive uma considerada melhora na postura, o peito está mais aberto. Pois bem: estava me arrumando para ir a aula e vejo na sugestão de amigos que o Facebook coloca em seu feed, um rapaz bem interessante que me interessou a entrar no facebook dele. Vi que era amigo de uma amiga minha. Fui ver se ela estava on-line para mandar um messenger e já iniciei a conversa, perguntando quem era o tal do Álvaro Alguma Coisa, que ele era uma delícia e que se (risos) ela não estivesse “comendo” ele, para me mandar via sedex 10. Assim que dei o “publicar”, não me atentei ao fato de que tinha publicado (risos) no feed de notícias dela. Foi um tremendo faux pas. Mas (acho que) deu tempo de apagar para ninguém ser sacana e (risos) dar uma “curtida”. 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015



Acordei cedo, na terça, para fazer exames de rotina. Se eu tiver que fazer uma enquete perguntando qual foi o exame que mais fiz neste ano, a ultrasonografia abdominal é de longe a campeã. Só para detectar a hérnia foram três (risos). Pra fazer a cirurgia mais duas. E a de hoje fecha com chave de ouro o topo no pódio. Fui de metrô até a Estação Paraíso e caminhando até chegar ao laboratório Salomão Zoppi. Rezando para não estar cheio de gente, pois estava com a bexiga semi cheia. Não pude urinar ao acordar e o mal humor começou a imperar. Sem dúvida, esse exame é moralmente repulsivo em fazer. Chegada ao laboratório, pit stop na senha e aguardar. E uma trilha tranquila no Ipod.


Depois da orientação da atendente, me dirigi ao setor Amarelo para pegar a coleta....da “amarela” (risos). Perguntei para a atendente com cara de crente pentecostal qual exame faria primeiro e ela não soube responder. Quer dizer, não teve segurança em dar uma resposta coerente. Acho que ela esperou ser ungida pelo Espírito Santo, mas como (risos) Ele não agiu, me “orientou” a perguntar a uma das enfermeiras no setor Azul, subindo as escadas. Foi o que me restou fazer. Mas ela foi simpática na hora de me entregar o recipiente da coleta.

Por sorte, foi uma médica que fez o exame. São mais delicadas em passar aquele biliquê em forma de consolo na sua barriga. Detesto homem para fazer a usg. Quase arranquei os pêlos do peito de um, no Samaritano. O que ele achava que eu fosse, uma estrada de pavimentação? 
Ficamos conversando e ao mesmo tempo, dando uma olhada de quina no aparelho visual. Segundo ela, “não estava detectando nada: rins normais, vias urinárias ok e próstata também sem problemas”, mas não fiquei muito satisfeito com a resposta. Como também fiz a coleta de urina, vou aguardar os resultados.





Cheguei na TV, já trabalhado na discrição, sondar o ambiente para ver quem iria na “festa das medalhas”, uma comemoração para quem trabalha há 20 e 30 anos no SESC. Estava muito a fim de ir, pois alguns amigos e vários colegas com quem trabalhei seriam homenageados. Aí percebi que já estava tudo definido sobre quem iria, sem ninguém me perguntar se eu gostaria de ir. Fiquei muito puto. Pelo menos minha raiva me ajudou bastante durante o dia. Acabei resolvendo alguns assuntos “puxados” sem precisar incomodá-los.


 Na pausa para o almoço, fui almoçar com Val, no Moinho. Estava super vazio. O menu não estava lá essas coisas, mas resolvi ficar. Foi bom para papearmos bastante. Ela está apreensiva, pois o prédio onde mora está correndo risco de ser interditado, por causa de um colégio estadual que fica acima do prédio dela. Tomamos um café e fomos dar uma volta. Encontramos Lucy, uma colega de trabalho, e ela chegou super feliz para me perguntar se eu iria na festa. Fiquei com aquela cara de paisagem, sem saber do que ela estava falando e perguntei: “que festa”. Ela ficou surpresa, me pegou para me levar, de canto, e me disse que os colegas estavam combinando uma festa para os funcionários. Até aí, tudo bem, pois já sabia que oficialmente não teríamos festa de fim de ano, totalmente compreensível em tempos de crise. Mas extraoficialmente estava "boiando". Voltando a Lucy, ela acabou falando que era uma mobilização pelo Facebook e me pediu para que eu passasse meu face para ela e, assustado, eu disse “não” (risos).  Não fui grosseiro, mas desconversei. Ela insistiu para que eu fosse à festa e ficou de me mandar por e-mail. A festa de encerramento do ano será na quadra da escola Camisa Verde e Branco. E terminou dizendo que era uma festa secreta. Quer dizer, não é mais (risos).



E eu estou na mobilização para indicarmos um belo terapeuta para o Michel Temer. Por Deus, nunca vi algo tão tosco, vindo de um parlamentar "experiente" como ele, em fazer a linha magoada e escrever uma cartinha cheia de coitadismos. Quer dizer, se ele diz que tem mágoa há mais de cinco anos, por que resolveu manter a parceria?


terça-feira, 8 de dezembro de 2015



Peguei um subway até a avenida Paulista, para assistir Ausência, filme dirigido por Chico Teixeira.  Tinha lido uma matéria no Caderno 2 e me interessado em ver. Cheguei em tempo, no Reserva Cultural, de comprar um bom lugar, fiquei na quina da fila F. Passada rápida no toilette. Quando entrei na sala, já tinham deixado ela à meia luz. Puxei rapidamente pela memória que meu interesse pelo filme partiu da direção e fiquei tentando me lembrar qual outro filme que Chico tinha feito. Pena que só fui me lembrar depois. Ele fez o ótimo “Casa de Alice”. 


Com Ausência, Chico quis propor ao público uma aquietação, no sentido do diretor conseguir propor uma discussão sobre o descaso e a falta de afetividade com o outro, com pequenas cenas onde o silêncio e o detalhe se tornam armas com rápido impacto, sem tempo pra você lacrimejar. Chico imprime sua forma de causar introspecção no filme, onde ele abusa da linguagem para fazer com que nós nos sensibilizemos com a cena como um todo, principalmente com o espaçamento entre os diálogos estabelecidos na ação.  A história se passa em Sampa, lugar propício para Chico Teixeira escancarar, como linha condutora da narrativa do filme, a Pauliceia como cidade purgatório do caos e da vida do menino Serginho, que após o abandono do pai, carrega para si a responsabilidade de cuidar da mãe - uma boleira alcólatra e seu irmão mais novo. Para conseguir uma grana para ajudar nas despesas da casa, Serginho tem que trabalhar na feira com seu tio. Logo no começo do filme, há um leve incômodo de ver Serginho anulando seus sonhos em prol de uma emancipação imposta. E mesmo ele tendo essa consciência de não se colocar como prioridade, Serginho acaba achando uma maneira de (tentar) suprir essa carência através de seu professor. O filme tem a proeza de tocar profundamente na alma, nos tornando cúmplices dos anseios e desejos do garoto. Nota-se o trabalho do diretor na composição do elenco, em atuar dentro de um universo sensível e extremamente delicado. Fiquei encantado com a atuação de Matheus Fagundes na pele desse menino melancólico, carente e cheio de ideal. Assim que terminou o filme, tive que sair para a rua e me recompor. Em Ausência, há intensidade de sobra. Decidi caminhar, almoçar e voltar para casa, na expectativa de lavar a alma, com o concerto no Municipal.

domingo, 6 de dezembro de 2015


Quando você pensa que o final de semana irá dar uma trégua no Mondo Cane de notícias, vem a notícia da morte de Marília Pêra, caindo como uma jaca em minha cabeça. Vi Nelson postando a notícia, me deixando sem chão e atordoado. Não tem como não vir em minha memória meu saudoso amigo Sérgio Pera, que morreu há 4 meses e era um escudeiro leal de Marília, afinal toda beasha que se preze tem uma diva para pajear. Coincidentemente, veio nessa semana que passou, no feed de lembranças do facebook, uma foto que tirei dele, quando o levei para conhecer o restaurante Feed Food. Ele adorava quando eu o levava para almoçar e conhecer lugares bem sofisticados, no perfil que ele gostava. Quando íamos almoçar eu, Nelson e ele, ficávamos ouvindo a beasha por horas falando de Marília. Às vezes, Nel e eu até comentávamos o quanto cansava (risos). Mas com essa notícia, me veio um aperto em ver que a ficha caiu e que eu jamais terei a oportunidade de ouvir Pêra falar de Pêra. E quanto à Marília, só lastimo com muita tristeza. Com Marília, acaba-se a era das grandes Atrizes.  Completa. Plural. Cantava, dançava, dirigia e atuava de maneira ímpar. Uma leoa no drama (sua Juliana, de Primo Basílio, foi demoníaca); uma camaleoa para comédia(de Rafaela, de Brega e Chique a Darlene, de Pé na Cova). Juro que gostaria de escrever mais a respeito, pois uma artista do calibre de Marília Pêra tem que ser reverenciado. Mas o momento é dolorido e não estou concentrado a falar mais sobre ela. Que ela descanse em paz. Irá fazer muita falta para nós. E para essas novas atrizes descartáveis que não sabem nem chorar.


Me colei e saí para dar uma respirada e distrair um pouco a cabeça. Café da manhã no Bella Buarque. Os meninos que me atendem são uma graça. Pedi o de sempre – brioche com ovos, suco anti-gripal e depois um café expresso puro concentrado. Dei uma lida no Guia e me interessei pelo concerto que iria acontecer no Theatro Municipal. No programa, Mendellson e Tchaikovsky. Caminhei até o teatro e garanti meu ingresso. Optei em ver a orquestra do Municipal no foyer. Aproveitei que estava perto, para dar  start no roteiro cultural do dia: a exposição Debret no Rio de Janeiro, no Centro Cultural Correios. Mas vá bem animado e disposto a passar pelo calçadão da Avenida São João. OU então fazer a Kátia, como eu fiz. É que tem um povo bem “linha de esquerda” por lá (risos).



Só pela arquitetura do prédio, já vale uma visita. Faça o teste de contemplar o espaço por todos os ângulos. Me deu até uma vertigem quando fiz uma vista aérea do lugar. Mas estava ansioso para ver que critério a curadoria se utilizou para escolher as peças do pintor. No texto de abertura da exposição há a informação de que Debret permaneceu por 15 anos para fazer um relatório, como testemunha ocular, para a coroa francesa. Vivia-se numa época em que os europeus, de forma geral, tinham interesse por povos de cultura, digamos, “exótica” (risos). E quando você começa a fazer seu tour cultural pelas obras, começa a viajar de tal forma, a ponto de se ter a pretensão de se colocar no lugar de Debret, para tentar adivinhar suas impressões sobre o Brasil, no século 18. Mas imagino que ele não deva ter se assustado muito. Ele acompanhou o processo de independência do Brasil. Começava a se ter alguns avanços na infraestrutura, como as transformações urbanísticas – iluminação pública, calçamento e aterros. Vendo suas aquarelas, nota-se a proeza de sua sensibilidade em conseguir retratar os costumes, a paisagem, a vida cotidiana e os tipos populares desse importante período da história brasileira. Foi uma brisa oportuna para suavizar um pouco o dia.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015



Muito sem humor, ultimamente. Acabei me esquecendo de pagar as contas, o que tem me irritado bastante: de esquecer as coisas e o que fazer. Depois de 2 meses em estado alfa, até que resisti bem com a pressão da vida moderna tardia. E pra ajudar, minha terapeuta manda um whats avisando que a ex-sogra morreu e que estava cancelando a sessão. Justo agora que preciso retomar os florais, terei que aguardar mais uma semana. Espero não me irritar facilmente. Senão terei que seguir o conselho da bruxa má: “Vomita essa maçã, Branca de Neveee!!” (risos)


De subway pela linha amarela e minha mente deu uma bela abstraída da vida primata ao redor. Fiquei pensando no jogo de quarta, na final da Copa do Brasil e foi emocionante. Estou voltando a ter gosto em assistir um bom futebol brasileiro. E eu acompanhei um campeonato que não dava a mínima bola. Acompanhei quase todos os jogos, incluindo o do meu time. Sim (risos) eu tenho time. E fico feliz por ter prevalecido a ginga do futebol moleque, malandro. Tanto Palmeiras, quanto Santos – este, principalmente, com um time de meninos com garra e uma malemolência, típica de nossa brasilidade, em dibrar, em dar um toque malandro na maneira de jogar. Deu gosto ver a performance dos dois times. Confesso ter tido uma queda para ver o Santos ganhar por nutrir (risos) uma paixão platônica por Lucas Lima. E nada é tão prazeroso do que ver um jogo ao lado de um amigo bofe. Ewerton passou em casa para dar um “oi” e batermos um papo até ele me dizer que era palmeirense. Pronto. Liguei a TV e assistimos até o final, nos pênaltis. E aquela típica mão na perna e a postura de juiz falando sobre os dribles, as táticas, isso tudo enobrece a cultura futebolística brasileira. E ainda te tratar como se não soubesse falar de futebol. Só faltou me pedir para vestir um avental e fazer uns "carbo" pra ele se alimentar (risos). Nunca ouvi um cara gritar tão alto com a vitória de seu time. Essa é a dor e a delícia de ver um veado assistir futebol – unir o útil ao agradável (risos). Depois desse insight novelístico, pausa para escutar uma música boa, enquanto o metrô saía da estação Fradique.


                                 Imagem não é nada, ok? (risos)

Participei de uma reunião externa que durou o dia todo, mas foi bem agradável. Encontrei vários colegas e amigos que não via há tempos. O encontro foi para fazer um balanço da programação do SESC neste ano e planejamento para o ano que vem. Foi bem produtivo. Fiquei menos nervoso que das outras vezes em que era acionado a falar algo. E ter que falar num momento inusitado, quando você nem imagina.  Mas na média, a reunião me deu uma reanimada para voltar a ter gás no trabalho. E nessas reuniões, é inevitável você não saber do “balanço” de trabalho dos colegas: saí munido de informações de quem está bem e quem (risos) está na degola. Como adoramos uma crônica de costumes.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Ah, o Mondo Cane Niilista nosso, de cada dia.




Perplexo com as notícias lamentáveis do dia, tentei, a caminho de casa, no metrô, dar uma esvaziada em minha mente, para fugir um pouco dessa realidade estarrecedora. E nessas horas, o Ipod é um importante aliado. Aliás, a música é um importante aliado, um  “terapeuta” que consegue a proeza de lavar a alma de cada um. Pelo menos, para a minha. Foi difícil no começo, pois meus pensamentos estavam na passeata em prol da Educação, no MASP. Mas estava muito tenso.  O Ipod foi meu Pilates do dia.  E veio uma música com uma tonalidade perfeita para relaxar.



Comecei a pensar na viagem que fiz durante as férias. Mas me veio na memória a imagem minha e de meus pais na cozinha da casa deles, batendo um bom papo, enquanto fechava o roteiro de viagem para o Pará. Durante o processo de recuperação da minha cirurgia da minha finada hérnia, meus pais ficaram surtando, querendo que eu passasse uns dias com ele. Resumindo, queriam me mimar (risos). E meu pai foi um lorde britânico em se oferecer a vir me pegar aqui em Sampa, para ficar com eles alguns dias, em Ribeirão Preto, cidade onde nasci. Quer dizer, nada é perfeito no mundo (risos).  Graças a Deus que eu não puxo o “R”. Minha professora de Telejornalismo deu (risos) a devida educação. 

Mas voltando aos meus pais, me lembrei que durante os textos que escrevi sobre minhas férias (se tiverem interesse e paciência de ler, fiquem à vontade. Vá na lista do blog, mês de setembro e se joga, Ariclê!) e eu fui indelicado em não fazer nenhuma menção à Ribeirão. Acho que só fiz uma pequena nominação, chamando a cidade de (risos) “rancho”. E me lembrei de uma história muito bacana e que seria injusto de minha parte, não compartilhar.

Meu pai me buscou e iniciamos a viagem saindo de São Paulo no início da tarde. Levei uns CDs para ir escutando na viagem, junto com ele. E tivemos um papo que durou a viagem toda. Foi uma espécie de entrevista que eu fiz com ele, que rendeu boas histórias de sua infância. O curioso foi que ele compartilhou histórias de boas lembranças. Esqueceu o quanto ele sofreu junto com meus avós e meus tios. E dávamos muitas risadas, principalmente quando eu o deixava desabafar, criticando minha mãe. Como precisava caminhar um pouco, pedi para ele parar no próximo posto, para comermos algo. Coloquei um disco muito bom para dividirmos. E ele amou.


Como a pauta estava muito focada na memória afetiva, meu pai sugeriu de pararmos no posto Turmalina, próximo a cidade de Cordeirópolis, cidade onde nasceu minha avó. Apesar de estarmos mais próximos de um outro posto, topei pararmos no seguinte. Quando estávamos chegando para dar uma arejada, ele compartilhou a lembrança de quando viajávamos de férias para São Paulo, numa Brasília branca que por várias vezes (risos) quebrava na estrada. Nosso pit stop era sempre no posto Figueira na ida e Posto Castelo, na volta a Ribeirão. O posto Figueira nem existe mais. O Castelo foi incorporado à rede Graal. Meu pai me perguntou se eu me lembrava do ambiente do lugar e antes que eu respondesse, ele já foi detalhando o posto. Era um clima meio porco, na verdade (risos). Mas lá tinha o croquete mais gostoso que comi em minha vida. Quando vi meu pai falar do croquete do Castelo, vi ele salivar de vontade. Aí ele me olhou, nos olhamos, e ele decretou: vamos parar no posto e ver se tem um croquete? (risos). Como súdito, concordei.

Entramos para dar uma “chacoalhada” (nem eu acredito que cometi uma grosseria dessas. Me perdoem), nos higienizamos e fomos direto pegar a bandeja na expectativa de ver uma península de croquetes e quando chegamos no bendito croquete......só havia “um” na estufa.  Quer dizer, meu pai ficou me olhando, enquanto eu olhava o croquete. Depois de um bom tempo secando o salgado, meu pai falou: “pega, filho. Você (risos) está com mais vontade do que eu”. Eu não hesitei e peguei o croquete. Passei por ele e fui pegar um suco. Fiquei com um remorso, pois quem tinha se lembrado desse momento lúdico de nossa memória afetiva, foi ele. No desespero, mentalizei uma prece, dizendo a Deus que eu não me perdoaria se meu pai saísse do posto sem realizar o desejo dele. E pedi (risos) mais croquetes. Quando estava passando no caixa, voltei e me dirigi a ele, disposto a dar o meu croquete para que ele comesse. E quando eu o vi, ao lado de uma funcionária do posto, com uma travessa CHEIA de croquetes, virei uma estátua. Ele me olhou e deu uma piscada, com um sorriso maroto nos olhos. E olha que ele pegou dois (risos).

Moral da história? Deus existe, viu? (risos)



Fiquei me espreguiçando na cama para fazer um breve balanço e no final da minha avaliação, achei o finde insatisfatório. Talvez por isso tenha acordado num tremendo mal humor. E na falta de inspiração para trabalhar. Coloquei um som bem sugestivo ao meu humor, no desejo que a semana passe logo.



Da estação Belém e uma passada rápida até o Engenhão para pegar um suco e um pão de queijo. Quando chego na porta de entrada da TV, dou de cara com meu gerente. E eu estava (risos) bem atrasado. Nos falamos rapidamente, pois estava indo a uma reunião. Chegando ao setor, olho rapidamente os e-mails enquanto degusto meu café da manhã rápido. E sem manter contato algum com a equipe (risos). Aí você pensa que é ideal que você mude seu humor e decide ir tomar um chá, mas desiste da idéia  quando a única opção que se tem na caixinha do chá é “mate” (risos). Mas isso mudou (um pouco) meu humor.



Aproveitei o almoço para fazer uma caminhada até o Shopping Tatuapé, escutando The Vaccines até o talo. Uma pena a região não ter um belo visual para contemplar. Apenas prédios com aquela arquitetura de gosto sofrível. Tive que comprar uns presentes para ajudar crianças carentes em um evento beneficiente que acontecerá em dezembro. Por causa da “ajuda de custo pra pobre” do Black Friday, o shopping estava abarrotado de gente. Fila pra tudo que é lugar. Era aterrorizante ver as pessoas correndo como se fizessem parte de um comboio de gado, se empurrando, gritando uns com os outros, sem o mínimo de generosidade. Passei rapidamente nas lojas Havaianas, comprei os presentes e fui correndo almoçar. Acabei indo comer  num restaurante mineiro que tem no piso subsolo do shopping. Era a única opção, já que a praça de alimentação estava em clima de “cidade-satélite de Brasília” (risos). Um horror só.


Durante o segundo round, de volta ao trabalho, leio uma notícia que me deixou profundamente triste, o assassinato de cinco jovens por PMS, no Rio de Janeiro. Eles estavam saindo para comer um lanche, para comemorar o primeiro pagamento de um deles. Fiquei chocado ao ver a imagem do carro todo fuzilado (foram 50 tiros) e os cinco mortos dentro do carro. E a cada dia me sinto mais desolado pela forma bárbara que as pessoas são tratadas. O que me deixa mais indignado é de ver a postura de nossos governantes se eximindo da responsabilidade pela má atuação, neste caso, da polícia militar. É essa atitude tomada por Pezão, no Rio; pelo “czar” Alckmin e sua forma truculenta de não se abrir para diálogos ou negociação e querer impor sua vontade de maneira repressora, através da (também) polícia militar, frente aos estudantes que estão reinvidicando o direito a melhoria na educação; e nossa “Jezebel pós-modern” – vulgo Dilma, tirando o corpo fora em plena Conferência do Clima, da responsabilidade sobre a catástrofe que se abateu no rio Doce. É pra se ter bom humor hoje?



Meu gerente chamou a mim e minha chefe para avaliarmos um material gravado com Adélia Prado. Foi de certa forma, um prozac intelectual necessário para abstrair um pouco a tensão que estava no momento.  Ela comentava sobre seu livro “Miserere” e em certo momento da entrevista, ela citou um livro de Jean Baudrillard que ela leu, chamado “A transparência do mal”. Adélia relata que o livro, num tom de presságio, já chamava a tenção por um momento de clareza, que muita podridão seria expurgada aos olhos de todos, mas que o mal seria mostrado de forma tão transparente, a ponto de nós não termos mais a capacidade da percepção de distinguir o mal. Aí não consegui me concentrar mais, pois me veio à tona os assuntos já mencionados acima neste texto.  É pra se ter esperança?



Fim de expediente, peguei o subway até chegar em casa. Olhei rapidamente meu whats, com várias mensagens. Jorge deixou um recado de sua festa de aniversário, mas realmente não tinha condições psicológicas de me divertir. Coloquei minha roupa de ginástica e fui para aula de Pilates. Saí todo doído, mas valeu a pena. Assim que a aula terminou, peguei o elevador e desci para sair do prédio. Me atentei a um folheto de avisos, desses que os síndicos adoram fazer para otimizar o tempo de trabalho deles, com um nome que atiçou a minha curiosidade e que estava no centro do folheto para chamar a atenção: Ética Imobiliária (risos). E é pra se ter bom humor?