Como é bom o recesso de fim de ano. Você sem se
preocupar com problemas, pendências a resolver, poder ficar jogado no sofá sem
fazer absolutamente nada, curtindo preguiça. Na verdade, estou nos preparativos
para viagem de fim de ano. Depois de 3 anos entrando com pé direito no novo ano
na Paulicéia, resolvi procurar algo mais condizente com meu estado de espírito.
Tinha me programado para viajar sozinho, algo que adoro fazer. Mas minha fiel
escudeira Juçara se convidou para ir comigo. Embarcaremos na madrugada dessa
quarta, com destino a Cavalcante, cidadezinha que fica dentro da Chapada dos
Veadeiros. Conheço a chapada pelos lados de São Jorge e Alto Paraíso, o lado
mais hypado. Os amantes do ocultismo
adoram esse lugar.
A última semana sempre tem aquela vibe reflexiva
de como foi o ano de 2015. Particularmente não tenho do que reclamar, foi um
ano, digamos, estável. Mesmo com o episódio da cirurgia da hérnia, não
esmoreci. As férias foram proveitosas, meus pais comemoraram mais um ciclo de
vida, minha irmã passando por nova fase de vida. Tive algumas perdas de amigos queridos,
mas o que podemos fazer? Sabemos que a única certeza que temos na vida é a
morte. Enquanto ela não vem, aproveitamos a vida. Para viajar bastante, se priorizar e ser
feliz.
Tenho colocado a leitura em dia. Pretendo
terminar de ler Gente Independente, que comecei a degustar a história durante
minha licença médica. Depois de quase 600 páginas lidas (faltam 79 para terminar),
continuo ainda com uma birra tremenda do protagonista da trama, um homem chucro,
presunçoso, auto-suficiente, orgulhoso em não querer a ajuda de ninguém. Mas um
trabalhador que depois de anos como humilde servo, junta suas economias para
comprar a fazenda de seu então chefe para constituir prosperidade. Mesmo assim,
Bjartur da Casa Estival age sempre com desconfiança das pessoas, como um gato
escaldado fugindo da água. Lógico que há outros personagens na história, mas
continuo num embate em gostar da saga desse fazendeiro. Tive essa mesma
sensação quando li o clássico de Gabriel García Marquez – Cem anos de solidão.
O que me faz ler uma história na qual eu não me simpatize com o protagonista é
a narrativa envolvente do escritor Hálmor Laxness. Fora as cutucadas que ele dá
no texto com a realidade à época de seu lançamento – ascenção dos bancos,
criação das cooperativas, a relação conturbada entre fazendeiros e a burguesia
latente da época. Nunca pensei que pudesse soar tão atual hoje em dia. Vou levar na viagem
para terminar o desfecho da história do ogro Bjartur.
Para não sair totalmente brochado da narrativa do
livro, passei dia desses numa banca, na Avenida Paulista, dei uma olhada na prateleira e avistei algumas graphics novels da Marvel. Não leio HQ
há tantos anos que me acendeu a vontade de folhear algumas revistas. Aí avistei
de rabo de olho um livro de capa dura, lacrado. Li a sinopse na
contracapa e achei no mínimo ousado: o roterista teve a ideia de escrever uma
história durante a era elisabetana, com vários personagens da Marvel. Ideia bem
original, com ótimas ilustrações. Imagine, por exemplo, você ler e se deparar
com Magneto no papel de Inquisidor, proclamando uma caça às bruxas no reino.
Pra quem é fã ardoroso, já captou que os “bruxos” são, na verdade, os X-Men.
Imagine acompanhar a saga do poderoso conde Victor Von Doom – Doutor Destino, com
sua ganância em querer o poder da rainha a qualquer custo. Mas Elisabeth tem um
fiel escudeiro de confiança, o senhor Nick Fury. Estou contando de forma
superficial, mas até agora não tenho me decepcionado com a forma que o
roteirista deu vida aos personagens da Marvel, nesse enredo interessante.
Levarei também para degustar na viagem.
2015 foi um ano que me distanciei da TV. Acho que
a maturidade da idade vem chegando e com ela o senso crítico mais aguçado. Nada
me chamou muito a atenção. Como fã de novela, só tive decepção: o fiasco que
foi Babilônia me deixou sem interesse em acompanhar as tramas seguintes.
Confesso que a expectativa era grande com A Regra do Jogo, mas nem João Emanuel
me manteve atento à tela. E quanto aos Dez Mandamentos, valeu o esforço em
bater a Globo na audiência em pleno Jornal
Nacional. Mas eu nunca vi um Moisés tão apagado, tão sem ação
e insosso, composto pelo Guilherme Winter. Um autista com certeza conseguiria
passar mais emoção que ele.
Das séries, acompanhei de longe Gotham e achei a
ideia bem interessante em retratar o período pré Batman e centrar esforços na
composição dos vilões. Confesso que o Pingüim nunca me chamou tanto a atenção,
mas depois de ter visto o nascimento dele na série, decidi me retratar e mudar
meu conceito a respeito dele. Mérito do ator que é ótimo na interpretação do
vilão. American Horror Story foi ok. Por um momento, achava que a história era
uma colcha de remendos, alguns elementos utilizados em outras temporadas foram
aproveitados nesta temporada. Esperava mais no desfecho.
Mesmo não reclamando (tanto) sobre o que foi
2015, não dá para ficar incólume frente a tanta notícia ruim que testemunhamos,
seja na atualidade brasileira, como mundial. Politicamente foi um ano
desgastante. Para mim, decepcionante com a atual gestão do Executivo e com a
quantidade de ladrões envolvidos com corrupção no Legislativo, incluindo o
Belzebu-mor presidente da Câmara dos Deputados. 2016 será regido por Oxalá e
Iemanjá. Espero que ele com sua brancura consiga limpar com seu cajado toda
sujeira enlameada no Congresso. A gente merece ter essa boa notícia no ano que
vêm.
Bom, o jeito agora é começar a arrumar as malas.
E esquecer o que 2015 foi. Pelo menos, com tanta notícia ruim, ganhamos
anticorpos para suportar 2016. Quer dizer, espero que a gente não precise
usá-los.