sexta-feira, 14 de novembro de 2014



No bate-rebate com uma desatenta ontem, no Atenas (http://www.athenasrestaurante.com.br/), rodeado por amigos, ela começou a introduzir um texto sobre os modos e manias da família tradicional exemplar. E quando eu digo tradicional, é para reforçar que o raciocínio dela sobre o exemplo de família que ela quer ter é naquele formato Ku Klux Klan que a gente conhece: seu pai conhece sua mãe, juntos procriam e tem no mínimo uns 4 filhos...brancos. Ah, e a educação é baseada nos princípios ditos cristãos do “crescei e multiplicai”. Sim, infelizmente, ainda existem pessoas retrógradas no mundo.

Já sacando qual era a minha, ela me perguntou polidamente se eu estava com “alguém”. Nesse contexto da situação, pronomes indefinidos me estimulam muito (risos). Eu respondi que no momento, não tinha “nenhum” pretendente. A palavra “nenhum” soou como uma corda que eu dei para ela pegar e colocar delicadamente no pescoço. Após a minha resposta ela questionou, num tom exagerado de exclamação: “Ah, você é gay”?! Digamos que minha resposta resumiu-se em ficar com cara de paisagem com um leve sorriso, mantendo minha pose escandinávia e continuando a conversa com outros queridos. Propositalmente, contei para a mesa sobre um caso com um carioca que, ocasionalmente, vem visitar a família em São Paulo e aproveita para me ver. As indagações continuaram. Qual foi a próxima bobagem? “Por que não assume um namoro com o rapaz”? Aí eu pedi ajuda a São Luís Maria Grignion de Monfort e pedi sabedoria (sim, ele existe e não é devaneio da minha cabeça: http://blog.cancaonova.com/tododemaria/biografia-de-sao-luis-maria/) . Comecei a argumentar que dá muito trabalho o serviço de manutenção de um relacionamento. E pensei em fazer a seguinte relação: “sabe aquelas bonecas da Estrela, dos anos 80 – perguntei - que só abrem a boca quando são estimuladas, apertando os botõezinhos colados nas costas? Com os ‘casos’ a gente trata assim: apertamos o botão do play para eles falarem apenas o necessário e funcionarem do jeito que a gente quer”. O namorado dela, um pouco incomodado com as intervenções da pífia mulher, perguntou se ela tinha se familiarizado com a história da boneca. Ela, num tom de indignação disse que não teria esse tipo de atitude com um cara que estivesse a fim dela. Mas como um raio de Gyodai, emendei: “acho que você não entendeu a pergunta. O que a gente quer saber é se você se familiarizou com a boneca” (risos). E finalizei: “concordam”? O clima tenso compensou com o sorriso maroto e sarcástico do bofe da defunta, tomando a sua Heineken como um troféu. Jogo rápido é assim. Ela não teve agilidade nem de sentir que doeu.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014



No balanço do que foi o final de semana, concluí que o roteiro cultural valeu a pena, mesmo com algumas atividades culturais aquém do esperado. Hans Hartung realmente fez diferença. Em conversa com Claudia, por telefone, no último domingo, enquanto passava as impressões que tinha tido da exposição no CCBB, me veio a cena do meu pai, junto comigo, vendo a obra de Hartung. Eu realmente não sei bem o por quê dessa visão em minha mente no momento que fazia um tricô com Clau. Mas fiquei imaginando a reação do meu pai em ver as pinturas, ao meu lado. Eu ali, imerso em seus quadros e ele ali, apenas observando, para depois perguntar de forma ingênua “o que eu vi de tão interessante nesses rabiscos” (risos). Passado o insight momentâneo, comentei com ela que o Fred Sun Walk fará shows com seus irmãos em Ribeirão Preto (caso não o conheça,   acesse o site dele e descubra o quão talentoso ele é: http://www.fredsunwalk.com/). Eles tocam blues. Ficamos em processo de ovulação, ao comentarmos a foto de divulgação do show. Depois de ficarmos falando de forma beeem calorosa sobre blues e paus, perguntei se ela queria mudar a pauta (risos). Combinamos de ver duas exposições do Guilhermo Kuitca, ir dançar no Milo e ver duas peças inspiradas na obra de Dostoiévski. Viva a praticidade do falo!


Como é bom ter uma quarta-feira pra gente se deleitar. Eu gosto. Dá a impressão de ser um divisor de águas. Como se estivesse anunciando, ao som das trombetas, que o final de semana está a chegar. E foi o dia em que Regina, minha diarista, fez a limpeza da casa. É tão bom chegar com esse sentimento de prelúdio de fim de semana, em minha casa, totalmente limpa e cheirosa. Ela é uma figura. Fala muito. Fala demais (risos). No momento que ela pisa no meu apê, ela aperta o play e não para mais. Imagina pra quem acaba de acordar e que precisa de pelo menos 30 minutos para se preparar a ter contato com o mundo e a raça humana. Aí eu tenho que, gentilmente, apertar o pause e o stop para ela calar a boca. Semana passada ela me pediu humildemente se eu não poderia pagá-la semanalmente, justificando que ela já queria ir comprando os presentes de natal para a família. E antes que me apedrejem, só para constatar, eu pago quinzenalmente a pedido dela. Fiquei num dilema, mas rapidamente disse que não teria problemas. Na verdade, problemas eu teria, pois estava pensando em dispensá-la. Quer dizer, eu a chamaria quinzenalmente. Mas estragar o natal da diarista cortou meu coração. Melhor pra mim. Assim eu garanto meu latifúndio no céu (risos)
 Não vi o jogo do São Paulo ontem. Homero foi me visitar. Fazia tempo que eu não o via. Ele se desculpou dizendo que teve uns problemas de saúde. Cauterizou o pinto. Fiquei me questionando se deveria perguntar o motivo, afinal de contas ele não foi me visitar para fazer “vitrine viva” (risos).  Perguntei e ele me respondeu. Senti que ele não falou a verdade. Whatever. Durante a semana, o tempo não só existe, como ele precisa ser cronometrado para não se perder tempo. Depois do atendimento vespusiano que tive, ele me deu a mão como a Minerva benigna de Fénelon, me conduziu até o sofá e foi embora. Fiquei por lá até altas horas, sem força pra levantar, lendo Freud e A era dos extremos, de Eric Hobsbawn, sem parar. Viva a praticidade do falo!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014




Não sei se estava exigente demais, em achar que não tinha opção no Guia da Folha (http://guia.folha.uol.com.br/) para fazer um roteiro bacana no domingo. Ouvindo Garbage até o talo, me arrumei rapidamente pra sair, afinal o domingo me dá a sensação de que ele não avisa que está indo embora. Fui bater perna e no meio do caminho decidi ir na Iracema tomar meu café (http://www.iracemapaesedoces.com/). Lá, sentado no balcão, tracei o que iria fazer. Estava no pique de fazer algo pela região mesmo. Li no Guia sobre a exposição do Carybé, no Sesc Bom Retiro. Ótimo. Da padoca até o Sesc é um pulo. Fui caminhando pelo decadente bairro de Campos Elíseos. É de dar náuseas. Prédios com uma arquitetura tão bonita. E tão deteriorada. No caminho, vejo dois policiais fazendo a ronda, colocando alguns moradores de rua na parede. Com a arma em riste. Pelo contexto da cena, totalmente desnecessário.


Chegada no Sesc Bom Retiro. Uma unidade bem construída, bem cuidada. Pena que o entorno não seja tão agradável. Me dá a impressão de estar numa cidade de filmes de faroeste, sabe? Fora o liceu, que fica ao lado e não funciona no fim de semana, não tem nada em volta. Entrei e fui direto para a exposição. Para quem ainda tem um certo ranço com artes plásticas, é uma boa dica para começar a perder o preconceito. O trabalho ilustrado de Carybé exposto na unidade é inspirado na obra de Jorge Amado, “O compadre de Ogum”. Ele recria a obra de Jorge Amado, “pintando” um recorte da história. Achei ok, mas eu precisava de mais emoção. Pensando no critério estabelecido de ficar soltinho na região central, fui em direção ao Centro Cultural Banco do Brasil. Segui à pé até o metrô Santa Cecília, desci no Anhangabaú e fui caminhando pelo vale, até chegar no CCBB. Entrei no centro cultural, sentei-me, antes de dar start na exposição. Não quis criar expectativa. E pensar que eu não fazia ideia do que me aguardava.


O que dizer de Hans Hartung? Bem, eu não sou um exímio conhecedor de artes plásticas, mas confesso que fazia um bom tempo que eu não saía tão sensibilizado. Foi um mergulho de cabeça em sua obra. Ele foi um homem muito bonito. Lutou na Segunda Guerra e teve sua perna amputada. E com sua esposa casou, se separou, se reconciliou, se casaram novamente e juntos ficaram até a morte dela. A exposição começa no 4º andar, com as últimas obras feitas pelo artista. Depois da morte de sua esposa, em 1987, ele trabalhou compulsivamente até sua morte, em 1989. Mas fora sua história rica em situações, o que me deixou tocado foi o que o motivou a começar a pintar e a traçar uma maneira peculiar de criação. Ele conta que situações que o impressionaram quando criança o motivaram a traçar seu estilo de composição. O desenho delineado dos relâmpagos, nas tempestades que o deixavam atônito, foi uma de suas inspirações para criar suas pinturas. É só reparar bem nos seus quadros e ver a maneira ziguezagueante que ele molda sua arte. Saí em estado de graça. Para quem deseja emoções fortes, seja bem vindo à tempestade. A arte abstrata agradece. 

terça-feira, 11 de novembro de 2014


Com o fiasco de ter iniciado meu roteiro cultural em uma galeria que estava fechada, não perdi tempo. Voltei ao ponto de ônibus, na Rebouças e li o Guia para ver outra opção. Vi duas sugestões e como um bom libriano, me surgiu a indecisão. Pedi pra Deus me ajudar. A resposta veio em menos de um minuto. Estava subindo a linha Metrô Paraíso. Com essa luz Divina me iluminando, tomei minha decisão. Próxima parada: Sesc Vila Mariana.
Cheguei na unidade e me apressei para subir até a exposição. Entrei no elevador e pedi para subir no 1º andar. E aí veio meu estranhamento, ao ser questionado pela ascensorista o que eu ia fazer lá. E eu respondi, perguntando e sem perder o humor, o que se faz numa exposição. Sorriso amarelo estampado no rosto, ela não fez mais perguntas. Desci no andar para ver o que me aguardava.
O que me chamou a atenção foi o nome da exposição: Compulsão Narrativa. Pelo que entendi, é uma curadoria feita pela equipe de programação da unidade, reunindo artistas que criassem obras relacionando desenho e narração. A maioria dos artistas eu não conhecia. Quando comecei a me concentrar em analisar o que cada obra representava, fui surpreendido com alguns gritos: chegaram algumas crianças fazendo algazarra. Em plena exposição. E pra piorar mais ainda, vi uma monitora no espaço que não fez nada para conter aqueles catarrentos, correndo e driblando as obras permeadas no lugar. E quando você pensa que o melhor a fazer é sair, mas você decide ficar sem estar atento aos “sinais” (dá uma lida no texto anterior, pra se atualizar: http://omundodelira.blogspot.com.br/2014/11/a-maxima-santificante-do-fim-de-semana.html ) sobe uma dublê de atriz conduzindo várias crianças, acompanhadas pelos seus pais para uma contação de histórias. Quer dizer, com tantos espaços para se fazer a intervenção e ela escolhe a área de exposição? Como estava de voto vencido, fui procurar uma cadeira para sentar e contemplar a cena. Enquanto postava as fotos tiradas da exposição no Instagram, fui observando a atriz se esforçando na interpretação para conquistar a atenção dos pirralhos. Como cheiravam a merda, Deus Pai! Joguei as fotos no Instagram e saí à francesa.
Para coroar de vez meu sábado, resolvi ir ao cinema. Pela praticidade, escolhi assistir um filme no Pátio Paulista. Era próximo de onde eu estava. Aproveitaria para almoçar por lá mesmo. Escolhi ver Garota Exemplar, com Ben Affleck. Mas eu fui por causa do David Fincher, que dirige o filme. Bom, o que dizer a respeito. Era um filme bom. Tão bom que eu quase saí na metade dele. A primeira cena do filme já entrega o quão previsível o filme se torna. Thriller mexicano de maquiagem ianque. Fincher derrapou ao tentar criar um clima de thriller psicológico para fixar atenção do espectador. Sorry Fincher, mas dessa vez você não conseguiu. Depois do filme, aquele silêncio na sala. Só uma pessoa bateu palma.  Devia estar sedada, de tanto Prozac (risos). Saí cansado e me sentindo brochado pelo fato do meu dia não ter sido tão frutífero como gostaria. Com essa sensação, fiquei sem vontade de cair na noite. Pinguei meu San German, peguei o bumba e voltei para casa. A companhia de Raul Pompeia e Padre Antônio Vieira apaziguou minha irritação.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014


A máxima santificante do fim de semana é: o tempo não existe. Acordei e fiquei curtindo muita preguiça, antes de me levantar. Fui ao banheiro, passei pela sala, peguei o guia da Folha e voltei para a cama. Já tinha mais ou menos anotado o que eu queria fazer, mas sempre tenho o hábito de dar mais uma olhada para ver se fiz o serviço bem feito. Com várias possibilidades, decidi que só iria definir o que fazer tomando um belo breakfast. Antes do ritual da vaidade, um som com cara de ficar solto na rua.

O bom de se morar na minha região é que tem muita opção de padaria. E boas. A escolhida da vez foi a padaria Gêmel (http://www.gemel.com.br/). Sempre a achei decadente, além de ouvir muitas bixas reclamarem do atendimento, fazendo a linha que o atendimento é homofóbico. Mas como toda a bixa que se preze tem transtorno de déficit atencional e ficam nesse discurso repetido de que se alguém as trata com indelicadeza, já taxam que  a pessoa é homofóbica, fui sem receio. Tenho ido ocasionalmente e não tive até agora nenhum problema. Cheguei na padoca, passei pela atendente e disse bom dia. Ela não deu muita bola. Respirei, pensei no azul, me sentei e educadamente pedi o cardápio. Chamei a defunta para perguntar se a omelete tinha acompanhamento. Ela me respondeu que vinha salada e batatas fritas. Muito over para o horário. Perguntei a ela se eu poderia pedir apenas omelete. Aí ela, com aquela cara “prendi minha língua na porta” me perguntou por que não ter as “batatinha” para acompanhar. Eu a fitei nos olhos e por um flash de momento mentalizei ela entrando num processo de auto combustão e se queimando toda. Passado o flash, eu respondi com a paciência de um Jedi que eu não iria querer “as batatinha” para não ter enfeites de esteatose hepática no meu fígado. Aí eu sorri, sabendo que ela faria um cara de “não sei o que é esteatose hepática”. Bingo (risos).Com o Guia na mão, comecei a folhear para traçar o roteiro do dia.

Vi algo bem interessante na parte de exposição do Guia e que não tinha destacado como opção. Exposição Movimento, uma mescla de obras de artistas plásticos, fotógrafos e estilistas numa nova galeria, aberta recentemente em Pinheiros, a New Creators.  Aí joguei no Google Map o trajeto até chegar lá. Para minha sorte, passava um ônibus próximo a padoca que me deixaria na Rebouças, próximo ao espaço cultural. E por que não conhecer? Afinal, o dia estava na propício para conhecer lugares novos, certo?

O ônibus não tardou a chegar. Sentei no fundo do bumba e comecei a ler Os Sermões, do Padre Antônio Vieira. Com um prefácio sofrível de 20 páginas, antes de chegar aos sermões, propriamente dito. Eu não estava com saco pra ler, mas como tenho o costume de ler dentro de uma ordem cronológica, não tive coragem de pular o prefácio. Pra minha sorte, o trajeto até a Rebouças foi breve. Quando desci do ponto, fui até o próximo semáforo para atravessar e para minha felicidade, o sinaleiro não funcionava. Num rápido devaneio mental de minha parte, pensei: “será isso um presságio? Será que não é para ir na galeria”?  E nenhum motorista de carro com boa vontade para deixar o pedestre aqui atravessar. Não me fiz de rogado: fiz a linha “assaltada”, me jogando no primeiro quarto da avenida e simulei um escorregão. O primeiro motorista freou e os outros automaticamente pararam para eu passar. Só faltou o cetro, o aceno a la Lady Di e o sorriso simpático de uma rainha para agradecer. Mas eu estava com pressa. E eles não fizeram mais do que a obrigação.

Entrei na arborizada e simpática rua Lisboa, em direção ao New Creators. Era o último dia da exposição. Quando cheguei na porta, veio a primeira trombeta do apocalipse: estava fechada. Chegou um casal para também conhecer o lugar. Apertamos a campainha e nada. Liguei no telefone da galeria e ninguém atendeu. Pela informação do Guia, o horário de funcionamento era até às 17h. Eu cheguei às 14h30. E não deixaram nenhum aviso na porta do atelier. Quer dizer, se o artista ou atendente tivesse que sair, almoçar, enfim, fazer algo, deixaria uma informação, como todo profissional eficiente faz. “Galeria sem água. Fui dar um cagão na vizinha. Volto logo (risos)”. Simples assim. Tirei umas fotos da região e voltei pra Rebouças. Enquanto aguardava o bumba, folheei rapidamente o guia. Plano B, ativar. 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014


Postei ontem no Facebook sobre o jogo que o São Paulo fez contra o Emelec. Até porque deu gosto de assistir uma bela partida de futebol. Foi arte pura. Minha colega Ju Gardim postou, num tom de surpresa, o seguinte comentário: “você gosta de futebol”?! Quando li seu comentário, fui dar uma olhada nas curtidas. E só homens curtiram o que postei. Homens mesmo (risos). Escrevi respondendo que, por incrível que pareça, curto futebol. Lógico que eu assisto sob um outro olhar, obviamente. Não sei dizer o nome de todos os jogadores, como os bofes sabem. Gosto da arte que os jogadores proporcionam, no decorrer da partida. Os dribles se tornam as suas performances artísticas. Ah, e sei diferenciar a função de volante para centroavante (risos).  Mas não dá para ficar indiferente às pernas torneadas que eles nos mostram. E quando eles se estranham no campo?! Fora a passada de mão na região pélvica que todos fazem, sem distinção. Ato reflexo de pura virilidade. Pena que jogadores interessantes você conta nos dedos. A maioria é tudo bofe camarão: feio de rosto, mas o resto dá pra aproveitar (risos). Depois de minha resposta, Ju Gardim escreveu: “você é uma caixinha de surpresas”.


Depois de várias tentativas, consegui marcar um jantar com Mila e Max, no Alma Cozinha, um restaurante que descobri mês passado (quer saber mais sobre o Alma Cozinha? É só clicar no link http://omundodelira.blogspot.com.br/2014/10/o-bom-de-se-retomar-vida-gastronomica-e.html). Cheguei em casa para tomar uma ducha, passar meus cosmésticos e borrifar meu Dior. Me colei e saí soltinho para pegar um táxi. Nesse meio tempo, Max me ligou avisando que já estava no restaurante me aguardando. “Fiz a Angélica” e em 10 minutos estava lá. Tomamos um bom vinho português, demos muitas risadas. Max está indo para Cuba mês que vem e me convidou para ir com eles. Sempre tive curiosidade de conhecer esse país. Mas com a lascividade que existe por lá, capaz que eu nem volte. 
Cheguei em casa e me deparei com uma notícia engraçada. Vi uma chamada de um programa que irá passar no SBT. Acho que é sobre artistas que queiram mostrar o seu tá lento. Aí, para minha surpresa vejo o “cantor” Marcelo Augusto fazendo sua performance. Se você que lê este blog não sabe quem é Marcelo Augusto, suspiro aliviado (risos). Ele estava fazendo uma imitação do Ney Matogrosso. Agora que o Gugu não banca mais sua carreira, ele decidiu mudar o foco de sua carreira artística e fazer a travesti. Ele é desse tipo de celebridade que recicla o que não tem para oferecer. Mas ele estava suuuuper à vontade na apresentação (risos).

quinta-feira, 6 de novembro de 2014



Saí exausto ontem do trabalho, mas com pique de fazer um tricô com Raquel. Já tinha um bom tempo que não a via. Nos encontramos no prédio onde moramos e decidimos caminhar até a Iracema, uma padoca que fica na Avenida Angélica. O tempo estava propício para uma caminhada. Estávamos entrando na rua Barão de Tatuí, para fazer um atalho até a padoca e eu me lembrei de um restaurante judaico que estou, ou melhor, estava doido para apreciar. Para minha surpresa, quando passamos em frente, li um totem que dizia em letras bem garrafais: Hoje, rodízio de sushi (risos).   E a tradição, onde é que fica? Nunca vi um restaurante em crise de identidade. A vontade de degustar a comida deles passou como um feixe de vento.

Chegamos na padoca, fomos nos alojar no andar de cima. Estava mais vazio e assim, mais agradável pra gente conversar. Não suporto pessoas em volta falando num tom mais estridente. Sentou um casal na nossa frente. O bofe ficou me olhando, já que eu estava de frente, com vista para eles. Se eu fosse mais jovem, eu não perderia tempo, mas, como estou numa fase “jovem senhor de idade”, fiz a linha Kátia total: não estou vendo nada (risos)

O papo rendeu: trabalho, ressaca pós eleição, amores. Na verdade, acho que mais ouvi do que falei. Comi um lanche com uma coca cola, algo que eu não fazia há um bom tempo. Fiquei com dor na consciência depois. Quando descemos para pagar a conta, uma fila imensa e duas atendentes de caixa para dar conta. Atendentes de caixas lerdas, só para registrar. Pra ajudar o tempo passar, entrou uma senhora com seu filho. Naquele ato reflexo de Murphy, nossos olhares se entrecruzaram. Quando a encarei, não contive o riso. Ela (risos) era vesga. Ela ficou me encarando, com aquela cara de semente de bucha seca. Pra ajudar, me veio todos os monstros de filmes japoneses que adorava assistir quando adolescente - na linha Jaspion, Spectreman e apareceram todos os tipos de monstros...com um olho só. Rezei tanto o Padre Nosso para afastar essas lembranças da minha cabeça! Pelo menos a reza fez a vesga sumir num piscar de olhos.

Cheguei em casa, tomei uma ducha e fiquei escutando o barulho dos bares próximos do condomínio. Não me atentei que estava tendo jogo. Liguei a tv para acalmar o cérebro, mas foi por pouco tempo. Era jogo do São Paulo. Sim, é o time que eu torço. E que jogo! Ontem eu vi um time que jogou com muita raça, com jinga, algo raro de se ver nos jogos de hoje. Mas aí minha calma sumiu, o jogo me deixou tenso. Sobrou para Freud e Raul Pompeia suavizar minha tensão. Até às duas da manhã. 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014


Acordar com o barulho da chuva. Há tempos não participava de uma cena assim. Tempo agradável, me deixou mais disposto a levantar-me e ouvir um bom som, para abrir as mesas de trabalho do dia.


Tive que passar no banco pra sacar um dinheiro para a diarista, que vem hoje limpar meu apartamento. Não posso me esquecer de fazer compras hoje, sem falta. É vergonhoso ter chegado em casa ontem, com fome e não ter nada pra forrar o estômago. E pra piorar, a preguiça inana se apoderou a ponto de não querer botar o dedo mindinho do pé pra fora do apê. O pacote de torrada integral estava intacto. Vejamos o que tinha na geladeira: leite, saquinhos de ervas para chá, margarina (honey, don´t), copo com resto de requeijão light. Estava bem puxado (risos). Tive que improvisar e fazer o milagre da multiplicação do requeijão. Comi quatro torradas e o requeijão deu. Enquanto ia delineando a torrada com a espátula, para colocar aos poucos o requeijão, me lembrei de uma história bíblica que aprendi na escola em que estudava sobre a viúva de Sarepta.

Pra contextualizar melhor: estudei por 8 anos em uma escola Adventista, no que chamamos hoje de Ensino Fundamental.  Muitas histórias que tenho guardadas na minha memória sobre essa época. Mas como são histórias (risos) tristes, já vou direto ao recorte: por se tratar de uma escola administrada por uma igreja, tínhamos em nosso currículo escolar aulas de religião. No primário – 1ª a 4ª série, as professoras tinham o hábito de começar sempre contando uma história da Bílbia. Minha professora do 2º ano, a professora Maria José, umas das melhores e mais importantes mestras que eu tive, abria a aula contando a história do profeta Elias. Em um dos episódios, o profeta, instruído por Deus, visita a cidade de Sarepta. Lá, ele é recepcionado por essa viúva, que não sabemos o nome. Quem sabe, no Juízo Final (risos). Uma mulher extremamente pobre, humildemente prepara uma refeição para Elias, com o pouco que tem. Sensibilizado pela atitude da viúva, Elias faz uma oração que multiplica o azeite e a farinha para eles não passarem fome. Inspirado por essa breve passagem do tempo, consegui fazer milagre e lanchei sem complicações. Mas se eu fosse a tal viúva, já aproveitava a compaixão do profeta e pedia uma bela cesta básica.

Comecei a reler O Ateneu, do Raul Pompeia. Deus, por que eu demorei tanto para redescobrir esse livro. Comecei a ler as primeiras cinco páginas.  Aí eu voltava do início e lia novamente o texto, maravilhado com sua narrativa hiperbólica e corrosiva.  Li umas 4 vezes o prefácio. Na última vez, sublinhei tudo que tinha achado interessante. Ou seja, quase tudo (risos). Só dei um pause para ver aquele programa do Miguel “Fala Bela”, o Sex and the City no Morro (risos). É descaradamente uma cópia da série norte-americana. São 4 amigas versão Vidigal de Carrie, Miranda, Samantha e Charlotte. No programa, assim como na original, elas sempre se encontram em algum lugar para bebericar e falar de futilidades. Com Carrie se tomava um Cosmopolitan.  Com as “nêga”, cerveja no buteco da comunidade. Assunto em comum: homens. Têm as histórias paralelas com as protagonistas. Ou será a Claudia Gimenez a atriz principal? Isso soa confuso, mas não compromete o texto do Miguel, que finalmente abriu mão daqueles textos de besteirol horrível que ele escrevia. Ele se sobressaiu com Pé na Cova. Com as “nêga” não tem sido diferente.  “Então, lacrou!” foi o bordão da vez. A Débora Duarte, fazendo a dona Rosemary, uma mulher totalmente antiquada, grosseira de modos, de baixo calão, roubou a cena no capítulo de ontem. Agora, fazer o momento “Oi, somos cópias das Sublimes” para fechar o episódio, foi bem forçado. Totalmente desnecessário. Entre o original e a versão, fico com a primeira opção.




terça-feira, 4 de novembro de 2014


Sensação boa acordar pela manhã, ouvindo o barulho da chuva. Depois da chacoalhada que Freud me deu, no fim da noite de ontem, tive a obrigação de me levantar bem disposto para a incolor, pero no mucho, vida real. Sei que não posso reclamar. A terapia e os florais têm me deixando mais animado, com vontade de fazer as coisas. Estou nesse estado de espírito. O ânimo é tanto que nem fiquei de mal humor com o metrô cheio. E não tive chance de sentar. Pra ajudar, esqueci meu fone para escutar o ipod. E em pé, as possibilidades de se fazer algo para passar o tempo são mínimas. Ler, no way, pois perco a concentração. Paciência. Fiquei contemplando o zoológico à minha volta. Aproveitei e mentalizei uma música bem bacana, pra passar o tempo.



Na saída do metrô Belém, subindo a escada rolante, vejo Ricardo, um colega de firma. Não quis me aproximar. Não tenho vocação para fazer a linha “moça do tempo” em ser super simpático e sorridente para puxar assunto. Pra isso, nem o floral ajuda.  Com o meu guarda chuva laranja, fiquei observando ele, de longe. É tão feinho, coitado. É uma tábua, tamanha a falta de sustância. Sem cor, sem sex appeal. É o tipo de homem que mulher não transa nem por compaixão (risos). Além de ter um mal gosto em curtir rock progressivo. Rock progressivo dá muito sono. Prefiro o rivotril.


E o +Globosat mal estreou e já começa a repetir de forma desgovernada os programas de sua grade. Uma pena, pois têm programas de ótimo conteúdo e faz uma boa diferença na TV fechada. Até porque é um canal que, ao lado do Arte 1, do canal Curta e alguns programas do Canal Brasil, se salva da lavagem cerebral que a televisão tem se tornado. Triste ver essa grande mídia impondo o que você deve ver, deve escutar. Desculpe-me, mas eu não sou figurante do Walking Dead pra ficar nessa tecla de repetição constante. 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014


Nunca pensei que a ressaca da eleição pudesse deixar as pessoas tão fora de si. A pauta? O episódio deprimente que aconteceu no último sábado, onde um bando de pessoas puxadas no vinagre foram para a avenida Paulista pedir, além do impeachment da Vilma, uma intervenção militar. É fato que na minha época escolar, não tínhamos consciência do que foi a ditadura no país. Infelizmente, os professores omitiam tal informação. Sabíamos apenas que éramos um país de 3º Mundo, que existiam os países desenvolvidos e sub-desenvolvidos (olha a gente aqui de novo), além da divisão política ser, na era da Guerra Fria, dividida entre os capitalistas - chefiados pelos EUA e os socialistas, pela ex-URSS, atual Rússia. Em resumo, éramos catequisados com a informação que os EUA são “boa gente”, enquanto a URSS e seus aliados o “eixo do mal”. E sem margem para questionamentos. Era uma sessão de pura lobotomia. E confesso ficar aliviado de termos hoje algo que nunca existiu (e nem vai existir) num regime ditatorial: a democracia e a liberdade de expressão. Esse bando de gente exausta precisa arrumar uma ocupação com urgência. Estudar, por exemplo.


E falando em fora de si, recebi com surpresa uma notícia que deu o que falar semana passada. Aquela menina que arquitetou o assassinato dos pais, a Suzanne Richtoffen, decidiu agora amassar um Bombril com outra presidiária, que esquartejou o marido. Não daria um ótimo roteiro para um episódio da série “Orange is the new black”? Aí pensei: pra que assistir Annabelle? (risos) Temos um conto de horror em tempo real.


A TV paga está agonizando. A programação dos canais está em processo contínuo. Só programação repetida. Vou me concentrar em fazer minhas leituras durante a semana. Fiquei felicíssimo em comprar Os Sermões, do padre Antônio Vieira. Aí pensei em ler um livro pra cada dia da semana, mesmo já tendo a leve impressão que essa dinâmica não vai funcionar muito. Na lista, estão A Era dos Extremos, do Eric Hobsbawn; Moisés e a religião monoteísta, do Freud; Confissões, de Santo Agostinho e a parte 1 dos Sermões. Me lembrei que uma colega que conheci no Atacama achou “denso demais” as escolhas que fiz pra ler. Acho que vou contrabalancear com algum clássico da literatura brasileira. O Ateneu, do Raul Pompeia, por exemplo. E as poesias de Adélia Prado. Será que eu chego?