Nunca pensei que a ressaca da eleição pudesse deixar as
pessoas tão fora de si. A pauta? O episódio deprimente que aconteceu no último sábado,
onde um bando de pessoas puxadas no vinagre foram para a avenida Paulista pedir,
além do impeachment da Vilma, uma
intervenção militar. É fato que na minha época escolar, não tínhamos
consciência do que foi a ditadura no país. Infelizmente, os professores omitiam
tal informação. Sabíamos apenas que éramos um país de 3º Mundo, que existiam os
países desenvolvidos e sub-desenvolvidos (olha a gente aqui de novo), além da
divisão política ser, na era da Guerra Fria, dividida entre os capitalistas - chefiados
pelos EUA e os socialistas, pela ex-URSS, atual Rússia. Em resumo, éramos
catequisados com a informação que os EUA são “boa gente”, enquanto a URSS e
seus aliados o “eixo do mal”. E sem margem para questionamentos. Era uma sessão
de pura lobotomia. E confesso ficar aliviado de termos hoje algo que nunca
existiu (e nem vai existir) num regime ditatorial: a democracia e a liberdade
de expressão. Esse bando de gente exausta precisa arrumar uma ocupação com
urgência. Estudar, por exemplo.
E falando em fora de si, recebi com surpresa uma notícia
que deu o que falar semana passada. Aquela menina que arquitetou o assassinato dos
pais, a Suzanne Richtoffen, decidiu agora amassar um Bombril com outra presidiária,
que esquartejou o marido. Não daria um ótimo roteiro para um episódio da série “Orange
is the new black”? Aí pensei: pra que assistir Annabelle? (risos) Temos um
conto de horror em tempo real.
A TV paga está agonizando. A programação dos canais está
em processo contínuo. Só programação repetida. Vou me concentrar em fazer
minhas leituras durante a semana. Fiquei felicíssimo em comprar Os Sermões, do
padre Antônio Vieira. Aí pensei em ler um livro pra cada dia da semana, mesmo
já tendo a leve impressão que essa dinâmica não vai funcionar muito. Na lista,
estão A Era dos Extremos, do Eric Hobsbawn; Moisés e a religião monoteísta, do
Freud; Confissões, de Santo Agostinho e a parte 1 dos Sermões. Me lembrei que uma
colega que conheci no Atacama achou “denso demais” as escolhas que fiz pra ler.
Acho que vou contrabalancear com algum clássico da literatura brasileira. O
Ateneu, do Raul Pompeia, por exemplo. E as poesias de Adélia Prado. Será que eu
chego?