Metrô, a dor e a delícia de ser o que é. Você entra no
vagão, vê todo mundo a sua volta e ao mesmo tempo, não vê ninguém. Todos
conectados com o seu “mundo interior”. Fico aliviado quando encontro pessoas
sentadas, lendo um bom livro (ou não), em vez de ficarem escravizadas com seus
celulares. Estou em pé, lendo “Diários de Andy Warhol” e percebo uma criança na
faixa dos seus 5 anos, hipnotizado pela minha mochila. Ele estava olhando os bottoms que coloquei em minha bolsa.
Assim que consegui um lugar para me sentar, sorri e comecei a estabelecer uma
conexão com ele. Mostrei mais de perto a mochila. Ele olhou para um dos bottoms e me perguntou “quem era o
senhor sério, de óculos”. Quando ele apontou para a imagem de Freud, disse que
era “meu avô”. Me perguntou se ainda estava vivo, pois parecia um fantasma (risos). Ele olhou
para o bottom do Bowie, fez uma cara
de estranhamento e me questionou se o Bowie era meu pai (risos). Ele deve ter
feito a associação do Bowie com o óculos modesto que eu estava usando, vermelho,
a la Bono Vox. Imaginem o óculos do Bono. Agora imaginem o óculos em uma versão
beeeeeem mais veada do que o Bono usa (risos). Eu já tinha observado a cara de vegetariano
incolor do menino olhando para mim, no momento em que entrei no metrô. Criança
nessa fase tem uma espontaneidade impressionante.
Saindo da estação Belém, uma colega me ligou desesperada.
Disse, com uma voz pseudo embargada que está produzindo um evento, que eu nem
me lembro qual é. Pelo que me recordo, é uma festa sobre algo, com celebridades
do mundo televisivo. Estava preocupada, pois muitos ainda não tinham confirmado
presença. Bem, eu nem quis perguntar quem eram as tais celebridades. Tive medo do
que iria ouvir. Mas pelo que ela falou por cima, a fauna estava bem
representada (risos). Como ela estava dramatizando muito e eu queria cortar
logo o cordão umbilical da conversa, disse para ela não se preocupar. Caso ela
precisasse de um suporte, sugeri para ela contactar a Preta Gil. A melhor
coadjuvante de celebridade de figuração que conheço. Só serve para preencher
espaço.
Nesses gracejos que a gente recebe pra colorir o
dia, um querido colega me enviou um vídeo, lembrando de uma conversa que
tivemos dias atrás. Tinha comentado que estava escutando muita música dos anos
70. Aí ele me manda um vídeo da Vanusa cantando Evita. O visual dela estava
sofrível, parecia que ela estava vestida de saco de guardar defunto do IML
(risos). Mas sabe o que me deixou mais surpreso? Ela cantou sem teleprompter! (risos). Adoro
sacanagem maquiada.
Ah, e vegetarianos: me perdoem pela redundância usada no
texto (risos).