sexta-feira, 31 de outubro de 2014



Metrô, a dor e a delícia de ser o que é. Você entra no vagão, vê todo mundo a sua volta e ao mesmo tempo, não vê ninguém. Todos conectados com o seu “mundo interior”. Fico aliviado quando encontro pessoas sentadas, lendo um bom livro (ou não), em vez de ficarem escravizadas com seus celulares. Estou em pé, lendo “Diários de Andy Warhol” e percebo uma criança na faixa dos seus 5 anos, hipnotizado pela minha mochila. Ele estava olhando os bottoms que coloquei em minha bolsa. Assim que consegui um lugar para me sentar, sorri e comecei a estabelecer uma conexão com ele. Mostrei mais de perto a mochila. Ele olhou para um dos bottoms e me perguntou “quem era o senhor sério, de óculos”. Quando ele apontou para a imagem de Freud, disse que era “meu avô”. Me perguntou se ainda estava vivo, pois parecia um fantasma (risos). Ele olhou para o bottom do Bowie, fez uma cara de estranhamento e me questionou se o Bowie era meu pai (risos). Ele deve ter feito a associação do Bowie com o óculos modesto que eu estava usando, vermelho, a la Bono Vox. Imaginem o óculos do Bono. Agora imaginem o óculos em uma versão beeeeeem mais veada do que o Bono usa (risos). Eu já tinha observado a cara de vegetariano incolor do menino olhando para mim, no momento em que entrei no metrô. Criança nessa fase tem uma espontaneidade impressionante.



Saindo da estação Belém, uma colega me ligou desesperada. Disse, com uma voz pseudo embargada que está produzindo um evento, que eu nem me lembro qual é. Pelo que me recordo, é uma festa sobre algo, com celebridades do mundo televisivo. Estava preocupada, pois muitos ainda não tinham confirmado presença. Bem, eu nem quis perguntar quem eram as tais celebridades. Tive medo do que iria ouvir. Mas pelo que ela falou por cima, a fauna estava bem representada (risos). Como ela estava dramatizando muito e eu queria cortar logo o cordão umbilical da conversa, disse para ela não se preocupar. Caso ela precisasse de um suporte, sugeri para ela contactar a Preta Gil. A melhor coadjuvante de celebridade de figuração que conheço. Só serve para preencher espaço.


Nesses gracejos que a gente recebe pra colorir o dia, um querido colega me enviou um vídeo, lembrando de uma conversa que tivemos dias atrás. Tinha comentado que estava escutando muita música dos anos 70. Aí ele me manda um vídeo da Vanusa cantando Evita. O visual dela estava sofrível, parecia que ela estava vestida de saco de guardar defunto do IML (risos). Mas sabe o que me deixou mais surpreso? Ela cantou sem teleprompter! (risos). Adoro sacanagem maquiada.

Ah, e vegetarianos: me perdoem pela redundância usada no texto (risos). 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014



Equívocos, um mal necessário para padecer no Paraíso. Estava dando uma olhada no Instagram para prestigiar e curtir a foto de alguns amigos. Um querido postou uma foto sua junto com a sua mulher, alegres e sorridentes, como se estivessem numa lua-de-mel constante. Eles foram fazer uma viagem para um país da América do Sul. Acho que era no Uruguai. Um casal lindo. Mas analisando com mais atenção, me atentei ao lugar onde eles registraram o seu momento ternura e comecei a ter risadas malignas mentais. Quer dizer, você viaja para um país diferente do seu, com lugares interessantes a mostrar, como a beleza de suas praças e monumentos e eles postam uma foto em um shopping (risos)? Pelo menos não tiraram fotos carregando sacolas de compras.


Dias atrás, fui com Carlito lanchar na pizzaria Ideal. Comentava com ele sobre uma série de exames que tinha feito para verificar se estava tudo nos conformes. Ele perguntou se eu estava temeroso. E eu respondi que lógico que estava apreensivo. Ele me confidenciou que nunca tinha feito check up para saber da saúde. Isso porque ele é bem mais velho que eu. Disse que não queria saber se tinha algo. Pensando no quanto achei equivocado da parte dele e o quanto me incomoda a inércia das pessoas, decidi ligar o meu desfibrilador verbal para “acordar o paciente”. Aí eu falei para ele pensar sob essa ótica: com o hábito de não fazer exames, de repente começa a sentir algo e obrigatoriamente vai ao médico, que pede pra você fazer exames e daí você descobre que tem um tumor que já corroeu metade do seu corpo. Pensei por um breve momento se peguei pesado. Com a cara que Carlito fez, de refugiado da Palestina, decidi amenizar. Terminei meu raciocínio concluindo que, com a vida que levamos, não vale a pena terminarmos dessa forma. Ele ficou um pouco perplexo, enquanto terminava de comer um pedaço da pizza de marguerita. Estava saborosa.


A exposição Made in...feito por brasileiros, que ficou um bom tempo em cartaz no Hospital Matarazzo, me causou um certo estranhamento. Fiquei um pouco incomodado com a forma que as pessoas apreciavam as obras parecendo um comboio de gado. Não prestavam atenção em nada. Acredito que se os monitores contratados exercessem de fato a sua função (o que não aconteceu) ficaria mais razoável. Mas o pior estava por vir. Entrei numa sala bem perfumada e vi uma moça uniformizada, bonita e cheia de charme. A princípio, pensei que se tratava de uma performance, quando a Barbie anoréxica abre sua boca e fala: “Bem vindo ao momento Natura” (risos). Para não perder a chance, dei corda e perguntei do que se tratava a performance. Ela me contou que eu poderia utilizar qualquer cor da linha de batons da “marca”, para eu poder deixar um beijo na parede. Não foi à toa que vários artistas declinaram do convite em participar da exposição. Exposição com cara de varejão. Realmente, o cúmulo do equívoco. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014


Roteiro cultural de fim de semana, pairando no ar. Me levantei, no último sábado, incentivado em fazer uma programação sem muita densidade. Soltinho e de preferência, sozinho. Queria me curtir um pouco. Perto do meu aparelho de som, alguns cds que tenho escutado sem parar. Por isso eu os deixo bem próximos. Minha audição, atualmente - fora a música clássica que sempre ouço, tem sido os anos 70. A década do desbunde, da transgressão estética e sonora, capitaneada pelo necessário movimento de contra cultura no final dos anos 60. E mais uma vez, foi com ela que abri bem o meu dia




Bethânia sabiamente já disse sobre a voz de Gal: um cristal. Analisando a obra desse Cristal muito bem lapidado, com discos ousados, onde ela pôde extravasar sua densidade vocal, ela lançou em 1974 o álbum “Cantar”, uma preciosidade joãogilbertiana. Fico pensando se Gal realmente tem a noção do tamanho de sua relevância evolutiva e revolutiva na música brasileira. Além de sua interpretação, com um repertório sofisticado, ela se cercou e apresentou para nós, reles mortais, músicos extraordinários, como Lanny Gordin, Jards Macalé, Luís Melodia, entre tantos outros. Fora sua exuberância, sua beleza hipnotizante. Essa sim, deve ter tido uma senhora pomba gira 3D (risos).

Me arrumei e fui em direção à padoca para tomar meu café, folhear os cadernos de cultura e dar uma olhada no Guia da Folha para traçar meu destino no fim de semana. Com o filtro no mode on, saí para pegar o metrô. Em direção à estação República, mudei de ideia e fui a um ponto de ônibus, na rua Consolação. O metrô tem estado lotado até no sábado. Como eu não estava a fim de ver o circo de horrores (já que eu vejo em dias úteis, nos vagões), optei em pegar um “bumba”. Apesar da falta de opção visual, queria sentir um vento em minha cara e contemplar o entorno. No caminho, passei por um gringo lindo, mas bem lesado. Tinha um cheiro forte de marijuana nele. Me embrulhou o estômago.

Me joguei na linha 875-A, sentei no fundo do bumba e continuei a ler os semanários de cultura. Na capa da Ilustrada, tive um choque de 220V: uma matéria sobre o lançamento de um livro sobre a influência e relevância musical de David Bowie. Olha a transgressão de novo, me perseguindo. De autoria de Peter Dogget, o livro - David Bowie: o homem que vendeu o mundo, passeia pela obra mais rica, revolucionária do Camaleão – os anos 70, analisando disco a disco. Estão notando a coincidência? Conspiração a favor é um bem necessário à minha saúde. E Bowie dispensa comentários. Para falar sobre ele, seria necessário no mínimo uns cinco textos para louvar sua existência na cultura e em minha vida. Dogget afirma que Bowie foi o artista mais polêmico, transgressor e revolucionário entre todos os artistas nos anos 70. Palavra de um grande pesquisador da cultura pop.

Segunda boa e agradável surpresa do dia: assim que o ônibus entrou na Avenida Paulista e eu ainda devorando a matéria sobre Lord David, vi uma legião de motoqueiros com suas Harley-Davidson cortando a avenida. Meu olhar fixou-se neles, dando uma pausa em Bowie, para eu ter uma bela contemplação visual. Enquanto o ônibus atravessava a avenida, a legião de motoqueiros continuava. Numa cidade em aceleração constante como Sampa, foi bonito ver pessoas nas calçadas parando para ver o “desfile”. Centenas de motos...a caminho de Neverland.

Desci na Avenida Domingos de Morais, um ponto antes do que eu deveria descer. Com o sol latente que estava, fui caminhando pela sombra até chegar numa travessa que teria que passar para chegar ao MUBA – Museu de Belas Artes, na Vila Mariana. Tinha visto no Google Maps que deveria entrar na Capitão Cavalcanti. Quando entrei na travessa, uma casa com arquitetura dos anos 70 (oi?) com um som alto, para todo o mundo ouvir. E adivinha qual era a música? Dica: um clássico dos anos 70 (risos)


O caminho até o MUBA foi uma atração à parte. Casas incríveis, com uma bela construção arquitetônica, fora a quantidade de árvores cercando esses casarões antigos. Enquanto me distanciava do apelo sonoro dos Bee Gees e me aproximando do final de meu trajeto por essa travessa encantada, voltei a ficar com o pé no chão, para chegar, enfim, ao Museu de Belas Artes. No cardápio cultural, Lothar Charoux com a exposição Razão e Sensibilidade. Austríaco, como Mozart. Já contou pontos a seu favor. Pela minha humilde percepção, notei que o artista cria e realiza suas obras, influenciado pelo expressionismo. Fiquei horas no museu, meditando em suas inquietações. Aproveitei e passei no Instituto de Arte Contemporânea, ao lado, para ver o acervo que eles possuem do Sérvulo Esmeraldo. Salve o resgate da nossa memória cultural! 

Pra quem não conhece a obra de Lothar Charoux e nem o MUBA, aconselho ir ao museu para desbravar sua obra. O metrô mais próximo é o Vila Mariana. Ah, e o trajeto da travessa Capitão Cavalcanti, com suas casas belas e imponentes estão incluídos no pacote.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014


Depois da lavada de alma que tive, com o espetáculo “Irmãos de Sangue” (leiam texto que escrevi sobre a peça. Ainda dá tempo de assistir e prestigiar um bom espetáculo:http://omundodelira.blogspot.com.br/2014/10/depois-de-muito-tempo-sem-motivacao.html), Marquinhos estava nos aguardando para continuarmos nossa epopeia dionisíaca pela noite paulistana. Até mesmo porque eu precisava me recompor e tomar “uns bons drink”. Marquinhos estava nos aguardando num bar, quase em frente ao Sesc Belenzinho. Lugar inusitado, com um nome clichê, diga-se de passagem: Boutique Vintage Brechó e Bar (http://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/boutique-vintage-brecho-bar) .  Uma cor no meio do cinza, que é a região da Quarta Parada. Sim, é esse o nome do bairro. Eu sempre complemento que o nome do bairro deveria ser Quarta Parada Respiratória (risos) de tão feio e nebuloso que é.

O lugar escolhido para darmos start não poderia ter sido mais propício. Uma ambientação que a princípio causa um estranhamento pela quantidade de coisas que envolvem o lugar. Você tem a sensação de que tudo está poluído demais. Ao mesmo tempo que é um bar, ele também é um brechó, com uma ambientação inspirada em algum cabaré, em versão light. Muita coisa retrô. Muito vintage. E tem também shows, com uma programação variada a cada dia. Tinha um conjunto se apresentando. Eles tocavam tão bem, que eu nem prestei atenção.

Marquinhos nos aguardava numa mesinha. Sentamos e começamos a papear. Pedi uma caipirinha. Fomos atendidos por uma bee estilo babydol, bem novinha e bacana. Ela estava com um chapéu que me fez lembrar na hora do Boy George. Aí eu só chamava ela de Boy George (risos). Ela foi uma querida quando veio nos dizer que o sofá estava disponível, caso a gente quisesse ficar mais à vontade. Ficamos conversando sobre o impacto do espetáculo por um bom tempo. E depois de tomarmos alguns drinks, a conversa ficou mais papo cabeça. E mais hilária. Ficamos observando a fauna em volta. Pessoas interessantes, mas não a ponto de “elaborar um texto” pra ver se fisgávamos algo. Tinha um casal sentado ao nosso lado. Beeeem feios (risos). Toda a vez que terminávamos um assunto, olhávamos para eles e falávamos o mantra: “que casal lindo, gente”. E isso foi em processo contínuo até sairmos de lá. Depois de um certo tempo, me familiarizei com o bar. Estava super à vontade, papeando com pessoas queridas e sendo muito bem atendido.

E quem disse que a noite terminou? Ficamos tão animados com o tricô feito, que decidimos ir para outro lugar. A opção? Rua Augusta. Deus, como fiquei com receio de voltar para lá. A Pomba Gira 3D estava mesmo me rodeando (risos). Mas não me fiz de rogado e topei ir. Ricardo e eu estávamos bem “soltinhas”. Gloriette e Marquinhos colocaram Elis Regina no setlist. Ouvir “Mucuripe” e vendo a paisagem urbana decadente e ao mesmo tempo, de uma beleza peculiar, na turbulenta São Paulo, foi catalisador.



E chegamos na rua Augusta. A Babilônia Caída Contemporânea. Mal saímos do carro e Ricardo foi abordado por um grupo de jovens, que estavam bebendo e se divertindo nas proximidades. Do nada, veio um bofe e deu um beijo em Ricardo e em mim. Deus, como faz falta pessoas desprovidas de preconceito. Mas isso acontece no mundo possível que é a Augusta. Estávamos bem dispostos a arranhar a cara na calçada. A-do-ro fazer “pesquisa de campo” na rua. E a Augusta é ideal para isso. Mas achei melhor guardar a pomba e me jogar em algo mais tranquilo. No caminho para um barzinho, que ainda estava aberto, vi um artista vendendo umas pinturas. Comecei a ver, quando me deparei com a figura de um tucano, pintada por ele. Aí eu gritei: “Gente, o Aécio em plena Augusta! Olha o Aécio (risos)”. E só abrindo parênteses: Aécio iria adorar a Augusta. O pintor fechou a cara na hora. Deduzo que ele goste da "Vilma" (risos). Entrou um bofe, militante (e chato) querendo saber se éramos tucanos. E conversar sobre eleição às 3 da manhã? Só com muito Prozac. Ricardo estabeleceu uma conversa com ele. Sou a favor de uma boa discussão. Mas não a ponto de alguém jogar em seu texto uma indução para que você vote em determinado candidato. Entrei no bar e vi uma porção de garçons bonitos. Mas achei melhor trancar a pomba e ficar na minha. Ricardo entrou em seguida e viu o barman e já fez a sua exaltação chamando ele de “entidade”. Ele usava uma espécie de turbante. Era de chamar muito a atenção. Pena que quem nos atendeu era um dos mais feinhos. Mas uma graça de pessoa. Tomei meu Cosmopolitan e ficamos tagarelando até entrarmos no assunto...política..de novo. Foi uma conversa um tanto calorosa para o horário e decidi estabelecer conexão com um casal que estava ao lado de nossa mesa. Já tinha visto eles se beijando loucamente. E me deu vontade, sabe? (risos). Para estabelecer um contato, eu caí sem querer (risos) pra pegar minha bolsa e o gentil cavalheiro me segurou. Começamos a conversar e o papo foi super agradável. Ele é soldado. E ela...bem, uma reles mulher. Daquele tipo bonita, porém burrinha. Com comprovação de diploma (risos). Um perfil que todo o bofe que se preza gosta. Falamos de viagens e dei umas dicas ao casal. Por fim ele chegou a me convidar, junto com sua namorada, para irmos a outro lugar. Mas parafraseando uma canção interpretada por Bethânia...”assustada, eu disse não”. Senti uma vibe boa no casal, mas depois de um certo hiato sem sair à noite, o melhor é você se permitir aos poucos. A maturidade da idade te ajuda a fica com o pé no chão. E eu consegui passar no teste.


terça-feira, 21 de outubro de 2014


Depois de muito tempo sem motivação alguma para desbravar a noite paulistana, o acaso pediu licença para me mostrar que ela – soturna, bucólica e imprevisível, deu uma pequena melhorada. Combinei com Ricardo de irmos assistir Irmãos de Sangue, com a companhia Dos a Deux, em cartaz no Sesc Belenzinho. Cheguei um pouco antes, peguei meus convites e fiquei aguardando. No saguão do Teatro, vi o ator Rodrigo Matheus, que continua muy guapo. Eu o conheci em uma montagem de Prometeu Acorrentado, no Teatro de Arena, em Ribeirão Preto. Me lembro de ter ficado de boca aberta em ver todo o esforço corporal do ator, que ficou preso em uma corrente amarrada a um carro de corpo de bombeiros. Sua interpretação foi impecável. Me impressionou. Aproveitei essa cena de minha memória afetiva para “homenageá-lo” depois que vi sua peça (risos). Depois desse rápido flash, Ricardo chegou. Cumprimentou seus colegas da classe artística. Me disse que aguardava sua amiga Gloriette, que também iria assistir a peça. Quando Gloriette chegou, me lembrei que a conhecia há muito tempo. E ela também se lembrou de mim. A noite só estava começando.


O espetáculo durou quase duas horas, mas seguindo a cartilha de uma professora de filosofia que tive na faculdade – “o tempo não existe” – tive a sensação de ter ficado pouco tempo dentro do universo afetivo proposto pela trupe. A peça narra, sob uma narrativa bem melancólica, o nascimento e sepultamento de nossa memória afetiva, retratando o período nostálgico de nossa infância. Nessa colcha de retalhos tão bem costurada, remeti aos meus tempos de criança, onde tínhamos uma orientação da necessidade de vivermos no coletivo. A necessidade de brincar; de competir com seus irmãos a atenção de sua mãe; a dificuldade de se lidar com um “não” como resposta. E todas essas sensações, estimuladas pela minha memória, impulsionada pela peça. Detalhe: não há nenhum diálogo no espetáculo. Ficamos tocados. Me lembro de Gloriette falando da lembrança de seus pais e eu codifiquei bem sua sensibilidade. Nossos pais são nossa base e a peça me fez reforçar que meus pais estão no “começo do fim”. Foi dolorido pensar nessa questão. Durante boa parte de nossa vida, pensamos nessa questão como uma hipótese. Mas a peça nos faz acordar para deixar claro que a sugestiva hipótese que colocamos, como mecanismo de defesa para nossa perda, é fato. E tudo visualizado de forma tão poética, que doeu menos do que eu pensava. O grupo soube colocar esses assuntos com muita delicadeza, com muita sensibilidade artística e estética. Término do espetáculo, pausa para meus sais. Ainda bem que eles serviram um prosecco depois. Cumprimentamos a trupe e os parabenizei pela lavada na minha alma, que eles deram. Ficamos papeando, quando Gloriette recebeu um whatsapp de seu marido Marquinhos. Ele estava nos aguardando em um bar estilo cabaré, quase em frente ao Sesc Belenzinho. E a noite estava apenas começando.

Quer saber mais sobre a peça? Então corra. O espetáculo ficará em cartaz somente até o próximo fim de semana. Prestigiem. E se joguem.




segunda-feira, 20 de outubro de 2014


O bom de se retomar a vida gastronômica é, além do prazer de comer bem, poder colocar o tricô e o bordado em dia com amigos. Lógico que bom atendimento, ambiente do lugar, uma boa carta de vinhos e por último, mas não menos importante, a comida são critérios essenciais para gozar de uma noite prazerosa ou, como preferir, um dia bem festivo. Fui com Nel semana passada conhecer um restaurante que, para mim, me surpreendeu pelos tópicos apresentados no começo desse texto. O nome, um tanto peculiar: Alma Cozinha.  Um lugar pequeno, mas acolhedor. Adorei o seu visual retrô. E a escolha do espaço para o restaurante não poderia ser mais acolhedor: uma garagem (risos). Assim que chegamos, fomos recepcionados pelo chef Ivan Achcar, um dos sócios do restaurante. Uma graça de pessoa. Ficamos instalados bem no fundo da "garagem", até para se ter uma visão melhor do lugar e das pessoas frequentadoras do ambiente. Sentamos ao lado de um casal que não estabelecia um diálogo sequer. Estavam no whatsapp. Nada contra quem usa o celular e seus artifícios tentadores, mas eu realmente acho deselegante você sair com alguém, para chegar no restaurante e a primeira coisa a se questionar com o garçom é: “Tem wi-fi?”. Ainda sou arcaico com a utilização exacerbada do celular, a ponto de você isolar seu amigo, ou colega, ou amante, que está em frente a você. Soou esquisito ver um casal de namorados num profundo tédio social ao nosso lado. Como estávamos animados, com uma conversa que iniciou no carro, continuamos o papo no restaurante. O assunto não poderia ter sido outro: política. E eu não via Nel há muito tempo. Eu estava com saudades das nossas conversas. O casal acabou se divertindo com nossa prosa.

O restaurante é bem agradável. A dinâmica é a seguinte: eles colocam 3 opções de entrada, prato principal e sobremesa a um preço médio de 55 Reais. Água vem de cortesia, mesmo em falta (risos). E a salada também. Ponto pra eles. Pedimos uma porção de bacalhau e definimos nossos pratos. Com o calor que estava, escolhemos um bom vinho branco português. Ótima relação custo benefício e bom atendimento. A comida estava bem saborosa. 
Caso se interessem e queiram conhecer, segue um link  com mais informações. Boa degustação. http://www1.folha.uol.com.br/comida/2014/02/1410622-alma-tem-boa-cozinha-informal-fora-da-rota-gastronomica-de-sp.shtml

domingo, 19 de outubro de 2014

Pausa no trabalho, um bem necessário. O horário de almoço tem propiciado momentos de ótima descontração. E quando se tem pessoas bem humoradas, de pensamento ágil, melhor ainda. Me lembrei de algumas pérolas de máxima santificante para compartilhar. Estávamos a caminho de almoçar na Margot, quando Val e Helô começaram a conversar sobre beleza, enquanto eu e Carlito estávamos atrás jogando pauta fora, por puro devaneio. Como eu tenho ouvido de tuberculoso, também ficava atento na conversa das meninas. Aguardando o semáforo abrir, Helô comentava que iria cortar o cabelo, quando Val perguntou se ela iria cortar na lua (minguante) que estava de passagem durante a semana  e começou a explicar como o cabelo ficaria caso ela cortasse nessa lua. Aí eu perguntei por que ela iria cortar o cabelo na lua minguante. Com uma precisão nórdica, Helô respondeu “Porque tanto faaaaz”. Que rapadura de doçura (risos).
Val comentou sobre uma matéria que saiu sobre o padre Marcelo Rossi. A Igreja Católica espionou o padre pop por dez anos. Quiseram desossar o coitado. Queriam descobrir, inclusive se ele era gay. Pra que? Pra convidar mais uma a ingressar o reduto episcopal? Aí nos lembramos das músicas com coreografias que ele fazia. E todos nós na mesa começamos a fazer (risos). Não sei o por que, mas acabamos nos lembrando de outro padre: Fabio de Melo. Foi natural a gente fazer uma comparação entre ambos. Perguntei se elas pegariam ele e pela cara vi-a-loira-do-banheiro delas, percebi que o padre Fabio não era o tipo que elas curtiam. Eu exclamei: “essa hóstia eu comia”. Carlito me lembrou que hóstia não se come. Mas no caso do padre garotão, eu abriria uma exceção (risos).
Vimos a chamada do Big Brother na TV. Impressionante como ainda se investe pesado nesse tipo de programa.   Mas as emissoras faturam muito em cima. Perguntei se alguém participaria de reality shows e a resposta, unânime, foi negativa. Também pudera. É uma concentração de gente medíocre. Dividi com eles, me imaginando em uma edição do programa, com aquela porção de gente nula à minha volta. Para perder o amigo e não perder a piada, Val nocauteou: “se você participasse de fato, você seria mais um medíocre no meio”. Bem feito pra mim. 
 Esquenta, da Regina Casé, também foi assunto. Val lembrou que a idéia inicial do programa era bem interessante. A celebração do mundo possível, a vida em comunidade. Mas o conceito, a princípio interessante, se perdeu durante aos anos. Eu não consigo ver. Primeiro que é uma gritaria desnecessária. Será que eles querem retratar que a comunidade fala nesse tom, um tanto quanto...elevado? Um preconceito maquiado, diga-se de passagem. Fora que não se tem mais assunto na condução do programa. Você vê todo mundo sentado, de repente todo mundo levanta pra dançar...samba. Aí senta-se, bate um dedo de prosa e todo mundo levanta pra dançar....samba....again. Esse processo contínuo me dá tontura. Em poucas palavras, o Esquenta nada mais é do que um mero churrasco na lage.
E pra segunda-feira que está chegando, pra que complicar?

sexta-feira, 17 de outubro de 2014


Como é bom respirar a sexta-feira. Mesmo que o ar esteja sofrível aqui em São Paulo. Mas começo de fim de semana é assim. O meu up automaticamente é acionado para pensar num roteiro agradável. E nada mais propício ligar meu som, e escutar a voz de um cristal.


O metrô e seus personagens inusitados: passando pela catraca da estação Santa Cecília, vi uma “querida” fantasiada de marinheira. Ela acenou para seus amigos, que estavam chegando. Também fantasiados. Cheguei e disse: “Vocês montam uma cena de filme de Fellini e não me convidam?”. Ela não me respondeu.  Pensando no ditado “quem cala, consente”, dei um tchau e fui pegar o metrô. Não saber quem foi Fellini, realmente, é muito triste.


 Fiquei contemplando a “fauna”, sentado no vagão do metrô. Como não tinha nada de interessante para observar,  lembrei do meu último fim de semana. Roteiro cultural com a  Clau no sábado, já relatado aqui no blog (Ok, ok, eu vou refrescar sua memória: http://omundodelira.blogspot.com.br/2014/10/fiquei-na-expectativa-de-acordar-abrir.html). Além das exposições, fomos assistir “O homem mais procurado”, com Philip Seymour Hoffman. Ele realmente fará falta. Um filme de espionagem muito bem montado. Sem cenas de ação, sem pancadaria a la James Bond. E mesmo assim, o diretor teve a proeza de criar um clima de tensão, que não me fez sequer piscar. Thriller psicológico de primeira qualidade. Quebrei meu protocolo pela primeira vez e entrei na sala de cinema com um saco de pipoca. A fome falou mais alto. Só acho lastimável as pessoas ainda terem o péssimo hábito de ficar com os celulares ligados. Tinha um casal sem noção em nossa frente que não se tocavam que o filme ia começar. Clau, com sua fineza escandinava, foi direta: “essa luz está mE INCOMODANDO”! Adoro quando as pessoas obedecem numa boa (risos).

quinta-feira, 16 de outubro de 2014


Cheguei bem tarde ontem, depois da abertura da Mostra e capotei na cama. Tenho dormido super bem e acordado bem disposto para o trabalho. Me joguei numa trilha sonora que fazia um bom tempo que não escutava e fui tomar banho. Hoje é dia de se soltar.



No caminho para o metrô, aquelas coincidências necessárias para abrir bem o dia. Quando estava para atravessar a rua, ouço um assobio. Era Ciça, mexendo comigo. Nos abraçamos, cheios de viadagem. Foi proposital, lógico. Afinal estávamos em frente a uma unidade móvel policial. Ela me deu um beijinho no pescoço. Eu, de maneira afetada disse que tinha me dado tesão. Os policiais só observando os elementos. Quase perguntei a eles se queriam CPF na nota (risos). Mas eles não têm humor. Também, com o mísero salário que eles ganham. Haja Prozac pra compartilhar. Marcamos de sair e se jogar na noite. Com meu atual desinteresse pela noite paulistana, sugeri da gente se ver. No feriado de finados (risos).

O metrô estava cheio. Fiquei em pé, com aquela variedade de odores, potencializado pelo ar condicionado. Consegui me sentar, mas pagando um preço alto: um homem ficou ao meu lado, em pé. Sabe aquelas compotas de geleia vencidas? Era esse cheiro que eu estava sentindo. Compotas mesmo. No plural e em negrito.


 Fui com Sidênia e Helô, de táxi para o Auditório do Ibirapuera, para a abertura da Mostra. Chegamos muito cedo. Em eventos como esse, chegar com antecedência queima o filme (risos). Ficamos conversando pegamos nossos convites. Dessa vez, eles colocaram cadeiras numeradas, que você tinha que sentar onde eles demarcaram pra você sentar.  O que significa que se a abertura fosse um tédio, não teria como sair à francesa. Me encontrei com uma colega que fazia tempos que não a via. Eu a cumprimentei e reparei no seu visual. Disse que ela estava com uma pele bem lisa. Mas não disse que sua pele estava, digamos, “brilhosa” demais. Continuamos o papo, falando de várias coisas, quando ela me cortou e  perguntou: “Minha pele está boa mesmo”? Fiz a linha como assim e ela me disse que tinha feito peeling, um dia antes. Eu a deixei encanada. Mas juro que não tive a intenção (risos). Eu a tranquilizei para que não se preocupasse. Ela estava bem apresentável.  Afinal de contas ela colocou uma tremenda Argamassa Quartzolit pra disfarçar. Estava beeeeeeeeeeeeem maquiada (risos).

quarta-feira, 15 de outubro de 2014


Acordei disposto e soltinho, depois de uma boa noite de sono. O floral mega hi-fi plus advanced turbinado feito pela minha terapeuta tem dado efeito. A junção Bach + San Germain tem me deixado um incenso de menino (risos). E a música pra abrir o dia não poderia ter sido mais adequada. Bem solar, bem pra cima, pra espantar de vez a monotonia.


Com a vibe em alta, me colei e fui caminhando até o metrô. Assim que atravessei a rua, vi alguns moradores de rua. Impressionante como tinha alguns bem interessantes. Deveriam se cuidar mais. Quando passei por eles, fui abordado por um bem simpático que gritou: “Princesa! Como você está linda!” Isso gerou uma comoção com as pessoas que estavam passando. Fiquei um pouco sem graça, mas não indiferente. Fiz a linha Lady Di: olhei para o rebento, acenei como uma miss, dei um sorriso e fui embora. Pensei: um bom banho de creolina deixaria o menino interessante. Mas imagine a quantidade de Assolan que eu teria que comprar (risos).


Peguei o metrô vazio. O Universo mais uma vez, aproveitando a boa vibração, conspirou a favor. Me sentei ao lado de uma racha sonolenta, que  se assustou quando me viu ao lado dela. Ri e perguntei o que a tinha assustado. Ela me disse que ultimamente os homens tem estado com a testosterona em alta. Na verdade, eu deduzi que a palavra era testosterona, pois ela não conseguia pronunciar (risos). Achei graça e a ajudei com a pronúncia correta da palavra. Em seguida, emendei, para ela não se preocupar: perereca, pra mim, só no brejo.

 E respirando, pensando no azul, com o mantra do dia:

terça-feira, 14 de outubro de 2014





Fiquei na expectativa de acordar, abrir a porta da minha sacada e me deparar com um céu azul, típico de fim de semana. Pra minha tristeza e desolação, vi apenas um céu opaco e um ar difícil de se respirar. A umidade estava muito baixa. Pra quem tem rinite e desvio do septo como eu, é como ganhar um vale presente. De um jihadista (risos). Com um sol desses radiando pela cidade de São Paulo, tomei meu café calmamente, li a Ilustrada da Folha, o Caderno 2 do Estadão e o Segundo Caderno, do Globo, embalado por um setlist só com a nata da negritude. E a abertura não poderia ser melhor. É Ben na veia.


Me encontrei com Claudia na padoca próxima ao Largo Arouche. É a Meca das beashas. Se bem que, pensando melhor, a Meca fica próxima da padoca. No cinemão de “atendimento”, ao lado (risos). Definimos o que ver sem aquela preocupação se teríamos tempo para fazer tudo. Seguindo uma máxima que aprendi nas minhas aulas de filosofia: no fim de semana o tempo não existe. Pegamos o metrô na República, descemos na estação Paulista e batemos perna até chegarmos na Galeria Vermelho. Na entrada, em destaque, o nome da exposição: Let´s write a history of hopes. Pra quem anda com uma visão pessimista do mundo, pensamos que seria útil um pouco de luz no fim do túnel. Porém, para nossa surpresa, quando entramos e começamos a contemplar as obras do artista Ivan Argote  (http://www.ivanargote.com/) sobre a temática em questão, ficamos desorientados: suas obras são carregadas de melancolia e desespero. Você vê a obra (feitas com esculturas inacabadas propositalmente) retratando escombros e aproveitando bastante o uso de material, como o cimento. A falta de cores e o excesso de cinza em suas obras potencializa esse desespero e essa fragilidade humana, tornando-nos omissos a tomar qualquer atitude.  E é aí que vem o “x” da questão. A função do artista foi de nos dar um chacoalhão e nos conscientizar de que essa “história de esperança” deve começar a ser escrita por nós. Só não sei por onde começar.




Mas a resposta veio em seguida. Da Galeria Vermelho, fomos em direção ao MUBE ver “Em busca de um novo mundo”, uma exposição da artista plástica Beatriz de Carvalho (http://www.beatrizdecarvalho.com.br/) . Até mesmo porque eu não estou com a mínima vontade de ver o Castelo Rá Tim Bum, em exposição no MIS. Só de ver as pessoas se estapearem para entrar, já me deu enxaqueca.  


Clau e eu ficamos surpresos com o mundo de fantasia apresentado pela artista. E concordamos que houve uma sintonia entre as duas exposições: na de Ivan o questionamento sobre o mundo ideal; na de Beatriz, a resposta dada de prontidão. Existe, sim uma luz no fim do túnel. Passeando pelas obras, refleti que tem faltado muito esse “mundo colorido” nas crianças hoje em dia. Na minha infância eu tomava Biotônico Fontoura e Calcigenol. Na geração de hoje, o bom é tomar Prozac. Para garantir sua sobrevivência no stress da vida moderna. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014




Pra coroar de vez o final de expediente, na última sexta-feira, fui convocado para uma reunião. Fui mentalizando para que ela fosse a mais rápida e objetiva possível. Reunião cansa. Ainda mais num prelúdio de fim de semana. O que mais me incomoda é a falta de praticidade das pessoas. Falta de foco. Você participa de uma, jogam-se vários questionamentos em torno do assunto, ninguém define nada, o tempo vai passando e depois de 3 horas, onde tudo se questiona e nada se resolve, o golpe de misericórdia: termina a tal reunião para marcar uma nova reunião (risos). Não posso me esquecer de levar meu floral de San Germain numa próxima eventualidade. Mas o assunto desse “encontro” foi bacana, não posso me queixar. O que é engraçado é ver a forma como as pessoas se portam. Teve uma – coitadinha – que tinha até boa disponibilidade em dar ideias. Mas era tão repetitiva. Ela não tirava a palavra alinhar da boca. “Por que é necessário termos alinhamento do que conversarmos..”; “”A necessidade de alinharmos é de extrema importância...”; Sabe fala de político sem inalibilidade política? Parece que decorou um texto, só pra impressionar.

Cheguei em casa com profundo cansaço mental. Aquela vontade de não fazer absolutamente nada. Me joguei na novela Império para me distrair. O que foi a Drica de Morais? Que maestria não só para conduzir seu protagonismo com a Cora, como teve a generosidade em se servir como escada para que os outros brilhassem também. A direção, com sua sensibilidade artística, foi impecável. O capítulo de sexta foi dela. Já estava mais do que na hora dela se sobressair na trama. Depois da novela, dei uma folheada no Guia da Folha para já traçar um roteiro cultural que Claudia e eu nos propusemos a fazer. Nos falamos brevemente pelo telefone. Ia começar Dupla Identidade. Bruno Gagliasso tem me dado medo (risos). É um dos melhores atores de sua geração, ao lado de Cauã Reymond. Mas a Luana...eu estava sem forças para me esforçar em tentar compreender que critério foi utilizado para que ela fosse escolhida para o papel. Eu a vejo e me vem na cabeça uma versão Anabelle da Barbie. Foi o máximo que meu cérebro pôde codificar.   

sexta-feira, 10 de outubro de 2014




O dia ontem foi bem exaustivo. Passei na terapia para juntar os cacos, depois do processo espiritual do Yom Kippur. Minha terapeuta receitou um floral de Bach mais floral de San Germain. Um floral reloaded (risos). Me propus, enquanto estava a caminho de casa, no metrô, que iria ficar refestelado em meu sofá, lendo jornais e vendo programa descartável na tv. No whatsapp, vejo a mensagem de Elcimar. Ele vai passar em casa para se despedir. Ele está indo para Cabo Frio, pra tentar trabalho por lá. Numa cidade como Cabo Frio, só como pescador, pensei. Mas me aprontei para o date. Ele estava com pressa. E eu também (risos).

Império me fez voltar a ter vontade de assistir novela. Aguinaldo Silva tem se utilizado de sua acidez ferina e colocado textos incríveis. Não tenho acompanhado a novela diariamente, porque, na verdade, não quero me sentir escravizado pela soap opera. Mas o capítulo de ontem foi um primor. Na cena de Maria Marta (Lília Cabral, como sempre, soberba – no bom sentido) com o Téo, eu vi a Joan Crawford incorporada nela. Todo mundo tem falado da atuação afetada do Paulo Betti como Téo. A mim, não incomoda. Até mesmo porque Téo Pereira nada mais é do que um alter ego da Aguinalda. Imagina como deve ser ela escrevendo em seu blog, dando todos os seus pitis. Téo Pereira nada mais é do que uma mera reprodução da autora. Só senti falta de um embate da Cora com a Maria Marta. Bette Davis e Joan Crawford, quem diria, acabaram no Irajá (risos). O capítulo de hoje promete.



Depois da novela, liguei para Claudia para combinarmos nosso roteiro cultural no fim de semana. Enquanto conversávamos, comecei a assistir aquela bobagem “Amor e Sexo”. Afinal, Chay Suede estava no programa (suspiros). Esse menino é bem pé no chão. Ele deu uma entrevista bem bacana no programa da Gabi, no GNT. Bem centrado, maduro para a idade dele. E pra piorar, bonito e simpático. Mas apesar do rostinho bonito de Chay, vi os primeiros dois minutos do programa. Me entediei e coloquei na tecla mudo. Estava insuportável. Que roupa era aquela que a Fernanda Lima estava usando! Ela parecia aqueles embrulhos plásticos de cadáver no IML (risos). E por que o Otaviano Costa estava usando óculos? Estava com conjuntivite? Começamos a questionar o que o Otaviano fazia no programa, já que ele não tinha sex appeal nenhum. Claudia foi certeira: ela disse que ir pra cama com Otaviano seria como transar com o Bozo (risos). Eu concordei. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014





Passei 3 meses em constante choque anafilático, logo após meu período de férias. Com o período de aniversário chegando e o inferno astral em forma de nuvem, jogando seus relâmpagos sobre meu jugo, me propus a fazer alguns questionamentos. Em conversa com minha amiga Raquel, regado a um bom vinho, ela me presenteou com uma ótima sabatina sobre o Yom Kipur – o Dia do Perdão, dentro da tradição judaica. Um exame de consciência para você rever seus erros através de seus atos, pensamentos e omissões. E a coincidência não poderia ser melhor: o Yom Kippur foi celebrado no final de semana que completaria mais um ano de vida. Como é bom o universo conspirar a favor. Fui me informar, pesquisar e me preparar para uma profunda imersão espiritual. O resultado foi assustador e surpreendente. Esse mergulho foi tão denso que essas chagas começaram a sair pelo meu corpo. 10 dias doente, mas colocando toda essa sujeira pra fora. Mágoa, ressentimento, tudo se esvaindo. E como doeu. Mas o mais irônico nisso tudo é que no dia do meu aniversário, comemorado no último sábado, fui parar no pronto socorro do Samaritano.  



Imagine uma cena de curta-metragem: você entra no hospital, fica olhando o tempo todo no visor para aguardar sua senha ser chamada porque você não está com humor para estabelecer contato com ninguém à sua volta. De repente, com sua imunidade baixa, vem em sua mente, como um zumbido, uma música pop deliciosamente descartável que não sai da sua cabeça e ao mesmo tempo você para e fixa seu olhar de zumbi para a tv, que está passando jogo. Na tecla mudo. E você questiona mentalmente, com o restinho de força que lhe resta: cadê o closed caption? (risos). Foi surreal.



Sua senha é chamada e você vai numa cabine estreita (cabine 4, se não me falha a memória). Você é atendido por uma recepcionista polida, que te recebe de uma maneira distante inicialmente - afinal,  ela quer ir embora, com aquela cara de indiferença pensando: “foda-se você e essa merda toda. Quero ter ostentação” (risos). Ela pega sua carteirinha do plano de saúde, seus dados, olha para o computador, tenta disfarçar sua cara de espanto, continua séria e solta em tom sério a seguinte frase, seguida de um sorriso: “Feliz aniversário!” (risos). Eu realmente fiquei sem ação. Não sabia se agradecia ou se mantinha minha cara de quarta parede.
Passei por uma pré consulta para medir pressão e colocar o termômetro para saber se estava com febre e o enfermeiro super simpático olha pra sua ficha e solta: “putz, é seu aniversário. Meus pêsames!” (risos). Aí eu perguntei se os pêsames era pelo fato de estar doente ou pelo fato de existir. Ele não conseguiu depois disso construir sua linha de raciocínio.  Ficou gaguejando. Mas foi um gentleman.
O resultado dessa epopeia foi ficar de molho em casa em companhia de são Levofloxaxino. E muito líquido. Pode parecer que não, mas o Yom Kippur foi essencial para essa minha limpeza. Agora estou pronto, soltinho para mais um ciclo de vida. Será que eu chego?

  E como sou uma nova pessoa, sigo o mantra de Margo Channing:

terça-feira, 7 de outubro de 2014




 Pois é. Mais um dia de insônia. Estar acordado às 3h30, com uma ansiedade que surgiu do nada e você não sabe por que você está tendo. Qual a minha alternativa? Apelar para  Eric Hobsbawn ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Eric_Hobsbawm ). Deus, como ele fará falta. Em seu livro “A Era dos Extremos”, ele me fez questionar se Lenin, um dos grandes responsáveis pela Revolução Russa foi, de fato, um organizador de golpes. Vou explicar melhor: quando conheci a história do revolucionário russo, eu sempre o achei “maquiado” na sua crueldade e na sua forma de manipular a todos pelo seu ideal. Era isso que me fascinava nele.  Na visão de Hobsbawn, Lenin era, explicitamente, sim, um belo golpista. Como é duro ficar nos 220 volts em plena madrugada com devaneios sobre a história mundial. É a consequência da ressaca política.


                                                
Falando em ressaca política, eu me esqueci completamente de pedir a proteção de Bakunin  no último domingo (se você não sabe quem foi, tem tempo de se redimir e ir atrás a respeito. Vou dar um help a vocês: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mikhail_Bakunin). A Velha Política vai continuar. E para aqueles que ficam entupindo meu whatsapp de videozinhos tendenciosos sobre quem eu deva votar no 2º turno: é impressionante como tem um povinho bem errado que não tem o que fazer a não ser curtir a sua mediocridade, de ficar mandando essas bobagens. Quer dizer, elas não te chamam no whats pra te dar oi, não perguntam se você está vivo. Nem pra futilidades, como por exemplo, mandar incessantemente fotos (risos) de comida. Então só para deixar claro: essa velha política azul e vermelha não me representa. Todos fazem parte do mesmo bueiro. Do mesmo esgoto. Acho que não preciso soletrar.