sexta-feira, 30 de janeiro de 2015



E a bunda da Paolla Oliveira tem sido o assunto mais comentado da semana. Repercutiu mais que a crise da falta de água, consequência da incompetência do governo do Geraldo de Pinda; mais que a aprovação feita pelo Conpresp – Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, da criação de duas torres na pseudo  praça Augusta, que acabará por desmatar diversas árvores, dentro do pouco verde que existe na região. O que eu acho disso? Uma desumaniHaddad. E sabe o que eu acho das ciclofaixas? Acho que são bem vindas. Porém, como temos esse péssimo hábito de trabalharmos numa cultura de remendo, as ciclovias foram colocadas, ou melhor, jogadas pela cidade, sem sequer ter tido um planejamento anterior. A santa bunda de Paolla serviu de inalador para nossos dois administradores respirarem um pouco.


Não tenho acompanhado “Felizes para sempre?”, minissérie que estrou esta semana. Mas se só a bunda da Paolla conseguiu atrair o interesse dos internautas e espectadores, imagino que a trama seja bem insossa. Helô tinha comentado que a história nada mais é do que “discutir relação de casal” e as situações corriqueiras de nossa vida para falar sobre “sentimentos”. Sentimentos? E eu lá sou algum hippie saindo para uma passeata? Prefiro poupar minha energia para ler um bom livro.


E mais uma vez houve lentidão e até paralisação no sistema de metrô nessa semana. Fomos informados no vagão que um indivíduo entrou “na via de acesso aos trilhos”. Eu realmente queria entender o que faz um desocupado causar um embaraço desses, ferrando com a vida de centenas de pessoas e em pleno horário de rush. Quer dizer, se ele quer se matar, por que não se tranca em um quarto e coloca um disco da Lana Del Rey até seus tímpanos estourarem? Ele (risos) nem precisaria de uma arma. 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015




American Horror Story está um tremendo bafo. Fazia tempo que eu não ficava tão interessado em me tornar fiel a uma série. Acho que A.H.S sai um pouco dessa linha tênue de ideias – fato comum principalmente nas séries brasileiras, para fixar a atenção do espectador. Como o próprio nome diz, é uma série de horror moderno. Um texto sagaz, com muitas pitadas de cinismo e sarcasmo e a forma como se dilui o texto corrosivo na trama, no ponto certo. O que eu acho bem sacado é que as temporadas possuem sua independência, isto é, não há um processo de continuidade e nem relação entre elas. Você pode assistir as temporadas anteriores, sem seguir uma ordem cronológica. E pra cada temporada, um tema diferente, em épocas diferentes. O tema da vez é Freak Show – Circo de Horrores. E sempre com um elenco de peso, com a chance de incorporar personagens diferentes a cada ciclo. Pelo que tenho acompanhado nos dois primeiros episódios, sempre há uma apresentação no circo de algum personagem freak cantar uma pérola da música pop. No primeiro episódio, a exuberante Jessica Lange, como sempre arrasando em seus papéis, simplesmente incorporou o lord David Bowie e cantou (sim, ela cantou com sua própria voz) “Life on mars?”. Detalhe: ela, como dona do circo, se apresentou de forma impecável com um terno azul e maquiagens que lembram muito Bowie no clipe dessa música. Na última terça, a personagem, ou melhor, as personagens vividas pela atriz Sarah Paulson (são parecidas com irmãs siamesas, duas cabeças, duas personalidades diferentes, que elas compartilham do mesmo corpo) interpretaram a perturbadora “Criminal”, da Fiona Apple. Adicionando a edição, fotografia, o elenco dando seu ótimo apoio enquanto Sarah colocava sua acidez divagadora na interpretação foi arrebatador! Ótima sacada da direção em nos presentear com essas preciosidades musicais no episódio. Comprei as duas primeiras temporadas e estou no momento na metade da primeira. Babado forte! Dê uma olhada no clipe abaixo e boa degustação.



Uma amiga querida de longa data, Débora, me marcou em uma foto no facebook. Fiquei feliz pela lembrança, mas ao mesmo tempo desconfiado. Será que ela colocou alguma foto nossa antiga? É que eu era bem feinho quando adolescente e não queria assustar as pessoas. Aí eu entrei para ver a foto. No cenário, uma família em volta de uma mesa, com comidas e bebidas permeando o ambiente. Todos alegres e sorridentes. Só me atentei a um mero detalhe: eu  não estava na foto. Aí eu comentei: “nossa, acho que eu estava (risos) dentro da garrafa de vinho, fazendo a Jeannie, no momento de bater a foto”. Parafraseando um famoso jargão de novela de Gloria Perez: cada mergulho é um flash! 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015




Com um ar de curiosidade e querendo me divertir um pouco, fui dar uma olhada na lista de músicas mais executadas de 2014 aqui no Brasil (tá curioso em saber? clique http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2015/01/08/em-previa-mozao-de-lucas-lucco-aparece-como-musica-mais-tocada-em-2014.htm ). Segundo levantamento feito pelo Ecad, “Mozão”, de um tal cantor sertanejo que faz a linha dublê de bofe foi a música mais tocada. Com exceção de Happy, do Pharrell Williams, não conhecia nenhuma canção nessa lista. Aliás, graças a Deus não conhecia (risos).



Um dado interessante foi que a lista contemplou músicas em diversos ambientes. Como, por exemplo, músicas que mais foram tocadas em estabelecimentos com música ao vivo. Nesse quesito, sem surpresas, “Parabéns a você” ficou no 1º lugar; já no Top 5  Casas de Festas a campeã foi “Show das poderosas”, da tal da Anicotina, essa difteria do pop descartável que é melhor escutá-la na tecla mudo. E pensar que eu ia sentir falta da Brócolis Spears.  Aí comecei a achar muito confusa essa relação, pois o que difere uma da outra? Quer dizer, numa casa de festas não se canta  o “Parabéns” ao vivo? Isso é computado onde? Muito estranho o critério que eles utilizam para fazer essas listas. E o que dizer da categoria Sonorização Ambiental? Pelo que li, refere-se a lugares onde se utiliza música ambiente em supermercados e lojas pro “comboio de gado” fazer suas compras. Foi a categoria que meus ouvidos até permitem a audição. “Get Lucky”, do Daft Punk encabeça a lista, junto com “Roar”, da cristã por delivery Katy Perry.


Quando achava que teria mais surpresas, li a categoria Casas de Diversão, onde as boates são incluídas nesse tópico. Até me animei, pois pensei: será que as (risos) saunas e prostíbulos e motéis estão inseridas no contexto? Um tal de Avicii lidera os dois primeiros lugares. Esse Avicii está mais para AVC. A aparência lembra o Michel Teló, o que significa que..sim, é medonho. E "Beijinho no ombro" daquela menina, “alguma coisa” Popozuda. Me atentei à quantidade de compositores para escrever o hit. Foram 4. Então foi preciso 4 cérebros para fazer...esse...excremento?

Como mencionei “Parabéns a você”, li ontem a respeito da canção, uma versão criada por uma mulher chamada Bertha Celeste Homem de Melo. Nome pomposo, de família quatrocentona. Com um nome desse, eu preferiria ter composto uma obra erudita. Mas não é essa a questão. Na reportagem, ela reclamava (Bertha morreu em 1999, aos 97 anos) que as pessoas cantavam errado a música. E eu comecei a rir muito. Onde já se viu uma música tão fácil de cantar e ainda assim, ser cantada de forma errada?! Então achei melhor compartilhar o link da matéria. Ainda está em tempo de aprender (risos).

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015





Esqueci de mencionar, a respeito da morte do surfista, que o campeão mundial de surf Kelly Slater postou em sua página no Facebook, estar perplexo diante da morte do colega. E fez questão de registrar que a violência no país é fruto da falta de educação. Repetindo, em negrito, para nossa reflexão: a violência no país é fruto da falta de educação. E eu ainda tenho que engolir o bordão da vez do governo federal – “Brasil, Pátria Educadora”. É de dar ânsia de vômito, tamanha a hipocrisia.

Horário de almoço e lá fomos eu, Sil, Helô e Val almoçarmos no Moinho. Entre os assuntos na nossa pauta para o lunch, começamos a falar de alguns programas de televisão. Aí eu disse que não sabia ao certo se o Dan Stulbach teria feito uma boa escolha em apresentar o CQC. Val comentou que tinha lido que o Tas voltaria para o programa. Mas como o Tas não tem atrativo nenhum (risos) continuamos a falar do Dan. Comentei que conhecia uma colega que tinha ido tirar umas fotos dele, quando ele morava no luxuoso Alice de Sampaio Figueiredo, ali na Avenida Angélica.  Sil contou que uma amiga dela já tinha namorado ele. E falou que não se interessava por caras do tipo dele: grande e branco. Helô foi categórica e finalizou a pauta falando que pelo menos com a raquete (risos) ele mandava bem. Enquanto terminávamos o assunto, passou ao lado de nossa mesa vários colegas de firma e me atentei a uma menina naquele estilo “adoro ser estranha”. Ela nem precisaria se produzir pois estava caindo de feia (risos). Com certeza ela seria bem aproveitada na nova temporada de American Horror Story. Freak até o talo!

 E o culto à mediocridade de volta na tv. Vai começar o BBB: Big Brother Bueiro. Dei uma olhada superficial dos participantes no site. O que significa que vi apenas os corpos sarados.  Não entendo por que a Globo insiste em colocar bofes com um corpo escultural, mas com cara de joelho.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015




Com tanto pessimismo nos noticiários, está difícil fugir da realidade assombrosa que passamos. Eu nem tenho vontade de ver os telejornais. Lógico que me atualizo lendo um ou outro semanário sobre os acontecimentos políticos e econômicos no Brasil e no mundo, mas tem sido difícil ficar ciente do esgoto que o mundo vive. Uma saída é de aproveitar o restinho de tempo no nosso dia a dia para ver alguma ficção, pra dar uma respirada no stress da vida moderna. Mas o pior é que as ficções têm se alimentado da realidade e daquilo que mais nos angustia e, com um toque da dramaticidade contemporânea, a realidade se potencializa na ficção, nos deixando mais perplexos e conscientes de que somos extremamente vulneráveis com a situação real dos fatos destacados atualmente.



Fui no pique de almoçar sozinho hoje e curtir minha solitude, então aproveitei para levar um livro para passar o tempo no horário de almoço. De ficção, é claro (risos). Para desacelerar a mente um pouco. Estou quase terminando de (re)ler O Ateneu, do Raul Pompeia. E me impressiona como o texto é tão atual. Assim que me sentei para comer, um colega de trabalho coincidentemente chegou para almoçar e sentou comigo. Falamos sobre a morte do surfista Ricardo dos Santos, que foi covardemente assassinado pelo policial militar. Morreu de forma tão boba! E baseado no que tenho lido a respeito do caso, pergunto: seria muito para o PM ter tirado o carro na frente da casa do avô do surfista, para ele arrumar o cano? Afinal, o avô fez um simples pedido ao soldado, que estava de férias, segundo os principais sites de notícia.  O que mais me deixa alarmado é que a Polícia Militar adora recrutar esse tipo de “perfil” sociopata em potencial. E pensar que são eles que possuem como lema “proteger e defender o cidadão”. Será que nesses processos de seleção, eles passam por uma avaliação psicológica? São assuntos como esse que tem me dado vontade de ir embora do Brasil. Mas ainda tenho receio, afinal pra quem está chegando nos 40 anos, fica difícil pensar em ter uma atitude de abrir mão de seu conforto pra começar do zero em outro país. Estou ainda refletindo a respeito.

Aproveitei para caminhar um pouco, antes de sentar numa praça para ler o livro. Mas a região do Belém é tão desagradável aos olhos! Nociva, para ser mais claro. Onde já se viu você morar em um bairro chamado Quarta Parada? É um lugar cinzento, sem árvores, parece que você está em Bagdá, visitando escombros. O cartão postal turístico do bairro é um cemitério que possui o mesmo nome do bairro. Um rancho do Saara, eu diria. A prefeitura poderia acrescentar o nome para “Quarta Parada Respiratória”. Pra se ter uma ideia, como ilustração do que escrevo, deve ter mais área verde no cemitério do que em seu entorno. Acho que vou ter que pedir emprestado algum vaso de planta de algum defunto pra poder respirar (risos). Aí eu aproveito pra chamar aquela cantora-performer-de-suicídio, a Lana Del Rey. Tem tudo a ver com o ambiente do lugar. Jesus, não sei como as pessoas suportam ouvi-la. Quando a escuto, me dá a sensação de que estou ouvindo uma música em uma vitrola com a rotação lenta (risos). Fora que acho um porre uma artista ficar se lamuriando em suas composições, dizendo que ela não tem vontade de viver. Se esse subproduto fake quer tanto morrer, por que não morre? Mas acredito que Lana deva ter um estoque considerável em sua mansão de trazodona e fluoxetina. Com a safra de mesmice que assola a música pop, acho que Lana deveria ter um diferencial das demais pra me chamar atenção. Se ela tivesse (risos) lábio leporino, quem sabe eu não iria me simpatizar com ela.


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015



O calor em São Paulo beira o insustentável. E uma avalanche de problemas em forma de cascata assola a cidade, que anda num processo, digamos, terminal. Sensação térmica nas alturas, falta de água que a princípio ninguém assumia que tinha. E agora, além do governador dizer que falta água, ele reforça que há também racionamento. Fora o apagão que afetou uma parcela bem significativa dos moradores em uma das maiores metrópoles do mundo.


Sabe o que me incomoda bastante atualmente? A postura das pessoas em não assumirem suas responsabilidades. Você escuta que o país está em recessão e a Vilma fantasiando durante toda a sua campanha que “está tudo bem”. E é visível que não está. Alckmin culpando São Pedro pela falta de água, se contradizendo durante sua campanha que estava tomando as devidas providências para que não faltasse água e então...bingo! Até multa teremos que pagar caso a gente exceda nosso limite de uso de água. Isso tudo por causa da falta de competência do governo em não ter ficado em posição de alerta quando o sistema começou a baixar. Essa linha “não é comigo” demonstra que não temos políticos maduros o suficiente para admitir que algo está errado. E com as armas das mídias sociais, é bem difícil esconder ou omitir informação à população. Mas a população, pasmem, age como um cidadão em coma profundo. Só se reclama, se xinga, se esperneia no facebook. Mas na prática, possuem o hábito de se travestirem de monges da abadia da ressurreição. Ou seja, não fazem nada. Esse meu incômodo se deu após ter visto ontem, no programa Roda Viva, uma ótima entrevista com o físico britânico Geoffrey West, que discutiu com a bancada de entrevistadores sobre o crescimento urbano nas grandes metrópoles do mundo. E partindo de uma fala simples do físico de que “as cidades foram feitas com o objetivo de facilitar as relações de todos que habitam uma determinada sociedade” e na prática me deparar com uma cidade que foge à essa premissa, com a desigualdade sociocultural alarmante em nossa Pauliceia Despudorada, me pergunto: ainda temos salvação?




terça-feira, 20 de janeiro de 2015



Já estava com saudades de se fazer um roteiro cultural em Sampa. Aproveitar o fim de semana, ficar soltinho pela cidade, aguentando o calor infernal, mas sem perder o ânimo de otimizar meu tempo para curtir o que a cidade tem bastante para oferecer. Acordei ainda com tempo de curtir uma preguicinha na cama. Peguei o Guia para dar mais uma folheada sobre o que fazer. Me levantei e decidi colocar um som com muita testosterona para manter meu ânimo durante o dia.


Estava tão melado de suor que a salvação foi tomar uma bela ducha, ao som dos riffs de guitarra clássicos de Angus Young e sua trupe. E dá-lhe flan de açaí, da Boticário para deixar a pele macia e refrescante para se soltar na rua. Não, isso não é uma propaganda da marca (risos).

Pra dar um start, um belo café da manhã na Padaria Bella Buarque. Já estou virando cliente assíduo de lá. São bons no atendimento, além da rapidez com os pedidos. Com o estômago forrado, criei coragem para ir caminhando até a Praça das Artes, na exposição da Mafalda.


Eu amo perambular pelo centro da cidade de São Paulo. Ver os prédios antigos, alguns intactos, mas a maioria deles em condições deploráveis. É impressionante ver que até a decadência torna a paisagem urbana da cidade um tanto peculiar. Eu consigo ver beleza nesses prédios, de alguma forma. No labirinto da cidade grande acabei saindo no Teatro Municipal de Sampa. Como nada se vem ao acaso, vi um banner imenso informando a programação de óperas. Entrei rapidamente para me informar a respeito. Para minha grata surpresa, ainda estava à venda alguns pacotes de assinatura. Não me fiz de rogado e comprei um pacote que me dá direito a ver 6 obras, incluindo peças de Tchaikovsky, Mozart e Wagner. E eu sou fraca?

E antes de chegar ao meu primeiro destino culturete de ser, me delicio com uma obra de street art em pleno Vale do Anhangabaú:


O que dizer sobre a exposição Mafalda? Primeiro, que foi um acerto se fazer a exposição da Praça das Artes. Adoro a arquitetura do espaço. A exposição em si é ok: algumas ambientações feitas, permeadas sempre por várias tirinhas da personagem. Mas, de uma certa forma, a exposição me tocou muito, pois vários elementos contidos nas obras serviram para me sensibilizar sob o aspecto da nostalgia da memória afetiva. Complicado? Nem tanto. Logo na entrada do espaço cultural, você já vê, logo de cara, um carro Citröen e dentro deles a família da questionadora personagem. Era um veículo de modelo popular, muito usado na Argentina nos anos 70 – período nebuloso da economia na América Latina. Minha memória me levou, por uns instantes, aos meus anos 70. Me lembrei de meu pai com sua Variant – nosso Citröen da vez, de cor vinho e toda nossa dificuldade financeira. “Nossa” que eu digo é de uma forma geral. Contentávamos com o pouco que podíamos (man)ter. Me fez lembrar que comíamos o trivial durante a semana, o básico, mas o almoço de domingo era mais pomposo. Tínhamos direito, neste dia, por exemplo, de degustarmos uma garrafa litro de Pepsi. E eu sou totalmente solidário com Mafalda, quando a subversiva criança se debate de nojo por causa da “sopa no jantar diário nosso de cada dia”. Isso um dia foi real nas famílias sul-americanas. Minha mãe tinha que se esforçar criativamente para me tapear em tomar sopa no jantar. E só para esclarecer: a ostentação nossa de cada dia, nos anos 70 e 80 era acesso restrito. Para poucos. Mafalda me deixou bem reflexivo, principalmente pela força político-social que a personagem possui. Não a subestimem!


Próximo dali, na avenida São João, tem o Espaço Lâmina. Tinha lido no Guia sobre uma exposição por lá. Como pensei em visitar lugares que ainda não conhecia, decidi bater perna por lá. É bem próximo da Praça das Artes. Atravessando o Vale, pela São João, um grupo de pagode bem animado numa roda de samba, cantando “Tristeza”, de Vinícius de Morais. O público do bar estava um pouco caído, afinal o calor no meio da tarde estava beirando o insuportável. Achei o número 108, já com um certo estranhamento do local. Na porta minúscula de entrada um cartaz com os dizeres: aprenda a atirar. Até pensei que era alguma intervenção artística, mas me enganei. Era um anúncio para curso de vigilantes. No mínimo curioso. E o lugar era bem estranho, tudo estava fechado e eu não sabia pra que lado ficava o Espaço Lâmina. Só o subsolo estava aberto, mas como o cartaz indicava que o curso acontecia “lá embaixo” preferi não arriscar. De repente, um senhor japonês apareceu do nada, saindo de alguma dimensão. Eu perguntei a ele sobre a exposição. Ele me informou que para entrar no espaço cultural, teria que agendar antes. Como essa informação não tinha no Guia, decidi sair de lá. Aliás, o senhor japonês foi muito simpático. Ele me fez lembrar do Mestre Ancião de Libra, dos Cavaleiros do Zodíaco (risos).


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015




Quinta-feira, dia de começar a estampar na cara a felicidade – mesmo que momentânea – de aguardar a vinda do fim de semana. E o retorno às sessões de terapia.  Na verdade, não sei o que priorizar para conversar, mas reservei um assunto que me interessou e que, de certa forma, dialoga com meu status de modo de vida.

Explicando: semana passada saiu um artigo do Luiz Felipe Pondé, na Folha de São Paulo chamado “O mercado do narcisismo”. Ele já inicia a sua linha de pensamento sobre uma nova geração que está blindada daquilo que ele chama de “fraquezas comuns dos mortais”. Essa geração não tem demonstrado o mínimo de preocupação em amar, ter afeição por alguém, justamente para não canalizar energia em ficar inseguro diante de uma cartilha romanceada imposta por uma sociedade que sempre ditou regras, quer a gente concorde ou não. Para alguns estudiosos, é uma evolução psíquica que nasce.  O mais curioso, para mim foi que eles também não se preocupam em receber afeto, carinho, paixão de algo ou alguém. E na controvérsia dos fatos, adoram vender uma pose de que é uma geração de pessoas evoluídas. 

Lógico que me identifiquei com sua linha de raciocínio, afinal nunca tive preocupação em querer me relacionar ou me apaixonar por alguém. Pra ser sincero, acho que isso me faria perder muita energia. E eu realmente não sei se, nos dias de hoje, valha a pena ter uma “relação”. Aliás, hoje em dia deve se discutir o que, na verdade, venha a ser uma “relação normal”.   Só pra ilustrar um pouco o dedo de prosa, minha irmã me perguntou, no fim de semana que estávamos na praia, se eu não tinha interesse em me apaixonar, ficar com alguém. Rapidamente respondi que “nem morta” (risos). Argumentei que não tinha o mínimo de vontade, principalmente por ter minha mãe e ela como referência. Relação de casal é pra quem tem uma vida pacata demais e precisa se ocupar com algo. Eu já me ocupo com várias coisas, priorizando aquilo que me dá prazer. Ir a um teatro, cinema, exposição; almoçar e/ou jantar com amigos para colocar o papo em dia; ter tempo para ficar curtindo preguiça em casa, lendo um bom livro refestelado em meu sofá; ouvir música clássica bem alto; e, óbvio, sexo. São essas as premissas, da qual eu não abro mão, que me fazem não colocar uma “relação” como prioridade. Aliás, me senti um precursor desses jovens com esse novo tipo de comportamento. Sempre fugi das situações óbvias da vida moderna. Mesmo com seus contras, no balanço de meus quase 40 anos, posso dizer que não me arrependo de minha opção em buscar uma relativa felicidade fugindo dos padrões estabelecidos de se ter alguém para constituir família e filhos. Eu teria que tomar muito Prozac pra ter saco.  Imagina, ter que filhos e ter que aguentar o monte de crianças catarrentas gritando, esperneando, chorando, fazendo manha, querendo atenção num momento em que você quer tranquilidade. Eu não seria mais minha prioridade. Afinal, gastar energia e me anular... a troco de que?

Se você se interessou pelo artigo do Pondé, é só clicar aqui

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015


O ano de 2015 começou a pleno vapor. A semana de volta ao trabalho foi agitada, fato um tanto incomum, pois geralmente a ordem naturas das coisas me permitia voltar a vida profissional aos poucos, respeitando o processo de desaceleração que consegui ter e manter durante o período de recesso. Fazer o que, se eu ainda não vivo de renda?! O duro foi ter que participar de reuniões intermináveis em plena primeira semana. Deus, como as pessoas gostam de fazer reuniões! E o pior é que se faz uma reunião, que duram horas intermináveis, pra concluir no final que tem que se marcar uma outra reunião pra “fazer alguns acertos de alinhamento”. Participei de uma, semana passada, com tanta gente na sala, que me senti como se estivesse numa conferência da ONU (risos). As pessoas precisam aprender a otimizar melhor o tempo delas.

Mas todo o sacrifício de muito trabalho e excesso de reunião valeu a pena, pois a semana passou rápida como um flash. Já tinha um destino traçado para descansar: praia de Pitangueiras, no Guarujá. Minha família alugou um apê a 100 metros da praia. Apesar de um pouco receoso em vista das notícias de arrastão em alguns pontos da cidade praiana – incluindo a praia que ia ficar – fui na certeza de que iria conseguir dar uma abstraída para descansar um pouco e pegar um belo bronze. Aliás, só para registrar, metas para 2015: me priorizar para viajar mais.



Peguei o bumba no terminal Jabaquara na última sexta-feira à noite, no horário das 21h10. Um calor insuportável. Parecia que eu estava em uma televisão de cachorro. Mas sem ficar girando na grelha. Me dá náuseas. Uma senhora sentou ao meu lado, um rosto tão castigado pela dificuldade de se viver nesse bueiro de país. Ela (risos) era a cara do Smeagol, do Senhor dos Anéis. Ela não sabia nem afivelar o cinto, coitadinha. Eu a ajudei. Foi só eu ajustar o cinto para ela capotar de sono na poltrona.

Chegada na pocilga da rodoviária, minha irmã Daniela e meu cunhado Marcos me pegaram. Pedi pra gente dar uma voltinha pois queria ficar um pouco “pra lá do Mundo de Alice”. E um trânsito que parecia São Paulo. Ainda bem que a rodô era perto do apê. Aliás, o apartamento era bem bacana e espaçoso. Fiquei tricotando um pouco com minha mãe. Completando o “time”, minha sobrinha Beatriz acompanhada do seu namorado, o Filipe. Ou Felipe. Ou...sei lá. No set list musical praiano Tom Jobim, Jorge Ben, Fernanda Abreu, Marina Lima; artistas que não escutava há séculos, como George Michael; The Cure; e uma deliciosidade pop perfeita para escutar no clima da praia.



 Não via a hora de colocar os pés na água do mar. Não acordamos tão cedo, pois ficamos conversando até umas 2 da manhã. Mas fui com minha mãe na frente, para pegarmos um lugar desejável na praia. E praia é um lugar sagrado. As pessoas não tem sequer a noção de que temos a obrigação de pedir licença para entrar. Eu pedi assim que pisei na areia. Assim que nos alojamos num lugar adequado, com o guarda-sol, fui em direção ao mar, para reverenciá-lo. Pedi (sim) licença para Iemanjá, e lavei minha alma naquela água divina. Depois de vários mergulhos, voltei, fiquei na ponta, e mais uma vez fiz minha prece de agradecimento. Duas senhoras que estavam caminhando pela beira da praia, quando me viram fazer a prece, cochicharam: “Pelo visto esse aí é da macumba” (risos).


 Queria pegar um bronze e fiquei que nem um calango no sol. Minha irmã sugeriu de ficarmos com as cadeiras de praia na beira do mar e eu topei. Ficamos tricotando bastante, junto com Marcos, quando o mar trouxe um pedaço de uma concha linda, num tom lilás. Não dei tanta atenção e devolvi no mar. E aí minha cadeira tombou e eu quase caí. É isso que dá fazer carão para um presente que Iemanja me trouxe com tanto carinho. Te mete!

Aproveitei para relaxar a mente e pensar no que fazer de metas para 2015. Todo mundo faz, apesar da maioria não cumprir. Para mim, a prioridade é voltar a estudar. Fazer um mestrado, quero me jogar em cursos de História da Arte, pintura. Até costura criativa eu pensei em fazer (risos). Comentei com minha mãe a respeito da costura e ela riu. Não sei se riu de dó ou de deboche. Ela é costureira.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015



Dias desses chegando em meu prédio, depois de um dia exaustivo de trabalho, passei pelo hall do condomínio e vejo em cima do centro de mesa algumas revistas. Me chamou a atenção uma edição da revista Higienópolis – um semanário do bairro e adjacências. Não sei se era uma edição nova, pois nem perdi meu tempo em folheá-la, mas me chamou a atenção ver a atriz Bete Coelho, na capa da revista fazendo cara de obra impressionista. Pelo que vi, acho que ela deve ter gostado de brincar de ser top model featuring diva. Mas o fato fez cócegas em minha memória e me fez recordar uma situação que eu diria um tanto contraditória.

Vou esclarecer: há alguns anos atrás – eu diria pelo menos uns 20 anos, passava na grade de programação da TV Cultura um programa chamado Fanzine, apresentado pelo escritor Marcelo Rubens Paiva. Esse programa foi criado para preencher uma lacuna deixada pelo Serginho Groissman, que apresentava o ótimo “Matéria Prima”, mas tinha acabado de assinar um contrato com o SBT. O mote do programa Fanzine, de uma certa forma, era o mesmo do programa de Serginho: gerava-se um assunto para ser debatido e discutido com convidados. Um dos temas, na ocasião em que estava assistindo, era se a beleza e o talento poderiam andar juntos. As convidadas? A grande e excepcional Nathalia Timberg e a musa dark do teatro paulistano, uma atriz não tão conhecida do público televisivo (seria tempos depois, na novela Vamp, da TV Globo) chamada Bete Coelho. Uma atriz fantástica, que já tinha em seu currículo peças como “Eletra Com Creta”, dirigida pelo purgante Gerald Thomas.

Pois bem. O tema em questão na época era muito comentado, pois tinha uma safra de modelos invadindo a televisão, com papéis de destaques em novelas, minisséries, programas de auditório e por aí vai. Como havia abertura da plateia em se manifestar e fazer seus questionamentos, em algum momento do programa foi perguntado para as duas atrizes o que elas achavam das modelos atuarem nas novelas. Bete Coelho não perdeu a chance e o tempo e disparou: “acho que elas deveriam voltar correndo para as passarelas”.

E olha o que a ironia do destino não faz: anos e anos mais tarde, nossa querida “diva dark” estampada numa capa de revista. Pelo que eu vi, não chega tanto a comprometer, mas, com a idade e as rugas aparecendo, pergunto: não seria melhor você voltar correndo para o palco, Bete?  


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015




Com o triste episódio que aconteceu no Charles Hebdo, onde dois terroristas assassinaram doze funcionários do semanário, incluindo três cartunistas, me deparei com a onda de oportunismo da mídia e suas diversas interpretações sobre o caso. Já ouvi noticiarem que os dois assassinos são “muçulmanos”, “islâmicos”, sem se preocupar com a potencialidade distorcida dessa informação. Como consequência, a islamofobia intensifica sua força. O povo muçulmano não merece ser incluído nessa chacina. Quanto aos dois párias, antagonistas dessa triste história, só resumo o que eu acho a respeito deles: são terroristas. Poupem os islâmicos dessa barbárie.

Por outro viés, a imprensa tupiniquim brasileira se aproveita da situação da notícia para – vai saber o por quê – enaltecer alguns colegas que estão em baixa. Vou citar apenas um exemplo. Li agora pouco que aquela dublê de articulista do SBesTeira, a Raquel Cheirazade, fez uma comparação bem estranha, falando da corajosa Charlie Hebdo e relacionando-a a “corajosa” revista Veja. Eu estou lúcido demais, ou de fato há alguma ligação coerente do atentado à revista Veja? A propósito, essa tripa de ser ainda tem espaço na TV? Alguém consegue achar alguma credibilidade nessa alienada que transforma o fato em uma notícia estapafúrdia? Rachel, minha querida, tem uma trouxa imensa de roupa aqui em casa pra lavar e passar. Acho que você se daria bem como uma diarista. Ou não, como diria Caetano.


Sobre a Veja, só para refrescar, um conto da fada da verdade: em meados do fim dos anos 80 (pra ser mais preciso, 1989)  a tal revista foi responsável em ajudar - junto com a TV Globo, a colocar Collor no poder  numa história que muitos sabem no que deu. Além de acobertá-lo por um bom tempo, quando se começou a descobrir todo esquema de corrupção envolvendo o playboy presidente junto com seu escudeiro, PC Farias - esse já queimando constantemente no inferno. Somente no processo de pedido de impeachment e com a juventude em massa (eu me incluo) nas ruas pedindo a cabeça de Collor é que a tal revista cedeu e começou a publicar matérias informando seu público alienado sobre as falcatruas do governo de Fernandinho. Veja?  Eu só uso a Multiuso pra limpar gordura.  

E já que a ética não tem estado tanto em voga, indico um filme que está atualmente em cartaz e retrata de forma bem clara e visceral a ética jornalística nos dias de hoje. Vale a pena assistir.

E hoje é aniversário de Elvis Presley e David Bowie. O Rei que jamais perderá a majestade e o Camaleão do rock - o artista mais transgressor, multifacetado, ousado, polêmico, original com a criação de suas várias personas e que muita gente do cenário da música pop e rock devem pedir bença a ele. De Madonna a R.E.M. De Prince a Suede. De The Cure a Placebo. De Smiths a Arcade Fire. De Blur a Lady Gaga. Todos eles, em diversos tipos e estilos devem respeito a David Bowie. Para mim, um artista mais do que necessário à minha vida.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015




O recesso de fim de ano foi fundamental. Foi o período que tive para desacelerar, esquecer de assuntos profissionais, problemas pessoais que você pode perfeitamente resolver no “ano do carneiro” e relaxar. Aproveitei São Paulo vazia para visitar alguns museus e exposições que estavam bem concorridos, com direito a filas intermináveis. É o preço da ostentação cultural.

Na pauta, Salvador Dalí (Da Vinci, Ron Muech e Mafalda também estavam na lista).  Fui alegre e confiante jurando que Sampa realmente estivesse tranquila, mas para minha surpresa, quando cheguei no Tomie Ohtake e vi a fila, pensei: “o apocalipse começou”. É a terceira vez que passo Natal e virada de ano na Pauliceia, mas pela primeira vez, notei que a cidade não estava tão calma como imaginava. Resolvi encarar a fila e fiquei 40 minutos para entrar no Tomie. E ainda tive que pegar senha. Quando entrei, primeira brochada: a exposição contemplava apenas duas salas do Tomie. Eu achava que todo o centro cultural estivesse tomado pelas obras de Dalí. Pra ajudar, uma perua que não parava de falar. E não parava de falar merda (risos). Nada como uma cara de quarta parede para deixa-la sem graça, se tocando que ela estava se portando de forma inconveniente. Me descolei dela pra me jogar no mundo surreal do artista. Depois ela me encontrou para (risos) combinarmos de ver outras exposições juntos. Eu disse: “quem sabe em agosto”. A gosto de Deus, que é nunca.

Sobre a exposição, para resumir, gostei da curadoria ter colocado obras da fase “pré-surrealismo” de Dalí. Muitos esboços das obras. E fotos e mais fotos do artista. Também não é pra menos, pois havia uma enorme “barriga” no trabalho curatorial da exposição. A solução foi encher duas paredes com fotos de Dalí. Muito over. Não me empolguei tanto como achava que deveria ficar.

Da Vinci: outro recorte mal feito para a exposição desse multifacetado e inquieto artista. Decidiram focar apenas nos inventos dele. O bacana é a interatividade de alguns trabalhos com o público. E só. Ron Muech ficará para 2015, já que estava concorrido para entrar. Como se tem poucas obras de Muech, achei que não valeria o sacrifício de pegar uma fila enorme, um sol insuportável e a espera de no mínimo duas horas para entrar. Fui pra next me jogar no cinema. Pelo menos ficaria sentado e com ar condicionado. Mafalda ficará para 2015 também.


No cinema, assisti alguns fiascos. O Senhor do Labirinto, por exemplo. Artur Bispo do Rosário e todo seu trabalho de criação foi resumido ao pó da loucura e nada mais. Além de uma composição muito caricata do personagem.  Aliás, vale aqui um parênteses: impressionante como a produção brasileira de cinema esteja desgastada de ideias interessantes. Tantos filmes ruins com seus roteiros fracos e impotentes. Depois reclamam do por quê das comédias fazerem sucesso. Só se produziu ideias ralas, homenagens um tanto forçadas só pra fazer bilheteria. Eu sinto falta de ver filmes brasileiros que realmente me incomodem, me façam refletir, me deixem inquieto na poltrona da sala de cinema. Tim Maia, por exemplo, mostrou para mim o que não  se deve fazer em um filme sobre a vida de um artista tão interessante, uma persona tão rica como Tim. A importância cultural desse incrível artista deu lugar apenas a um gordoidão que cheirava pó e tomava atitudes inconsequentes.  Eu até cheguei a esboçar um texto para colocar aqui no Blog, mas decidi não dar importância a algo tão pouco relevante; Trinta tem os seus deslizes de roteiro, é linear demais, o que cansa o saco de qualquer espectador. Matheus brilha em compor um personagem tão contido como Joãozinho Trinta. E interpretar personagens com essa característica é muito mais difícil. A safra de filmes bons brasileiros em 2014 não só caiu, como despencou no meu conceito. Na contramão de (vários) filmes brasileiros sofríveis, assisti Brincante e fiquei comovido com a saga de Antônio Nóbrega e sua trupe, contado de forma tão poética a sua trajetória artística, permeado pelos personagens criados pelo artista. E tem o brilhante O homem das multidões, esse sim um dos grandes filmes brasileiros (ou foi o único?) do ano passado. Mas isso é assunto para outra conversa. Para mim, é necessário fazer um balanço cultural do que foi 2014, dentro de cada vertente artística. Até porque eu adoro fazer lista de Top 5. Mas para isso, vou precisar fazer um levantamento de tudo que vi em teatro, cinema, dança, música e artes visuais. Espero que não demore tanto. Afinal, 2015 já entrou pronto para fazer a diferença. Assim espero.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015



A ceia de Natal e a virada de ano novo foram uma grata surpresa pra mim. Eu estava com muita preguiça de fazer qualquer mise em scène de confraternização porque me dá canseira. Fora que eu não estava a fim de fazer caras e bocas, aquele cenário com familiares que não há espontaneidade de demonstrar o que de fato você sente pelo outro. No Natal, alguns amigos acabaram ficando por aqui também e aí eu decidi fazer uma ceia em casa. Chamei Gau e Clau pra passarmos juntos a véspera de Natal. Fiz arroz de forno e assei um tender. Comprei uns queijos para degustarmos como entrada, bebericando um belo vinho. E só. E muita música boa servindo de base para um bom papo. Me incomoda o fato das pessoas fazerem comida para um batalhão de pessoas e no final, fica aquela quantidade exorbitante de sobra. É de dar náuseas. No dia seguinte, puro sossego, apesar da louça que tive que lavar. Fiquei o dia todo em casa, curtindo a solitude com comida, livros, muita música clássica e pra lá do mundo de Alice.


Após o Natal, estava na vibe de fazer uma linha Greta e curtir a passagem de ano em paz, tomando um vinho, lendo e ouvindo música.  Falei com Afonso pelo whatsapp. Ele tinha voltado de Minas pois passou o Natal com sua família. Disse que ficaria em Sampa, que tinha chamado Dandra e seu namorado para cear com ele. Me senti atraído pela ideia de passar junto e me convidei, afinal são pessoas adoráveis, com ótimo senso de humor. Comprei vinho e uma champagne pra gente comemorar.

No dia 31, deixei minha casa mais ou menos arrumada, me colei e saí para comemorar com as meninas (risos). Estava difícil passar um táxi pela minha rua. Liguei para um serviço de táxi e para minha surpresa aguardei apenas 10 minutos para ser atendido. Eu estava vestido de forma bem veada (risos). Estava com uma bolsinha que comprei em Atacama, dessas que vc deixa a tiracolo no ombro. E uma caixa com as bebidas. Quando entrei, o taxista - um rapaz super simpático e bem guapo, me levou até a Vila Mariana para me encontrar com meus amigos. Começamos a conversar. Ele me disse que era sorte a minha de ter conseguido um táxi, que tinha mais de cem solicitações, mas não tinha frota para atender a demanda. Aí eu pensei que era realmente sorte a minha pegar um taxista bonito e ainda por cima simpático. Ele tinha escutado o pedido pela rádio escuta e decidiu pegar a corrida. Estava indo embora antes de me pegar. Ia passar a virada com sua avó, já que a namorada dele estava de plantão no hospital.

E aí veio o momento “sitcom”: a uma certa altura da nossa conversa, ele me perguntou com quem iria passar a virada. Eu falei que alguns amigos estavam me aguardando. Como uma lince à espreita, ele me perguntou se eu não iria passar com minha namorada (risos). Disse que não tinha namorada. Ele insistiu no assunto querendo saber por que eu não tinha namorada. Aí eu mostrei minha bolsinha que comprei em Atacama e perguntei se homem que namora mulher usava bolsinha como acessório. Ele titubeou um pouco pra responder, mas finalizou o assunto com uma resposta que me colocou em meu devido lugar: que homem não utilizava o tipo de bolsa que estava usando, mas que eu estava sendo bem macho para usá-la. Eu quase perguntei se ele não queria casar comigo (risos). Que ser evoluído. Ponto para ele.


Faltando cinco minutos para o grande final de 2014, subimos até a cobertura. A cena foi magnífica. Dava para ver a queima de fogos num raio de 360º. Com direito de se ter o Parque Ibirapuera ao fundo.  Deu pra imaginar essa cena? Foi impressionante.

Para coroar a entrada de 2015, uma cena digna de um filme de Almodóvar, ou Buñuel ou...whatever: estava aguardando o táxi, já do lado de fora para me levar para casa, quando vejo dois casais na calçada se despedindo de seus familiares, a caminho do carro, para ir embora. Estava entretido com as fotos que joguei no Facebook e Instagram, quando ouço uma gritaria ensurdecedora. Fiquei apreensivo a princípio quando vi os dois casais com as quatro portas do carro abertas e numa gritaria só. É que (risos) tinha entrado uma barata dentro do veículo. Pra variar, as mulheres – que adoram queimar o filme - ficaram numa gritaria de que elas não iriam entrar no carro. O distinto marido e motorista do carro teve que tirar uma dimensão inteira pra achar o inseto. Fiquei apreciando aquele momento, gargalhando mentalmente. Meu táxi chegou e quando eu entrei, apenas escutei: ACHEI a maldita (risos). Ele então começou a sua epopeia de matar a barata. Com (risos) um martelo. Contemplando esse curta-metragem mental, pensei: pra que mise em scène se a vida real é muito mais interessante pra se apreciar.