O ano de 2015 começou a pleno vapor. A semana de volta
ao trabalho foi agitada, fato um tanto incomum, pois geralmente a ordem naturas
das coisas me permitia voltar a vida profissional aos poucos, respeitando o
processo de desaceleração que consegui ter e manter durante o período de recesso.
Fazer o que, se eu ainda não vivo de renda?! O duro foi ter que participar de
reuniões intermináveis em plena primeira semana. Deus, como as pessoas gostam
de fazer reuniões! E o pior é que se faz uma reunião, que duram horas
intermináveis, pra concluir no final que tem que se marcar uma outra
reunião pra “fazer alguns acertos de alinhamento”. Participei de uma, semana passada, com tanta
gente na sala, que me senti como se estivesse numa conferência da ONU (risos).
As pessoas precisam aprender a otimizar melhor o tempo delas.
Mas todo o sacrifício de muito trabalho e excesso de
reunião valeu a pena, pois a semana passou rápida como um flash. Já tinha um destino traçado para descansar:
praia de Pitangueiras, no Guarujá. Minha família alugou um apê a 100 metros da
praia. Apesar de um pouco receoso em vista das notícias de arrastão em alguns
pontos da cidade praiana – incluindo a praia que ia ficar – fui na certeza
de que iria conseguir dar uma abstraída para descansar um pouco e pegar um belo
bronze. Aliás, só para registrar, metas para 2015: me priorizar para viajar
mais.
Peguei o bumba no terminal Jabaquara na última sexta-feira
à noite, no horário das 21h10. Um calor insuportável. Parecia que eu estava em
uma televisão de cachorro. Mas sem ficar girando na grelha. Me dá náuseas. Uma
senhora sentou ao meu lado, um rosto tão castigado pela dificuldade de se viver
nesse bueiro de país. Ela (risos) era a cara do Smeagol, do Senhor dos Anéis.
Ela não sabia nem afivelar o cinto, coitadinha. Eu a ajudei. Foi só eu ajustar
o cinto para ela capotar de sono na poltrona.
Chegada na pocilga da rodoviária, minha irmã Daniela e
meu cunhado Marcos me pegaram. Pedi pra gente dar uma voltinha pois queria
ficar um pouco “pra lá do Mundo de Alice”. E um trânsito que parecia São Paulo.
Ainda bem que a rodô era perto do apê. Aliás, o apartamento era bem bacana e
espaçoso. Fiquei tricotando um pouco com minha mãe. Completando o “time”, minha
sobrinha Beatriz acompanhada do seu namorado, o Filipe. Ou Felipe. Ou...sei lá. No set list musical praiano Tom Jobim, Jorge Ben, Fernanda Abreu, Marina Lima; artistas que não escutava há séculos, como George Michael; The Cure; e uma deliciosidade pop perfeita para escutar no clima da praia.
Não via a hora de
colocar os pés na água do mar. Não acordamos tão cedo, pois ficamos conversando
até umas 2 da manhã. Mas fui com minha mãe na frente, para pegarmos um lugar
desejável na praia. E praia é um lugar sagrado. As pessoas não tem sequer a
noção de que temos a obrigação de pedir licença para entrar. Eu pedi assim que
pisei na areia. Assim que nos alojamos num lugar adequado, com o guarda-sol, fui
em direção ao mar, para reverenciá-lo. Pedi (sim) licença para Iemanjá, e lavei
minha alma naquela água divina. Depois de vários mergulhos, voltei, fiquei na
ponta, e mais uma vez fiz minha prece de agradecimento. Duas senhoras que
estavam caminhando pela beira da praia, quando me viram fazer a prece,
cochicharam: “Pelo visto esse aí é da macumba” (risos).
Queria pegar um
bronze e fiquei que nem um calango no sol. Minha irmã sugeriu de ficarmos com
as cadeiras de praia na beira do mar e eu topei. Ficamos tricotando bastante,
junto com Marcos, quando o mar trouxe um pedaço de uma concha linda, num tom
lilás. Não dei tanta atenção e devolvi no mar. E aí minha cadeira
tombou e eu quase caí. É isso que dá fazer carão para um presente que Iemanja
me trouxe com tanto carinho. Te mete!
Aproveitei para relaxar a mente e pensar no que fazer de
metas para 2015. Todo mundo faz, apesar da maioria não cumprir. Para mim, a
prioridade é voltar a estudar. Fazer um mestrado, quero me jogar em cursos de
História da Arte, pintura. Até costura criativa eu pensei em fazer (risos). Comentei com
minha mãe a respeito da costura e ela riu. Não sei se riu de dó ou de deboche.
Ela é costureira.