quinta-feira, 15 de janeiro de 2015




Quinta-feira, dia de começar a estampar na cara a felicidade – mesmo que momentânea – de aguardar a vinda do fim de semana. E o retorno às sessões de terapia.  Na verdade, não sei o que priorizar para conversar, mas reservei um assunto que me interessou e que, de certa forma, dialoga com meu status de modo de vida.

Explicando: semana passada saiu um artigo do Luiz Felipe Pondé, na Folha de São Paulo chamado “O mercado do narcisismo”. Ele já inicia a sua linha de pensamento sobre uma nova geração que está blindada daquilo que ele chama de “fraquezas comuns dos mortais”. Essa geração não tem demonstrado o mínimo de preocupação em amar, ter afeição por alguém, justamente para não canalizar energia em ficar inseguro diante de uma cartilha romanceada imposta por uma sociedade que sempre ditou regras, quer a gente concorde ou não. Para alguns estudiosos, é uma evolução psíquica que nasce.  O mais curioso, para mim foi que eles também não se preocupam em receber afeto, carinho, paixão de algo ou alguém. E na controvérsia dos fatos, adoram vender uma pose de que é uma geração de pessoas evoluídas. 

Lógico que me identifiquei com sua linha de raciocínio, afinal nunca tive preocupação em querer me relacionar ou me apaixonar por alguém. Pra ser sincero, acho que isso me faria perder muita energia. E eu realmente não sei se, nos dias de hoje, valha a pena ter uma “relação”. Aliás, hoje em dia deve se discutir o que, na verdade, venha a ser uma “relação normal”.   Só pra ilustrar um pouco o dedo de prosa, minha irmã me perguntou, no fim de semana que estávamos na praia, se eu não tinha interesse em me apaixonar, ficar com alguém. Rapidamente respondi que “nem morta” (risos). Argumentei que não tinha o mínimo de vontade, principalmente por ter minha mãe e ela como referência. Relação de casal é pra quem tem uma vida pacata demais e precisa se ocupar com algo. Eu já me ocupo com várias coisas, priorizando aquilo que me dá prazer. Ir a um teatro, cinema, exposição; almoçar e/ou jantar com amigos para colocar o papo em dia; ter tempo para ficar curtindo preguiça em casa, lendo um bom livro refestelado em meu sofá; ouvir música clássica bem alto; e, óbvio, sexo. São essas as premissas, da qual eu não abro mão, que me fazem não colocar uma “relação” como prioridade. Aliás, me senti um precursor desses jovens com esse novo tipo de comportamento. Sempre fugi das situações óbvias da vida moderna. Mesmo com seus contras, no balanço de meus quase 40 anos, posso dizer que não me arrependo de minha opção em buscar uma relativa felicidade fugindo dos padrões estabelecidos de se ter alguém para constituir família e filhos. Eu teria que tomar muito Prozac pra ter saco.  Imagina, ter que filhos e ter que aguentar o monte de crianças catarrentas gritando, esperneando, chorando, fazendo manha, querendo atenção num momento em que você quer tranquilidade. Eu não seria mais minha prioridade. Afinal, gastar energia e me anular... a troco de que?

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