Quinta-feira, dia de começar a estampar na cara a
felicidade – mesmo que momentânea – de aguardar a vinda do fim de semana. E o
retorno às sessões de terapia. Na
verdade, não sei o que priorizar para conversar, mas reservei um assunto que me
interessou e que, de certa forma, dialoga com meu status de modo de vida.
Explicando: semana passada saiu um artigo do Luiz Felipe
Pondé, na Folha de São Paulo chamado “O mercado do narcisismo”. Ele já inicia a
sua linha de pensamento sobre uma nova geração que está blindada daquilo que
ele chama de “fraquezas comuns dos mortais”. Essa geração não tem demonstrado o
mínimo de preocupação em amar, ter afeição por alguém, justamente para não
canalizar energia em ficar inseguro diante de uma cartilha romanceada imposta
por uma sociedade que sempre ditou regras, quer a gente concorde ou não. Para alguns
estudiosos, é uma evolução psíquica que nasce. O mais curioso, para mim foi que eles também
não se preocupam em receber afeto, carinho, paixão de algo ou alguém. E na
controvérsia dos fatos, adoram vender uma pose de que é uma geração de pessoas
evoluídas.
Lógico que me identifiquei com sua linha de raciocínio, afinal nunca
tive preocupação em querer me relacionar ou me apaixonar por alguém. Pra ser
sincero, acho que isso me faria perder muita energia. E eu realmente não sei
se, nos dias de hoje, valha a pena ter uma “relação”. Aliás, hoje em dia deve
se discutir o que, na verdade, venha a ser uma “relação normal”. Só pra ilustrar um pouco o dedo de prosa, minha
irmã me perguntou, no fim de semana que estávamos na praia, se eu não tinha
interesse em me apaixonar, ficar com alguém. Rapidamente respondi que “nem
morta” (risos). Argumentei que não tinha o mínimo de vontade, principalmente
por ter minha mãe e ela como referência. Relação de casal é pra quem tem uma
vida pacata demais e precisa se ocupar com algo. Eu já me ocupo com várias coisas,
priorizando aquilo que me dá prazer. Ir a um teatro, cinema, exposição; almoçar
e/ou jantar com amigos para colocar o papo em dia; ter tempo para ficar
curtindo preguiça em casa, lendo um bom livro refestelado em meu sofá; ouvir
música clássica bem alto; e, óbvio, sexo. São essas as premissas, da qual eu não abro mão, que me fazem
não colocar uma “relação” como prioridade. Aliás, me senti um precursor desses
jovens com esse novo tipo de comportamento. Sempre fugi das situações óbvias da
vida moderna. Mesmo com seus contras, no balanço de meus quase 40 anos, posso
dizer que não me arrependo de minha opção em buscar uma relativa felicidade
fugindo dos padrões estabelecidos de se ter alguém para constituir família e
filhos. Eu teria que tomar muito Prozac pra ter saco. Imagina, ter que filhos e ter que aguentar o
monte de crianças catarrentas gritando, esperneando, chorando, fazendo manha,
querendo atenção num momento em que você quer tranquilidade. Eu não seria mais
minha prioridade. Afinal, gastar energia e me anular... a troco de que?
Se você se interessou pelo artigo do Pondé, é só clicar aqui