quarta-feira, 21 de janeiro de 2015



O calor em São Paulo beira o insustentável. E uma avalanche de problemas em forma de cascata assola a cidade, que anda num processo, digamos, terminal. Sensação térmica nas alturas, falta de água que a princípio ninguém assumia que tinha. E agora, além do governador dizer que falta água, ele reforça que há também racionamento. Fora o apagão que afetou uma parcela bem significativa dos moradores em uma das maiores metrópoles do mundo.


Sabe o que me incomoda bastante atualmente? A postura das pessoas em não assumirem suas responsabilidades. Você escuta que o país está em recessão e a Vilma fantasiando durante toda a sua campanha que “está tudo bem”. E é visível que não está. Alckmin culpando São Pedro pela falta de água, se contradizendo durante sua campanha que estava tomando as devidas providências para que não faltasse água e então...bingo! Até multa teremos que pagar caso a gente exceda nosso limite de uso de água. Isso tudo por causa da falta de competência do governo em não ter ficado em posição de alerta quando o sistema começou a baixar. Essa linha “não é comigo” demonstra que não temos políticos maduros o suficiente para admitir que algo está errado. E com as armas das mídias sociais, é bem difícil esconder ou omitir informação à população. Mas a população, pasmem, age como um cidadão em coma profundo. Só se reclama, se xinga, se esperneia no facebook. Mas na prática, possuem o hábito de se travestirem de monges da abadia da ressurreição. Ou seja, não fazem nada. Esse meu incômodo se deu após ter visto ontem, no programa Roda Viva, uma ótima entrevista com o físico britânico Geoffrey West, que discutiu com a bancada de entrevistadores sobre o crescimento urbano nas grandes metrópoles do mundo. E partindo de uma fala simples do físico de que “as cidades foram feitas com o objetivo de facilitar as relações de todos que habitam uma determinada sociedade” e na prática me deparar com uma cidade que foge à essa premissa, com a desigualdade sociocultural alarmante em nossa Pauliceia Despudorada, me pergunto: ainda temos salvação?