quinta-feira, 22 de janeiro de 2015




Com tanto pessimismo nos noticiários, está difícil fugir da realidade assombrosa que passamos. Eu nem tenho vontade de ver os telejornais. Lógico que me atualizo lendo um ou outro semanário sobre os acontecimentos políticos e econômicos no Brasil e no mundo, mas tem sido difícil ficar ciente do esgoto que o mundo vive. Uma saída é de aproveitar o restinho de tempo no nosso dia a dia para ver alguma ficção, pra dar uma respirada no stress da vida moderna. Mas o pior é que as ficções têm se alimentado da realidade e daquilo que mais nos angustia e, com um toque da dramaticidade contemporânea, a realidade se potencializa na ficção, nos deixando mais perplexos e conscientes de que somos extremamente vulneráveis com a situação real dos fatos destacados atualmente.



Fui no pique de almoçar sozinho hoje e curtir minha solitude, então aproveitei para levar um livro para passar o tempo no horário de almoço. De ficção, é claro (risos). Para desacelerar a mente um pouco. Estou quase terminando de (re)ler O Ateneu, do Raul Pompeia. E me impressiona como o texto é tão atual. Assim que me sentei para comer, um colega de trabalho coincidentemente chegou para almoçar e sentou comigo. Falamos sobre a morte do surfista Ricardo dos Santos, que foi covardemente assassinado pelo policial militar. Morreu de forma tão boba! E baseado no que tenho lido a respeito do caso, pergunto: seria muito para o PM ter tirado o carro na frente da casa do avô do surfista, para ele arrumar o cano? Afinal, o avô fez um simples pedido ao soldado, que estava de férias, segundo os principais sites de notícia.  O que mais me deixa alarmado é que a Polícia Militar adora recrutar esse tipo de “perfil” sociopata em potencial. E pensar que são eles que possuem como lema “proteger e defender o cidadão”. Será que nesses processos de seleção, eles passam por uma avaliação psicológica? São assuntos como esse que tem me dado vontade de ir embora do Brasil. Mas ainda tenho receio, afinal pra quem está chegando nos 40 anos, fica difícil pensar em ter uma atitude de abrir mão de seu conforto pra começar do zero em outro país. Estou ainda refletindo a respeito.

Aproveitei para caminhar um pouco, antes de sentar numa praça para ler o livro. Mas a região do Belém é tão desagradável aos olhos! Nociva, para ser mais claro. Onde já se viu você morar em um bairro chamado Quarta Parada? É um lugar cinzento, sem árvores, parece que você está em Bagdá, visitando escombros. O cartão postal turístico do bairro é um cemitério que possui o mesmo nome do bairro. Um rancho do Saara, eu diria. A prefeitura poderia acrescentar o nome para “Quarta Parada Respiratória”. Pra se ter uma ideia, como ilustração do que escrevo, deve ter mais área verde no cemitério do que em seu entorno. Acho que vou ter que pedir emprestado algum vaso de planta de algum defunto pra poder respirar (risos). Aí eu aproveito pra chamar aquela cantora-performer-de-suicídio, a Lana Del Rey. Tem tudo a ver com o ambiente do lugar. Jesus, não sei como as pessoas suportam ouvi-la. Quando a escuto, me dá a sensação de que estou ouvindo uma música em uma vitrola com a rotação lenta (risos). Fora que acho um porre uma artista ficar se lamuriando em suas composições, dizendo que ela não tem vontade de viver. Se esse subproduto fake quer tanto morrer, por que não morre? Mas acredito que Lana deva ter um estoque considerável em sua mansão de trazodona e fluoxetina. Com a safra de mesmice que assola a música pop, acho que Lana deveria ter um diferencial das demais pra me chamar atenção. Se ela tivesse (risos) lábio leporino, quem sabe eu não iria me simpatizar com ela.