quinta-feira, 20 de agosto de 2015


Fiquei sabendo na terça-feira que meu convênio de saúde tinha autorizado parcialmente a cirurgia da hérnia. Nem preciso dizer como estava minha taxa de mal humor. Até porque estava alternando momentos de apreensão com momentos de pura ansiedade. Fora que tinha muita pendência para resolver na TV. Liguei no consultório do Dr. Iron para saber o andamento da autorização. Até porque ninguém do consultório entrou em contato para dar um reles retorno da situação. Perguntei “a que pé estamos” e a secretária começou com aqueles devaneios típicos de quem não está a par do caso, não sabe o que está acontecendo e começa a tentar inventos mirabolantes de argumentos em processo contínuo. Por mais que você queira enfiar a cabeça da jumenta na privada pra ver se o cérebro pega no tranco, ainda preciso ter paciência pra explicar para a “Barbie Disritmia”, da necessidade de agilizar logo a questão, afinal a cirurgia já está marcada. É uma pena a pessoa usar apenas um neurônio para trabalhar. Pena que o tratamento de choque foi extinto. Tem gente que só funciona no 220 volts, mesmo.


E o tempo continua insuportavelmente seco. Já imagino como vai ficar a Paulicéia quando entrarmos no verão. Tive que comprar um Rinosoro mais concentrado, mas borrifo muito pouco, porque arde muito. É como jogar qualquer produto Granado no rabo: arde que até dói quando você senta. Tenho usado muito protetor solar facial e labial. Ah, e bastante hidratante corporal. Como meus P.A´s tem vindo aqui em casa na parte da manhã, com medo (risos) que eu bata as botas, aproveito para tomar uma bela ducha e me jogo nos hidratantes. Ganhei de brinde da Boticário um hidratante corporal “cheiros do Brasil”. É realmente refrescante.


Passei no Engenhão antes do batente para pegar um pão de queijo e um suco de laranja. Peço sempre para bater com gelo no liquidificador. Roni sempre fica com aqueles galanteios ralos. Ele sempre fica me cantando, mas na prática, na hora do vamos ver fica parecendo uma freira carmelita. Mas o floral ajuda a me conter e ficar apenas fazendo cara de quarta parede: olho para um ponto fixo na parede e saio do meu corpo. Como não respondia à suas cantadas de boteco da baixada da rodô, um ser da linha de esquerda da umbanda que estava no balcão começou a dizer que eu não dava bola porque Roni não era macho e que se eu saísse com um macho de verdade, eu não iria “ingnorar”, enfim, essas brincadeiras estranhas. Continuei com a cara de quarta parede, mas dei uma olhada de quina no ser. Nessas horas óculos de sol é uma arma extremamente poderosa. Me lembrei que ele trabalhava na pizzaria Ideal, do outro lado da rua. Pedi para apressar no meu pedido, pois tinha uma reunião e não poderia me atrasar (mentira!). O ebó me chamou pra sair, que me daria “um trato” e perguntou quando poderíamos “dar uma volta”. Apesar de eu nunca ter dado abertura pra esse tipo de conversa, com meu pedido já em mãos, olhei para ele e disse “Agosto de Deus”. Mas antes do senhor se animar, emendei, com direito a mostrar de forma gestual: A GOSTO de DEUS, que é NUNCA! Sujeitinho mais escroto.


E ontem, quarta-feira, com aquela afobação de ter que resolver tudo e na prática não ter resolvido quase nada, tive que encarar uma reunião fora da TV, o que me deixou mais preocupado. Não consegui despachar com meu gerente, mas estava na expectativa de encontrá-lo na abertura do Festival Internacional de Curtas. Durante a reunião sobre o lançamento das estreias da programação do SescTV, o alívio se instaurou: recebi a ligação do ok do meu plano de saúde. Reunião terminada, subi até a Paulista e comecei a sentir aquelas fisgadas. Tive que declinar minha ida no Festival e me preparar para o dia D, pra dizer em negrito e sublinhado: hérnia, sai desse corpo que ele não te pertence. 

E que Deus me proteja.


quarta-feira, 19 de agosto de 2015


Depois de sair do zoológico do vagão, no metrô Belém, saí da catraca em direção ao trabalho. Passando pela passarela, vi duas bichas dando carão, ambas usando coque, a coqueluche da vez pra quem não tem personalidade. Sim, tenho achado as gays sem o mínimo de originalidade. Para elas, o momento de ganhar os holofotes é copiar o que os bofes da modernidade tardia tem feito para melhorar o visual. Se esforçarmos um pouco nossa memória, os gays eram referência pra moda até os anos 90. Graças ao mundo gay, os héteros se repaginaram no visual. Ou vocês pensam que os metrosexuais foram brotados de algum lugar, meus queridos? Graças a nós, os tais homens trocaram seu desodorante AXE por um autêntico One Million. Porém, com a virada do século, tudo mudou. Pra pior. As culturas de bueiro impostas pela mídia, junto à ameaça da família tradicional conservadora, deixaram as bees extremamente apreensivas. Afinal, elas querem ser aceitas. Todos nós queremos ser aceitos. Só acho lastimável vê-las se anulando para terem seu espaço nesse mundinho medíocre que vivemos. Elas querem ser “machas”, colocando barbas, fazendo pose de lutador de ufc. Mas esquecem que (risos) quando elas abrem a boca, se transformam na prostituta sudanesa de sempre, mesmo resistentes a dar pinta. Se homem com boné dá tesão, bixa com boné é depressão. O coque é a decadência da vez. Para “elas”. Particularmente, acho coque deplorável. Para todos os gêneros. Deixam os homens femininos demais. Tira toda a testosterona deles. No caso das gays, por esse ângulo, até que combina (risos).


Num rápido flash que dei nelas, puxei na minha inquieta memória que a moda proliferou também graças a um personagem da novela das 11, da Globo, a produtora de casting beeeem pintosa. Ela tem usado este estilo como look. Apesar de gostar de novelas – embora nenhuma tenha me feito ficar no sofá assistindo desde Avenida Brasil, acompanhei dois ou três capítulos de Verdades Secretas. Plasticamente, ela é incrível. O clima soturno da fotografia dialoga bem com o enredo denso da trama: book rosa e vício em crack são aperitivos de caráter bem indigestos. Sem mencionar o eixo central da trama, que envolve um dublê de cafetão – Rodrigo Lombardi e sua bunda maravilhosa; a modelo que se envolve pelo cafetão e a mãe da modelo que é casada com o cafetão. É, são os valores da família tradicional brasileira escancarados de forma crua e visceral. Sem cortes.


E, beashas, por favor: sejam menos coxinhas. E mais dzi-Croquetes.



segunda-feira, 17 de agosto de 2015


Naquela vontade de não fazer nada, dou uma olhada no facebook pra ver se tem algo de interessante, mas bem na linha leitura dinâmica. Não tenho tido muita paciência em ficar dando atenção pra esterilidade cerebral das pessoas. Porque na maioria dos casos, é isso que acontece. Um colega ator postou que “O Homem de La Mancha” foi indicado em várias categorias ao prêmio Bibi Ferreira. Quando fui assistir a peça para prestigiá-lo, fiquei na expectativa de vê-lo fazendo algum personagem de destaque, mas ele acabou meio que fazendo...o coro da peça. Não deu pra ver o talento que acho que ele deve ter. Bem que a comissão do prêmio poderia criar a categoria (risos) de escada da escada do protagonista. Acho que ele teria chances de ganhar. Ah, e “Bilac vê estrelas” está também no páreo, concorrendo a melhor musical, ator, ator coadjuvante e roteiro. Apesar da produção impecável de La mancha, me identifiquei mais com Bilac por se inserir na maneira “off Broadway” de se fazer musical. É inspirado em elementos da cultura brasileira. Quer justificativa melhor?


Acho que Marck Zuckemberg, criador e um dos idealizadores do Facebook, em seus momentos de puro ócio, acaba se divertindo criando esses testezinhos que tem feito muita gente relaxar o esfíncter, reservando um tempinho ao nosso planeta imaginário. Quer dizer, você sai de uma reunião pilhado, volta para sua mesa com várias pendências a resolver pra ontem, mas precisa dar uma relaxada antes de voltar ao batente. E a melhor saída é...descobrir qual é a cor da sua aura (risos); ou que super herói tem mais a ver com sua personalidade. Bobeiras que me faz rir e garante a volta do bom humor para terminar bem o seu expediente. Me fez lembrar o dia que estava dando uma olhada rápida – como agora, pelo Face e vi a seguinte tentação: que animal se parece com você. Comecei a fazer o teste, já na ansiedade de descobrir antes que bicho que eu poderia ser. Pensei que poderia ser uma águia, por causa da sua imponência e independência; ou um puma, com sua destreza e concentração. Assim que terminei de responder a todas as questões, fiquei aguardando o resultado e para minha surpresa deu um animal que nunca sequer pensei que poderia dar: um golfinho. Quer dizer, eu fiquei perplexo com o resultado, pois não acho que sou parecido com ele. Eu o-dei-o golfinhos. Você sempre tem a sensação que é um mamífero simpático, sempre à sua disposição pra ajudar em qualquer situação. Parece uma diarista do mar. Sempre à disposição.


E a máxima santificante inspirada no "pai" de Dorian Gray que usarei a vida toda: na crônica visual de Xico Sá, no ótimo Papo de Segunda, ele usou um termo mais elegante para a palavra fofoca: falar (mal) da vida alheia a partir de agora virou “crônica de costumes”. Até para frivolidades Oscar Wilde criava com sofisticação. 

sábado, 15 de agosto de 2015


Babilônia está na reta final e decidi dar uma olhada num momento clímax da trama. Achava que a morte de Murilo iria causar uma comoção nas redes sociais, mas achei tudo muito morto. Pelo jeito, essa novela não vai deixar saudades. Eu acho uma pena porque Gilberto Braga é sinônimo de trama bem feita, bem costurada. Seus ardilosos vilões sempre caem no gosto do público. Foi assim com Laura, de Celebridade; Felipe Barreto, de O Dono do Mundo; Olavo de Paraíso Tropical; Léo, da fraca Insensato Coração e, claro, Maria de Fátima, de Vale Tudo. Seu roteiro sofisticado sempre deixou as pessoas resistentes a princípio, o que acho de certa forma, sadio. Mas no final, Braga conseguia conquistar a atenção e o reconhecimento do telespectador. É bom lembrar que foi com ele que aprendemos a jogar nas rodas de conversas de amigos o assunto “quem matou”. É uma de suas marcas registradas. Até hoje, todos se lembram do quem matou mais célebre da teledramaturgia brasileira: quem matou Odete Roitman?


Pelo que senti no capítulo de hoje, foi tudo muito jogado às pressas. Estranhei a agilidade excessiva da cena, pois Braga trata com muito cuidado esses momento clímax noir. Foi tudo muito rápido no capítulo de hoje. Me lembrei ontem durante o almoço com Jô e Padilha sobre a reta final da trama. Mesmo com o suspense instaurado, ninguém esboçou  em acompanhar o restante dessa atrapalhada soap opera. Mas devo reconhecer que Bruno Gagliasso é um dos melhores atores, junto com Cauã Reymod, de sua geração. Conseguiu tirar leite em pedra com esse personagem que estava fadado, após sucessivas mudanças no roteiro por causa da rejeição do público, a cair no esquecimento. E conseguiu a proeza de roubar a cena e carregar como piano boa parte da novela. Mérito do diretor – Denis Carvalho, de Braga e muito mérito de Bruno. Conseguir se sobressair diante de uma Glória Pires e uma Adriana Esteves, é pra poucos.



Aproveitei que falávamos de TV aberta – já que não tenho assistido praticamente nada e perguntei a Jô e Padilha se eles assistiram aquele programa “quero ressuscitar a Família Dó-Ré-Mi” da Globo, o “É de casa”. Padilha comentou que tem muitos apresentadores no programa. A idéia é de que cada apresentador se concentre em algum espaço da casa. Penso que é uma forma de amenizar a guerra de egos entre eles. Padilha achou curioso, por exemplo, de Zeca Camargo ficar na cozinha. Quer dizer, o que ele tem a ver em ficar na cozinha, afinal, não tem cara nem jeito de que gosta de se relacionar com esse ambiente. Num rápido flash de raciocínio, eu acabei concluindo que a Globo deixou ele lá de propósito. Pra não ter que “sair do armário”. (risos)


sexta-feira, 14 de agosto de 2015


Ontem foi um dia extremamente cansativo. Tive que analisar mais de 100 currículos para a vaga de estagiário de produção. Fiquei a maior parte do tempo analisando um por um, até as vistas se entrecruzarem. E os candidatos não querem fazer feio, não. Em era de modernização digital, eles recheiam seus currículos com perfil no linkedin, portfólio em seus blogs e até o facebook entra na lista. Tudo muito bem elaborado, por sinal.  Mas o mais engraçado mesmo é a utilização de um tom mais “culto” para impressionar. Teve um alguém que nas atribuições exercidas em sua “experiência” de trabalho, colocou que já deu “suporte administrativo para a diretoria”. Leia-se, atendimento telefônico (risos). Pra que complicar? Eu só quero entender!

No intervalo do almoço para descansar meus neurônios, ficamos comentando – Jô, Padilha e eu, sobre a atual situação do governo. Confesso que não tenho acompanhado com tanta ênfase como antes. Comentei que a Vilma deu uma entrevista exclusiva para o jornal do SBT ao Kennedy Alencar – aliás, fazendo um breve parentes: um dos poucos jornalistas que ainda acredito na credibilidade profissional. Ele e Boeschat. Lógico que ela tem aquela maneira “tomei um Prozac” de se esquivar de perguntas. Além de, tanto ela quanto Lula serem mal assessorados. Na oratória, só sabem se queimar. A diferença é que o Lula se apoiava no carisma que ainda tinha. Mas ela está ciente de que há sim uma tentativa de golpe. Apesar de toda minha crítica a seu governo, desde seu primeiro mandato, sou a favor da democracia. E não há, ainda, motivo algum para pedir impeachment dela. Quanto à manifestação de sábado, infelizmente não poderei ir. Eu ainda (risos) não aprendi a coreografia.



Caminhamos em direção à cafeteria no 3º andar do SESC Belenzinho e mudamos totalmente de assunto. Padilha comentou que a Xuxa vai estrear seu programa na próxima segunda-feira. Serão duas horas de programa ao vivo. Jura que alguém vai agüentar ver a Xuxa em fim de carreira, duas horas ao vivo em plena segunda? Vou comprar uma garrafa de whisky. Pra poder misturar com minha caixa de Daforin. Padilha estava animado com a estréia da rainha de "Amor, estranho amor" e disse que já estão noticiando em seu programa de estreia uma entrevista exclusiva com o ex- marido da Xuxa. Como eu estava em ponto morto perguntei qual dos fantoches ela iria entrevistar e Padilha coroou com a máxima do dia: a MARLENE MATOS. (risos)



No meio da tarde, entre um currículo e outro, dei uma navegada pelo face e vi que Sidênia estava online no bate papo. Ela entrou de férias e viajou para França. Ela já postou várias fotos e eu joguei o seguinte comentário: "pomba-gira 3D strikes again". Eu sempre comento que ela tem uma pomba-gira 3D. Teclei rapidamente e dei um oi. Ela devia estar em algum lugar com algum bofe francês. Ela me falou que está aproveitando muito. Leia-se, aprontando. Ia sair com um pianista francês. Aí eu (risos) “disse que ótimo”. E como uma suína sexual, complementei para o músico “tocar” para ela. Não, eu não fui baixa. Eu fui subterrânea.  

quinta-feira, 13 de agosto de 2015


Recebi e-mail de meu médico, doutor Iron, informando que a cirurgia para retirada da hérnia está marcada para dia 20 de agosto, na próxima semana. Deu aquele calafrio natural, afinal de contas nunca passei por essa situação. Minto, já fui operado, sim. Tinha 9 anos e fiz a cirurgia para retirada de uma fimose. Quando li a mensagem do Dr. Iron, me veio na hora da lembrança na sala de cirurgia, com o anestesista aplicando o “mata leão” em minhas veias. E ardia muito. Dei um pequenino piti e apaguei. No pós operatório, chegaram a me amarrar com um material feito de borracha, parecia uma mangueira. Também pudera, quando acordei queria sair daquele lugar e comecei a gritar e esbarrar em tudo que podia. Viado que se preze já tem a devida educação desde pequena, dando seu pequeno barraco. Mas o melhor foi quando uma enfermeira me levou ao banheiro para mijar. No banheiro feminino. Quando eu vi aquela mulherada ao redor, não me fiz de rogado: fiz a linha São Sebastião e desmaiei. Quer dizer, fingi que desmaiei (risos).


Fui almoçar com Padilha e Jô no SESC Belenzinho. Nessa neura de evitar comer comida gordurosa, passei a frequentar a unidade para comer bem. São muito profissionais e levam a sério a qualidade do que você come lá. Como passei primeiro pelo caixa pra pesar meu prato, fui atrás de uma mesa com 3 lugares. Eles usam aquelas mesas estilo balcão, criando um ambiente informal, para você, se quiser, interagir com a pessoa ao lado que você não conhece. Avistei 3 cadeiras e ao lado delas, dois “homens” vestidos com a mesma camisa, estilo uniforme. E é claro que me sentei ali (risos). Sinalizei para Padilha sentar, junto com a Jô. E a informalidade é ótima nessas horas. Você paquera naturalmente sem esperar o retorno dela. Quando nos sentamos, fiquei observando os dois colegas conversarem. Mas quando um “deles” abriu a boca dizendo: “Ah, não menina (risos). Não deixo barato, não meu bem. Eu NÃO VOU fazer o relatório, TÁ? (risos). Eram duas queridas. Quebrando a maior louça ao nosso lado. São boas apenas pra fazer manicure.



Fomos tomar um café no outro prédio da unidade. Tem uma vista arrojada do Belém. Quer dizer, só vemos prédios de arquitetura sofrível, que intensificam a feiúra ao redor cobrindo a linda vista da Serra da Cantareira. Na saída, a caminho da piscina do Belenzinho, encontro Belma Ikeda acompanhada do rapper Xis. E que coincidência boa: era aniversário dela. Batemos um papo rápido, eles estavam indo a uma reunião para falar sobre um projeto de hip hop. Xis é uma gracinha. Deu vontade de estender o papo com eles, mas estava terminando meu horário de almoço. Fica pra next.



quarta-feira, 12 de agosto de 2015



Combinei com minha irmã de jantar em sua casa, num fim de semana. Pra chegar até sua casa, na Vila Mazzei, é uma viagem expressa. Pega-se o metrô até a estação Tucuruvi e um ônibus. Uma pequena viagem de 40 minutos. Durante o percurso, me joguei no Ipod para não ter que estabelecer relação com ninguém. Mas a três estações antes de chegar no ponto final, sentou um menino bem interessante. Estilo Grahan Coxon, do Blur. Só que (risos) antes do alcoolismo. Com uma criança a tiracolo. Nos olhamos rapidamente, mas fiquei na minha. Depois, dentro daquele jogo de sedução em que você olha pra alguém jurando que a pessoa não vai olhar e ela olha no mesmo timing, gelei e fiquei na minha, me achando velho para estabelecer uma paquera.


Mas o Cupido resolveu insistir para tentar fazer esta pequena criança aqui, em busca de luz na escuridão, feliz. A uma estação, antes de chegar em meu destino, o moleque deixou sua bolinha cair no chão. Eu olhei pra ele, que olhou pra criança, que olhou pra mim, que me deixou sem graça e que me fez novamente olhar e ver ele me olhando. Só que aí todos que estavam próximos ficaram olhando para nós. Me fiz de rogado, fiz a phyna, me levantei e peguei a bolinha do menino. Só que (risos) o metrô deu uma brecada e eu fui parar longe. Ainda bem que não caí. Ou não, afinal o jovem mancebo poderia ter me ajudado a levantar. Acho que o Cupido estava em fase de experiência (risos).  Quando entreguei o brinquedo a ele, novamente nos olhamos e para quebrar o gelo perguntei se a criança era seu filho e ele respondeu que sim, com um tímido sorriso. Tentei criar uma conexão com o menino, mas o catarrento não quis papo. Perguntei o nome dele e o jovem pai respondeu que era Arthur. Me levantei, pois estava agachado e tinha me esquecido que a maldita hérnia inguinal estava criando uma situação de desconforto. Me levantei e sentei em frente ao rapaz, que ficou fazendo graça, pedindo pro moleque me agradecer. Só que a cria não me deu bola. Fiquei olhando para ele com ternura. E o chibateando muito em praça pública no Irã, mentalmente.

O vagão se abriu e não me despedi. Quando passei na catraca, dei uma olhada para trás. O bofe estava me olhando. Saí pela esquerda, em direção ao terminal, mas o guapo foi para outro lado. Fiquei um pouco deprimido, mas já estou calejado. Em poucos segundos, entrando pelo shopping, vi as pessoas me olhando e comentando a camiseta que estava vestindo. Eu usava uma bem transada, com vários heróis e vilões da Marvel. Pelo jeito, a beasha da Thor botou o martelo pra funcionar e levantar minha auto-estima.



terça-feira, 11 de agosto de 2015



Chegamos ao Teatro Promon, no aguardo de “Bilac vê estrelas”. Tato foi buscar nossos convites, enquanto sentávamos para descansar. Em frente à porta de acesso ao teatro, que ainda estava fechada, tinha uma espécie de um negócio que não sei bem o nome. Digamos que seja (risos) uma “intervenção” para o público entrar no clima, na atmosfera do espetáculo: a reprodução de dois personagens da peça sem o rosto. Bingo. Pra você adentrar ao mundo de Bilac, bastava colocar seu rosto nesses buracos, dar um flash e pronto: poderia se divertir lindamente, postando sua performance no Instagram.  Como não me interessei em colocar meu rosto ali, com medo dele nunca mais sair de lá, fui tomar um café. Ju foi ao toilette e Tato me acompanhou. Chegando ao balcão, dois atendentes, um moço moreno canela e uma mocinha educada, porém apática. Não preciso dar detalhes para quem eu pedi um expresso com leite, não é mesmo? Perguntei ao mancebo “tem água com gás, gatão”? Ele sorriu e disse que sim. E me agradeceu pelo gatão. Tato pediu um cappucino. Decidi não pedir nada e fiquei me divertindo, flertando com o bofe. Nos sentamos, quando Juçara voltou do toillette. Ficamos sentados, ouvindo um som alto, dentro da plateia. Como adoro observar o que está em volta, fiquei na espreita, até que me levantei e disse a eles: “Vou ao toillette. Não dêem a Elza nas minhas coisas, heihn?!”(risos). Passei novamente pela cafeteria, peguei meu expresso com leite, flertei mais um pouco com o guapo do balcão, mas já estava um pouco cheio e achei melhor voltar ao meu acento.

Ju e Tato ficaram tirando fotos. Fiquei sentado vendo a peripécia deles, quando me atentei a um fato no mínimo surreal: vi um casal sentado e a mulher tirava várias fotos deles, sempre em frente a algo. Ela tinha a missão de criar o ambiente pra foto ficar bacana. Ficava pedindo para o marido ficar do jeito que ela queria pra foto sair bonita. Até aí, morreu Neves. Só que (risos) ela começou a andar com esse marido por todos os cantos do foyer, incluindo a tal “intervenção” no meio do saguão. Fez o coitado enfiar a cabeça dentro do boneco. Mas ele era baixo demais. Ficamos inertes vendo a cena e o desespero do moço por notar o constrangimento que poderia estar causando. Se bem que (risos) ele não deveria ter tido esse tipo de preocupação. É que (risos) ele era cego. Mas eu juro que não ri da situação. Ok, ri um pouquinho, mas mentalmente. Disfarcei bem.



A porta da sala se abriu e entramos aos nossos lugares. A Ju me contou que o Tato tinha feito a preparação vocal da Amanda Acosta, uma das atrizes do grupo. Ela participou de um grupo infantil famoso nos anos 80. Pausa para um nomento insight de um devaneio nostálgico da minha infância e pré-adolescência



A sala não estava lotada, mas cheia. Ficamos conversando, rindo bastante enquanto o espetáculo não começava. Do nada, desceu uma tela que imaginamos que seria para falar sobre as normas de segurança. Porém, para nosso espanto, começou a rodar um vídeo sobre tratamento de câncer. Imagine você ir com sua família, assistir a uma peça jovial, alegre, para colorir o dia e eles colocam (risos) pessoas com essa doença nociva. E a cara de desolação delas. É pra traumatizar qualquer criança que estava lá. Nada mais sutil. Realmente o bom senso foi sepultado naquele momento.



E o espetáculo realmente me cativou. Apreciei cada minuto da história, sem olhar para o tempo. Fugia totalmente desse padrão horrendo de Broadway, que a maioria dos musicais brasileiros adoram mostrar. “Bilac vê estrelas”, graças a Deus vai na contramão dessa subserviência colonialista que temos frente ao império ianque. É uma peça com elementos da cultura brasileira. Personagens genuinamente brasileiros, como José do Patrocínio, Santos Dumont e o vesgo Olavo Bilac. O enredo simples tinha tudo para derrubar a montagem, mas com uma direção impecável, com ótimo cenário, bons figurinos, com uma narrativa ágil e elenco bem afiado em toda a variedade de linguagens utilizadas pela trupe, seja na música, na dança e na interpretação cênica. Foi um colorido necessário para a tarde cinzenta e nublada que fazia.

Ao final, muitos aplausos e elenco emocionado. Eram as últimas apresentações da peça. Ficamos aguardando Amanda sair. Ela abraçou fortemente Tato. Estava apreensiva em ver seu tutor ali, assistindo sua aluna. Ele rasgou elogios. Eu a abracei e agradeci a ela pelo colorido que ela tinha colocado pra gente. Estava visivelmente emocionada. Nem me lembrava como tinha conhecido, apesar da música do Trem da Alegria ficar martelando durante todo o tempo que ficamos conversando. Tem horas que a atemporalidade serve como uma brisa boa, sem a gente se preocupar com a realidade. Que bom que a imaginação existe.


Saímos em direção à avenida para pegarmos algum ônibus que nos levasse à região central. Sou péssimo na geografia da cidade e não fazia idéia de onde estávamos. Pegamos o primeiro que vimos, pra variar. O cobrador era um charme. Perguntei ao motorista por onde ele ia e nos respondeu que entraria na Brigadeiro Faria Lima. Tato sugeriu de descermos no ponto da estação Faria Lima, do metrô. Tentei criar um texto com o cobrador, que dizia que era jogador de futebol. Até queria pegar o contado dele, mas ele falava muito alto e poderia queimar o filme. Imagine eu perguntando se ele poderia me passar seus contatos e ele dissesse AH, CLARO QUE EU TE PASSO MEUS CONTATOS (risos). Poderia ser apedrejado, não? Decidi deixar a imaginação fluir: com ele, com o moço do café, com Bilac, com Tato e com Juçara. E realizando bem esse dia.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015


Cheguei pontualmente às 16h em frente à casa de Tato. Pelo fato de não conhecê-lo, sempre fica aquele leve incômodo de se entrosar de forma protocolar, num primeiro momento, com uma pessoa que você está prestes a conhecer. Interfonei avisando que estava na porta. Eles desceram, Juçara nos apresentou. Ele me pediu para que eu tirasse meus óculos, o que detestei fazer, afinal óculos de sol, nessa ocasião, é um poderoso aliado. Tirei para não fazer a linha Britney surtada. Fomos caminhando pela Caio Prado, em direção à Nove de Julho. Juçara fez a linha mediadora de debates (risos). Ele falava de um assunto que só eles entendiam e ela conversava com ele; Eu fazia a egípcia e fingia que estava tudo bem, mas já pensando que nossa relação estava fadada a ir pro bueiro. Coisas de gente dramática (risos). E fatalista, como minha amiga Ju. Também comentava sobre assuntos nossos e ele ficava atento, me estudando.


 Quando chegamos no corredor de ônibus, estava seguro que eles sabiam que ônibus pegar. Quando o ônibus chegou, Tato foi perguntar ao motorista se o ônibus iria até a avenida Juscelino Kubitschek. E aí eu não entendi nada (risos). Quer dizer, se eu vou a um lugar, já me informo que ônibus, ou metrô pegar para chegar lá. Para nossa sorte, quando o próximo ônibus parou e Tato perguntou sobre nosso destino, o gentil motorista disse para subirmos. E depois disso, a relação esquentou. Literalmente (risos). Fiquei na frente com eles, na ala de “melhor idade”. Sentei-me ao lado de Tato e Ju ficou de frente pra nós. Do nada, Tato tirou seu cartão profissional, mas de forma bem performática: ele ateou, de forma mágica, fogo no cartão. Eu adorei. Principalemte em ver  a cara do policial que estava conversando com o motorista naquele exato momento. Fora o semblante de “congela!” da cobradora. Pensei que ela estava tendo um AVC. Como falei, a relação esquentou de vez (risos)

Ficamos papeando sem nos darmos conta onde iríamos descer. Me joguei no Goggle Map pra ele mapear o lugar ao redor. Mas como Juçara é pilhada, ela (risos) ficava toda a hora levantando, indo até o motorista para saber se o ponto estava chegando. O motorista deve ter nos achado no mínimo estranhos. Um bando de mambembes.

              Obra de Chivitz e Minhau, nas proximidades da Juscelino Kubitschek

Enfim, descemos no ponto próximo à avenida Juscelino Kubitschek. Paramos em frente a umas pinturas de grafite. Eu amo grafite. Sua intervenção pop naquela região é extremamente necessária, em contraste com a arquitetura equivocada do lugar. Fiquei me perguntando: será que as grandes incorporadoras contratam realmente arquitetos para construir aquele monte de obscenidades que eu me recuso a chamar de obra arquitetônica? Era um festival de horrores. A Juscelino Kubittschek é o supra sumo arquitetônico do mal gosto. Um aborto faraônico. Mas estávamos alegres, saltitantes e animados com a boa troca de energia entre a gente. A jornada ao mundo de Olavo Bilac estava só começando. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015


Depois de uma imposta reclusão, pude, enfim, respirar o roteiro cultural de fim de semana em julho. Nem acreditava que poderia dar minhas borboletadas pela rua, depois da trégua da deusa Hérnia. Até porque ser humano algum aguentaria ficar sem o mínimo de prazer. Já estou pagando meus pecados pela diminuição da libido. E ainda ter ficado em repouso por dias. Não pensei duas vezes e apelei para minha santa de devoção, Santa Rita de Cássia, padroeira das causas impossíveis. Pedi para ela deixar eu voltar a dar minhas perambuladas culturais. Depois de alguns dias (ela gosta de me torturar um pouco) ela aquietou a hérnia. E eu pude sair da toca. Achei que ela não me atenderia, pois é temperamental. Acho que (risos) a chaga da testa dela não estava latejando tanto.

Com o friozinho que a cidade estava semana retrasada, tinha já combinado durante a semana com Juçara para irmos ver uma peça. Ela queria me levar para assistir “Bilac vê estrelas”. É um musical. E eu, digamos, não sou fã de musical. Mas para controlar minha intransigência – com medo de ser castigado pela Santa de devoção, aceitei o convite. Combinamos de nos encontrar na casa de um grande amigo dela, o Tato. Ele é preparador vocal. Disse que iria almoçar antes e que me encontrava com eles às 16h. Ju sugeriu que eu passasse na casa de Tato para pegá-los. Me colei, ao som de um música que namorava perfeitamente com o clima bucólico que a Paulicéia se encontrava no pós feriado de 9 de julho.

Na pressa, fui ao pátio Higienópolis almoçar no Galetos. Sabe quando você fica com aquele gosto na boca de um determinado tipo de comida e que só essa comida irá te saciar? Pois bem, caminhei até lá para degustar o clássico galeto da rede. Quando cheguei estava lotado, mas o mâitre rapidamente me atendeu e me colocou numa mesa bem estratégica por sinal. Mas só tinha ebó de encruzilhada. Ninguém de interessante. Tinha um casal de bichas velhas com aquele ar blasé. Elas não se falavam. Por falta de assunto, começaram a ler os meus jornais. Só que eu ainda estava lendo. É tão estranho duas pessoas que possuem uma relativa convivência não conversarem. Nem no celular mexiam. Quer dizer, acho (risos) que eles nem sabem mexer no whatsap. São as agruras da intelectualidade dos “filisteus da cultura”.

Santa Lady Gratham, rogai por nós

Foi aí que avistei uma pessoa de costas e deduzi que a conhecia. Era Rosana, gerente de Ação Cultural do SESC. Fui até sua mesa cumprimentá-la. Ela estava com sua mãe, que é uma fofa. Disse um oi e ela retribuiu dizendo que já tinha me visto e que me daria um beijo na hora de ir embora. Já estava pagando a conta. Sua mãe queria pagar, mas eu falei para ela deixar a filha mimá-la. Quando voltei  para minha mesa, me lembrei que o primeiro projeto que cuidei quando entrei no SESC foi com ela, na última edição do Movimentos de Dança.  Foi um belo aprendizado. Principalmente porque eu não sabia nada de dança. E foi aí que conheci a Juçara, por telefone. Ela é um patrimônio histórico na história da dança em suas mais variadas vertentes – clássica, moderna, contemporânea. Me deu uma senhora contextualizada sobre o que é dança. De Merce Cunninghan à Marika Gidali. De Isadora Duncan, passando por Trisha Brown, Pina Bausch e Hulda Bittencourt. Foi uma delícía de áudio aula. Trabalhamos juntos anos depois no teatro do SESC Vila Mariana. Fui chefe dela na coordenação da programação do teatro. E nos divertíamos horrores. Foi lá que recebemos inspiração para criarmos alguns personagens que já cheguei a comentar aqui no Diário (quer saber das nossas performances? clique aqui http://omundodelira.blogspot.com.br/2015/04/brumadinho-inhotim.html.)


Depois de saborear um belo galeto, acompanhado de um bom vinho alentejano, fui caminhando pela avenida Higienópolis, rumo à casa de Tato. Estava feliz por voltar a caminhar, contemplar a arquitetura dos belos prédios, enfeitados por uma bela paisagem arborizada. E eu nem imaginava no belo presente que foi esse dia, na volta do insofismável roteiro cultural. (continua)  

quinta-feira, 6 de agosto de 2015




Enquanto assistia à final da Copa Libertadores da América, entre River Plate, da Argentina e Tigres, do México, recebi a visita surpresa de Max. Quis passar em casa para dar um “oi”. Só que eu não estava a fim de receber visita nenhuma. Detesto esse tipo de surpresa. Afinal, estava vendo o jogo e dando uma organizada na minha agenda. Aí tive que parar de escrever e deixar de ver o jogo, para dar atenção ao moço. Foi engraçado a forma como nos conhecemos, no mês passado. Tinha descido para comprar pão na padoca e passei antes na banca de revistas para comprar jornais e revistas. Enfim, algo para me entreter, já que estava de resguardo por causa do meu “desgaste gastro muscular”. Dando uma folheada na revista Kaza, percebi que estava sendo observado. Nessas horas, meu sétimo sentido bixístico instala um olho até no rabo, para fazer um mapeamento ao redor. Percebi um jovem rapaz dando uma bela encarada. Retribuí com um sorriso e dei meia volta, quando ele me abordou. Foi rápido e me perguntou se havia uma padaria perto da banca. Eu indiquei uma padoca bem ruinzinha, mas logo me arrependi. Ele achou graça quando mencionei a palavra “padoca”. E eu me perguntei se ele morava em Urano, afinal todos sabem o que é uma padoca. Sugeri outra na Baronesa de Itu. Deu um sorriso maroto e me convidou para tomar um café com ele. Fiquei sem saber o que fazer, pois não podia caminhar tanto. Só se (risos) ele me rebocasse. Por fim, resolvemos tomar um lanche no estabelecimento sofrível perto de casa.

A conversa foi bem agradável. Ele tinha boa desenvoltura pra idade dele, o que já me fez desconfiar. Quando a esmola é muita, o santo tem que desconfiar, sim. Falou que tinha acabado de voltar ao Brasil. Sem deixá-lo terminar seu raciocínio, perguntei por que diabos ele decidiu voltar pra essa terra de ninguém. Aí ele me respondeu que tinha feito intercâmbio na Irlanda. Dei uma risada e brinquei: “ah, a terra dos duendes”. E ele (risos) ficou sem entender o que eu disse. Como vi que era meio burrinho e percebi que a impressão que ele quis causar era mera maquiagem, relaxei e continuamos o papo. Ele gentilmente pagou a conta e me levou novamente pra casa. Como ele andava rápido tive que dizer a ele que estava com “dor nas juntas”. Andamos devagar e ele me deixou em casa. E o resto, fica nas entrelinhas.


Voltando ao dia do jogo, ele subiu para dar um oi. Como também gostava de futebol, vimos um pouco o jogo. Disse que odeia os times da Argentina. Mas eu estava torcendo para o River Plate. Perguntei que time ele torcia e quando ele me respondeu que era são-paulino, decidi relevar o atrevimento dele contra nosotros hermanos. Com o time tricolor em comum, colocamos na pauta mais um capítulo de qualquer livro de Camile Paglia. O problema é que (risos) ele tinha falado para o primo dele que ia passar no supermercado. Perguntei a ele se por acaso tinha justificado para o tal primo que iria comprar “chouriço com ovos” (risos). Ele não quis perder tempo com a réplica. Entrelinhas strikes again.


Feito o “fato consumado”, continuamos a conversar e do nada, com minha veia jornalística, comecei a entrevistá-lo. Me deu vontade de fazer o que Andy Warhol fazia nos anos 70: levava seu gravador para registrar algum papo com alguma pessoa que ele achava interessante, seja lá onde ele estivesse. Max ficou reclamando da poluição de  São Paulo que está em situação crítica. Ele não parava de ter corizas, chorava feito porco pelo nariz. Sem perder a concentração na “entrevista”, perguntei se ele namorava alguém. Meio sem jeito, respondeu que era casado. Perguntei quem era a felizarda e então, com os tambores e as trombetas rugindo, respondeu que a felizarda era uma travesti. E a faminta catou ele quanto tinha apenas 17 anos! Essas perigosas realmente não dormem em serviço. Num rápido flash, juntei toda sua historia de intercâmbio e voltei a achar tudo muito suspeito. A trava estava com ele na Irlanda. E não foi lá para vender Tupperware, né? (risos)

E o River meteu 3 gols no Tigres. Só assim para me recompor.


quarta-feira, 5 de agosto de 2015


A hérnia minha de cada dia demorou para dar uma trégua nesse mês enfadonho que foi julho. Com a descoberta da dita cuja, cheguei a ficar acamado e dias de repouso, além de idas ao hospital. O pior de tudo é que não há remédio para sanar ou pelo menos amenizar a dor. Também com um nome desses como doença. Não parece nome de alguma deusa da mitologia grega? Hérnia,a deusa da inconveniência (risos). E da falta de libido também. Como ela me faz querer mijar toda hora, fica difícil conciliar o tesão com as vias urinárias urrando para sair o jato. E aí sai aquele pingo de xixi. Já é o preparo para me acostumar com a (risos) incontinência urinária na 3ª, 4ª, última idade.


Como não posso fazer esforço físico, tive que dar um tempo com a atividade física. Tinha voltado dois meses antes da “grande descoberta”. Sim, eu voltei mesmo a fazer condicionamento físico. Consegui uma vaga no SESC Consolação e estava super feliz e animado com os exercícios dados pelo meu instrutor. Ele é uma graça. Se chama Vinícius. Logo na primeira aula, ele me perguntou o que queria e eu pensei: “quero você” (risos).  Disse que queria apenas perder uma gordura localizada na barriga e alguns exercícios que não me fizessem enjoar de ir à academia. Ele sacou logo o que pedi e fez uma sequência ótima de exercícios, priorizando os aeróbicos. Ficamos conversando sobre viagens e falei que estava muito a fim de conhecer a Chapada das Mesas. E olha só a estranha e boa coincidência do momento: ele nasceu em uma cidade – que agora não lembro o nome, ao sul do estado do Maranhão, próximo a Chapada. Me deu ótimas dicas. Mas a que mais gostei é de que há uma linha ferroviária de Imperatriz até São Luís. E eu adoro viajar de trem. Acho uma pena o Brasil não investir em linhas ferroviárias. Adoro sentir aquele vento quente estapeando a cara, enquanto se contempla a paisagem (no caso) semi-árida do Nordeste. O Brasil nos permite enxergar a beleza em seus contrastes, seja nas águas verde-esmeralda do litoral nordestino, ou na caatinga do cerrado centro-oeste. Em qualidade de paisagens, a beleza do Brasil é plural.

                                  Praia de Tourinhos - São Miguel do Gostoso -RN

E ontem, zapeando rapidamente a insossa TV paga, dei uma zapeada no programa “Papo de segunda”, no GNT. Marcelo Tas fez um acerto em sair daquele sofrível CQC. Para o CQC voltar a ser o que era, só injeção de adrenalina na veia. Se bem que programas de humor, de forma geral, tem pecado pelos roteiros deprimentes e pela forma desses roteiristas menosprezarem nossa inteligência. Programa de humor com excesso de produção e falta de humor? Alguém ressuscite o Chico Anysio, pelo amor de Painho!



Voltando ao Papo de segunda, o programa é bem estruturado, com ótimas colocações dos convidados em questão. É ágil, sem perder o fio condutor do assunto em questão para não deixar o telespectador sem entender do que está falando. Isso se chama respeito. Ponto para eles. Léo Jaime, Xico Sá e o guapo João Vicente Castro tem uma ótima química. E Marcelo Tas tem liberdade garantida para provocar os meninos. Em um dos assuntos, a nitroglicerina do dia em questão foi a prisão do José Dirceu. E o Marcelo Tas perguntou: “José Dirceu foi preso. Mas como assim, um preso receber ordem de prisão?” E o João Vicente com sua rapidez de raciocínio falou que (risos) no caso do Dirceu, um preso que estava indo preso significa que os outros presos não poderiam fazer visita a ele. Eu quase me comovi (risadas malignas).

terça-feira, 4 de agosto de 2015


Não escrevo no blog desde abril de 2015. Poderia relatar justificativas para maquiar umas situação, mas na real fiquei com um certo bloqueio em compartilhar a intimidade do dia a dia. Na verdade, escrever sobre o cotidiano, sobre as pessoas de meu convívio e até aquelas que sem saber se tornaram pauta do blog, me deixou com uma sensação de desconforto, pois me despia diariamente, o que me fez sentir bastante vulnerável. E acredito que não só eu como muitos se incomodam quando a ideia de se desnudar nos faz correr o risco de escancarar nossa fragilidade. Colocar nossas fraquezas é necessário para evolução da espécie humana. Mas demorou bastante para eu acordar e ver o quanto isso me fez bem, de uma certa forma. Precisei voltar ao meu casulo pra concluir o quanto que mostrar minha fragilidade foi um bem necessário. Perdi muitos assuntos para comentar. Fui testemunha de muitas histórias engraçadas que aconteceram em diversos espaços e tempos. Tive perdas, algumas descobertas um tanto incovenientes, mas sempre sem perder o bom humor, para o bem da minha pele. E para dar um  restart (risos), uma música para relaxar o esfíncter e tentar resumir alguns assuntos que passaram como uma poesia de Mário Quintana, na qual me dou o atrevimento de me inspirar:

Eles passaram. 
E eu, passarinho.



Sigo firme e forte na terapia. Ela tem me ajudado bastante a refletir sobre o stress da modernidade tardia (sublinhei pra pegar emprestado essa citação de Nietszche). Tenho me tornado menos intransigente com as pessoas. Em contrapartida, tenho refletido sobre o conceito do que de fato é amizade para mim e para meus amigos. Ou para os que apenas dizem que são. É impressionante você ver o tamanho do egoísmo das pessoas. Elas não se interessam nem um pouco pelo que você faz ou deixou de fazer. Elas já despejam o entulho que elas mesmas criam e acham que você tem a obrigação de limpar. O que elas pensam que sou?  A Tangina, de Poltergeist?! Então decidi colocar como mantra para lidar em minha relação com meus amigos dois ditados: 1 – não alimento mais nada que não seja recíproco e 2 – vou trata-lo(a) da maneira que ele(a) mereça ser tratado(a). Se isso vai fazer um bem para elas, eu não sei e também não me importo. O importante é que seja bom para mim.  E tem me feito muito bem.



Nessa ausência em escrever, centrei esforços para a leitura. Tenho lido muito, já que a televisão não anda ajudando muito, no que diz respeito à qualidade de sua programação. É lastimável você ver a TV despejar, impor um pacote de porcarias que beiram ao suicídio coletivo. E eu estou falando da TV paga, porque a TV aberta já está sepultada há tempos. Como diz minha avó, “está puxado, viu”(risos). Depois de Clarice Lispector e Schopenhauer, comecei a ler “Tratado sobre a Tolerância”, de Voltaire. A situação do incômodo foi latente e me deixou bem apreensivo, tamanha a atualidade e força que o ensaio desse grande pensador possui. Tão necessário para os dias de intolerância que vivemos, devido à ignorância das pessoas em distorcer e/ou omitir a verdadeira informação. E graças a...bingo! Falta de leitura. E de educação. São as ironias da modernidade tardia.

E pra completar, descobri mês passado que tenho uma hérnia inguinal bilateral. Chique o nome, não?! Estava tendo alguns sintomas e decidi ligar para  Manu, um querido amigo  médico. Pela sua experiência, pediu para fazer alguns exames específicos. Ele já deduzia que se tratava de uma hérnia, mas achou melhor averiguar. Cheguei a ficar acamado, com febre e dores. Além da inguinal, tenho uma hérnia umbilical também. O pacote hereditário de defeitos começou com o pé direito, com a quase chegada da idade da loba.  Mas se tudo der certo, entro no bisturi esse mês pra retirar tudo e ficar soltinho pra me recuperar bem, afinal setembro está chegando e estarei de férias.



E de resto, meu diário estará aberto. Não sei se todos os dias.  Mas garanto que o medo de ficar vulnerável passou. No caminho de volta para casa ontem, peguei o metrô, que aliás, estava um cheiro insuportável.  Fedendo perfume Tabu com queijo curado da Serra da Canastra (risos). Me joguei nos “Sermões” do Padre Antônio Vieira e o texto falava de confissão. E foi inspirado no sermão desse sábio senhor, que me motivei a voltar a escrever o blog. E que essa motivação tenha duração a longo prazo. Assim espero.



E pra fechar a (risos) terapia de hoje, termino com uma notícia um tanto curiosa: com a prisão de José Dirceu, li que (risos) vários petistas farão hoje uma vigília em frente ao Supremo Tribunal Federal por causa de sua prisão. Mas desde quando que o Supremo virou Igreja? Aí eu não me aguentei e fiz o seguinte comentário: “Vigília pra que? Por acaso eles vão rezar um Terço? Se bem que (risos) no caso de Dirceu, vai ser preciso muuuuuuuuuuuitos rosários meditados. Que Deus tenha complacência de sua alma. A dele e de toda máfia que ele criou.