Fiquei
sabendo na terça-feira que meu convênio de saúde tinha autorizado parcialmente
a cirurgia da hérnia. Nem preciso dizer como estava minha taxa de mal humor.
Até porque estava alternando momentos de apreensão com momentos de pura
ansiedade. Fora que tinha muita pendência para resolver na TV. Liguei no
consultório do Dr. Iron para saber o andamento da autorização. Até porque ninguém do consultório entrou em contato
para dar um reles retorno da situação. Perguntei “a que pé estamos” e a
secretária começou com aqueles devaneios típicos de quem não está a par do
caso, não sabe o que está acontecendo e começa a tentar inventos mirabolantes
de argumentos em processo contínuo. Por mais que você queira enfiar a cabeça da
jumenta na privada pra ver se o cérebro pega no tranco, ainda preciso ter
paciência pra explicar para a “Barbie Disritmia”, da necessidade de agilizar
logo a questão, afinal a cirurgia já está marcada. É uma pena a pessoa usar
apenas um neurônio para trabalhar. Pena que o tratamento de choque foi extinto.
Tem gente que só funciona no 220 volts, mesmo.
E
o tempo continua insuportavelmente seco. Já imagino como vai ficar a Paulicéia
quando entrarmos no verão. Tive que comprar um Rinosoro mais concentrado, mas
borrifo muito pouco, porque arde muito. É como jogar qualquer produto Granado
no rabo: arde que até dói quando você senta. Tenho usado muito protetor solar
facial e labial. Ah, e bastante hidratante corporal. Como meus P.A´s tem vindo
aqui em casa na parte da manhã, com medo (risos) que eu bata as botas,
aproveito para tomar uma bela ducha e me jogo nos hidratantes. Ganhei de brinde
da Boticário um hidratante corporal “cheiros do Brasil”. É realmente
refrescante.
Passei
no Engenhão antes do batente para pegar um pão de queijo e um suco de laranja.
Peço sempre para bater com gelo no liquidificador. Roni sempre fica com aqueles
galanteios ralos. Ele sempre fica me cantando, mas na prática, na hora do vamos
ver fica parecendo uma freira carmelita. Mas o floral ajuda a me conter e ficar
apenas fazendo cara de quarta parede: olho para um ponto fixo na parede e saio
do meu corpo. Como não respondia à suas cantadas de boteco da baixada da rodô,
um ser da linha de esquerda da umbanda que estava no balcão começou a dizer que
eu não dava bola porque Roni não era macho e que se eu saísse com um macho de
verdade, eu não iria “ingnorar”,
enfim, essas brincadeiras estranhas. Continuei com a cara de quarta parede, mas
dei uma olhada de quina no ser. Nessas horas óculos de sol é uma arma
extremamente poderosa. Me lembrei que ele trabalhava na pizzaria Ideal, do
outro lado da rua. Pedi para apressar no meu pedido, pois tinha uma reunião e
não poderia me atrasar (mentira!). O ebó me chamou pra sair, que me daria “um
trato” e perguntou quando poderíamos “dar uma volta”. Apesar de eu nunca ter
dado abertura pra esse tipo de conversa, com meu pedido já em mãos, olhei para
ele e disse “Agosto de Deus”. Mas antes do senhor se animar, emendei, com
direito a mostrar de forma gestual: A GOSTO de DEUS, que é NUNCA! Sujeitinho
mais escroto.
E
ontem, quarta-feira, com aquela afobação de ter que resolver tudo e na prática
não ter resolvido quase nada, tive que encarar uma reunião fora da TV, o que me
deixou mais preocupado. Não consegui despachar com meu gerente, mas estava na
expectativa de encontrá-lo na abertura do Festival Internacional de Curtas. Durante
a reunião sobre o lançamento das estreias da programação do SescTV, o alívio se
instaurou: recebi a ligação do ok do meu plano de saúde. Reunião terminada,
subi até a Paulista e comecei a sentir aquelas fisgadas. Tive que declinar
minha ida no Festival e me preparar para o dia D, pra dizer em negrito e
sublinhado: hérnia, sai desse corpo que ele não te pertence.
E que Deus me proteja.