quinta-feira, 6 de agosto de 2015




Enquanto assistia à final da Copa Libertadores da América, entre River Plate, da Argentina e Tigres, do México, recebi a visita surpresa de Max. Quis passar em casa para dar um “oi”. Só que eu não estava a fim de receber visita nenhuma. Detesto esse tipo de surpresa. Afinal, estava vendo o jogo e dando uma organizada na minha agenda. Aí tive que parar de escrever e deixar de ver o jogo, para dar atenção ao moço. Foi engraçado a forma como nos conhecemos, no mês passado. Tinha descido para comprar pão na padoca e passei antes na banca de revistas para comprar jornais e revistas. Enfim, algo para me entreter, já que estava de resguardo por causa do meu “desgaste gastro muscular”. Dando uma folheada na revista Kaza, percebi que estava sendo observado. Nessas horas, meu sétimo sentido bixístico instala um olho até no rabo, para fazer um mapeamento ao redor. Percebi um jovem rapaz dando uma bela encarada. Retribuí com um sorriso e dei meia volta, quando ele me abordou. Foi rápido e me perguntou se havia uma padaria perto da banca. Eu indiquei uma padoca bem ruinzinha, mas logo me arrependi. Ele achou graça quando mencionei a palavra “padoca”. E eu me perguntei se ele morava em Urano, afinal todos sabem o que é uma padoca. Sugeri outra na Baronesa de Itu. Deu um sorriso maroto e me convidou para tomar um café com ele. Fiquei sem saber o que fazer, pois não podia caminhar tanto. Só se (risos) ele me rebocasse. Por fim, resolvemos tomar um lanche no estabelecimento sofrível perto de casa.

A conversa foi bem agradável. Ele tinha boa desenvoltura pra idade dele, o que já me fez desconfiar. Quando a esmola é muita, o santo tem que desconfiar, sim. Falou que tinha acabado de voltar ao Brasil. Sem deixá-lo terminar seu raciocínio, perguntei por que diabos ele decidiu voltar pra essa terra de ninguém. Aí ele me respondeu que tinha feito intercâmbio na Irlanda. Dei uma risada e brinquei: “ah, a terra dos duendes”. E ele (risos) ficou sem entender o que eu disse. Como vi que era meio burrinho e percebi que a impressão que ele quis causar era mera maquiagem, relaxei e continuamos o papo. Ele gentilmente pagou a conta e me levou novamente pra casa. Como ele andava rápido tive que dizer a ele que estava com “dor nas juntas”. Andamos devagar e ele me deixou em casa. E o resto, fica nas entrelinhas.


Voltando ao dia do jogo, ele subiu para dar um oi. Como também gostava de futebol, vimos um pouco o jogo. Disse que odeia os times da Argentina. Mas eu estava torcendo para o River Plate. Perguntei que time ele torcia e quando ele me respondeu que era são-paulino, decidi relevar o atrevimento dele contra nosotros hermanos. Com o time tricolor em comum, colocamos na pauta mais um capítulo de qualquer livro de Camile Paglia. O problema é que (risos) ele tinha falado para o primo dele que ia passar no supermercado. Perguntei a ele se por acaso tinha justificado para o tal primo que iria comprar “chouriço com ovos” (risos). Ele não quis perder tempo com a réplica. Entrelinhas strikes again.


Feito o “fato consumado”, continuamos a conversar e do nada, com minha veia jornalística, comecei a entrevistá-lo. Me deu vontade de fazer o que Andy Warhol fazia nos anos 70: levava seu gravador para registrar algum papo com alguma pessoa que ele achava interessante, seja lá onde ele estivesse. Max ficou reclamando da poluição de  São Paulo que está em situação crítica. Ele não parava de ter corizas, chorava feito porco pelo nariz. Sem perder a concentração na “entrevista”, perguntei se ele namorava alguém. Meio sem jeito, respondeu que era casado. Perguntei quem era a felizarda e então, com os tambores e as trombetas rugindo, respondeu que a felizarda era uma travesti. E a faminta catou ele quanto tinha apenas 17 anos! Essas perigosas realmente não dormem em serviço. Num rápido flash, juntei toda sua historia de intercâmbio e voltei a achar tudo muito suspeito. A trava estava com ele na Irlanda. E não foi lá para vender Tupperware, né? (risos)

E o River meteu 3 gols no Tigres. Só assim para me recompor.