quarta-feira, 12 de agosto de 2015



Combinei com minha irmã de jantar em sua casa, num fim de semana. Pra chegar até sua casa, na Vila Mazzei, é uma viagem expressa. Pega-se o metrô até a estação Tucuruvi e um ônibus. Uma pequena viagem de 40 minutos. Durante o percurso, me joguei no Ipod para não ter que estabelecer relação com ninguém. Mas a três estações antes de chegar no ponto final, sentou um menino bem interessante. Estilo Grahan Coxon, do Blur. Só que (risos) antes do alcoolismo. Com uma criança a tiracolo. Nos olhamos rapidamente, mas fiquei na minha. Depois, dentro daquele jogo de sedução em que você olha pra alguém jurando que a pessoa não vai olhar e ela olha no mesmo timing, gelei e fiquei na minha, me achando velho para estabelecer uma paquera.


Mas o Cupido resolveu insistir para tentar fazer esta pequena criança aqui, em busca de luz na escuridão, feliz. A uma estação, antes de chegar em meu destino, o moleque deixou sua bolinha cair no chão. Eu olhei pra ele, que olhou pra criança, que olhou pra mim, que me deixou sem graça e que me fez novamente olhar e ver ele me olhando. Só que aí todos que estavam próximos ficaram olhando para nós. Me fiz de rogado, fiz a phyna, me levantei e peguei a bolinha do menino. Só que (risos) o metrô deu uma brecada e eu fui parar longe. Ainda bem que não caí. Ou não, afinal o jovem mancebo poderia ter me ajudado a levantar. Acho que o Cupido estava em fase de experiência (risos).  Quando entreguei o brinquedo a ele, novamente nos olhamos e para quebrar o gelo perguntei se a criança era seu filho e ele respondeu que sim, com um tímido sorriso. Tentei criar uma conexão com o menino, mas o catarrento não quis papo. Perguntei o nome dele e o jovem pai respondeu que era Arthur. Me levantei, pois estava agachado e tinha me esquecido que a maldita hérnia inguinal estava criando uma situação de desconforto. Me levantei e sentei em frente ao rapaz, que ficou fazendo graça, pedindo pro moleque me agradecer. Só que a cria não me deu bola. Fiquei olhando para ele com ternura. E o chibateando muito em praça pública no Irã, mentalmente.

O vagão se abriu e não me despedi. Quando passei na catraca, dei uma olhada para trás. O bofe estava me olhando. Saí pela esquerda, em direção ao terminal, mas o guapo foi para outro lado. Fiquei um pouco deprimido, mas já estou calejado. Em poucos segundos, entrando pelo shopping, vi as pessoas me olhando e comentando a camiseta que estava vestindo. Eu usava uma bem transada, com vários heróis e vilões da Marvel. Pelo jeito, a beasha da Thor botou o martelo pra funcionar e levantar minha auto-estima.