Cheguei pontualmente às 16h em
frente à casa de Tato. Pelo fato de não conhecê-lo, sempre fica aquele leve
incômodo de se entrosar de forma protocolar, num primeiro momento, com uma
pessoa que você está prestes a conhecer. Interfonei avisando que estava na
porta. Eles desceram, Juçara nos apresentou. Ele me pediu para que eu tirasse
meus óculos, o que detestei fazer, afinal óculos de sol, nessa ocasião, é um
poderoso aliado. Tirei para não fazer a linha Britney surtada. Fomos caminhando
pela Caio Prado, em direção à Nove de Julho. Juçara fez a linha mediadora de
debates (risos). Ele falava de um assunto que só eles entendiam e ela
conversava com ele; Eu fazia a egípcia e fingia que estava tudo bem, mas já
pensando que nossa relação estava fadada a ir pro bueiro. Coisas de gente
dramática (risos). E fatalista, como minha amiga Ju. Também comentava sobre
assuntos nossos e ele ficava atento, me estudando.
Quando chegamos no corredor de ônibus, estava
seguro que eles sabiam que ônibus pegar. Quando o ônibus chegou, Tato foi
perguntar ao motorista se o ônibus iria até a avenida Juscelino Kubitschek. E aí eu não
entendi nada (risos). Quer dizer, se eu vou a um lugar, já me informo que
ônibus, ou metrô pegar para chegar lá. Para nossa
sorte, quando o próximo ônibus parou e Tato perguntou sobre nosso destino, o
gentil motorista disse para subirmos. E depois disso, a relação esquentou.
Literalmente (risos). Fiquei na frente com eles, na ala de “melhor idade”.
Sentei-me ao lado de Tato e Ju ficou de frente pra nós. Do nada, Tato tirou seu
cartão profissional, mas de forma bem performática: ele ateou, de forma mágica,
fogo no cartão. Eu adorei. Principalemte em ver
a cara do policial que estava conversando com o motorista naquele exato
momento. Fora o semblante de “congela!” da cobradora. Pensei que ela estava tendo
um AVC. Como falei, a relação esquentou de vez (risos)
Ficamos papeando sem nos darmos
conta onde iríamos descer. Me joguei no Goggle Map pra ele mapear o lugar ao redor. Mas como Juçara é pilhada, ela (risos) ficava toda a hora
levantando, indo até o motorista para saber se o ponto estava chegando. O
motorista deve ter nos achado no mínimo estranhos. Um bando de mambembes.
Obra de Chivitz e Minhau, nas proximidades da Juscelino Kubitschek
Enfim, descemos no ponto próximo
à avenida Juscelino Kubitschek. Paramos em frente a umas pinturas de grafite.
Eu amo grafite. Sua intervenção pop naquela região é extremamente necessária,
em contraste com a arquitetura equivocada do lugar. Fiquei me perguntando: será
que as grandes incorporadoras contratam realmente arquitetos para construir aquele monte de obscenidades que eu me
recuso a chamar de obra arquitetônica? Era um festival de horrores. A Juscelino
Kubittschek é o supra sumo arquitetônico do mal gosto. Um aborto faraônico. Mas
estávamos alegres, saltitantes e animados com a boa troca de energia entre a
gente. A jornada ao mundo de Olavo Bilac estava só começando.