Já estou preparando meu roteiro para as viagens que
fechei nos feriados do mês de abril. Consegui uma compensação na quinta-feira,
pois o vôo para BH parte à tarde. Vou com Juçara para Inhotim. Estou ansioso
para conhecer o centro cultural e matar as saudades do clima, das colinas e das
pessoas pra lá de receptivas de Minas Gerais. Minas na semana santa e Rio de
Janeiro no feriado de Tiradentes. Mesmo com as praias como atrativo, quero
muito aproveitar o Rio para fazer um roteiro cultural por lá. Na pauta, a Casa
Daros, o MAR, o CCBB e o MAM. Mas sem deixar a saúde e o bem estar de lado: a
Floresta da Tijuca e o Jardim Botânico também estão incluídos na pauta. A
putaria vai ficar para uma próxima (risos). E é lógico que vai ter tempo para
pegar um belo bronze.
Aproveitei para almoçar com minha equipe, depois de uma
reunião que tivemos para acertarmos as estreias de novos projetos para TV. O tema preconceito surgiu de forma tão
natural que acabamos colocando na roda diversos assuntos relacionados ao
tema. Seja na condição de vítima ou de
algoz. Falei sobre os preconceitos ainda vividos no ambiente de trabalho.
Porque existem pessoas que vivem na era medieval a ponto de não estabelecer
diálogo com um gay. Pega mal, pra eles, estar próximos de um. Coisa de macho
reprimido que deve se lembrar como um trauma
da primeira dedada que levou (risos).
As meninas ficaram um pouco surpresas com a minha declaração. Até
gerente com quem trabalhei chegou a dizer a seguinte pérola: “...muito bom
profissional, tem muitas qualidades. Só que ele é homossexual MAS isso não
interfere no trabalho dele” (risos). Nos dias de hoje, lidar com situações
adversas como essa soa como diversão. Perder minha energia a troco de que? Sidênia aproveitou o gancho para falar sobre
o livro Personas Sexuais, de Camille Paglia, até para fazer um contraponto à
história que contei, já que o livro aborda o quanto o conservadorismo não
conseguiu fazer frente à força do paganismo nas mais diversas linhas de
pensamento, como a arte, o erotismo, a astrologia e a cultura pop. Gostei da
pontuação dela para reforçar que não vale a pena se anular frente a essa
grosseria. Com o assunto Paglia na mesa, nos lembramos das figuras pop que
resistiram bravamente ao conservadorismo hipócrita de nossa sociedade. E
Madonna não poderia ficar de fora. Nos lembramos das polêmicas causadas pela
cantora durante as construção e consolidação de sua carreira. E olha que
Madonna aprontou muito, para nosso deleite. Suas atitudes era um não a qualquer
tipo de preconceito. Foi assim cantando a gravidez precoce e as dificuldades de
ser mãe solteira (Papa don´t preach); o beijo profano a um santo (Like a
prayer); e a criação de um sofisticado ambiente de bordel (Justify my love).
Nos lembramos da célebre cena de masturbação na turnê Blond Ambition. Ela
sofreu resistência de alguns países que ameaçaram prendê-la caso ela fizesse o
tal número. O melhor disso é que Madonna não se intimidou e bancou a polêmica. Todas essas mesmices do pop de hoje – de
Britney a Katy Perry, têm a obrigação de pedir a bênção a ela. Assistir a um
clipe ou show de uma delas é um control c control v do que eu já presenciei
Madonna fazer.
E frente à caretice, na volta ao trabalho, ficamos em
devaneios pela rua. Pensamos em criar, entre outras boas bizarrices o evento
Miss Sodoma e Mister Gomorra. Fiquei cantarolando mentalmente uma música da
Fernanda Abreu chamada Fatos e Fotos, aí eu falei que estava morrendo de
saudades de Portugal, o quanto me fez bem conhecer nosso berço de civilização.
Com Fernanda e Portugal veio a ideia de se fazer um programa de tv chamado
Fados e Fodas (risos). Inventamos até a trilha de abertura do programa.
E para abstrair o falatório em torno do assunto
preconceito, vi no Facebook uma pastora, que diz ser ex-lésbica, publicar um
vídeo dizendo que foi ao Inferno e viu o vale dos homossexuais por lá. Se bem
que eu acredito que ela não foi visitar o Inferno, já que ela saiu de lá.
Aliás, nem o Diabo a aguentou e a mandou de volta à Terra. Pra gente ter quer
aturar.