terça-feira, 31 de março de 2015



Já estou preparando meu roteiro para as viagens que fechei nos feriados do mês de abril. Consegui uma compensação na quinta-feira, pois o vôo para BH parte à tarde. Vou com Juçara para Inhotim. Estou ansioso para conhecer o centro cultural e matar as saudades do clima, das colinas e das pessoas pra lá de receptivas de Minas Gerais. Minas na semana santa e Rio de Janeiro no feriado de Tiradentes. Mesmo com as praias como atrativo, quero muito aproveitar o Rio para fazer um roteiro cultural por lá. Na pauta, a Casa Daros, o MAR, o CCBB e o MAM. Mas sem deixar a saúde e o bem estar de lado: a Floresta da Tijuca e o Jardim Botânico também estão incluídos na pauta. A putaria vai ficar para uma próxima (risos). E é lógico que vai ter tempo para pegar um belo bronze.

Aproveitei para almoçar com minha equipe, depois de uma reunião que tivemos para acertarmos as estreias de novos projetos para TV.  O tema preconceito surgiu de forma tão natural que acabamos colocando na roda diversos assuntos relacionados ao tema.  Seja na condição de vítima ou de algoz. Falei sobre os preconceitos ainda vividos no ambiente de trabalho. Porque existem pessoas que vivem na era medieval a ponto de não estabelecer diálogo com um gay. Pega mal, pra eles, estar próximos de um. Coisa de macho reprimido que deve se lembrar como um trauma  da primeira dedada que levou (risos).  As meninas ficaram um pouco surpresas com a minha declaração. Até gerente com quem trabalhei chegou a dizer a seguinte pérola: “...muito bom profissional, tem muitas qualidades. Só que ele é homossexual MAS isso não interfere no trabalho dele” (risos). Nos dias de hoje, lidar com situações adversas como essa soa como diversão. Perder minha energia a troco de que?  Sidênia aproveitou o gancho para falar sobre o livro Personas Sexuais, de Camille Paglia, até para fazer um contraponto à história que contei, já que o livro aborda o quanto o conservadorismo não conseguiu fazer frente à força do paganismo nas mais diversas linhas de pensamento, como a arte, o erotismo, a astrologia e a cultura pop. Gostei da pontuação dela para reforçar que não vale a pena se anular frente a essa grosseria. Com o assunto Paglia na mesa, nos lembramos das figuras pop que resistiram bravamente ao conservadorismo hipócrita de nossa sociedade. E Madonna não poderia ficar de fora. Nos lembramos das polêmicas causadas pela cantora durante as construção e consolidação de sua carreira. E olha que Madonna aprontou muito, para nosso deleite. Suas atitudes era um não a qualquer tipo de preconceito. Foi assim cantando a gravidez precoce e as dificuldades de ser mãe solteira (Papa don´t preach); o beijo profano a um santo (Like a prayer); e a criação de um sofisticado ambiente de bordel (Justify my love). Nos lembramos da célebre cena de masturbação na turnê Blond Ambition. Ela sofreu resistência de alguns países que ameaçaram prendê-la caso ela fizesse o tal número. O melhor disso é que Madonna não se intimidou e bancou a polêmica.  Todas essas mesmices do pop de hoje – de Britney a Katy Perry, têm a obrigação de pedir a bênção a ela. Assistir a um clipe ou show de uma delas é um control c control v do que eu já presenciei Madonna fazer.


E frente à caretice, na volta ao trabalho, ficamos em devaneios pela rua. Pensamos em criar, entre outras boas bizarrices o evento Miss Sodoma e Mister Gomorra. Fiquei cantarolando mentalmente uma música da Fernanda Abreu chamada Fatos e Fotos, aí eu falei que estava morrendo de saudades de Portugal, o quanto me fez bem conhecer nosso berço de civilização. Com Fernanda e Portugal veio a ideia de se fazer um programa de tv chamado Fados e Fodas (risos). Inventamos até a trilha de abertura do programa.


E para abstrair o falatório em torno do assunto preconceito, vi no Facebook uma pastora, que diz ser ex-lésbica, publicar um vídeo dizendo que foi ao Inferno e viu o vale dos homossexuais por lá. Se bem que eu acredito que ela não foi visitar o Inferno, já que ela saiu de lá. Aliás, nem o Diabo a aguentou e a mandou de volta à Terra. Pra gente ter quer aturar. 

segunda-feira, 30 de março de 2015


Não sei se é TOC ou uma mania boba, mas adoro fazer listas de top 5, principalmente quando envolve um roteiro cultural, que costumo fazer os fins de semana. Desde o início do ano, tenho registrado todos os lugares que visito, filmes que assisto e espetáculos que aprecio. Assim fica mais fácil para elaborar um texto de algo que me marcou. Está mais do que na hora de me disciplinar esse ano.


Em meio a essa falta de organização, me lembrei que fui assistir a peça “Animais na pista”, em cartaz no CCSP, a meca das bixinhas coreógrafas. É bem divertido vê-las ensaiando os passos de dança com uma música terrivelmente insuportável. E olha que nem a chuva as deixam desanimadas. Elas acabam enfrentando a garoa paulistana, sacrificando até a progressiva que fizeram. São bem empenhadas. Mas eu gosto de assisti-las, o que me faz lembrar que eu também adorava dançar e fazer coreografias nas festinhas de aniversário de vizinhos e colegas. E todo mundo adorava seguir os passinhos. Imaginei se isso acontecesse nos dias de hoje o quanto de bullyng eu ia sofrer.  Apedrejamento em praça pública seria pouco.



Comprei meu ingresso e fui a procura de uma lanchonete para tapear o estômago quando me encontro com Janjão, produtor cultural de teatro. Ele também foi assistir a peça. Adoro quando essas (boas) coincidências acontecem. Sempre combinamos de se ver pra jantar, mas com a correria, nunca dá certo. Como estava faminto, fui comer algo e me encontrei com ele de novo depois, na fila do teatro para entrar, já que a venda de ingressos não é cadeira numerada e sim sequenciada.  Tivemos que encarar o tempo até abertura da sala para nossa entrada. 

Começamos a papear até a chegada do ator Tadeu di Pietro. Ele é muito educado e ficou com a gente conversando, mas deicidiu colocar na pauta assunto relacionados ao governo. Ele trabalhou no Ministério da Cultura na gestão de Gilberto Gil e depois com Juca Ferreira. Só que ele engatou a segunda marcha e deslanchou em falar sobre política. Quer dizer, ele monopolizou o assunto.  É até interessante saber sobre os bastidores da política, ele estava munido de muita informação. Mas ele falava só sobre isso. A minha cara de paisagem já estava virando cara de caixa preta, de tão chata que estava a conversa. Entramos na sala e para minha alegria, ele mudou de assunto.

Quando li a respeito de Animais na pista, me interessei em assistir pelo fato de ser uma peça que se utilizava da linguagem do teatro do absurdo.  Foi a chance de rever o trabalho de Sabrina Greeve, uma ex aluna do Centro de Pesquisa Teatral, de Antunes Filho. As relações amorosas são o mote nessa comédia de humor negro. A personagem de Sabrina instaurou o caos emocional na relação com seu namorado e sua melhor amiga, que também fica a fim do bofe da colega rival. O duro foi aguentar o excesso de histeria no embate dos personagens, mediante a fragmentação do texto com frases curtas oferecidas ao público sob um efeito ácido. A peça teve momentos bons, mas sofreu com o efeito sanfona de se ter altos e baixos no decorrer da trama. Saí da peça reflexivo, apesar da irregularidade da montagem, me despedi de Janjão e fui pegar o metrô com a seguinte questão: vale a pena chamar alguém pra lhe chamar de seu? Se depender da peça, que mostrou de forma crua a vida solitária e sem rumo, acho pouco provável. Acho que vou precisar de um drink à base de tarja preta para refletir a respeito.


sexta-feira, 27 de março de 2015




Fui marcado por minha irmã em um comentário no Facebook, para saber se eu conhecia determinada cantora. O nome dela é Veronica Ferriani. Eu já tinha ouvido falar a respeito, mas nem me esforcei em saber sobre seu possível talento. Aí ela me disse que a artista é nossa conterrânea, ou seja, uma autêntica caipira nascida no Rancho do Planalto Ocidental, mais conhecido como Ribeirão Preto. E queria saber minha opinião a respeito. Joguei no youtube seu nome, escutei uma primeira música dela, que não me agradou. Uma voz pífia, uma mesmice de repertório pra lá de engessado. Quer dizer, minha audição já escutou esse tipo de som no trabalho de outras cantoras tão medianamente ruins quanto ela. Achei essa moça um cansaço.


E quando você pensa que acabou a fórmula de se fazer programas de viés um pouco sensacionalista pra chamar a atenção, eu me surpreendo com uma série sobre michês no canal GNT. O nome do programa é Gigolôs e o canal está exibindo a primeira temporada, que é transmitida nas madrugadas de sábado para domingo. O programa mostra o dia a dia de cinco garotos de programa bonitos, gostosos, bem articulados, que trabalham em Las Vegas, o supra sumo do luxo e do lixo. Até aí sem novidades, mas a série mostra os moçoilos fazendo o seu trabalho. Vale registrar que são cinco michês “héteros” (risos). E cada um com sua “personalidade”: tem o mais velho experiente, o educado, o carinhoso, o rapper (oi?) e aquele que tem uma mistura de etnias. Detalhe: você só os vê saindo com mulheres. E o programa mostra todo o trabalho de sedução desses garotos de programa com a mulherada. Ah, as fodas estão incluídas no pacote. Teve alguns fatos interessantes, como por exemplo, acompanhar três deles indo fazer depilação no ânus e na região que eu chamo carinhosamente de “terra de ninguém” (risos). Eles gritavam feito mariconas. Caso você seja, um dia, cliente de alguns deles, cuidado. Você pode acabar ouvindo o que não quer. É que eles também acabam comentando sobre as transas realizadas com as fêmeas carentes. Sim, eles falam mal de várias (risos). Os diálogos então são de uma superficialidade sem tamanho, mas me divirto muito com as banalidades conversadas entre eles. Teve um que disse que casamento é pior do que levar uma bala perdida.  Haja trauma para uma terapia lacaniana desvendar.


Dei uma olhada na parada da Billboard pra ver as músicas que têm se destacado nos Estados Unidos e em outras paradas musicais. “Uptown Funky”, do Mark Ronson com participação do Bruno Mars está há semanas em 1º lugar. Uma música com esse nome, mas sem funk pra mostrar. É impressionante você ver a música pop se desmanchando a cada dia. E alarmante dizer que até a música descartável anda cambaleando num certo padrão de qualidade. Das cinco músicas mais executadas, para mim, só salva “Thinking out loud”, do Ed Sheeran. Uma música de base simples, com uma letra exaltando uma declaração de amor dependente. É bobinha, sim, mas possui um clipe delicioso de assistir; Rihanna com música nova, ao lado de Kanye West e da presença especial de Paul Maccartney patina na 5ª posição há um bom tempo. Mas a música não ajuda. Aliás, acho que Paul está na música e no clipe apenas como vitrine viva; “Take me to church”, um poderoso hino contra a homofobia está na 12ª posição, uma pena, mas a canção chegou a alcançar o 3º lugar e isso não é pouco; O neo doo-wop “All about that bass” ainda está firme na lista de músicas mais executadas, outra delícia descartável de se ouvir. Para terminar minha alegria, duas das melhores músicas que conheci ano passado figuram entre as mais executadas: “Riptide”, do Vance Joy (40ª posição) e “Budapest”, de George Ezra (62ª posição). Eu as conheci em Portugal, nas minhas férias. Quando as ouço, me remeto a cada lugar, povoado e cidade que conheci em terras lusitanas. Tô com uma saudade doída de lá.


Na lista de álbuns mais vendidos, uma surpresa boa: o álbum “FROOT”, de Marina and the Diamonds estreou na 8ª posição. Aquela bobeira country da Taylor Swift vende que nem água seu último disco, “1989”, atualmente na 5ª posição. E Madonna, que estreou na 2ª posição semana passada com seu “Rebel Heart”, despencou para o 21º lugar. Para um ícone do nível de Madonna, é no mínimo preocupante. E pensar que até na parada da Billboard Madonna tombou (risos).

quinta-feira, 26 de março de 2015



Recebi um convite de Eni Cunha, uma querida produtora cultural para um sarau na noite de ontem. Fiquei feliz e empolgado com a notícia, mas ao mesmo tempo brochado, pois no mesmo dia e horário teve a estreia do documentário “7 de outubro”, último trabalho de Eduardo Coutinho, no Espaço Itaú de Cinema. Duro foi decidir onde ir. O sarau, realizado na casa de um dos integrantes do grupo Teatro Mágico,  foi para reunir a classe artística e contou com a presença do prefeito Fernando Haddad ao evento. Pensei em ir nos dois eventos mas, infelizmente, comecei a ter uma certa indisposição e tive que ir pra casa. Fiquei triste, pois queria muito rever alguns colegas e conhecer outros artistas, até para me atualizar sobre a cena cultural paulistana. Na troca de whats, pedi desculpas a Eni por não ter ido. Ela foi muito generosa em lembrar de mim. Disse que me chamaria no próximo sarau. Acho que vou mandar flores para ela. Foi uma pena não ter ido para tirar uma casquinha do Haddad. Ela falou que teve uma fila grande para tirar fotos com ele.


Como me restou ir para casa e me recompor, cheguei no apê e já liguei a tv para acompanhar o noticiário. Não tive opção e deixei ligado naquela sobra de ausência jornalística que é o Jornal Nacional. Não estava prestando muita atenção e fiquei dando uma olhada pelo celular em uma campanha que está tendo sobre racismo – o assassinato de jovens negros que tem crescido nas principais metrópoles brasileiras. E olha só a surpresa: assim que terminei de ver a campanha, vejo aquela repórter que faz cobertura de política, a Zileide Silva, com um excesso de maquiagem branca pelo rosto. Foi um choque para mim, pois ela é negra. E o mais engraçado é de que adianta esbranquiçarem a repórter se (risos) é nítido ver a negritude da jornalista através de seu cabelo. Só falta agora jogarem uma chapinha nela para virar uma genérica branca Made in Nigéria. Muito desrespeitoso.


E o governo vai a cada round apanhando nos telejornais. Achava até que estavam abusando no excesso de notícias sobre a gestão Dilma. Mas depois de ter lido que o governo brasileiro está injetando dinheiro e investimento na Venezuela, país em tremendo desmanche político e econômico, administrado por uma versão Mercosul de Herodes, deduzi que Dilma pede pra apanhar. Não dá pra ser conivente com isso. Mas estou no aguardo do gerador de desculpas do PT acionar a justificativa da vez. Espero que dessa vez eles sejam mais (bem) articulados e respondam em forma uníssone para fácil entendimento da população. Porque no episódio das manifestações do dia 15 de março isso não aconteceu. Ver os dois ministros na linha de frente para colocar os argumentos do governo frente à crise foi assustador. As falas de ambos se divergiam. Quer dizer, eles não se falaram antes de ir na coletiva de imprensa? Só faltava dizer que o tal “golpismo” estava sendo articulado pela fada do dente (risos). Como disse uma senhora num vídeo bem engraçado que vi no youtube, “lugar de choro é no pé do caboclo”.

terça-feira, 24 de março de 2015



O foco e a concentração, graças a Deus, voltaram a conviver pacificamente comigo. Para eu ler Schopenhauer em um metrô lotado, com pessoas se esgoelando com vozes estridentes, devido ao transtorno de déficit atencional que casualmente possuem para chamar atenção e eu conseguir ficar extremamente concentrado na leitura, é motivo para me dar orgulho e comemorar. O eletrochoque literário tem valido a pena. Tenho até trocado o sexo pelos livros. Se bem que (risos) ainda não sei até quando irei suportar a troca. Conversei com Helô hoje no almoço e disse que tenho sentido vontade de reciclar um pouco os meus P.As – pau amigo (risos). Nada mais propício do que aproveitar o momento para uma reflexão a respeito.


Aproveitei ontem para assistir a estreia de Os 10 mandamentos, nova novela da TV Record. Nunca prestei muita atenção nas produções que a Record faz em teledramaturgia, apesar de ter acompanhado algumas de forma protocolar. Me lembro que o remake de Escrava Isaura fez um barulho e teve o mérito de revelar  o talento do ator Leopoldo Pacheco, hoje presença constante em novelas da Globo. Teve também Vidas Opostas, que retratava na trama o submundo do tráfico com uma versão às avessas de Cinderela. Como cheguei ontem em casa disposto a ver e, dependendo da minha animosidade, acompanhar a novela, preparei o meu lanche e me pus a assistir. O que me chamou a atenção foi retratar a história de Moisés, uma das personalidades mais apaixonantes da Bíblia. Um ser que não tinha a preocupação de mostrar suas fraquezas, seus defeitos perante Deus, de forma rabugenta e sempre questionadora. O capítulo de ontem mostrou uma produção caprichada: começou com a matança dos bebês sob a ótica da irmã de Moisés, acompanhando com muito sofrimento a situação por causa da gravidez de sua mãe, Joquebede, mãe de Moisés. Me chamou a atenção um certo deslize com a caracterização dos egípcios, que tinham mais cara (risos)  de nativos de Quixeramobim do que de egípcios. A maquiagem também não ajudou muito: o sangue vermelho em forma de vinho Chalise cobrindo as costas dos escravos hebreus beiravam o amadorismo.   Percebi que a novela se arriscou um pouco na forma como conduzir a narrativa do primeiro capítulo: enquanto em Babilônia o autor decidiu no primeiro capítulo centrar fogo nas duas antagonistas, a novela bíblica decidiu dar destaque aos coadjuvantes – como a personagem Yunet, a ama de Yutmire (Mel Lisboa) a filha do Faraó, que se casa com o pretendente da mucama. Tem atores brilhantes, como Zé Carlos Machado – o terapeuta Téo, de Sessão de Terapia, do GNT, que faz o faraó Seti I. Aliás, espero que a direção dê espaço para Zé Carlos mostrar o seu talento; Mel Lisboa foi competente, mas ainda espero que ela se disponha mais como atriz, mesmo em sua breve participação. Achei que a Record acertou nas escolhas de locações para produção da novela. Ver a cena do nascimento de Moisés, com o visual do deserto de Atacama foi encantador. Mas li que a autora, Vivian Oliveira, pretende colocar “tramas folhetinescas” para causar interesse no público e é aí que demonstro minha preocupação. A história de Moisés é tão intensa que não acho necessário costurar a história com subtramas para garantir audiência. Não é preciso apimentar a novela com fatos que não existiram. Esse feitiço pode se virar contra o feiticeiro e causar evasão no decorrer da história. E estou na expectativa de ver o guapo Guilherme Winter em ação como Moisés. Tem também o Sérgio Marone que, até que enfim fará um papel que serve de oportunidade para sua maturidade como ator, fazendo o faraó Ramsés II. Resta aguardar os próximos capítulos dessa soap opera épica para ver se me convence.   

segunda-feira, 23 de março de 2015




Por mais doído que seja, e como forma de sair da minha zona des-conforto, decidi remexer alguns escombros da minha cinzenta vida. Estava mais do que na hora de fazer algumas sessões de choque para viver a vida em pé e de cabeça erguida. Não que esteja tudo desabando, mas você acaba se contaminando com fatos narrados em clima de “Cidade Alerta” que acabam te nocauteando. E tudo numa mesma panela de pressão. Crise política e econômica brasileira, o advento de uma direita política em países chaves da Europa, como Inglaterra e França – essa última aliás, o berço da “liberdade, igualdade, fraternidade”; junto ao kit, leio sobre as estratégias do Estado Islâmico em recrutar jovens – brasileiros incluídos nesse pacote mortal, em nome de uma “Força Maior”; e a manipulação perigosa do dito Quarto Poder, entre outros fatos. Enfim, situações que se mesclam com a sangria rotina do nosso cotidiano. Com todos os exemplos mostrados, essas situações me fizeram perder meu humor – uma ótima arma que gosto de utilizar para ser usada em qualquer situação, principalmente nos textos que escrevo.  Junte-se ao caldeirão relação social em alerta amarelo, com amigos e familiares. Todos esses tópicos foram necessários para eu levar um chacoalhão e pensar numa estratégia de sair desse casulo nebuloso.


A melhor forma de sair dessa zona de conforto foi retomar um horário para as leituras. Se a ideia é causar um choque, nada mais sugestivo do que ler duas figuras literárias com tremendo poder de persuasão para me dar o chacoalhão necessário: Clarice Lispector, com “A paixão segundo G.H” e “A arte de escrever”, de Arthur Schopenhauer. Comecei a lê-los semana passada e estou devorando cada palavra, cada vírgula para tentar trazer um benfeito, mesmo que de forma visceral, para causar propositalmente uma tensão necessária para uma reflexão. Schopenhauer mostra em seus ensaios que elementos como a tensão são necessários para a condução do pensamento. E a forma de conduzir a sua leitura é peculiar. Quando o leio, é como se visse ele falando, ou melhor, esbravejando justamente pra gente se sacudir da nossa bolha. Não adianta nada ficarmos com o “pensamento de si próprio”. O “erudito exemplar”, segundo ele, precisa se permitir uma certa contaminação de outras ideias para reflexão e possivelmente, uma conclusão sobre a ideia do pensamento em questão; se de um lado Schopenhauer escancara nossa fraqueza e impotência em sequer demonstrarmos nossa insatisfação em torno de uma mera ideia,  do outro Clarice sugere uma maquiagem da vida real, uma forma de nos blindagem para nossa autodefesa. Quer dizer, ela oferece a alternativa, mas questiona se de fato vale a pena ilustrar ou omitir o seu “eu real”. Pelo que li, ela demonstra encarar a realidade idealizada. É muita informação pra quem quer sair da zona de conforto, creio eu.  Estou ainda no começo das duas leituras, esperando que no final eu consiga um antídoto para dar a volta por cima e ir pra next.


Só pra fechar o texto de hoje, vi alguns colegas e, pasmem, familiares postando no Facebook um boicote à novela Babilônia, que estreou a semana passada. O motivo do boicote é para não darmos audiência a uma novela que irá “destruir os valores da família brasileira”. E o que são os valores da família brasileira? Quem é a família brasileira? Quer dizer, eu me incluo no que se chama de família brasileira. Não tenho filhos, não sou casado e isso não me faz ficar menor diante do empacotamento que se quer dar a um novo conceito de família. Querendo ou não eu sou a minha família brasileira.


Em tempos de preconceito e equívocos por parte da maioria das pessoas que infelizmente, conforme Schopenhauer diagnosticou há mais de cem anos, devido a falta de leitura, como ferramenta à concepção do pensamento, criaram-se equívocos perigosos na disseminação de ideias sem base em pensamento algum. Jogar uma informação sem sequer ler é no mínimo um homicídio intelectual. Não está em questão aqui o direito de se expressar, mas acho que cada um tem a obrigação de argumentar a finalidade de tal postagem. E o que percebi foi que nenhum de meus colegas e familiares contextualizaram o motivo do boicote. A minha opinião a respeito é que eu não acho que a novela faça “apologia ao mal”. Ela simplesmente escancara tudo que de fato acontece nessa sociedade hipócrita da família brasileira. Se essas pessoas soubesse o que é metáfora, entenderiam que Babilônia é o estado em que atualmente vivemos não só no país, como no mundo todo. A obscenidade existe? Existe, sim e está diante de nossas caras: crimes de corrupção, luxúria parlamentar, violência, um Estado deplorável e sucateado diante desse lamaçal todo de escândalos, entre outras coisas que dariam bastante texto só em exemplificar. Portanto, sem essa hipocrisia barata com o boicote.  Até agora, não vi argumento nenhum na qual eu possa ao menos refletir a respeito. Se você não quer assistir a novela, sem problemas: você pode simplesmente apertar o botão do controle remoto e ver outra coisa. Se você gosta de novela e não quer ver Babilônia, tem uma dica boa: hoje tem estreia de uma novela bíblica – Os 10 mandamentos, na Record. Garanto que vai cair no gosto desses que querem tanto a moral e os bons costumes da família cristã (risos). Ou não, já que na era de Moisés também existia corrupção, luxúria, ganância pelo poder, elementos que você encontra na trama de Gilbreto Braga. Mas como (risos) é uma novela bíblica, pode ser que faça a cabeça dessas pessoas pensantes de revista de fofocas. Mas o mais sadio seria você desligar a televisão e ler um livro, aliás um argumento bem justificável para quem não quer ver tv.

E se você que acha que gays que possuem uma relação afetiva com filhos não entram no adequado ambiente familiar, um conselho: leiam menos o livro dos Levíticos e leiam mais o Sermão da Montanha. É um ótimo ensinamento para aprender o que é respeito ao próximo.

quinta-feira, 19 de março de 2015



Estão todos me perguntando o que estou achando a respeito de Babilônia, a nova novela de Gilberto Braga e seus colaboradores. Assim como fiz em Império, decidi sentar minha bunda no sofá para analisar se Babilônia veio pra ficar. Acho cedo falar sobre a novela, até mesmo porque ainda não foram apresentados todos os personagens para composição da trama. Mas Braga deixou bem claro que ele não pretende ceder à pressão de um público careta e conservador. Ele já deu o seu recado: beijo entre duas senhoras, luxúria em excesso, ganância pelo poder, assassinato, todos esses elementos já colocados em forma de eletrocussão ao telespectador. Mas quero ter cautela em assistir pelo menos essa semana para escrever sobre a novela. Me lembro quando escrevi a respeito de Império, que Aguinaldo tinha conseguido me fazer voltar a ter prazer em ver uma boa história contada. Começou bem, mas logo naufragou. Apesar dele ter resgatado o estilo “novelão”, ele tranformou a história do comendador e sua trupe de forma um tanto surreal. Depois de dois meses, perdi totalmente a vontade de continuar por dentro de Império. Vamos ver se Babilônia conseguirá se sustentar e me fará ficar sentado no sofá por meses. A conferir.


Em semana de manifestações, observei uma bela estratégia do PMDB em se colocar diante da massa como benemérito do povo brasileiro. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha foi duplamente entrevistado nos programas Roda Viva, da TV Cultura e Diálogos, com Mario Sergio Conti, na GloboNews. Na certa, querem se descolar do parceiro PT, para evitar que as pessoas relacionem o partido com qualquer ligação à corrupção. Ah, tá e eu acredito em fadas (risos).  Só espero que o mínimo de ensino sobre política que as pessoas tiveram na vida façam elas se conscientizarem de que o PMDB não só está enfurnado nessa sujeira toda, como considero esse partido a mãe puta da política brasileira. E só para relembrar: tanto Cunha quanto Renan, presidente do Senado, estão na lista da Lava Jato. E acho que nós, como cidadãos brasileiros, precisamos ficar bem atentos com as manobras feitas e atitudes tomadas pelo Congresso Nacional. Li hoje no facebook uma postagem do músico paraense Felipe Cordeiro dizendo que a rádio Câmara passou a ser terceirizada e comandada por grupos evangélicos e que os tais missionários de Deus suspenderam todos os programas culturais, vários deles premiados. Ah, e antes de você almoçar, algo para se fazer uma boa digestão: a Câmara aprovou um orçamento exorbitante para gastos dos partidos políticos. . Em todo o caso, quero muito assistir a entrevista do nosso Herodes parlamentar e ver quais são os argumentos deles mediante a essa crise nefasta que assola o Brasil. A pipoca e o refrigerante não poderá faltar para essa sessão. E o Estomazil também. 

quarta-feira, 18 de março de 2015



Estou na expectativa de que março passe logo, sem deixar muitas saudades. É que quero ver a chegada do mês de abril o quanto antes. Teremos dois belos feriados, num curto espaço de tempo. E é lógico que já fechei duas viagens para abstrair um pouco a alma. Na semana santa, embarco com Juçara para conhecer Inhotim, um centro cultural a céu aberto, em Minas. Já estava mais do que na hora de voltar a esse estado na qual sou declaradamente apaixonado. Sua beleza torneada entre montanhas, retratando o bucolismo único que só Minas tem. Fora a receptividade calorosa e sincera dos mineiros. E a deliciosa maneira de se ouvir o sotaque peculiar. Para o feriado de Tiradentes, escolhi aproveitar a cidade maravilhosa para fazer um roteiro cultural e dar uma espiada no que está rolando de interessante no circuito cultural. Estou pensando até em fazer um programa de turista, mesmo. Ir no Cristo Redentor e no Pão de Açúcar, afinal conheci esses dois atrativos turísticos quando era criança. E é sempre bom respirar o Rio de Janeiro. Me sinto em casa.



Uma colega querida ficou me perguntando “como assim, você não gostou da montagem do espetáculo da Gaivota”? (escrevi a respeito ontem, dêem uma olhada -  http://omundodelira.blogspot.com.br/2015/03/depois-de-um-breve-periodo-de.html). Bom, eu sou da opinião que para eu considerar um espetáculo realmente bom, eu tenho que sair mexido, incomodado, chocado, doído. A peça tem que me deixar em estado de reflexão. Ir ao Teatro como mero caráter de entretenimento não faz minha cabeça, a menos que você vá disposto a assistir algo do tipo. E como o tempo é algo precioso, eu prefiro utilizá-lo para assistir obras que realmente me propicie o questionamento das coisas. E me veio na minha mente um episódio que aconteceu enquanto assistia o espetáculo. No final do 2º ato da Gaivota, saí para ir ao toilete e tomar um café. Assim que voltei ao auditório, uma senhora estava sentada duas cadeiras ao lado da minha. Deduzi que tinha acabdo de chegar, pois não tinha visto ela no início do espetáculo. Ela me perguntou se tinha alguém sentado onde ela estava e eu disse que estavam sentados um casal, mas ela poderia ficar ao lado deles, pois os assentos estavam vazios. E ela começou a fazer um tricot verbal comigo. Como estava meio entediado pela peça, resolvi bater um papo. Ela me contou que tinha ido assistir a peça na abertura do evento, que achou péssimo terem colocado um espetáculo de quase 5 horas para abrir a cerimônia de abertura que durou mais de 2 horas e que tinha ido ver de novo, pois teve que sair no fim do 2º ato no dia da cerimônia. Foi inevitável ela perguntar o que eu estava achando, mas em vez de perguntar, ela decidiu começar com uma afirmação para terminar em forma de questionamento: “essa peça está ótima, não?” Não sei por que, mas me lembrei das  minhas aulas de inglês de tag question, que possui esse mesmo tipo de construção numa frase. Fui educado na resposta, pois não queria dizer de cara que não estava gostando. Falei que “estava ainda em processo de digestão”. Ela riu e disse que falaram para ela que os dois últimos atos da peça eram uma catarse. Confesso que até senti uma ponta de ânimo, já que depois de 2 atos, não tinha visto ainda a que veio. O 3º ato começou, se desenvolveu, se prolongou e, após o término do ato, me levantei para sair sem esperar a última parte do espetáculo, tamanha era minha irritação. Quando passei pela senhora novamente, ela me perguntou se eu estava indo embora, se eu não estava curtindo a peça. Eu respondi que tinha adorado a peça, pois ela teve sua finalidade: suspender meu remédio para insônia (risos). 

terça-feira, 17 de março de 2015




Depois de um breve período de hibernação, retorno ao meu convívio com meu diário virtual. Juntou-se a correria do trabalho, a vida política desse país que reforça meu estado de desânimo e descontentamento e situações que me fizeram ter um tremendo bode para escrever. Minha prioridade aqui é relatar o dia-a-dia de meu cotidiano. Tenho o cuidado de não transformar meus incômodos numa relação de terapia com o blog e com quem lê. Por mais irritado que eu ficara desde a semana passada, não me senti a vontade de vomitar minhas sensações. Nessas horas, preferi acautelar-me e esperar a raiva passar para poder até dividir as inquietações com quem lê esse pequeno espaço dedicado às peripécias da vida moderna.

A melhor maneira de aquietar a alma mediante ao stress com colegas e amigos é me jogar num bom roteiro cultural. Quis me priorizar. Vi peças, filmes, exposições apenas com a minha companhia. Foi uma boa forma de apaziguar a ira. A solitude foi mais que necessária para me fazer ficar de pé diante das adversidades. Ela me mostrou que a vida segue pra frente e que os conflitos são necessários para meu amadurecimento. E vamos pra next!


Para quem não teve a chance, valeu a pena ter acompanhado o MIT – Mostra Internacional de Teatro, em Sampa. Ótima curadoria feita no mapeamento das companhias teatrais em sua segunda edição de evento. Vi peças medianas e espetáculos que ofereceram para mim momentos de boas reflexões. Estava sentindo falta de assistir obras que me dessem um belo chacoalho para fazer uma justaposição com fatos ocorridos em minha vida pessoal no decorrer desses últimos dias. Para abrir as mesas de trabalho, fui ver A Gaivota, texto de Yuri Butusov, encenado pela companhia de teatro Satyricon, da Rússia. O espetáculo coloca em questão o desencorajamento do ator e sua autoflagelação em se torturar na concepção de seu trabalho artístico. Em resumo colocou-se em pauta se vale a pena desenvolver um trabalho cênico para instigar uma reflexão ao público que assiste. Um assunto que me interessou a princípio, mas a montagem em si não se tornou tão atrativa. Apesar da bela produção, o trabalho de ator da companhia não me convenceu na forma de se passar a mensagem proposta no texto de Tchekhov. E para me ajudar, acabei comprando ingresso para ver outra peça no mesmo dia, sem me dar conta que A Gaivota teria 4h45 de espetáculo e que eu não teria tempo hábil para assistir outra peça. Como A Gaivota não me comoveu e não me fez nenhum tipo de provocação saí do Auditório Ibirapuera depois do 3º ato (o espetáculo teve 4 atos), peguei o ônibus em frente ao parque para ir em direção ao Teatro João Caetano ver As irmãs Macaluso. As irmãs... fizeram comigo em apenas 1 hora de espetáculo o que A Gaivota não conseguiu fazer: me tombar. O curioso é que a montagem feita pela Compagnia Sud Costa Occidentale, da Itália mostrou que com o nada se faz tudo: uma história marcada pela simplicidade – a relação de um pai com suas sete filhas, com uma luz básica, apenas uma cruz como elemento cênico e um trabalho primoroso da direção em tirar das atrizes o sangue necessário para deixar a plateia toda atônita, graças ao trabalho de ator. Se Antunes Filho assistisse, acho que ele teria gostado.

Também vi Canção de muito longe, um monólogo sobre perdas e decepções. Fui com Jorge ver essa tão bem falada peça teatral. Mas assim que terminou, tive a sensação de ter visto um trabalho de conclusão de curso. Um monólogo cansativo, sem dar muita atenção à criatividade necessária na construção de um personagem tão interessante para se desvendar. Não saí nem um pouco mexido e isso me incomodou bastante. Mas acho que fechei meu ciclo de peças no MIT vendo uma bela obra-prima cênica que utilizou-se de efeitos visuais para contracenar com os atores presentes na montagem. Opus N.7, montagem do Laboratório Dmitry Krymov do Teatro da Escola de Arte Dramática de Moscou me deixou impressionado e mostrou que interpretação e efeitos visuais fazem uma bela química. Com dois atos, Opus N.7 mostrou o preconceito retratado na perseguição aos judeus soviéticos durante o regime de Stálin; e a censura sofrida pelo compositor russo Dmitri Shostakovich. E o que mais surpreendeu foi a forma tão poética em retratar a repressão. Apesar do intervalo longo – de 30 minutos, valeu cada segundo ter assistido uma peça para me fazer sair mexido. Foi inevitável pensar na atual massa reacionária brasileira durante a montagem. Espero que a mensagem passada pela companhia reverbere em cada pessoa que foi prestigiar o espetáculo. Estamos precisando urgentemente de lucidez. Resta saber se o efeito vai bater na consciência do espectador. Aguardando ansiosamente em posição de yoga.


sábado, 7 de março de 2015


O dilúvio de ontem causou um strike na Pauliceia Reacionária. Começou a chover por volta das 12h30 e não parou mais. E São Paulo, com toda sua imponência em ser uma das maiores cidades do mundo, vê sua impotência diante da tempestade desvairada que durou o dia todo até a noite. É latente a fragilidade da cidade mediante ao caos que se instaurou. E tudo fica parado: congestionamentos com carros, ônibus; e os metrôs e trens em velocidade mega-reduzida devido às circunstâncias da segurança pública. Saí um pouco mais tarde do trabalho, por volta das 20h30. Chegando na estação Belém, o metrô estava parado, aguardando autorização para seguir viagem. Quando entro no vagão e prestes a sentar no acento, uma visão de dar arrepios: restos daqueles salgadinhos de isopor genéricos da Elma Chips espalhados não só nos acentos, como no chão. Fazendo uma leitura visual dinâmica do espaço, vejo até cascas de banana no chão do vagão. Era de dar nojo. Se Noé fosse vivo e deparasse com essa situação, com certeza questionaria o Todo-Poderoso: “salvar essa fauna, a troco de QUE? (risos)

Não demorei muito a chegar em casa. Sentei pra dar uma folheada nos jornais e preparar o roteiro cultural do fim de semana.  Deixei a TV ligada para aguardar o jogo da Superliga Feminina de Vôlei. O Sesi jogaria em casa com a equipe de Osasco. Jogo de vôlei não soa cansativo. Além de achar prazeroso, relaxa em assistir. Aproveitei também para dar uma pesquisada de preços de passagens para Belo Horizonte. Combinei com Juçara de irmos no feriado da semana santa. Na verdade, a idéia é de irmos para Brumadinho, conhecer Inhotim. Vamos ver o babado que vai dar. No embate Sesi x Osasco, deu Sesi, por 3 sets a 1. 

(deguste essa linda canção de Gil, enquanto lê o texto)

Abrindo o Guia da Folha, já tive um susto: vejo uma foto dos Backstreet Boys, famosa boy band dos anos 90, estampada no caderno cultural. É sério mesmo que eles querem voltar a se apresentar, numa espécie de revival juvenil? Quer dizer, era até bonitinho vê-los entretendo as fãs histéricas, mas isso já faz tempo, não? Não são mais aqueles moleques que divertiam as meninas com os rebolados mal feitos. Agora com a idade avançando e o metabolismo mais lento, questiono se eles possuem “ta lento” para aquelas coreografias decadentes de baile de debutantes. Ver o Backstreet Boys na ativa é como ver a osteoporose chegar aos 70 anos numa sobra de corpo.

Falando em osteoporose, li que Marília Gabriela estreia peça dirigida pelo Jorge Takla, chamada “Vanya e Sonia e Masha e Spike”. Juro que fiquei com medo de ver a peça protagonizada por ela. Na foto que ilustra a matéria, ela está vestida de Branca de Neve. E o Elias Andreato vestido de anão. Achei meio suspeito. Na foto de divulgação, ela está bem bonita, lembra muito sua xará Marília Pêra. Quem sabe ela possa pedir emprestado a Marília  - a Pêra, um dedinho de seu talento. E eu sempre desconfio das peças que colocam um gostosão exibindo seu corpo musculoso na foto de divulgação do espetáculo. Não sei por que ela insiste em querer ser atriz. Me lembro de ter assistido Senhora MacBeth com ela, mas era visível ver o quanto ela estava despreparada para fazer uma personagem que exigia densidade dramática. A Selma Egrei,  que fazia o papel de uma das bruxas que participou da encenação, devorou a entrevistadora e dublê de atriz.

Tem também a Stela Miranda homenageando Carmem Miranda, no espetáculo Miranda por Miranda. Eu diria que soa pretensioso o nome da peça.  E ela é aquele tipo de atriz xerox, faz sempre a mesma coisa. Pra mim, ela não passa de uma atriz “one-hit-actress”. E eu ainda estou aguardando seu “hit” em posição de yoga (risos); Malvino Salvador, aquele ator da Globo também abre a temporada de estréias teatrais com a peça “Chuva Constante”. Nada mais propício o nome da peça, não? (risos). Acho ele péssimo como ator “quero fazer a linha hetero”.



Folheando o caderno cultural, vi uma opção bacana de show que vale a pena dar uma conferida. Em comemoração ao dia internacional de mulher, as cantoras Ná Ozzetti, Céline Imbert e Anelis Assumpção farão amanhã, dia 08, um show especial para a ocasião, na sala de conservatório da Praça das Artes, na região central. E o melhor, é gratuito. Vale a pena conferir;  E também amanhã, dia 08, abre na Caixa Cultural São Paulo a mostra gratuita Múltiplo Leminski. É uma boa dica principalmente para quem não consegue falar e escrever o português direito.

E alguém me disse que tem uma peça que não me lembro o nome no Teatro Eva Herz que vale a pena ver. Como não sei o nome do espetáculo, nem quem foi a pessoa que me falou, deduzo que não deva ser algo de relevante para ver.

sexta-feira, 6 de março de 2015



Hoje foi difícil manter a concentração na leitura, durante o trajeto para o trabalho. Pra começar o metrô, além de lotado, teve que esperar uns minutos a mais devido a alguma ocorrência nos trilhos. Fiquei do lado de fora na esperança dele sair logo da estação para pegar a próxima viação, mas em vão. Só me restou entrar em algum vagão que estivesse relativamente confortável. Pelo menos para eu não me esbarrar em alguém suado e fedendo. Consegui me alojar em pé, peguei o livro e comecei a degustar. Consegui me sentar na estação seguinte, achando que faria minha imersão na leitura, mas na lei de Murphy nossa de cada dia, um casal de jovens ficou colado ao lado de meu acento. Eles falavam muito alto. E além de falarem alto, só sabiam se expressar em gírias. Eu cheguei a dar uma olhada na cara deles e me certifiquei que eram estudantes de vestibular. O menino não tirava a palavra “escroto” da boca. Também pudera, ele não tirava a mão da sua (risos) pequena genitália. Quase cheguei a perguntar se ele estava com chato. A garota, uma insossa control C control V, repetia como um mantra o linguajar. Dois jovens sem assunto para conversar e com um vocabulário antiquado e pobre. São os profissionais do amanhã. Reféns da Pátria Educadora.


Saindo, até que enfim do metrô, vim caminhando até o trabalho. Vi um homem atravessando a avenida e pensei “o carnaval, pelo jeito, ainda não acabou”. Parecia um ebó de encruzilhada. Estava vestido com uma camisa CHEIA de listras na horizontal, com várias cores berrantes, um óculos para homenagear o José Rico e uma corrente dourada pra cegar qualquer ser de bom gosto. Glória Kalil teria uma morte súbita se passasse por ele.  

E a sexta finalmente chegou. A semana tem sido exaustiva, mas ao mesmo tempo recompensadora. As gravações do Filosofia Pop estão rendendo boas discussões. Acompanhei ontem a filmagem no Sesc Vila Mariana com o tema pedofilia. Até poderia ter ido de táxi, mas como Igor tinha ido fazer uma visita na parte da manhã, acabei me jogando no subway pela praticidade do tempo. Ele comentou que estão ocorrendo arrastões na linha 1 Azul do metrô. Eu achei que era uma brincadeira dele, mas pelo semblante que ele fez, vi que o assunto era sério. Os pequenos grupos têm agido da estação Praça da Árvore em diante. Falei que isso não tinha saído ainda nos jornais, mas que ingenuidade a minha achar que iria ou irá sair, afinal o Metrô é de responsabilidade do Governo do Estado de São Paulo, que porventura, é blindado pelos veículos de comunicação. Ainda bem que os florais tem surtido um belo efeito. 

quarta-feira, 4 de março de 2015



Em meio ao mundo bizarro de Gugu na TV e as bizarrices do mundo de cão de cada dia – seja com o Estado Islâmico e o exército evangélico daqueles satanistas maquiados da Universal, enfim uma notícia que vale a pena ser compartilhada. Fiquei comovido com a história do menino Thompson Vitor, de 15 anos, que passou em 1º lugar no curso de multimídia da IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte), não pelo fato em si, mas pelo enredo que conduz a história desse jovem potiguar. E sua mãe, uma ex catadora de lixo de nome Rosângela,  foi a principal motivadora para a educação do filho. Ela recolhia pertences nos lixos de famílias ricas que considerava importante para o bem estar de sua família. Entre os objetos, ela achava vários livros e aproveitava todo o material literário que ela resgatava para servir de leitura a seus filhos. Essa nobre postura incentivou o jovem Thompson a ter gosto pela leitura e pelo estudo e, o principal, foco em sua perspectiva de vida. E, detalhe: Rosângela trabalhou como catadora de lixo durante 10 anos. O jovem Thompson decidiu então centrar esforços nos estudos e com isso, conseguiu a proeza de ficar em 1º lugar com a maior nota de corte no curso. Quando li a matéria respirei aliviado, pensando que há ainda um frescor de esperança no ar. Esses ricos de ontem, que jogaram livros no lixo, fazem parte da classe média ignorante de hoje. Para o jovem Thompson, isso é apenas o começo. Mas que sua iniciativa sirva de exemplo para vários outros jovens que acham que o mundo se resume apenas nas conversas de whatsap. (leia a matéria na íntegra e reflita: http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/02/25/mae-do-1-lugar-no-ifrn-conta-pegava-livros-no-lixo-e-lia-para-eles.htm )



Levei alguns jornais para dar uma lida e me atualizar sobre as notícias de política. Vi no caderno de política do jornal O Globo que a Vilma, junto com sua equipe, agendou um jantar com a cúpula do PMDB, incluindo os emissários de Lúcifer – Eduardo Cunha e Renan Calheiros, nomes esses citados no Lava-Jato. Mas Renan, numa postura de criança mimada em busca de luz na escuridão, resolveu não comparecer. É nisso que dá o PT vender a alma ao Diabo: agora está refém da mãe puta de todos nós, o PMDB, na condução do governo. Quer dizer, o PT costura a aliança política durante o período eleitoral e depois da vitória da Vilma, querem excluir o principal aliado na articulação política do governo? Das duas, uma: ou o PT se tornou o próprio Diabo com esse pacto sinistro ou são meros estúpidos ingênuos em achar que podem ter o poder apenas para si. O que me chamou a tenção na matéria foi a foto colocada para ilustrar a reportagem: um homem estava com um cartaz em frente ao palácio do Jaburu – local do dinner de reconciliação, com o seguinte dizer: “Nesta Santa Ceia quero ver quem é o Judas”. Pensando na quantidade de políticos que compareceram ao jantar, acho difícil escolher um. Acho que será necessário a Santa Ceia do Jaburu distribuir (risos) senhas para sortear o bode expiatório da vez. Haja concorrência.


E a música sertaneja entra com dois assuntos: Inezita Barroso comemora seus 90 anos de vida. Talvez muitos não saibam, mas a artista, que comanda bravamente o programa Viola, minha Viola na TV Cultura, além de cantar também é atriz, instrumentista, folclorista e professora. Inezita é uma das poucas a divulgar a música sertaneja de raiz, ou música caipira, como preferir. Perguntada a respeito da atual música sertaneja hoje em dia, ela é contra a modernidade colocada nas músicas do gênero hoje em dia. Já chegou a chama-la inclusive de sertanojo, que é uma música inventada pela indústria, sem raiz e paupérrima. Sertaneja com atitude punk na língua. E vindo de uma expert no assunto.

Outro grande expoente da verdadeira música sertaneja, o cantor José Rico, que fazia dupla com Milionário, faleceu ontem, deixando vários saudosistas desolados. Para mim, Milionário e José Rico me traz boas lembranças. Apesar do descaso que a mídia dava a eles graças ao sertanejo de boutique de Chitão, Zezé e companhia, vale registrar que a dupla foi responsável em modernizar a produção de música sertaneja no país. Foram precursores em colocar metais nos arranjos. E a memória afetiva não para por aí.  Quando era criança, costumávamos ir, todos os domingos, para a fazenda de meu tio Gildo, eu, meus pais, minha irmã, minha avó e meus primos. Pegávamos uma estrada de terra para chegar na fazenda e eu adorava, desde cedo, a contemplar a paisagem verde do lugar, o relampiar dos tiús com suas caldas imensas correndo pelas matas, as lagunas e seus brejos traiçoeiros. E tudo isso ao som de Trio Parada Dura, Tião Carreiro e Pardinho e Milionário e José Rico. Deus, como eu detestava ouvir essas músicas. Meu pai colocava a fita cassete no talo. Hoje eu me lembro com saudosismo a voz cortante, melancólica e trovadora de José Rico cantando a perda, a saudade, o amor não correspondido. Depois de muito tempo, passei a apreciar a obra dessa dupla com outra audição. Apesar do reconhecimento tardio, José Rico figura entre os ícones da boa música sertaneja, não só pela voz ímpar, mas também pelo seu figurino de bicheiro aposentado, cheio de jóias douradas pelo corpo.  Uma relíquia que fará falta.



terça-feira, 3 de março de 2015


(se achar mais agradável, escute essa preciosidade, enquanto lê o texto)

Exercitando o lado crítico de ser, fui com Helô tomar um café no Sesc Belenzinho. Durante o caminho, disse que não poderia esquecer de pegar os semanários de cultura para apreciá-los à noite, em casa. Helô comentou que não tem tido tempo de ler o jornal que ela assina. Lógico que perguntei, como todo bom curioso qual era o jornal que ela assinava e ela respondeu que assina o Estadão. E começamos a relacionar os três principais veículos de mídia impressa. Eu disse que dos três eu prefiro O Estadão, pois pelo menos eles assumem a postura de se fazer uma linha editorial mais conservadora. Eu parto da opinião que é sempre bom saber o que os conservadores pensam a respeito de tudo, principalmente política; com relação à Folha, Helô argumentou em poucas palavras sua opinião a respeito do jornal da família Frias: “uma revista de comadres” (risos). Também tenho achado a Folha mais à margem dos fatos do que suas concorrentes, mas contra argumentei que em matéria de furo de reportagem, ainda acho a Folha imbatível. E O Globo tem me surpreendido com seu caderno de cultura. O Segundo Caderno tem se sobressaído com pautas bem mais interessantes que as concorrentes paulistanas. Me dá a sensação de que eles, de fato, saem de suas mesas de redação, de suas zonas de conforto, para ir atrás de algo interessante.



E o assunto do momento tem sido a criação de um exército evangélico criado pela Igreja UNINFERNAL do Reino de Deus. Assistindo ao vídeo, me veio uma passagem da Bíblia onde Cristo diz para a gente se acautelar, pois muitos virão em Seu nome. Quer dizer, como uma igreja que diz ser de Deus tem como hábito chamar os demônios para conversar com os pastores durante o culto. Só falta arrumar uma mesa com xícaras para um chá da tarde com os “espíritos inferiores”. E um ser que diz ser pastor chamar o diabo para um “dedo de prosa”?   Mas o melhor foram os comentários a respeito do assunto. Um colega postou: “é tudo gogo boy, gente”! (risos). Meu comentário foi suscinto: o apocalipse começou.



Homero passou em casa ontem à noite. Fazia um tempo que não o via. Digamos que ele seja minha última nova aquisição.  Um menino tão jovem, bonito e sem perspectiva do que fazer na vida. Fico observando com tristeza ver tantos jovens sem nenhum planejamento de vida, amarrados por um horripilante tédio. Mas gosto dele. Matamos saudades e conversamos bastante. Ele veio com a mãe para São Paulo, junto com seus dois irmãos. É o caçula. Não sei por que ele começou a falar sobre seu pai, que ele não conhece. Perguntei a ele se tinha vontade de vê-lo e ele me falou que tentou conhecê-lo quando tinha 12 anos, mas seu pai não quis recebê-lo. Pra variar, mais um homem covarde nesse mundo. Antes de ir embora, ele me perguntou se eu estava precisando de uma faxineira, que se eu quisesse, poderia chamar sua mãe para trabalhar para mim. Eu agradeci e declinei pois já tenho uma diarista que está comigo há 6 anos. Assim que ele foi embora, pensei na ingenuidade dele em chamar sua mãe para fazer faxina em casa. E como que eu iria abordá-la? “Bom dia, sogrinha?” (risos).

Tenho assistido bastante os canais culturais na TV paga. O Arte 1 está com uma boa programação, fora a bela identidade visual criada pela emissora. Ontem, por exemplo, passou um documentário sobre Thelonius Monk, com pitadas de apresentações do músico em vários palcos por onde passou.  E quem é Thelonius Monk? De forma bem cartesiana, é um cara que soube realmente fazer música. Ah, e eles costumam programar concertos, para meu deleite. Vi na sequencia do documentário o maestro Daniel Barenboim conduzindo a orquestra com a sinfonia n° 5 de Beethoven – um elixir dos deuses. Só acho uma pena colocar uma série genérica e bem inferior a Downton Abbey, chamada Bleak House em sua grade de programação. É de bocejar.