Em meio ao mundo bizarro de Gugu na TV e as bizarrices
do mundo de cão de cada dia – seja com o Estado Islâmico e o exército
evangélico daqueles satanistas maquiados da Universal, enfim uma notícia que
vale a pena ser compartilhada. Fiquei comovido com a história do menino
Thompson Vitor, de 15 anos, que passou em 1º lugar no curso de multimídia da
IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte),
não pelo fato em si, mas pelo enredo que conduz a história desse jovem
potiguar. E sua mãe, uma ex catadora de lixo de nome Rosângela, foi a principal motivadora para a educação do
filho. Ela recolhia pertences nos lixos de famílias ricas que considerava
importante para o bem estar de sua família. Entre os objetos, ela achava vários
livros e aproveitava todo o material literário que ela resgatava para servir de
leitura a seus filhos. Essa nobre postura incentivou o jovem Thompson a ter
gosto pela leitura e pelo estudo e, o principal, foco em sua perspectiva de
vida. E, detalhe: Rosângela trabalhou como catadora de lixo durante 10 anos. O
jovem Thompson decidiu então centrar esforços nos estudos e com isso, conseguiu
a proeza de ficar em 1º lugar com a maior nota de corte no curso. Quando li a
matéria respirei aliviado, pensando que há ainda um frescor de esperança no ar.
Esses ricos de ontem, que jogaram livros no lixo, fazem parte da classe média
ignorante de hoje. Para o jovem Thompson, isso é apenas o começo. Mas que sua
iniciativa sirva de exemplo para vários outros jovens que acham que o mundo se
resume apenas nas conversas de whatsap. (leia a matéria na íntegra e reflita: http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/02/25/mae-do-1-lugar-no-ifrn-conta-pegava-livros-no-lixo-e-lia-para-eles.htm )
Levei alguns jornais para dar uma lida e me atualizar sobre
as notícias de política. Vi no caderno de política do jornal O Globo que a
Vilma, junto com sua equipe, agendou um jantar com a cúpula do PMDB, incluindo
os emissários de Lúcifer – Eduardo Cunha e Renan Calheiros, nomes esses citados
no Lava-Jato. Mas Renan, numa postura de criança mimada em busca de luz na
escuridão, resolveu não comparecer. É nisso que dá o PT vender a alma ao Diabo:
agora está refém da mãe puta de todos nós, o PMDB, na condução do governo. Quer
dizer, o PT costura a aliança política durante o período eleitoral e depois da
vitória da Vilma, querem excluir o principal aliado na articulação política do
governo? Das duas, uma: ou o PT se tornou o próprio Diabo com esse pacto
sinistro ou são meros estúpidos ingênuos em achar que podem ter o poder apenas
para si. O que me chamou a tenção na matéria foi a foto colocada para ilustrar a
reportagem: um homem estava com um cartaz em frente ao palácio do Jaburu –
local do dinner de reconciliação, com
o seguinte dizer: “Nesta Santa Ceia quero ver quem é o Judas”. Pensando na
quantidade de políticos que compareceram ao jantar, acho difícil escolher um. Acho
que será necessário a Santa Ceia do Jaburu distribuir (risos) senhas para
sortear o bode expiatório da vez. Haja concorrência.
E a música sertaneja entra com dois assuntos: Inezita
Barroso comemora seus 90 anos de vida. Talvez muitos não saibam, mas a
artista, que comanda bravamente o programa Viola, minha Viola na TV Cultura,
além de cantar também é atriz, instrumentista, folclorista e professora.
Inezita é uma das poucas a divulgar a música sertaneja de raiz, ou música
caipira, como preferir. Perguntada a respeito da atual música sertaneja hoje em
dia, ela é contra a modernidade colocada nas músicas do gênero hoje em dia. Já
chegou a chama-la inclusive de sertanojo,
que é uma música inventada pela indústria, sem raiz e paupérrima. Sertaneja
com atitude punk na língua. E vindo de uma expert no assunto.
Outro grande
expoente da verdadeira música sertaneja, o cantor José Rico, que fazia dupla
com Milionário, faleceu ontem, deixando vários saudosistas desolados. Para mim,
Milionário e José Rico me traz boas lembranças. Apesar do descaso que a mídia dava a eles graças ao sertanejo de boutique de Chitão, Zezé e companhia, vale registrar que a dupla foi responsável em modernizar a produção de música sertaneja no país. Foram precursores em colocar metais nos arranjos. E a memória afetiva não para por aí. Quando era criança, costumávamos ir, todos os
domingos, para a fazenda de meu tio Gildo, eu, meus pais, minha irmã, minha avó
e meus primos. Pegávamos uma estrada de terra para chegar na fazenda e eu
adorava, desde cedo, a contemplar a paisagem verde do lugar, o relampiar dos
tiús com suas caldas imensas correndo pelas matas, as lagunas e seus brejos
traiçoeiros. E tudo isso ao som de Trio Parada Dura, Tião Carreiro e Pardinho e
Milionário e José Rico. Deus, como eu detestava ouvir essas músicas. Meu pai
colocava a fita cassete no talo. Hoje eu me lembro com saudosismo a voz
cortante, melancólica e trovadora de José Rico cantando a perda, a saudade, o
amor não correspondido. Depois de muito tempo, passei a apreciar a obra dessa
dupla com outra audição. Apesar do reconhecimento tardio, José Rico figura
entre os ícones da boa música sertaneja, não só pela voz ímpar, mas também pelo
seu figurino de bicheiro aposentado, cheio de jóias douradas pelo corpo. Uma relíquia que fará falta.