terça-feira, 3 de março de 2015


(se achar mais agradável, escute essa preciosidade, enquanto lê o texto)

Exercitando o lado crítico de ser, fui com Helô tomar um café no Sesc Belenzinho. Durante o caminho, disse que não poderia esquecer de pegar os semanários de cultura para apreciá-los à noite, em casa. Helô comentou que não tem tido tempo de ler o jornal que ela assina. Lógico que perguntei, como todo bom curioso qual era o jornal que ela assinava e ela respondeu que assina o Estadão. E começamos a relacionar os três principais veículos de mídia impressa. Eu disse que dos três eu prefiro O Estadão, pois pelo menos eles assumem a postura de se fazer uma linha editorial mais conservadora. Eu parto da opinião que é sempre bom saber o que os conservadores pensam a respeito de tudo, principalmente política; com relação à Folha, Helô argumentou em poucas palavras sua opinião a respeito do jornal da família Frias: “uma revista de comadres” (risos). Também tenho achado a Folha mais à margem dos fatos do que suas concorrentes, mas contra argumentei que em matéria de furo de reportagem, ainda acho a Folha imbatível. E O Globo tem me surpreendido com seu caderno de cultura. O Segundo Caderno tem se sobressaído com pautas bem mais interessantes que as concorrentes paulistanas. Me dá a sensação de que eles, de fato, saem de suas mesas de redação, de suas zonas de conforto, para ir atrás de algo interessante.



E o assunto do momento tem sido a criação de um exército evangélico criado pela Igreja UNINFERNAL do Reino de Deus. Assistindo ao vídeo, me veio uma passagem da Bíblia onde Cristo diz para a gente se acautelar, pois muitos virão em Seu nome. Quer dizer, como uma igreja que diz ser de Deus tem como hábito chamar os demônios para conversar com os pastores durante o culto. Só falta arrumar uma mesa com xícaras para um chá da tarde com os “espíritos inferiores”. E um ser que diz ser pastor chamar o diabo para um “dedo de prosa”?   Mas o melhor foram os comentários a respeito do assunto. Um colega postou: “é tudo gogo boy, gente”! (risos). Meu comentário foi suscinto: o apocalipse começou.



Homero passou em casa ontem à noite. Fazia um tempo que não o via. Digamos que ele seja minha última nova aquisição.  Um menino tão jovem, bonito e sem perspectiva do que fazer na vida. Fico observando com tristeza ver tantos jovens sem nenhum planejamento de vida, amarrados por um horripilante tédio. Mas gosto dele. Matamos saudades e conversamos bastante. Ele veio com a mãe para São Paulo, junto com seus dois irmãos. É o caçula. Não sei por que ele começou a falar sobre seu pai, que ele não conhece. Perguntei a ele se tinha vontade de vê-lo e ele me falou que tentou conhecê-lo quando tinha 12 anos, mas seu pai não quis recebê-lo. Pra variar, mais um homem covarde nesse mundo. Antes de ir embora, ele me perguntou se eu estava precisando de uma faxineira, que se eu quisesse, poderia chamar sua mãe para trabalhar para mim. Eu agradeci e declinei pois já tenho uma diarista que está comigo há 6 anos. Assim que ele foi embora, pensei na ingenuidade dele em chamar sua mãe para fazer faxina em casa. E como que eu iria abordá-la? “Bom dia, sogrinha?” (risos).

Tenho assistido bastante os canais culturais na TV paga. O Arte 1 está com uma boa programação, fora a bela identidade visual criada pela emissora. Ontem, por exemplo, passou um documentário sobre Thelonius Monk, com pitadas de apresentações do músico em vários palcos por onde passou.  E quem é Thelonius Monk? De forma bem cartesiana, é um cara que soube realmente fazer música. Ah, e eles costumam programar concertos, para meu deleite. Vi na sequencia do documentário o maestro Daniel Barenboim conduzindo a orquestra com a sinfonia n° 5 de Beethoven – um elixir dos deuses. Só acho uma pena colocar uma série genérica e bem inferior a Downton Abbey, chamada Bleak House em sua grade de programação. É de bocejar.