(se achar mais agradável, escute essa preciosidade, enquanto lê o texto)
Exercitando o lado crítico de ser, fui com Helô tomar um
café no Sesc Belenzinho. Durante o caminho, disse que não poderia esquecer de
pegar os semanários de cultura para apreciá-los à noite, em casa. Helô comentou
que não tem tido tempo de ler o jornal que ela assina. Lógico que perguntei,
como todo bom curioso qual era o jornal que ela assinava e ela respondeu que
assina o Estadão. E começamos a relacionar os três principais veículos de mídia
impressa. Eu disse que dos três eu prefiro O Estadão, pois pelo menos eles
assumem a postura de se fazer uma linha editorial mais conservadora. Eu
parto da opinião que é sempre bom saber o que os conservadores pensam a
respeito de tudo, principalmente política; com relação à Folha, Helô argumentou
em poucas palavras sua opinião a respeito do jornal da família Frias: “uma
revista de comadres” (risos). Também tenho achado a Folha mais à margem dos
fatos do que suas concorrentes, mas contra argumentei que em matéria de furo de
reportagem, ainda acho a Folha imbatível. E O Globo tem me surpreendido com seu
caderno de cultura. O Segundo Caderno tem se sobressaído com pautas bem mais
interessantes que as concorrentes paulistanas. Me dá a sensação de que eles, de fato, saem de suas mesas de
redação, de suas zonas de conforto, para ir atrás de algo interessante.
E o assunto do momento tem sido a criação de um exército
evangélico criado pela Igreja UNINFERNAL do Reino de Deus. Assistindo ao vídeo,
me veio uma passagem da Bíblia onde Cristo diz para a gente se acautelar, pois
muitos virão em Seu nome. Quer dizer, como uma igreja que diz ser de Deus tem
como hábito chamar os demônios para conversar com os pastores durante o culto.
Só falta arrumar uma mesa com xícaras para um chá da tarde com os “espíritos
inferiores”. E um ser que diz ser pastor chamar o diabo para um “dedo de prosa”?
Mas
o melhor foram os comentários a respeito do assunto. Um colega postou: “é tudo
gogo boy, gente”! (risos). Meu comentário foi suscinto: o apocalipse começou.
Homero passou em casa ontem à noite. Fazia um tempo que
não o via. Digamos que ele seja minha última nova aquisição. Um menino tão jovem, bonito e sem perspectiva
do que fazer na vida. Fico observando com tristeza ver tantos jovens sem nenhum
planejamento de vida, amarrados por um horripilante tédio. Mas gosto dele.
Matamos saudades e conversamos bastante. Ele veio com a mãe para São Paulo,
junto com seus dois irmãos. É o caçula. Não sei por que ele começou a falar
sobre seu pai, que ele não conhece. Perguntei a ele se tinha vontade de vê-lo e
ele me falou que tentou conhecê-lo quando tinha 12 anos, mas seu pai não quis recebê-lo.
Pra variar, mais um homem covarde nesse mundo. Antes de ir embora, ele me
perguntou se eu estava precisando de uma faxineira, que se eu quisesse, poderia
chamar sua mãe para trabalhar para mim. Eu agradeci e declinei pois já tenho
uma diarista que está comigo há 6 anos. Assim que ele foi embora, pensei na
ingenuidade dele em chamar sua mãe para fazer faxina em casa. E como que eu iria
abordá-la? “Bom dia, sogrinha?” (risos).
Tenho assistido bastante os canais culturais na TV paga.
O Arte 1 está com uma boa programação, fora a bela identidade visual criada
pela emissora. Ontem, por exemplo, passou um documentário sobre Thelonius Monk,
com pitadas de apresentações do músico em vários palcos por onde passou. E quem é Thelonius Monk? De forma bem
cartesiana, é um cara que soube realmente fazer música. Ah, e eles costumam programar
concertos, para meu deleite. Vi na sequencia do documentário o maestro Daniel
Barenboim conduzindo a orquestra com a sinfonia n° 5 de Beethoven – um elixir
dos deuses. Só acho uma pena colocar uma série genérica e bem inferior a
Downton Abbey, chamada Bleak House em sua grade de programação. É de bocejar.