Hoje foi difícil manter a concentração na leitura,
durante o trajeto para o trabalho. Pra começar o metrô, além de lotado, teve
que esperar uns minutos a mais devido a alguma ocorrência nos trilhos. Fiquei
do lado de fora na esperança dele sair logo da estação para pegar a próxima
viação, mas em vão. Só me restou entrar em algum vagão que estivesse
relativamente confortável. Pelo menos para eu não me esbarrar em alguém suado e
fedendo. Consegui me alojar em pé, peguei o livro e comecei a degustar.
Consegui me sentar na estação seguinte, achando que faria minha imersão na
leitura, mas na lei de Murphy nossa de cada dia, um casal de jovens ficou
colado ao lado de meu acento. Eles falavam muito alto. E além de falarem alto,
só sabiam se expressar em gírias. Eu cheguei a dar uma olhada na cara deles e
me certifiquei que eram estudantes de vestibular. O menino não tirava a palavra
“escroto” da boca. Também pudera, ele não tirava a mão da sua (risos) pequena genitália. Quase
cheguei a perguntar se ele estava com chato. A garota, uma insossa control C
control V, repetia como um mantra o linguajar. Dois jovens sem assunto para
conversar e com um vocabulário antiquado e pobre. São os profissionais do
amanhã. Reféns da Pátria Educadora.
Saindo, até que enfim do metrô, vim caminhando até o
trabalho. Vi um homem atravessando a avenida e pensei “o carnaval, pelo jeito,
ainda não acabou”. Parecia um ebó de encruzilhada. Estava vestido com uma
camisa CHEIA de listras na horizontal, com várias cores berrantes, um óculos
para homenagear o José Rico e uma corrente dourada pra cegar qualquer ser de
bom gosto. Glória Kalil teria uma morte súbita se passasse por ele.
E a sexta finalmente chegou. A semana tem sido
exaustiva, mas ao mesmo tempo recompensadora. As gravações do Filosofia Pop
estão rendendo boas discussões. Acompanhei ontem a filmagem no Sesc Vila
Mariana com o tema pedofilia. Até poderia ter ido de táxi, mas como Igor tinha
ido fazer uma visita na parte da manhã, acabei me jogando no subway pela praticidade do tempo. Ele
comentou que estão ocorrendo arrastões na linha 1 Azul do metrô. Eu achei que
era uma brincadeira dele, mas pelo semblante que ele fez, vi que o assunto era
sério. Os pequenos grupos têm agido da estação Praça da Árvore em diante. Falei
que isso não tinha saído ainda nos jornais, mas que ingenuidade a minha achar
que iria ou irá sair, afinal o Metrô é de responsabilidade do Governo do Estado
de São Paulo, que porventura, é blindado pelos veículos de comunicação. Ainda
bem que os florais tem surtido um belo efeito.