sexta-feira, 6 de março de 2015



Hoje foi difícil manter a concentração na leitura, durante o trajeto para o trabalho. Pra começar o metrô, além de lotado, teve que esperar uns minutos a mais devido a alguma ocorrência nos trilhos. Fiquei do lado de fora na esperança dele sair logo da estação para pegar a próxima viação, mas em vão. Só me restou entrar em algum vagão que estivesse relativamente confortável. Pelo menos para eu não me esbarrar em alguém suado e fedendo. Consegui me alojar em pé, peguei o livro e comecei a degustar. Consegui me sentar na estação seguinte, achando que faria minha imersão na leitura, mas na lei de Murphy nossa de cada dia, um casal de jovens ficou colado ao lado de meu acento. Eles falavam muito alto. E além de falarem alto, só sabiam se expressar em gírias. Eu cheguei a dar uma olhada na cara deles e me certifiquei que eram estudantes de vestibular. O menino não tirava a palavra “escroto” da boca. Também pudera, ele não tirava a mão da sua (risos) pequena genitália. Quase cheguei a perguntar se ele estava com chato. A garota, uma insossa control C control V, repetia como um mantra o linguajar. Dois jovens sem assunto para conversar e com um vocabulário antiquado e pobre. São os profissionais do amanhã. Reféns da Pátria Educadora.


Saindo, até que enfim do metrô, vim caminhando até o trabalho. Vi um homem atravessando a avenida e pensei “o carnaval, pelo jeito, ainda não acabou”. Parecia um ebó de encruzilhada. Estava vestido com uma camisa CHEIA de listras na horizontal, com várias cores berrantes, um óculos para homenagear o José Rico e uma corrente dourada pra cegar qualquer ser de bom gosto. Glória Kalil teria uma morte súbita se passasse por ele.  

E a sexta finalmente chegou. A semana tem sido exaustiva, mas ao mesmo tempo recompensadora. As gravações do Filosofia Pop estão rendendo boas discussões. Acompanhei ontem a filmagem no Sesc Vila Mariana com o tema pedofilia. Até poderia ter ido de táxi, mas como Igor tinha ido fazer uma visita na parte da manhã, acabei me jogando no subway pela praticidade do tempo. Ele comentou que estão ocorrendo arrastões na linha 1 Azul do metrô. Eu achei que era uma brincadeira dele, mas pelo semblante que ele fez, vi que o assunto era sério. Os pequenos grupos têm agido da estação Praça da Árvore em diante. Falei que isso não tinha saído ainda nos jornais, mas que ingenuidade a minha achar que iria ou irá sair, afinal o Metrô é de responsabilidade do Governo do Estado de São Paulo, que porventura, é blindado pelos veículos de comunicação. Ainda bem que os florais tem surtido um belo efeito.