terça-feira, 31 de março de 2015



Já estou preparando meu roteiro para as viagens que fechei nos feriados do mês de abril. Consegui uma compensação na quinta-feira, pois o vôo para BH parte à tarde. Vou com Juçara para Inhotim. Estou ansioso para conhecer o centro cultural e matar as saudades do clima, das colinas e das pessoas pra lá de receptivas de Minas Gerais. Minas na semana santa e Rio de Janeiro no feriado de Tiradentes. Mesmo com as praias como atrativo, quero muito aproveitar o Rio para fazer um roteiro cultural por lá. Na pauta, a Casa Daros, o MAR, o CCBB e o MAM. Mas sem deixar a saúde e o bem estar de lado: a Floresta da Tijuca e o Jardim Botânico também estão incluídos na pauta. A putaria vai ficar para uma próxima (risos). E é lógico que vai ter tempo para pegar um belo bronze.

Aproveitei para almoçar com minha equipe, depois de uma reunião que tivemos para acertarmos as estreias de novos projetos para TV.  O tema preconceito surgiu de forma tão natural que acabamos colocando na roda diversos assuntos relacionados ao tema.  Seja na condição de vítima ou de algoz. Falei sobre os preconceitos ainda vividos no ambiente de trabalho. Porque existem pessoas que vivem na era medieval a ponto de não estabelecer diálogo com um gay. Pega mal, pra eles, estar próximos de um. Coisa de macho reprimido que deve se lembrar como um trauma  da primeira dedada que levou (risos).  As meninas ficaram um pouco surpresas com a minha declaração. Até gerente com quem trabalhei chegou a dizer a seguinte pérola: “...muito bom profissional, tem muitas qualidades. Só que ele é homossexual MAS isso não interfere no trabalho dele” (risos). Nos dias de hoje, lidar com situações adversas como essa soa como diversão. Perder minha energia a troco de que?  Sidênia aproveitou o gancho para falar sobre o livro Personas Sexuais, de Camille Paglia, até para fazer um contraponto à história que contei, já que o livro aborda o quanto o conservadorismo não conseguiu fazer frente à força do paganismo nas mais diversas linhas de pensamento, como a arte, o erotismo, a astrologia e a cultura pop. Gostei da pontuação dela para reforçar que não vale a pena se anular frente a essa grosseria. Com o assunto Paglia na mesa, nos lembramos das figuras pop que resistiram bravamente ao conservadorismo hipócrita de nossa sociedade. E Madonna não poderia ficar de fora. Nos lembramos das polêmicas causadas pela cantora durante as construção e consolidação de sua carreira. E olha que Madonna aprontou muito, para nosso deleite. Suas atitudes era um não a qualquer tipo de preconceito. Foi assim cantando a gravidez precoce e as dificuldades de ser mãe solteira (Papa don´t preach); o beijo profano a um santo (Like a prayer); e a criação de um sofisticado ambiente de bordel (Justify my love). Nos lembramos da célebre cena de masturbação na turnê Blond Ambition. Ela sofreu resistência de alguns países que ameaçaram prendê-la caso ela fizesse o tal número. O melhor disso é que Madonna não se intimidou e bancou a polêmica.  Todas essas mesmices do pop de hoje – de Britney a Katy Perry, têm a obrigação de pedir a bênção a ela. Assistir a um clipe ou show de uma delas é um control c control v do que eu já presenciei Madonna fazer.


E frente à caretice, na volta ao trabalho, ficamos em devaneios pela rua. Pensamos em criar, entre outras boas bizarrices o evento Miss Sodoma e Mister Gomorra. Fiquei cantarolando mentalmente uma música da Fernanda Abreu chamada Fatos e Fotos, aí eu falei que estava morrendo de saudades de Portugal, o quanto me fez bem conhecer nosso berço de civilização. Com Fernanda e Portugal veio a ideia de se fazer um programa de tv chamado Fados e Fodas (risos). Inventamos até a trilha de abertura do programa.


E para abstrair o falatório em torno do assunto preconceito, vi no Facebook uma pastora, que diz ser ex-lésbica, publicar um vídeo dizendo que foi ao Inferno e viu o vale dos homossexuais por lá. Se bem que eu acredito que ela não foi visitar o Inferno, já que ela saiu de lá. Aliás, nem o Diabo a aguentou e a mandou de volta à Terra. Pra gente ter quer aturar.