Domingo tem sempre essa chatice de prelúdio de fim de festa. Acordei
com um barulho de chuva e resolvi curtir preguiça na cama. Mas aí me lembrei
que deveria sem falta comprar um novo carregador para meu celular, pois o cabo
do meu Xperia já estava com mal
contato. E para poder aproveitar o pouco do que restava do fim de semana, dei
um Google para ver onde tinha uma loja Sony. A mais próxima era no Shopping Bourbon
e shopping é algo que eu evito ao máximo de entrar. Pronto. O sacrifício foi devidamente escolhido ao Holocausto.
Saí de casa e a chuva deu uma trégua de apenas cinco minutos
e voltou animada. Sorte de já estar perto da padoca Gratinatti. Mal fechei o
guarda-chuva e uma senhora veio em minha direção falando sem dar pausa. Como
estava no mundo interior de dentro de mim mesmo com o Ipod, não
percebi que ela queria falar comigo. Tirei meus fones e entendi que ela queria
que eu a levasse ao carro de sua amiga, pois ela não poderia se molhar. Abri
novamente o guarda-chuva e fui conduzindo a folgada, quando entra sem brecar o
carro da tal amiga. Era um grupo de velhas que estavam no carro. Velhas e cegas
também. Ela começou a alterar a voz dizendo que não poderia se molhar e me
pediu para levá-la ao banco de trás. Como estava me molhando, a velha
reclamando e ninguém para abrir a porta, voltei para a padaria deixando a
larga da velha gritando que não poderia se molhar. Quer dizer, você permite se
passar por idiota até a página 2, certo?
Entrei e pedi um pão de queijo e uma média com leite. E que
atendimento péssimo. Você tinha que ficar escutando, como se você fosse
obrigado, os funcionários resmungando e discutindo entre eles. E pra piorar a
chuva se intensificou. Acho que eu queimei alguns karmas depois de tomar café
por lá. Fora o clima de uti que a
padaria possui. Saí rapidamente, em direção ao ponto de ônibus.
Fiquei embaixo do Minhocão e nenhum ônibus a passar. E muita
gente medonha em volta, além da ciclovia colocada de forma tão porca pelo
Haddad. Pior é você ver ciclistas andando fora da ciclovia e desrespeitando os
pedestres. O ser humano precisa urgente entrar em extinção.
Enquanto a linha Terminal Lapa atravessava a avenida
Francisco Matarazzo, vi uma fila enorme naquele curral de lugar, o Villa
Country. Fiquei surpreso com uma fila imensa em pleno clima chuvoso na balada
sertaneja. Não imaginava que o “celeiro” abria para matinê e com uma
quantidade considerável de “vacas nelores” por lá (risos).
Desci em frente ao Parque Allianz e uma horda de palmeirenses
cercava o estádio. Tratei de apressar o passo e entrei no shopping. Assim que
comprei meu carregador, a chuva novamente se acentuou e achei melhor pegar um
cine, antes de almoçar, já que a área de alimentação estava cheia. Depois de
muito pensar, decidi em ver “Chatô – o Rei do Brasil”.
Depois de décadas de embargos, envolvimento com dívidas,
entre outras receitas para se fazer uma boa novela, o filme dirigido por
Guilherme Fontes debuta em cenário nacional e não faz feio. Está tendo críticas
consideráveis a favor de “Chatô” e a bilheteria reproduz esse vento a favor: estreou em 2º
lugar na arrecadação nacional, perdendo apenas para “Jogos Vorazes”, um
blockbuster de marketing bem agressivo na sua divulgação. Adotar uma linguagem metalingüística
no “julgamento” de Chateaubriand no formato de um programa de televisão, desses
de apelo bem popular, tão atual na TV de hoje, foi uma bela sacada de
Guilherme, que atuou, dirigiu e produziu o filme. E ele não seguiu a linguagem
habitual de seguir uma ordem cronológica de contar uma história. E é importante
ressaltar a atuação de Marco Ricca, como Chatô. Mas no final das contas, achei “Chatô”
chato. Apesar dessas belas sacadas, o filme não me conquistou. E para um público que não se interessa por ler hoje em dia, é importante preparar as pessoas para explicar quem foi esse importante magnata da comunicação. Tudo soa muito confuso no começo da história. Pior é pensar, depois do término do filme, de termos a obrigação de agradecer a um ser tão
grotesco, chulo, vulgar, baixo, sem o mínimo de nível cultural e presunçoso,
pelo advento da televisão nos lares brasileiros. Sabe o personagem Shrek? Agora
eu tenho certeza quem o inspirou.