quarta-feira, 18 de novembro de 2015


Estava no aguardo de minha diarista chegar para passar a pauta de limpeza do dia. Fiquei olhando o quanto meu apê está bagunçado desde minhas férias e eu ainda não fiz nada para resolver. De todos os pecados capitais, a preguiça é realmente meu calcanhar de Aquiles. A estante do meu quarto precisa ser arrumada urgente. Todos os meus cds estão empilhados de forma bem porca até eu consertar o suporte para colocar todos os álbuns de forma organizada. Meu pai já preparou todo o material para resolver a situação, minha irmã ficou de ir em minha casa para fazer os reparos e eu estarei acompanhando, (risos) supervisionando o trabalho dela. A organização mental desse trabalho se dissipou com o barulho do interfone. Era o porteiro para avisar que (risos) minha “secretária” tinha acabado de chegar.   Regina, minha diarista, valorizando seu passe.


Regina chegou e eu já fui logo passando o que eu queria que ela fizesse. Falei de forma rápida para não dar espaço para ela falar. Regina adora tagarelar. E eu odeio ficar jogando conversa fora pela manhã. Fico impressionado como ela se liga no 220 volts e deslancha no contato verbal. Para não ter que ser grosseiro com ela, faço uma espécie de exercício audiovisual mental: enquanto ela fica falando pelos cotovelos, esvazio minha mente até conseguir bloquear, em minha audição, sua voz. Aí eu olho pra cara dela fingindo estar atento aos seus devaneios e começo a mentalizar uma cena de novela, de preferência de época, para (risos) maltratá-la na cena. Coisas do tipo: “por acaso eu te dei espaço para abrir a boca? Limpe logo minha cristaleira, imprestável”! Ou outras pérolas, do tipo: “Você quer que eu use sua língua para limpar os talheres? Assim você fecha essa boca”! E quando ela quer dar dicas de saúde pra mim? É hilário. Fica comentando sobre eu me alimentar bem e aí eu ligo o foda-se no “cerebral automatic mute”. O mais curioso é ela falar que eu preciso fazer dieta porque ela está fazendo dieta e que já perdeu alguns quilos. Eu olho pra ela e penso: perdeu...onde? (risos). 


E o Brasil jogou ontem nas eliminatórias e eu esqueci que tinha jogo. É que eu uso como termômetro, para saber que tem jogo, os gritos de torcedores que invadem os vários bares na Santa Cecília.  Mas não ouvi nenhum grito de euforia durante o jogo.  E olha que o Brasil enfiou 3 no Peru. De uns tempos para cá, tem me dado muito prazer em assistir à transmissão de jogos de futebol, mas acho que a gente sofre com a quantidade de péssimos profissionais responsáveis pela locução. Procuro sempre me antenar com os novos profissionais da área, assistindo os jogos na TV paga, mas...me causa estranhamento ouvir o locutor narrar de forma tão estressada. Falam dessa forma por quê? Por acaso eles estão com algum nabo enfiado no rabo? O que pretendem fazer? Transformar o jogo numa soap opera? O pior é que esse tipo de profissional se prolifera em forma de cascata. Vivemos uma era mediana em se tratando de bons profissionais na cobertura de jogos. Está mais do que na hora de inovar, concordam? Seria interessante colocar uma mulher narrando uma transmissão, por exemplo.  Mas sem aquela entonação de radialista que fala parecendo estar com prisão de ventre. Meus tímpanos agradecem.