Pior que sair atrasado de casa
para o trabalho é você ter uma ajudinha da Lei de Murphy para tudo que está
ruim ser pior. Regina chegou atrasada para trabalhar em casa e antes que ela
ligasse seu gravador labial, fiz a linha “acabou, Jéssica?”, senão iria sair
uma semana depois. Entrei no elevador e me encontrei com Karina, vizinha que
mora no 16º andar. Estava bem produzida e com uma mala. Ia se encontrar com uma
colega para fazer um trabalho juntas, mas a colega estava perdida no metrô.
Quando ela ia emendar o assunto de combinarmos algo pra fazer, o elevador,
graças a Deus, pousou no térreo. Disse que estava com pressa e não poderia
esperar. Já combinamos algumas vezes de tomarmos um vinho, mas ela sempre
arranja desculpa. Quer dizer, ela e a namorada sempre dão um truque.
Fui com pressa ao metrô,
preocupado em não chegar a tempo para passar para meu gerente os relatórios que
ele levaria para reunião com nosso diretor regional. Assim que desço a rampa de
acesso à catraca, uma lentidão de gente congestiona o trajeto. E seria
politicamente incorreto de minha parte apressá-los. O que fazer quando você tem
um cego, um ajudante de cego, uma manca e uma maricona rebolando na sua frente,
ouvindo fag music. E beeem alto
(risos).
Não estava com muita disposição
em ler no vagão. Joguei o Ipod no randômico e tive três ótimas canções. Não é
todo o dia que Beatles, Bowie e Prince oferecem, em sequencial, um consolo para
seus ouvidos. Trilha perfeita para entrar em alfa e esquecer os aborígenes em
minha volta. Na saída do metrô Belém, mais uma grata surpresa musical, no
caminho ao trabalho. Parada obrigatória para pegar um pão de queijo e um suco
de laranja, enquanto Mick Jagger chora seu lamento sertanejo.
Aprecie o texto com essa delícia de som
Chegada com atraso e meu gerente
já tinha ido à reunião. Mandei um whatsapp avisando que mandaria os relatórios
e dvds para apreciação do diretor. Enquanto organizava o kit, fiquei escutando
um barulho de alarme insuportável que não parava de ecoar na sala de produção.
E com aquele toque musical chinês cafona que beira o insuportável. Perguntei se alguém
estava fazendo alguma massagem tailandesa. Na verdade era o celular de Jucimara
que não parava de tocar e ela não estava na sala para desligar. Estava
fofocando com a secretária. Nessas horas, bom senso é essencial para garantir
uma boa convivência em grupo. Quer dizer, a pessoa sabe que o alarme soa nesse
horário e ela não está no horário para desligar?
Estava olhando a caixa de
e-mails e meu ouvido de tuberculoso ficou escutando o papo de Helô e Sílvia e
eu gritei: “sem lesbianismo, por favor!” Aí Sílvia me perguntou se ela tinha
perfil de sapa e eu gritei: “I don´t knoooooooow” (risos). Ela foi ótima,
dissecou sobre o perfil de sapatonas que existem hoje em dia. “É complicado,
elas ganham um beijo e no dia seguinte querem ir morar com você. E aí você se
assusta e fala ‘querida, foi só um beijo. Estava bêbada ontem’”(risos). Adoro
justificativa cafajeste.
Fui almoçar com Padilha e Jô no Sesc Belenzinho. O clima
estava nublado, porém bem abafado. Meu gerente, Valter, chegou e acabou
almoçando conosco. Depois do lunch,
fomos tomar café e a pauta foi o episódio envolvendo a garota do tempo do JN,
a Maju e Willian Bonner.
Padilha comentou que leu nos sites de notícias que Bonner bancou a ida de Maju
para a conferência do clima, em Paris. Alguns jornalistas criticaram a ida dela
por estar há pouco tempo na bancada do JN. Ficamos alfinetando Bonner,
argumentando que ele deveria ter algum interesse por trás e Valter deu o golpe
de misericórdia: “é lógico que Bonner está interessado, já que a esposa (risos) só tem
engordado com produtos processados”. O que uma celebridade não faz por um bom cachê.