quinta-feira, 5 de novembro de 2015


Alter do Chão – Santarém – Brasília – São Paulo. Não é fácil ficar na contagem regressiva para o retorno à vida real. Enquanto arrumava minha mochila, fiz um rápido retrospecto do quanto foi proveitoso desbravar os 15 dias pelo Pará. Foram tantas boas surpresas que tive a sensação de ter ficado 1 mês viajando. As dores da pós cirurgia foram aos poucos diminuindo, mas havia outra dor para administrar: as férias chegando ao fim.

Fomos tomar nosso café achando que teríamos em nosso último dia, até que enfim, um suco de caju pra matarmos nossa vontade, mas acabamos não tendo o prazer de desfrutar do suco desta fruta em nosso breakfast. Confesso que isso me brochou um pouco, afinal de contas umas pousadas com um cajueiro imenso daquele, cheio de caju pra gente se esbaldar em bacias de suco, não tiveram o bom senso de nos servir em nenhum dia um bom suco de caju no café da manhã. Mas foi um deslize que não comprometeu o bom atendimento e estrutura da pousada.

De malas prontas, fiquei aguardando em meu quarto Eduardo nos chamar para darmos início ao retorno a São Paulo. Aproveitei o ócio para fechar o restinho de fim de semana de férias para descansar e preparar o esfíncter para a realidade. Último destino do roteiro de férias:  em São Bento do Sapucaí, no Vale do Paraíba. Queria aproveitar o cheiro do campo, o charme bucólico e singelo da cidade, dos moradores. Estava a fim de fazer algo mais introspectivo para fechar as férias com chave de ouro.


Tudo acertado com Eduardo, levamos nossas bagagens para o carro. Eduardo nos levou até o aeroporto de Santarém, na qual eu chamei carinhosamente de “minha adorável Bagdá” (risos). O aeroporto estava uma zona, passando por uma reforma. Comemos uns salgados do lado de fora do aeroporto porque, devido à reforma, não havia nada de digerível dentro do lugar. Juçara e eu ficamos comentando, perplexos, sobre a área de erosão deixada por construtoras que começaram a trabalhar em algum empreendimento e que, por alguma ilegalidade, pararam com a “obra”. Quer dizer, você sai maravilhado de um lugar cheio de mata, floresta e o ser humano, pra variar, destruindo em nome da ganância. É pra ter realmente esperança nesse país?


O vôo saiu pontualmente às 15h30. Faríamos uma conexão no aeroporto de Brasília. Quando o avião decolou, tivemos uma vista panorâmica de Alter do Chão. Me deu um aperto na alma em ver uma beleza tão rara daquela se distanciando de nós! Depois de desse momento Scarlet O´Hara, aproveitei para colocar a leitura em dia. Li quase 40 páginas de “Gente Independente”, de Halldór Laxness. Foi o único livro que levei na viagem, além de revistas. Durante o vôo, fiz uma breve pausa na leitura e pensei o quanto foi bom não ter se contaminado com nenhuma notícia sobre política ou qualquer coisa relacionada a respeito. Valeu a experiência.

Chegamos por volta das 18h em Brasília. Tinha uma criança insuportável que não parava de chorar. Não me atentei tanto à quantidade de tempo que o catarrento ficou se debulhando, mas chegou um certo momento que realmente não conseguia me concentrar por causa dos berros do bebê. Pelo menos o vôo foi tranquilo. Imagina escutar o chororô com uma turbulência para acompanhar. Fiquei pensando numa cena do filme “Apertem os cintos, o piloto sumiu” hilária, me imaginando o que faria com o pentelho do menino se essa situação acontecesse.


Não demoramos muito tempo para embarcarmos para São Paulo. Aproveitamos o tempo para comermos algo. E o aeroporto de Brasília é realmente chique. Tem wifi gratuito pra você usufruir, não tem aquela frescura de Guarulhos, onde você só pode desfrutar da rede por alguns minutos. Quando passamos pelo embarque, aproveitei para me jogar em fazer umas comprinhas, mas comprei apenas duas camisetas da Calvin Klein. Enquanto caminhávamos até chegar ao portão de embarque de nosso vôo, Juçara ficou observando as pessoas pra saber se teríamos a honra de trombarmos com o Eduardo Cunha. Aí você via pessoas bem vestidas dando aquele carão de ser alguém importante, quando na verdade, eram (risos) o quarto escalão do Congresso. De secretária a algum office boy de luxo. Era muito engraçado vê-los fazendo cara de conteúdo pra gente.



No vôo de volta a Sampa, a mula do atendente da TAM em Santarém nos colocou em poltronas separadas. Ju ficou no corredor, assim como eu, atrás de mim. Estavámos bem no fundo da nave na esperança de não ter que ouvir barulho daquele fedelho da viagem anterior. Quando achava que não iria sentar ninguém a meu lado a ponto de estourar mentalmente uma champanhe, chegou um casal para se sentar. Pelo menos o bofe ficou na poltrona do meio e era simpático. A esposa, além de feia, fedia ostra crua. Acho que nem banho de creolina salvava a missiva. O curioso foi que eles entraram (risos) com uma embalagem de Pizza Domino´s. Estava na esperança deles não abrirem durante o vôo, imagina o cheiro insuportável que iria ficar. E para pagar meu karma do dia, o vôo contou mais uma vez com a participação do bebê fedelho com sua ária experimental de gritos. Ainda bem que o vôo durou pouco.


Chegamos exaustos em Guarulhos. Já tinha combinado com Paulo, o taxista charmoso, de nos pegar num lugar estratégico do aeroporto  (ele já passou pelo blog, uma delícia de pessoa e ótimo profissional, olha só: http://omundodelira.blogspot.com.br/2015/09/com-ansiedade-comendo-minhaalma-pelas.html). Mesmo cansado, estava feliz por ver o sorriso maroto dele. Deixei Juçara em casa. Durante o percurso até chegar em casa, pedi para Paulo me atualizar sobre algumas notícias. Cheguei em casa cansado, mas Paulo foi um cavalheiro em pegar minhas malas. Ele quis me dar um abraço, fiquei um pouco sem jeito mas dei um abraço nele. E hoje penso que deveria ter abraçado ele com mais vontade (risos). Meu apê estava um pouco bagunçado, mas estava sem tempo de observar. Desfiz rapidamente minhas malas para fazer outra e fui dormir. Próximo destino: São Bento do Sapucaí.