quarta-feira, 4 de novembro de 2015


Alter do Chão. Acordamos em nosso último dia de suspiro em nossa "ilha da fantasia" com a notícia de que o passeio que tínhamos programado foi cancelado por falta de quórum. Tive vontade de gritar mentalmente, mas pensei: “Querido, relaxa. Lembre-se: você está de férias”. Enquanto tomava meu suco de cajá, fui perguntando a Eduardo se havia um plano B. Ele deu a sugestão de conhecermos de lancha os Igarapés dos Macacos e outras boas surpresas próximas aos igarapés. Ju e eu topamos fazer o passeio, já que (risos) era a única opção. Depois de um banho de protetor solar, fomos nos encontrar com Eduardo na praia. Entramos na lancha, prontos para aproveitar nosso último dia por Alter.

Primeiro destino do roteiro, os igarapés são uma atração à parte. Não sei por que, mas quando vi diversos tipos diferentes de igarapés, quase imersos pela água, pensei em tantas obras de arte! Imaginei que Dario Escobar, Marepe e Sean Scully adorariam a ideia de pintar ou esculpir obras inspiradas nessas telas naturais a céu aberto. Juçara perguntou o por quê do nome “Igarapés dos Macacos” e Eduardo respondeu que há muitos macacos na região. Mas nós não vimos nenhum. Whatever.

Dos igarapés, fomos em direção a “Ponta da Valéria”. Eduardo também não soube nos dizer o motivo do nome, mas o lugar é incrível. Aproveitei para dar um belo mergulho. E tirar uma bela foto de lá.

                                          Ponta da Valeria

Mas a boa surpresa do dia foi conhecermos a Escola da Floresta, no meio da mata amazônica. Eduardo “estacionou” a lancha próxima à trilha de acesso do lugar. Assim que chegamos, fomos apresentados a uma equipe de professores que nos explicaram o objetivo de se ter uma escola nesses moldes aos moradores de Santarém e região: a ideia é aproximar as crianças às florestas e à cultura ribeirinha. E elas aprendem muitas coisas legais e divertidas no espaço verde e arborizado do lugar. Fizemos uma pequena trilha para a monitora nos mostrar um pouco do trabalho do corpo docente. Passamos por um apiário e tivemos que fazer silêncio para não sermos atacados. Fiquei rindo mentalmente de Juçara porque ela estava se borrando de medo e nessas horas ela (risos) não sabe nem disfarçar. Depois dessa boa surpresa até tive uma ponta de esperança no ser humano.


Após o passeio, pedi a Eduardo nos deixar numa praia em frente ao Hotel Beloalter. Foi perfeito, não havia uma alma por lá. Ou melhor, quase não havia uma alma por lá. Mas comparado a Ilha do Amor, estávamos no Paraíso, sem nenhuma muvuca. Aproveitamos para tomar nosso último dia de sol. Nos alojamos e enquanto tomávamos mais uma ducha de protetor, vi uma senhora com sua filha tagarelando sobre a vida. Ou sobre os problemas que a vida nos dá. A velha falava muito alto, era bem deselegante. E adorava ficar escutando nossa conversa. Fora que ela só falava em dinheiro, que tem que economizar, em dívidas, em investimentos. Quer dizer, se eu estou num lugar paradisíaco como aquele eu falaria sobre vários assuntos, menos sobre dinheiro e problemas. Quando entramos na água, ela aproveitou para entrar junto conosco. Estava com um cajado para entrar no rio. Ela nos alertou de que tinha várias arraias por ali, que eram perigosas, que elas matavam e por aí vai. Não sei de que hospital psiquiátrico ela saiu, mas a que ponto chega a neurose de uma pessoa. Quer dizer, a arraia vai atacar se alguma idiota em potencial mexer com o bicho, não é verdade? Se eu fosse uma arraia e fosse cutucado por um pedaço de pau, é óbvio que eu iria pra cima. Vai mexer com a arraia a troco de que? Sorte que a arraia não sai da água. Pra dar uma voadora nessa ignorante.


Aproveitamos o serviço do hotel, comemos uma porção de camarão à milanesa e depois almoçamos. Conversamos com uma inglesa que estava hospedada no hotel e pediu dicas de pousadas para ficar em Alter. Ela comentou que gostava de uma ambiente mais rústico e falamos da pousada que estávamos. Percebemos a preocupação dela frente ao ambiente um tanto frio dos funcionários do hotel. Nem precisamos comentar nada pois a inglesa criticou muito o Beloalter. Depois do almoço, uma caminhada mais que necessária até a Sombra do Cajueiro, para enfim, arrumarmos nossa mala.