segunda-feira, 30 de junho de 2014

Saímos de Coimbra e pegamos estrada rumo à Barcelos. Para exorcizar de uma vez com a música de Julio Iglesias, conectei o Ipod para uma audição de exorcismo. Só rock pesado. E funcionou. Barcelos é uma cidadezinha ok. Nada de atrativo. Particularmente, eu deletaria no roteiro para ficar mais um dia em Coimbra. Mas estava ansioso para nosso ponto final do dia. Guimarães, a primeira capital de Portugal.



De Barcelos seguimos para Braga. E o roteiro começou a ficar interessante. Entramos dentro de uma igreja para conhecer. Ferraz nos orientou a tirar fotos sem flash. Quando comecei a manusear a câmera, um senhorzinho que parecia um hobbit chamou a minha atenção. Disse que não podia tirar fotos. Foi em direção ao grupo e retrucou com nosso guia. Ele foi um pouco rude. Mas não dei bola e continuei fotografando. Assim como Barcelos, Braga tinha um ar interiorano, porém, com mais charme. Talvez eu tenha me simpatizado mais com Braga pelo fato de meu mal humor ter se diluído um pouco, pois a cidade me inspirou a tirar belas fotos. Tinha muito pedinte nas ruas. Almoçamos e fomos ao Santuário do Bom Jesus, de bondinho. Me deparei com a estátua de São Longuinho. E eu que achava que ele era uma lenda. Quanto à Guimarães, só tenho a dizer que me fez literalmente arrepiar. Fiquei emocionado de pisar no lugar que foi o começo de tudo, o início da civilização portuguesa. Fui privilegiado com a vista da cidade, da janela de meu quarto, no hotel. A fortaleza, que possui aproximadamente 800 e alguns anos, continua intacta. Saímos à noite para tomarmos uns drinks, mas fiquei só na coca cola. A praça da cidade estava lotada de gente bonita. Alguns garotos estavam bem nervosos, vendo o jogo do Uruguai com a Costa Rica. Ficaram mais irritados ainda de ver o Uruguai perder o jogo. E eles não eram uruguaios (risos).




Santiago de Compostela. Bom, o que dizer a respeito. Para não contrariar a Santa, depois do “sumiço” do meu passaporte, fiquei quieto e decidi me concentrar na missa. O mundo inteiro estava lá. A missa foi rezada por padres, em diferentes línguas. Uma senhora asiática (infelizmente não soube definir qual a linhagem dela) ficou na minha frente, junto com sua filha. A menina se virou, me olhou e começou a conversar com sua mãe. Reparei que a garota tinha bigode. Fora que ela estava muito mal vestida. Não ornava, sabe¿ Ela tinha um look de planta de samambaia. E o cabelo era o xaxim da planta (risos). Eu realmente não conseguia mais me concentrar. Fomos almoçar e uma senhora portuguesa, de nosso grupo, não olhou o degrau e levou um belo tombo. Foi de dar dó. Mas na hora do acontecimento, ela ficou no chão parecendo uma marionete. Não resisti e ri mentalmente.





Porto é uma cidade que realmente impressiona, tanto para o bem, como para o mal. Não é à toa que os lisboetas se incomodam com ela. Tem a imponência de ser uma cidade cosmopolita, sem perder suas raízes rústicas. Mas me deu pena de ver imensos casarões abandonados, por causa da crise europeia. Os proprietários não têm mais condições financeiras de manter um alto padrão. Realmente lastimável. Fui fazer um passeio de barco, antes de almoçar. Tinha uma família de alemães, que falava português. Eles criticavam o Brasil. Percebi ali o por quê dos alemães serem tão detestados pelos europeus, de uma forma geral. São arrogantes e acham que possuem mestrado em como administrar o mundo. Almoçamos no restaurante Gaia, onde apreciei um vinho divino da região do Douro. 


domingo, 29 de junho de 2014


A viagem a Portugal foi bem acima do que eu esperava. E novas amizades surgiram. É sempre bom e necessário reciclar seu ciclo de amizades. Faxina social é essencial. No momento, começo minha jornada em San Pedro de Atacama, no Chile, mas preciso ainda compartilhar algumas histórias na terra lusitana.

Desde pequeno sempre sonhei em conhecer Coimbra. E o mérito por ter me motivado a conhecê-la é toda do Julio Iglesias (risos). Vou explicar melhor: quando era criança, minha mãe ganhou de presente de aniversário um disco do cantor. Deus Pai, acho que fiquei traumatizado de tanto ouvir Julio Iglesias. Minha mãe colocava o álbum todos os domingos, enquanto preparava o almoço, tomando San Raphael. Nada mais cafona do que tomar esse drink e ouvir o disco de Julio no nosso aparelho 3 em 1. Isso deixava minha mãe realizada e, de certa forma, ficava feliz por ela. O que eu não esperava é que, em um desses domingos, brincava com meus amigos imaginários (risos) na sala onde ficava o som e minha mãe foi colocar o disco para escutar. De repente, começou a tocar uma música do fatídico álbum e eu comecei a prestar atenção.  E para meu espanto, comecei a curtir a melodia da música. A canção falava do quanto o artista latin lover do 5º mundo era apaixonado por uma tal cidade e exaltava a cultura e região local. Eu a escutava sempre. E escondido (risos). Como o aparelho ficava em uma estante, eu tinha que pegar um banquinho, subir nele e colocar o disco. Só colocava essa música, afinal abrir uma exceção à essa regra já era um martírio.  O nome da música é Coimbra. A partir daí, comecei a pesquisar sobre a cidade, sonhando em um dia conhecê-la. No trajeto de viagem para Coimbra, a música de Julio não saía da minha cabeça. Praga de mãe pega, viu?




Coimbra é conhecida por sua Universidade super bem conceituada e pelo fado mais intelectualizado. O projeto arquitetônico das faculdades são uma atração à parte. Pra se ter uma idéia, eles conservam e zelam por uma biblioteca, que existe desde o século 16 (acho que é 16). Um fato curioso é que, para manter os livros intactos, eles precisam se livrar, dentre outras coisas, de insetos. E a solução é simples: eles mantém morcegos dentro do espaço para comer os insetos. Nada mais digestivo (risos). Fiquei maravilhado em conhecer cada espaço, cada detalhe, cada preciosidade do lugar, apesar da música de Julio ainda martelar em minha mente. E o que dizer dos estudantes, com suas becas negras, nos aguardando para nos recepcionar. Só gente bonita. Cada gajo interessante. De saltar aos olhos. E mais interessante ainda é quando um belo jovem te aborda com uma piscadela marota. Retribuí o carinho dando um olá. Ele me convidou para uma festa que aconteceria logo mais, à noite. Ficou uma incógnita no ar.

Cheguei no hotel, abri a mala e vi que meu passaporte não estava lá. No desespero, baixou uma Dona Maria, a Louca em mim e eu comecei a jogar todas as roupas para o alto. Fiquei imaginando onde eu deveria ter enfiado o passaporte. Depois do cansaço e da preocupação, olhei para minha bagagem de mão. Tirei todas as coisas que estavam nela. Quando fui retirar o notebook, vi que algo caiu próximo da minha cama. Ele estava dentro do laptop. Veio em minha mente a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Acho que vou precisar voltar a Fátima e agradecê-la. De joelhos, de preferência.


À noite, fui caminhar com Lígia, Luíza e Lu ao centro de Coimbra. Marco também estava junto. Foram as primeiras pessoas com quem tive contato na viagem. Na chegada à Lisboa, logo na primeira noite, jantei com as meninas. Luíza é mãe de Lígia e irmã de Lu, que na verdade se chama Luzia mas prefere ser chamada de Lu. Papeamos muito. Foi como se já tivéssemos nos conhecido há um bom tempo, tamanha a nossa afinidade. No caminho, elas desistiram de continuar a caminhada conosco pois estavam cansadas. Marco e eu continuamos a andar. Estava ansioso para ter mais contato com a cultura de lá. Tivemos a sorte de ver algumas danças folclóricas. Vários grupos se apresentavam, cada um na sua vez, para impressionar os turistas. Pena que não deu muito certo. O figurino era igual em todos os grupos. O que diferenciava eram as cores dos modelitos. Pra piorar, os passinhos de dança eram iguaizinhos. Todos os grupos tinham a mesma coreografia. E, numa boa, as mulheres portuguesas são uma atração ímpar, de tão feias (risos). Não possuem vaidade nenhuma, ao contrário dos homens, que esbanjam charme. Elas se vestem como se estivessem indo a um abatedouro. Uma em especial, chamou a nossa atenção. Estava responsável em conduzir a banda e os dançarinos de sua equipe. Num movimento que lembrava um oficial da KGB, ela mandou a banda parar a música. E disse em alto e bom tom: “eu quero que vocês parem ali , entenderam? Não quero nenhum errinho”. Fiquei com dó do marido dela. Imaginamos ela falando pra ele, na hora do sexo “não quero nenhum errinho”. Com aquela cara, devia ser um tremendo desafio para o coitado.  O sono chegou e decidimos voltar ao hotel. A festa com o belo estudante fica para uma próxima.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

O guia pediu para o grupo ter cuidado com os batedores de carteira, que estão proliferando pelas cidades portuguesas. Afinal de contas, estamos em uma cidade europeia que atrai milhares de turistas pelo mundo. Ferraz pediu para não colocarmos a carteira no bolso de trás. Infelizmente, um dos nossos colegas foi furtado em Sintra. É a praga dos ciganos romenos.



Fiquei com minha garganta um pouco inflamada.  E muito irritado. Mas fui firme e forte em direção à Óbidos. O tempo estava nublado. Mas quando chegamos nessa singeleza de cidade, achei que o clima foi propositalmente favorável. A neblina que envolvia a cidade deu uma atmosfera bucólica que na minha opinião intensificou o charme e a beleza desse vilarejo encantador. A cidade possui uma espécie de fortaleza, característico de vários povoados na história do país, feito para proteger os habitantes. No lugar de fazer compras, preferi desbravar melhor essa fortaleza para tirar fotos. As imagens tiradas em Óbidos me fez lembrar da noite em que fui ao Bairro Alto, em Lisboa ver uma apresentação de fado. Tem que ter muito culhão para interpretar esse estilo musical português.  Passei por um grupo de bombeiros trabalhando e me deparei com um fato curioso: eles estavam escutando uma música improvável para o momento e que ao mesmo tempo me fez ligar a válvula da memória afetiva.  Para mim, foi um momento incrível. Meu bom humor havia voltado.







De Óbidos, segui para visitar Fátima. E o mundo inteiro estava lá. Quis apenas agradecer a Nossa Senhora por tudo que ela tem me proporcionado de bom. Fui no santurário construído onde os 3 jovens pastores viram a Santa. Estava super concentrado em minha oração, quando vejo uma senhora andando ajoelhada em volta da imagem de Nossa Senhora. Pensei que ela devia estar pagando alguma promessa e continuei concentrado na reza. Quando abri novamente o olho, vi mais duas senhoras também andando ajoelhadas com o terço na mão. Ao mesmo tempo, uma moça apareceu com uma criança no colo e ficou dando várias voltas em torno da imagem. Ela foi mais sensata. Caminhou em pé mesmo. Me desconcentrei e me perguntei mentalmente: gente, por acaso isso é uma competição?. Parecia que eu estava em um jóquei (risos). Fiquei na expectativa em ver quem delas ganharia a corrida (risos). Espero que a Santa me perdoe.



  Aproveitei para conhecer a Basílica da Santíssima Trindade. A criação dessa igreja bem despojada e moderna foi feita por uma arquiteta sérvia. O que mais me chamou a atenção foi o Cristo bem exótico que ela criou, simbolizando os cinco continentes da seguinte forma: os pés representando a Oceania (não imaginei que os australianos e neo-zelandeses tivessem pés tão grandes; as pernas, a África. Bem musculosas, por sinal; o tronco, a Europa; os braços e mãos, a América; e a cabeça, a Ásia. Confesso ter tido um certo estranhamento de ver Jesus com um olhar mais puxado. Mas prefiro não me estender na sensação que tive ao me deparar com a imagem. Não quero que Nossa Senhora me castigue.

sábado, 14 de junho de 2014

Ferraz, o guia que está acompanhando nosso grupo para conhecer Portugal, nos ofereceu um passeio extra no período da tarde. Como a idéia é desbravar o máximo que eu puder do país, acabei topando. A turma de viagem é bem bacana. Tem personagens bem interessantes (risos). Depois do almoço, fomos em direção ao Palácio de Queluz. Para se familiarizar com o grupo, Ferraz exaltou bastante o país, falando de nossa presidente, mas cometeu um lapso de memória. Ele chamou a nossa estadista de Dilma Silva. E ele falou bem sério. Disseram que ele estava engando, mas eu enfatizei que ele estava certo, não era necessário corrigir (risos). No caminho, vi uma linha de ônibus com nome bem curioso e dei muita risada: se chamava Freguesia de Vale da Pinta (risos).


  Para minha surpresa, o palácio está um pouco mal conservado. Os portugueses não estão zelando pelo patrimônio que tem. Mas juntando toda a “direção de arte”, junto com a contextualização do guia sobre a história do país, amenizou um pouco a minha primeira impressão sobre o lugar. Percorremos todos os espaços. Estava muito ansioso para saber sobre os bastidores da Família Real. Quando vi a quantidade de ouro e madeira que cercava aquele ambiente (os móveis e o piso do palácio foram feitos com matéria extraída do nosso pau-brasil), em uma telepatia necessária, uma colega turista passou por mim e soltou com sinceridade e uma pseudo revolta que Portugal “era um mísero paíseco, antes de nos roubar” (e muito, diga-se de passagem) para decorar seus palácios (incluindo o de Queluz). Ferraz discordou. Argumentou que Portugal pegou emprestado e que ia devolver. E eu vou contrariar por que?


Por estarmos envolvidos com a história da Família Real, Dona Maria, a Louca foi assunto da nossa conversa. Ferraz comentou que ela veio fugida para o Brasil, pois morria de medo de Napoleão Bonaparte. Ela ficou sabendo que o imperador francês tinha uma maneira especial de matar seus inimigos: seu exército chegava, perguntava apenas o nome dos soldados inimigos, para em seguida decepar a cabeça de todos. A Louca acordava aos berros de seu quarto, gritando que Napoleão estava à caminho para decepar a sua cabeça. Imagine o pandemônio que ela fazia, para acordar todos (risos). Correu para o Brasil, mas manteve sua loucura com esses pesadelos. Na conversa em grupo, deduzimos que ela gritava era de ódio por ter que administrar um palácio tão grande (risos).



Naquele trabalho de pesquisa para conhecer melhor o grupo, começamos a conversar sobre a China. Na verdade, a China veio na pauta por causa dos japoneses que tínhamos visto na parte da manhã. Comentei que os chineses eram mais interessantes culturalmente. Falamos sobre o controle de natalidade no país e um querido falou que um amigo dele adora as crianças chinesas porque elas moram do outro lado do mundo. Eu amenizei dizendo que são elas que cortam o tecido de nossas roupas. A Zara que o diga.


 De Queluz, pegamos o ônibus em direção à Sintra. Um encanto. Fica em umas colinas, próxima de Lisboa. Tem uma vista incrível. Os jardins públicos são a atração do local. Comprei uns souvenirs.  Demos continuidade ao roteiro. No caminho, uma casa de estilo rústico com outro nome estranho, mas genial: Fábrica das Verdadeiras Queijadeiras Sapa (risos). Quanto a Cascais, nada de interessante: parece um Jardim Europa com praia.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Acordei ontem de madrugada num tremendo susto. O telefone tocou incessantemente às 7h. Sim, para mim 7h é madrugada. Não me dei conta que o guia nos avisou, no dia anterior, que seríamos despertados nesse horário. Só não achava que fosse no sentido mais literal da palavra. Não atendi, mas acordei. Depois de duas tentativas frustradas, resolvi tirar o fone do gancho para ver do que se tratava. O recepcionista, super atencioso e com uma voz trovadora, me informou que era hora de despertar. Depois dessa intimada, fica difícil até curtir a preguiça por alguns minutos na cama.

Desci para tomar café. Chegando ao refeitório, a garçonete me conduziu até uma mesa para me sentar. Daí veio o primeiro fora da viagem. Ela me perguntou se eu queria café com leite. Respondi que meu café era puro. Ela fez uma cara de “oi?” ou também, cara de “ele acha que é Carmem Mayrink Veiga pra ser servido”?!  Também achei estranho o olhar dela e retribuí a gentileza facial da distinta com uma cara de “tá olhando o que? Vadia!” Ela se virou e retornou rapidamente com o bule de café, o que deu a entender que a pergunta se referia a escolher se eu queria café, leite ou as duas coisas. E eu achando que ela iria fazer um expresso pra mim.

Fui o último a chegar para o começo de um roteiro pela cidade. Imagina você entrar no ônibus e todas as pessoas que chegaram no horário, sem atrasar,  com aquela cara de corpo retirado do rio em cima de você. Fiz a Kátia e me sentei no fundo. Particularmente não gosto de fazer um pacote de viagem nessa linha excursão. Decidi então mesclar um roteiro que eu tracei para mim e uma linha Pollyana do Itaquerão pra fazer a simpática no ambiente coletivo. E olha que o guia nem tinha dado ainda o start para começar a desfrutar o roteiro do dia. Numa primeira olhada, vi que a idade média da turma era de 55 anos. Que o santo protetor dos asilos me ajude.


A primeira parada, como era de se esperar, foi visitar a Torre de Belém. Passamos pelo bairro e observei o quanto Belém é uma região exclusiva. Só casarões. Mas me impressionou pela arquitetura. A belle epoque continua viva pela cidade lisboeta. Cada casarão belíssimo. Aliás, vale registrar que Lisboa me impressionou por ser uma cidade rica em seu projeto de urbanização. Vi poucos prédios altos. Existem, mas bem menos do que se imagina ou bem menos de se esperar de uma capital cosmopolita. E para nosso aprendizado, você não vê uma sujeira na rua. Ver a Torre de Belém me fez pensar o quanto eu estava longe de casa. Na descida do ônibus, um monte de ciganas vendedoras cercando as turistas brasileiras para que elas comprassem xales. Ciganas até a página dois. Pareciam mais umas refugiadas do oriente médio, com burcas pretas. E com um calor de derreter o esfíncter.



Passamos pela Rosa dos Ventos dos Templários. Essa obra, sim, me fez ficar de quatro, em plena contemplação. Magnífica. De uma imponência ímpar. Mesmo com uma concorrência acirrada para se tirar uma bela foto e ter um belo ângulo, fui trabalhado na tolerância e paciência, aguardando o meu momento de dar um belo flash na obra. Disputei espaço com muitos, mas muitos japoneses. Impressionante como eles fedem. Eu daria um belo banho neles. Com água sanitária e sapólio juntos.


Passamos e entramos pelo mosteiro de São Jerônimo.  Se não me falha a memória, Camões e Vasco da Gama estão enterrados nessa igreja. Na saída da igreja, fomos rumo ao famoso Pastel de Belém. Realmente divino. Na saída, voltando para o ônibus, vi vários japoneses se esbaldando numa Starbucks. E pensar que a Starbucks nada mais é do que o Café do Ponto dos norte-americanos. Quando passei pela cafeteria, vi a tal japa que se esbarrou em mim. Ela me viu. Eu a olhei com um olhar bem diminutivo, apontei o dedo em sua direção, ela fitou seu olhar no meu dedo e eu direcionei meu indicador numa palavra escrita na minha camiseta. Bitch, pra ser mais direto. E eu nem precisei soletrar ou fazer linguagem de sinais. 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Na correria para os preparativos da viagem a Portugal, esqueci de mencionar que tive um domingo bem produtivo. Me encontrei com Clau para irmos ver a exposição A Inusitada. Pegamos a linha amarela em direção à Paulista e caminhamos em direção ao MASP. A feirinha de antiguidades, embaixo do museu, é uma atração à parte. Vimos vários tipos de telefones antigos, analógicos e fiquei tentado a comprar um modelo de cor lilás. Esse impulso compulsivo de comprar algo durou poucos segundos. Entramos no museu. A ascensorista, com uma verruga perto da boca e de mal humor, nos deu a informação errada sobre o andar da Inusitada. Sem problemas. Nos deixamos levar pela condição de que o tempo não existia naquele momento. Incluímos no programa A Paris do século XIX e o acervo do MASP.  Só para mencionar, a Paris reúne apenas obras de Modigliani, Renoir, Monet, entre outros.  Descemos para ver a Inusitada, uma coleção de obras compradas pelo marchand belga-brasileiro Sylvio Perlstein. O que é interessante na história é que Sylvio comprou obras que na época o mercado de arte não apostava que faria sucesso. Que vida interessante ele deve ter tido. Imagino o processo conceitual dele, os critérios que ele deve ter criado, para adquirir quadros de Marcel Duchamp, Keith Haring, Roy Lichtenstein, Andy Warhol.  Foi como tocar o dedo de Deus.  Em um dos estados de contemplação de uma das obras, vi o ator Sérgio Marone, contemplando um dos quadros. Ele estava com um amigo vendo a exposição. Muito discreto, aliás. E de um charme encantador. Almoçamos depois no Zeffiro, próximo ao shopping Frei Caneca. Tomamos um carmenére chileno, ficamos bem altos e fomos em direção ao teatro Oficina, ver Walmor Y Cacilda. Ditadura, Tropicália, candomblé, Cacilda Becker, Walmor Chagas e Zé Celso - incorporado como um Zé Pilintra contemporâneo,  foram elementos que compuseram o mote da peça. O desfecho do espetáculo se deu com a participação do público, fazendo uma gira pelo teatro, passando pelo quintal do Oficina e saindo pela rua, invocando o deus Tupi. Foi uma sessão de exorcismo. Era tudo que eu precisava ver antes de viajar. Saímos anestesiados. No ponto de ônibus, enquanto conversávamos sobre o impacto visual e dramatúrgico da peça, um rapaz se aproximou da gente, querendo puxar conversa. Ele tinha ido assistir e eu já tinha reparado nele durante o espetáculo. Ele estava bem assustado (risos). Disse que tinha ido pela primeira vez ver a trupe de Zé Celso e saiu bem impressionado, gostou muito. Foi o batismo de Clau também, debutando numa peça do Oficina. No final, me passou o whatsapp dele para mantermos contato. Ele é bem interessante.

Embarquei às 18h, com vôo atrasado, na terça. Fiz o check-in na TAP na ala nova do aeroporto. Está bonito. Porém percebe-se que os desdobramentos foram construídos dentro de uma cultura de remendo. Isso significa que ele foi inaugurado com algumas partes da obra a concluir.   O caminho a Portugal foi bem tranqüilo. Para uma pessoa apreensiva, como eu, é um bem necessário. Lógico que tive um preço a pagar. Fiquei sentado na última poltrona da classe econômica. Além do assento não ter a inclinação devida, ficou próximo dos toiletes.  Imagine a quantidade de bundas passando pela minha cara. Fora o cheiro de naftalina do banheiro. O bom é que deu para eu ver um filme francês, que está em cartaz no circuito de cinemas em São Paulo. Mas ele é tão insuportavelmente chato que nem vou me dar o trabalho de mencionar. Me joguei numa maratona de Big Bang Theory, Modern Family e Downton Abbey. Luxo.

Cheguei em Lisboa aproximadamente às 8h30. O avião parecia uma pluma na aterrisagem. Fora que praticamente não tivemos turbulência durante o vôo. Fiz o check in no hotel e já fui desbravar a cidade, que é encantadora. E a viagem está apenas começando.







segunda-feira, 9 de junho de 2014


Fui pegar, no sábado, meu kit da minha viagem para o Chile. Tive que ir até a agência de turismo. Fui atendido por uma menina bem educada, mas com um tom de excesso na chapinha. Ela me perguntou onde eu ia viajar, além do Chile. Falei que estava indo para Portugal. Ela começou a falar super bem do país, de Lisboa, da comida. Fiquei empolgado e perguntei o que ela me indicava. Ela não soube me responder. Ela ainda não conhece  o país.
 
Eu até gosto de blockbusters. E não tenho nada contra assistir filmes de ação. Desde que tenha uma boa história por trás, pra que fazer cara de quarta parede, não é mesmo? Mas realmente foi brochante ter ido assistir X-Men: dias de um futuro esquecido (santo spoiler: ativar). O ex-presidente Richard Nixon ganhou participação especial na trama. Quanta originalidade! JFK foi mencionado e manda lembranças.  Agora, atribuir a Magneto a tentativa de salvar o presidente Kennedy, poupe-me. Nos outros filmes da franquia, pelo que me lembro, não tinha personagens baseados em fatos verídicos. Foi bem forçado. O roteirista decidiu abrir mão de alguns mutantes. Fiquei esperando ver a exuberância e classe da Rainha Branca. Esperei em posição de ioga, aliás, porque ela não só não aparece, como ela aparece já morta, pois foi servida, junto com outros que sucumbiram também, à experiência de ser cobaia para uns experimentos na criação de soldados sentinelas, com a missão de aniquilar todos os mutantes. E você tem ainda que agüentar o filme em épocas diferentes.  E que comovente: todos os X-Men mortos nos outros filmes, ressuscitam. Desfecho feliz apenas para os aficcionados por Chiquititas e seus derivados. Acho que estou ficando velho.


Com muita preguiça, voltei para casa. Pra minha sorte, iria passar a reprise de um dos episódios da nova temporada de Downton Abbey. Fiquei zapeando os canais até cair no programa do Chacrinha, no canal Viva. Como faz falta um Chacrinha na TV. No momento em que coloquei no canal, o RPM estava se apresentando no programa do Velho Guerreiro. Mas o que realmente me chamou a atenção foi o auditório, composto por uma mulherada com aqueles cabelos a la anos 80. E todas num cio absurdo. Paulo Ricardo, o vocalista e Don Juan da época, foi até a bancada de jurados fazer graça com uma jurada no estilo modelo-sou-gostosa-sim-e-daí. Ele pegou a garrafinha de água dela, bebeu e devolveu. Para azar da distinta, uma daquelas mulheres no cio avançou na garrafinha, pulando por cima da modelona (risos). O diretor do programa cortou para outra câmera: focou, com um belo close, a cara do Chacrinha, que não parava de rir.
  

sábado, 7 de junho de 2014

Fui apressado para o show de Filipe Catto, na última quinta, no SESC Vila Mariana. A única alternativa era o metrô República. No caminho, um ser quis que eu parasse para conversar, mas não dei atenção. Quando passei por ele, exclamou: “Ce não ta a fim disso não?!” (o “disso” era uma referência a seu pau). Que bom que não me arrependi por não parar. Ela era uma mancha, de tão maricona.

Disse para Nel descer, que já estava no Vila, pegando nossos ingressos. Ele tinha ido dar um oi para a Carla, que trabalha lá. Edy-Star parou ao meu lado, após eu pegar os convites. Começamos a dar muita pinta. Perguntei se tinha ido para ver o Filipe, mas ele foi para assistir outro show, no auditório, um espaço menor para apresentações. Mas não me lembro o nome do artista e/ou banda que ele foi prestigiar. Apresentei Nel para Edy, nos despedimos e fomos ao Teatro da unidade. Reencontrei outro querido, o Alê. Nos encontramos no lugar onde nos conhecemos e trabalhamos juntos. Peguei o celular dele para retomar contato.

Filipe Catto foi muito corajoso de cantar o repertório de Cássia Eller. É uma tarefa difícil, dada a interpretação peculiar de Cássia. São poucas que possuem esse it, esse algo mais que uma simples técnica vocal. Você vê no olhar a intensidade de sua interpretação. Isso existe em Elis. E também em Cássia. Mas a apresentação teve deslizes. A iluminação ficou escura demais. Por mais que se diga aquele texto clichê, “...isso faz parte da concepção do show...”, não conversou com a idéia do espetáculo.
Faltou cor de escracho e de deboche na composição da luz. A idéia da projeção foi bacana, mas mal resolvida no palco. Faltou entrosamento desse recurso com a luz do show (again).

Filipe melhorou (um pouco) no palco.  A Lan Lan fez uma participação especial nessa homenagem à Cássia. Que gracinha de menino que ela é.  A banda super competente. O guitarrista era meio feinho. Mas me deixou de quatro com seus solos na quitarra. Foi de caramelizar. Filipe, com sua belíssima voz e talento, usou e abusou da música marginal e me deixou com um gostinho de quero mais. Ele usava Cavalera.

Saímos rapidamente do show. Nel me deu uma carona. Enquanto conversávamos, aguardando o semáforo abrir, passou um negro lindo por nós e eu acabei me distraindo da conversa. Nel cutucou: “Ê, Izabel! Não pode ver um negro bonito que já quer assinar a Lei Áurea!” 




sexta-feira, 6 de junho de 2014


Estava no aguardo de receber dois projetos, antes de minha entrada de férias. Por uma ocasião divina, recebi hoje, por e-mail, as propostas. Minha terapeuta cancelou a sessão de hoje, por causa da maldita greve do metrô. Perguntei se há horário até terça. Helô veio pedir um help sobre sugestões de nomes para um programa sobre literatura. Começamos a fazer um brainstorm. E em hora de criação, sempre tem devaneios. Recorremos ao dicionário, às letras de Lenine (que não ajudou em nada), às letras de Zeca Baleiro (idem) e alguns colegas em torno, entre elas, Val. Notei que tinha muitos nomes que se utilizavam de verbos no gerúndio. Lembrei que gerúndio não soa bem aos ouvidos, que nosso chefe não gostava. Soltei a piada infame de que só havia um verbo no gerúndio que eu adorava: marlonbrando.



Fomos almoçar no Moinho, Helô, Val e eu. Dei uma olhada na TV e estava passando o Vídeo Show. Eles entrevistavam uma dessas duplas sertanejas, agora definidas (risos) como pop. Nossa, como androginaram essa nova safra de artistas agroboys. Calças super apertadas, camisetas de estampa de bichos. Ninguém avisou os ingênuos meninos de que aquilo é cafona? E os penteados? Com direito a escova progressiva e tudo. O cabelo de um lembrava o do pica-pau. Sabe o que pareciam? Aquelas beashas que se produzem pra ir na boate Danger,  (risos). É tudo de muito mal gosto. 

Voltando do almoço (olha o gerúndio me perseguindo), comentei com Helô que seria uma pena não ver o Cristiano Ronaldo, com aquele corpo escultural, já que vou fugir da Copa. Ele foi capa de uma edição da Vogue, com a namorada dele. Sim, eu a odeio (risos). Helô foi implacavável: “pelo amor de Deus, me dê um homem que faça amor, não que faça sombrancelha!” (risos malignos). Ela foi certeira.



Tive que desmarcar alguns compromissos, pois descobri que embarco próxima terça – e não quarta, como imaginava, para minha primeira viagem de férias. Não gosto de ser rude e dizer não para algo que já tinha combinado. Mas foi inevitável. Uma colega perguntou o que eu estava cancelando. Respondi que a gente não cancela. A gente declina.

Com a greve do metrô, peguei carona com Val, que a princípio, iria me deixar na Paulista. Falamos da Copa. Eu perguntei, na conversa, qual será a impressão dos gringos, quando descerem na estação Artur Alvim e, no caminho para o Itaquerão, se depararem com aquela (risos) arte naif em volta. Val precisou mudar o trajeto, por causa do trânsito. Pedi para me deixar na rua da Consolação, nos despedimos e fui em direção ao metrô República, umas das estações que voltara a funcionar.

Mas há males que vem para o bem: na Amaral Gurgel, um antigo amigo que tinha trabalhado comigo, parou e me reconheceu. Quase saltou na minha frente. A gente se pegou algumas vezes. Nos abraçamos. Estava na pressa e pedi o seu telefone. Ele quer tomar um vinho comigo. No final, pediu um beijo, em plena avenida cheia de carros. Eu dei um selinho. Tive que me apressar para chegar à tempo para o show de Filipe Catto interpretando o repertório de Cássia Eller, no SESC Vila Mariana. Nel já estava me aguardando. A terapeuta perguntou, via whattsap, se podemos marcar a terapia na próxima segunda. Ainda não respondi.




quarta-feira, 4 de junho de 2014

O dia foi bem produtivo, ontem. Após o trabalho, fui com Helô no Paribar, na região central, para reencontrar meu amigo Kascão, um barman de respeito. Ele caprichou nos drinks. Pedimos dois véspers. Haja metabolismo para agüentar. Fui tratado pelo pronome de tratamento senhorito, por um encanto de garçom.


Fiquei sem ir à terapia semana passada e marquei duas sessões nessa semana. Deus, como precisava falar hoje. No caminho para o consultório, passei em uma cafeteria. Vi dois pães de queijo na vitrine. Ao pedir um para viagem, o dono do estabelecimento – que estava atendendo, já tinha separado os dois, para duas freguesas do lugar. Fiquei meio puto. Elas começaram a rir. Porém, quando me virei e vi o tamanho de uma delas, me aquietei. Eu a medi de cima embaixo e dei um leve sorriso de quina. A musa boteriana do Glicério se incomodou.





segunda-feira, 2 de junho de 2014

Saí correndo, no último sábado, para me encontrar com Elidia. Fui em direção à estação Santa Cecília. Para me ajudar, os trens estavam andando em velocidade reduzida e o tempo de parada nas estações, mais espaçados. Era só o que me faltava. Cheguei às 20h40 no metrô Santa Cruz. O espetáculo era às 21h.  Liguei para Elidia, que me aguardava no carro. Seguindo sua orientação, vi o pisca alerta de seu carro aceso (necessário para quem tem péssima coordenação geográfica como eu). Comecei a dar uma pinta, caminhando em direção ao carro. Passou por mim uma moça e gritei: “Ai, eu to tão feliz”! Quando entrei no carro, Elidia estava encantada com uma cena que ela tinha acabado de ver: a tal moça estava com vários balões na mão. E eu nem percebi. Foi, sob a ótica de Elídia, poético.

Chegamos no teatro João Caetano a tempo. Adoro quando o universo conspira a favor. Pegamos os ingressos com uma amiga de Elidia. Começamos a papear. Não sei como surgiu o assunto, mas começamos a falar de Gilberto Gil. Do músico talentoso, consagrado, que contribuiu – e muito – para a evolução da música brasileira. Eu falei que estava com um bloqueio de escutar Gil (vale uma nota: quando procuro e acho, em algum canto de minha casa, o disco Parabolicamará, coloco-o no ato). Com a cara de “como assim” delas, respondi que conheço uma pessoa que a-do-ra o Gil. Mas ela me cansa um pouco. E me fez ter bode de ouvir Gil. E Elidia complementou: é dela a culpa! (risos)

Lampião e Lancelote foi um encanto. A equipe toda está de parabéns.  Débora Dubois, diretora do espetáculo, teve o dom de me sensibilizar, em motivar minha memória afetiva com flashes de situações singelas da minha infância. Aguardamos o elenco depois da peça para parabenizá-los. Nos convidaram para ir na padoca. Mas a nossa vibe era outra. Fomos tomar uns drinks na 210 Diner. Sentamos no bar para aguardar a nossa mesa e pedimos uma bebida. Achei que o barman tinha feito meu cosmopolitan com má vontade. Quando perguntei qual vodka ele tinha usado, abriu um sorriso e começou a ser super simpático, dando voltas na resposta, até me dizer que tinha usado vodka Smirnoff. Disse que estava aguado, mas que ok. Me encontrei com Esmir Filho. Ele é um doce de pessoa. Conversamos brevemente.  Sentamos para comer a especialidade da casa – o burger gourmet. Pedi outro cosmopolitan. Ele – o barman - caprichou dessa vez.