sexta-feira, 13 de junho de 2014

Acordei ontem de madrugada num tremendo susto. O telefone tocou incessantemente às 7h. Sim, para mim 7h é madrugada. Não me dei conta que o guia nos avisou, no dia anterior, que seríamos despertados nesse horário. Só não achava que fosse no sentido mais literal da palavra. Não atendi, mas acordei. Depois de duas tentativas frustradas, resolvi tirar o fone do gancho para ver do que se tratava. O recepcionista, super atencioso e com uma voz trovadora, me informou que era hora de despertar. Depois dessa intimada, fica difícil até curtir a preguiça por alguns minutos na cama.

Desci para tomar café. Chegando ao refeitório, a garçonete me conduziu até uma mesa para me sentar. Daí veio o primeiro fora da viagem. Ela me perguntou se eu queria café com leite. Respondi que meu café era puro. Ela fez uma cara de “oi?” ou também, cara de “ele acha que é Carmem Mayrink Veiga pra ser servido”?!  Também achei estranho o olhar dela e retribuí a gentileza facial da distinta com uma cara de “tá olhando o que? Vadia!” Ela se virou e retornou rapidamente com o bule de café, o que deu a entender que a pergunta se referia a escolher se eu queria café, leite ou as duas coisas. E eu achando que ela iria fazer um expresso pra mim.

Fui o último a chegar para o começo de um roteiro pela cidade. Imagina você entrar no ônibus e todas as pessoas que chegaram no horário, sem atrasar,  com aquela cara de corpo retirado do rio em cima de você. Fiz a Kátia e me sentei no fundo. Particularmente não gosto de fazer um pacote de viagem nessa linha excursão. Decidi então mesclar um roteiro que eu tracei para mim e uma linha Pollyana do Itaquerão pra fazer a simpática no ambiente coletivo. E olha que o guia nem tinha dado ainda o start para começar a desfrutar o roteiro do dia. Numa primeira olhada, vi que a idade média da turma era de 55 anos. Que o santo protetor dos asilos me ajude.


A primeira parada, como era de se esperar, foi visitar a Torre de Belém. Passamos pelo bairro e observei o quanto Belém é uma região exclusiva. Só casarões. Mas me impressionou pela arquitetura. A belle epoque continua viva pela cidade lisboeta. Cada casarão belíssimo. Aliás, vale registrar que Lisboa me impressionou por ser uma cidade rica em seu projeto de urbanização. Vi poucos prédios altos. Existem, mas bem menos do que se imagina ou bem menos de se esperar de uma capital cosmopolita. E para nosso aprendizado, você não vê uma sujeira na rua. Ver a Torre de Belém me fez pensar o quanto eu estava longe de casa. Na descida do ônibus, um monte de ciganas vendedoras cercando as turistas brasileiras para que elas comprassem xales. Ciganas até a página dois. Pareciam mais umas refugiadas do oriente médio, com burcas pretas. E com um calor de derreter o esfíncter.



Passamos pela Rosa dos Ventos dos Templários. Essa obra, sim, me fez ficar de quatro, em plena contemplação. Magnífica. De uma imponência ímpar. Mesmo com uma concorrência acirrada para se tirar uma bela foto e ter um belo ângulo, fui trabalhado na tolerância e paciência, aguardando o meu momento de dar um belo flash na obra. Disputei espaço com muitos, mas muitos japoneses. Impressionante como eles fedem. Eu daria um belo banho neles. Com água sanitária e sapólio juntos.


Passamos e entramos pelo mosteiro de São Jerônimo.  Se não me falha a memória, Camões e Vasco da Gama estão enterrados nessa igreja. Na saída da igreja, fomos rumo ao famoso Pastel de Belém. Realmente divino. Na saída, voltando para o ônibus, vi vários japoneses se esbaldando numa Starbucks. E pensar que a Starbucks nada mais é do que o Café do Ponto dos norte-americanos. Quando passei pela cafeteria, vi a tal japa que se esbarrou em mim. Ela me viu. Eu a olhei com um olhar bem diminutivo, apontei o dedo em sua direção, ela fitou seu olhar no meu dedo e eu direcionei meu indicador numa palavra escrita na minha camiseta. Bitch, pra ser mais direto. E eu nem precisei soletrar ou fazer linguagem de sinais.