A
viagem a Portugal foi bem acima do que eu esperava. E novas amizades surgiram. É sempre bom e necessário reciclar seu ciclo de amizades. Faxina social é essencial. No momento, começo minha jornada em San Pedro de Atacama, no Chile, mas preciso ainda compartilhar algumas histórias na terra lusitana.
Desde
pequeno sempre sonhei em
conhecer Coimbra. E o mérito por ter me motivado a conhecê-la
é toda do Julio Iglesias (risos). Vou explicar melhor: quando era criança,
minha mãe ganhou de presente de aniversário um disco do cantor. Deus Pai, acho
que fiquei traumatizado de tanto ouvir Julio Iglesias. Minha mãe colocava o
álbum todos os domingos, enquanto preparava o almoço, tomando San Raphael. Nada mais cafona do que
tomar esse drink e ouvir o disco de Julio no nosso aparelho 3 em 1. Isso deixava minha mãe realizada
e, de certa forma, ficava feliz por ela. O que eu não esperava é que, em um
desses domingos, brincava com meus amigos imaginários (risos) na sala onde ficava o som e minha mãe foi
colocar o disco para escutar. De repente, começou a tocar uma música do
fatídico álbum e eu comecei a prestar atenção.
E para meu espanto, comecei a curtir a melodia da música. A canção falava
do quanto o artista latin lover do 5º
mundo era apaixonado por uma tal cidade
e exaltava a cultura e região local. Eu a escutava sempre. E escondido (risos).
Como o aparelho ficava em uma estante, eu tinha que pegar um banquinho, subir
nele e colocar o disco. Só colocava essa música, afinal abrir uma exceção à
essa regra já era um martírio. O nome da
música é Coimbra. A partir daí,
comecei a pesquisar sobre a cidade, sonhando em um dia conhecê-la. No trajeto
de viagem para Coimbra, a música de Julio não saía da minha cabeça. Praga de
mãe pega, viu?
Coimbra
é conhecida por sua Universidade super bem conceituada e pelo fado mais
intelectualizado. O projeto arquitetônico das faculdades são uma atração à
parte. Pra se ter uma idéia, eles conservam e zelam por uma biblioteca, que
existe desde o século 16 (acho que é 16). Um fato curioso é que, para manter os
livros intactos, eles precisam se livrar, dentre outras coisas, de insetos. E a
solução é simples: eles mantém morcegos dentro do espaço para comer os insetos.
Nada mais digestivo (risos). Fiquei maravilhado em conhecer cada espaço, cada
detalhe, cada preciosidade do lugar, apesar da música de Julio ainda martelar
em minha mente. E o que dizer dos estudantes, com suas becas negras, nos
aguardando para nos recepcionar. Só gente bonita. Cada gajo interessante. De saltar aos olhos. E mais interessante ainda é
quando um belo jovem te aborda com uma piscadela marota. Retribuí o carinho
dando um olá. Ele me convidou para uma festa que aconteceria logo mais, à noite.
Ficou uma incógnita no ar.
Cheguei
no hotel, abri a mala e vi que meu passaporte não estava lá. No desespero, baixou uma Dona Maria, a Louca em mim
e eu comecei a jogar todas as roupas para o alto. Fiquei imaginando onde eu
deveria ter enfiado o passaporte. Depois do cansaço e da preocupação, olhei
para minha bagagem de mão. Tirei todas as coisas que estavam nela. Quando fui
retirar o notebook, vi que algo caiu próximo da minha cama. Ele estava dentro
do laptop. Veio em minha mente a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Acho que
vou precisar voltar a Fátima e agradecê-la. De joelhos, de preferência.
À
noite, fui caminhar com Lígia, Luíza e Lu ao centro de Coimbra. Marco também
estava junto. Foram as primeiras pessoas com quem tive contato na viagem. Na chegada
à Lisboa, logo na primeira noite, jantei com as meninas. Luíza é mãe de Lígia e
irmã de Lu, que na verdade se chama Luzia mas prefere ser chamada de Lu. Papeamos muito. Foi como se já tivéssemos nos conhecido há um bom
tempo, tamanha a nossa afinidade. No caminho, elas desistiram de continuar a
caminhada conosco pois estavam cansadas. Marco e eu continuamos a andar. Estava
ansioso para ter mais contato com a cultura de lá. Tivemos a sorte de ver
algumas danças folclóricas. Vários grupos se apresentavam, cada um na sua vez,
para impressionar os turistas. Pena que não deu muito certo. O figurino era
igual em todos os grupos. O que diferenciava eram as cores dos modelitos. Pra
piorar, os passinhos de dança eram iguaizinhos. Todos os grupos tinham a mesma
coreografia. E, numa boa, as mulheres portuguesas são uma atração ímpar, de tão
feias (risos). Não possuem vaidade nenhuma, ao contrário dos homens, que
esbanjam charme. Elas se vestem como se estivessem indo a um abatedouro. Uma em
especial, chamou a nossa atenção. Estava responsável em conduzir a banda e os
dançarinos de sua equipe. Num movimento que lembrava um oficial da KGB, ela
mandou a banda parar a música. E disse em alto e bom tom: “eu quero que vocês
parem ali , entenderam? Não quero nenhum errinho”. Fiquei com dó do
marido dela. Imaginamos ela falando pra ele, na hora do sexo “não quero nenhum
errinho”. Com aquela cara, devia ser um tremendo desafio para o coitado. O sono chegou e decidimos voltar ao hotel. A
festa com o belo estudante fica para uma próxima.