domingo, 29 de junho de 2014


A viagem a Portugal foi bem acima do que eu esperava. E novas amizades surgiram. É sempre bom e necessário reciclar seu ciclo de amizades. Faxina social é essencial. No momento, começo minha jornada em San Pedro de Atacama, no Chile, mas preciso ainda compartilhar algumas histórias na terra lusitana.

Desde pequeno sempre sonhei em conhecer Coimbra. E o mérito por ter me motivado a conhecê-la é toda do Julio Iglesias (risos). Vou explicar melhor: quando era criança, minha mãe ganhou de presente de aniversário um disco do cantor. Deus Pai, acho que fiquei traumatizado de tanto ouvir Julio Iglesias. Minha mãe colocava o álbum todos os domingos, enquanto preparava o almoço, tomando San Raphael. Nada mais cafona do que tomar esse drink e ouvir o disco de Julio no nosso aparelho 3 em 1. Isso deixava minha mãe realizada e, de certa forma, ficava feliz por ela. O que eu não esperava é que, em um desses domingos, brincava com meus amigos imaginários (risos) na sala onde ficava o som e minha mãe foi colocar o disco para escutar. De repente, começou a tocar uma música do fatídico álbum e eu comecei a prestar atenção.  E para meu espanto, comecei a curtir a melodia da música. A canção falava do quanto o artista latin lover do 5º mundo era apaixonado por uma tal cidade e exaltava a cultura e região local. Eu a escutava sempre. E escondido (risos). Como o aparelho ficava em uma estante, eu tinha que pegar um banquinho, subir nele e colocar o disco. Só colocava essa música, afinal abrir uma exceção à essa regra já era um martírio.  O nome da música é Coimbra. A partir daí, comecei a pesquisar sobre a cidade, sonhando em um dia conhecê-la. No trajeto de viagem para Coimbra, a música de Julio não saía da minha cabeça. Praga de mãe pega, viu?




Coimbra é conhecida por sua Universidade super bem conceituada e pelo fado mais intelectualizado. O projeto arquitetônico das faculdades são uma atração à parte. Pra se ter uma idéia, eles conservam e zelam por uma biblioteca, que existe desde o século 16 (acho que é 16). Um fato curioso é que, para manter os livros intactos, eles precisam se livrar, dentre outras coisas, de insetos. E a solução é simples: eles mantém morcegos dentro do espaço para comer os insetos. Nada mais digestivo (risos). Fiquei maravilhado em conhecer cada espaço, cada detalhe, cada preciosidade do lugar, apesar da música de Julio ainda martelar em minha mente. E o que dizer dos estudantes, com suas becas negras, nos aguardando para nos recepcionar. Só gente bonita. Cada gajo interessante. De saltar aos olhos. E mais interessante ainda é quando um belo jovem te aborda com uma piscadela marota. Retribuí o carinho dando um olá. Ele me convidou para uma festa que aconteceria logo mais, à noite. Ficou uma incógnita no ar.

Cheguei no hotel, abri a mala e vi que meu passaporte não estava lá. No desespero, baixou uma Dona Maria, a Louca em mim e eu comecei a jogar todas as roupas para o alto. Fiquei imaginando onde eu deveria ter enfiado o passaporte. Depois do cansaço e da preocupação, olhei para minha bagagem de mão. Tirei todas as coisas que estavam nela. Quando fui retirar o notebook, vi que algo caiu próximo da minha cama. Ele estava dentro do laptop. Veio em minha mente a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Acho que vou precisar voltar a Fátima e agradecê-la. De joelhos, de preferência.


À noite, fui caminhar com Lígia, Luíza e Lu ao centro de Coimbra. Marco também estava junto. Foram as primeiras pessoas com quem tive contato na viagem. Na chegada à Lisboa, logo na primeira noite, jantei com as meninas. Luíza é mãe de Lígia e irmã de Lu, que na verdade se chama Luzia mas prefere ser chamada de Lu. Papeamos muito. Foi como se já tivéssemos nos conhecido há um bom tempo, tamanha a nossa afinidade. No caminho, elas desistiram de continuar a caminhada conosco pois estavam cansadas. Marco e eu continuamos a andar. Estava ansioso para ter mais contato com a cultura de lá. Tivemos a sorte de ver algumas danças folclóricas. Vários grupos se apresentavam, cada um na sua vez, para impressionar os turistas. Pena que não deu muito certo. O figurino era igual em todos os grupos. O que diferenciava eram as cores dos modelitos. Pra piorar, os passinhos de dança eram iguaizinhos. Todos os grupos tinham a mesma coreografia. E, numa boa, as mulheres portuguesas são uma atração ímpar, de tão feias (risos). Não possuem vaidade nenhuma, ao contrário dos homens, que esbanjam charme. Elas se vestem como se estivessem indo a um abatedouro. Uma em especial, chamou a nossa atenção. Estava responsável em conduzir a banda e os dançarinos de sua equipe. Num movimento que lembrava um oficial da KGB, ela mandou a banda parar a música. E disse em alto e bom tom: “eu quero que vocês parem ali , entenderam? Não quero nenhum errinho”. Fiquei com dó do marido dela. Imaginamos ela falando pra ele, na hora do sexo “não quero nenhum errinho”. Com aquela cara, devia ser um tremendo desafio para o coitado.  O sono chegou e decidimos voltar ao hotel. A festa com o belo estudante fica para uma próxima.