quarta-feira, 11 de junho de 2014

Na correria para os preparativos da viagem a Portugal, esqueci de mencionar que tive um domingo bem produtivo. Me encontrei com Clau para irmos ver a exposição A Inusitada. Pegamos a linha amarela em direção à Paulista e caminhamos em direção ao MASP. A feirinha de antiguidades, embaixo do museu, é uma atração à parte. Vimos vários tipos de telefones antigos, analógicos e fiquei tentado a comprar um modelo de cor lilás. Esse impulso compulsivo de comprar algo durou poucos segundos. Entramos no museu. A ascensorista, com uma verruga perto da boca e de mal humor, nos deu a informação errada sobre o andar da Inusitada. Sem problemas. Nos deixamos levar pela condição de que o tempo não existia naquele momento. Incluímos no programa A Paris do século XIX e o acervo do MASP.  Só para mencionar, a Paris reúne apenas obras de Modigliani, Renoir, Monet, entre outros.  Descemos para ver a Inusitada, uma coleção de obras compradas pelo marchand belga-brasileiro Sylvio Perlstein. O que é interessante na história é que Sylvio comprou obras que na época o mercado de arte não apostava que faria sucesso. Que vida interessante ele deve ter tido. Imagino o processo conceitual dele, os critérios que ele deve ter criado, para adquirir quadros de Marcel Duchamp, Keith Haring, Roy Lichtenstein, Andy Warhol.  Foi como tocar o dedo de Deus.  Em um dos estados de contemplação de uma das obras, vi o ator Sérgio Marone, contemplando um dos quadros. Ele estava com um amigo vendo a exposição. Muito discreto, aliás. E de um charme encantador. Almoçamos depois no Zeffiro, próximo ao shopping Frei Caneca. Tomamos um carmenére chileno, ficamos bem altos e fomos em direção ao teatro Oficina, ver Walmor Y Cacilda. Ditadura, Tropicália, candomblé, Cacilda Becker, Walmor Chagas e Zé Celso - incorporado como um Zé Pilintra contemporâneo,  foram elementos que compuseram o mote da peça. O desfecho do espetáculo se deu com a participação do público, fazendo uma gira pelo teatro, passando pelo quintal do Oficina e saindo pela rua, invocando o deus Tupi. Foi uma sessão de exorcismo. Era tudo que eu precisava ver antes de viajar. Saímos anestesiados. No ponto de ônibus, enquanto conversávamos sobre o impacto visual e dramatúrgico da peça, um rapaz se aproximou da gente, querendo puxar conversa. Ele tinha ido assistir e eu já tinha reparado nele durante o espetáculo. Ele estava bem assustado (risos). Disse que tinha ido pela primeira vez ver a trupe de Zé Celso e saiu bem impressionado, gostou muito. Foi o batismo de Clau também, debutando numa peça do Oficina. No final, me passou o whatsapp dele para mantermos contato. Ele é bem interessante.

Embarquei às 18h, com vôo atrasado, na terça. Fiz o check-in na TAP na ala nova do aeroporto. Está bonito. Porém percebe-se que os desdobramentos foram construídos dentro de uma cultura de remendo. Isso significa que ele foi inaugurado com algumas partes da obra a concluir.   O caminho a Portugal foi bem tranqüilo. Para uma pessoa apreensiva, como eu, é um bem necessário. Lógico que tive um preço a pagar. Fiquei sentado na última poltrona da classe econômica. Além do assento não ter a inclinação devida, ficou próximo dos toiletes.  Imagine a quantidade de bundas passando pela minha cara. Fora o cheiro de naftalina do banheiro. O bom é que deu para eu ver um filme francês, que está em cartaz no circuito de cinemas em São Paulo. Mas ele é tão insuportavelmente chato que nem vou me dar o trabalho de mencionar. Me joguei numa maratona de Big Bang Theory, Modern Family e Downton Abbey. Luxo.

Cheguei em Lisboa aproximadamente às 8h30. O avião parecia uma pluma na aterrisagem. Fora que praticamente não tivemos turbulência durante o vôo. Fiz o check in no hotel e já fui desbravar a cidade, que é encantadora. E a viagem está apenas começando.