O
guia pediu para o grupo ter cuidado com os batedores de carteira, que estão
proliferando pelas cidades portuguesas. Afinal de contas, estamos em uma cidade
europeia que atrai milhares de turistas pelo mundo. Ferraz pediu para não
colocarmos a carteira no bolso de trás. Infelizmente, um dos nossos colegas foi
furtado em Sintra. É a praga dos ciganos romenos.
Fiquei
com minha garganta um pouco inflamada. E
muito irritado. Mas fui firme e forte em direção à Óbidos. O tempo estava
nublado. Mas quando chegamos nessa singeleza de cidade, achei que o clima foi
propositalmente favorável. A neblina que envolvia a cidade deu uma atmosfera
bucólica que na minha opinião intensificou o charme e a beleza desse vilarejo
encantador. A cidade possui uma espécie de fortaleza, característico de vários
povoados na história do país, feito para proteger os habitantes. No lugar de
fazer compras, preferi desbravar melhor essa fortaleza para tirar fotos. As
imagens tiradas em Óbidos me fez lembrar da noite em que fui ao Bairro Alto, em
Lisboa ver uma apresentação de fado. Tem que ter muito culhão para interpretar
esse estilo musical português. Passei
por um grupo de bombeiros trabalhando e me deparei com um fato curioso: eles
estavam escutando uma música improvável para o momento e que ao mesmo tempo me
fez ligar a válvula da memória afetiva. Para
mim, foi um momento incrível. Meu bom humor havia voltado.
De
Óbidos, segui para visitar Fátima. E o mundo inteiro estava lá. Quis apenas
agradecer a Nossa Senhora por tudo que ela tem me proporcionado de bom. Fui no
santurário construído onde os 3 jovens pastores viram a Santa. Estava super
concentrado em minha oração, quando vejo uma senhora andando ajoelhada em volta
da imagem de Nossa Senhora. Pensei que ela devia estar pagando alguma promessa
e continuei concentrado na reza. Quando abri novamente o olho, vi mais duas
senhoras também andando ajoelhadas com o terço na mão. Ao mesmo tempo, uma moça
apareceu com uma criança no colo e ficou dando várias voltas em torno da
imagem. Ela foi mais sensata. Caminhou em pé mesmo. Me desconcentrei e me perguntei
mentalmente: gente, por acaso isso é uma competição?. Parecia que eu estava em
um jóquei (risos). Fiquei na expectativa em ver quem delas ganharia a corrida
(risos). Espero que a Santa me perdoe.
Aproveitei para conhecer a Basílica da
Santíssima Trindade. A criação dessa igreja bem despojada e moderna foi feita
por uma arquiteta sérvia. O que mais me chamou a
atenção foi o Cristo bem exótico que ela criou, simbolizando os cinco
continentes da seguinte forma: os pés representando a Oceania (não imaginei que
os australianos e neo-zelandeses tivessem pés tão grandes; as pernas, a África. Bem musculosas, por sinal; o
tronco, a Europa; os braços e mãos, a América; e a cabeça, a Ásia. Confesso ter
tido um certo estranhamento de ver Jesus com um olhar mais puxado. Mas prefiro não me estender na sensação que tive ao me
deparar com a imagem. Não quero que Nossa Senhora me castigue.