Estava
no aguardo de receber dois projetos, antes de minha entrada de férias. Por uma
ocasião divina, recebi hoje, por e-mail, as propostas. Minha terapeuta cancelou
a sessão de hoje, por causa da maldita greve do metrô. Perguntei se há horário
até terça. Helô veio pedir um help sobre sugestões de nomes para um programa
sobre literatura. Começamos a fazer um brainstorm.
E em hora de criação, sempre tem devaneios. Recorremos ao dicionário, às
letras de Lenine (que não ajudou em nada), às letras de Zeca Baleiro (idem) e
alguns colegas em torno, entre elas, Val. Notei que tinha muitos nomes que se
utilizavam de verbos no gerúndio. Lembrei que gerúndio não soa bem aos ouvidos,
que nosso chefe não gostava. Soltei a piada infame de que só havia um verbo no
gerúndio que eu adorava: marlonbrando.
Fomos
almoçar no Moinho, Helô, Val e eu. Dei uma olhada na TV e estava passando o
Vídeo Show. Eles entrevistavam uma dessas duplas sertanejas, agora definidas (risos) como pop. Nossa, como androginaram essa nova safra de artistas agroboys. Calças super
apertadas, camisetas de estampa de bichos. Ninguém avisou os ingênuos meninos
de que aquilo é cafona? E os penteados? Com direito a escova progressiva e
tudo. O cabelo de um lembrava o do pica-pau. Sabe o que pareciam? Aquelas beashas que se produzem pra ir na boate Danger, (risos). É tudo de muito mal gosto.
Voltando do almoço
(olha o gerúndio me perseguindo), comentei com Helô que seria uma pena não ver o
Cristiano Ronaldo, com aquele corpo escultural, já que vou fugir da Copa. Ele foi capa de uma
edição da Vogue, com a namorada dele. Sim, eu a odeio (risos). Helô foi
implacavável: “pelo amor de Deus, me dê um homem que faça amor, não que faça
sombrancelha!” (risos malignos). Ela foi certeira.
Tive
que desmarcar alguns compromissos, pois descobri que embarco próxima terça – e
não quarta, como imaginava, para minha primeira viagem de férias. Não gosto de ser rude e
dizer não para algo que já tinha combinado. Mas foi inevitável. Uma colega
perguntou o que eu estava cancelando. Respondi que a gente não cancela. A gente
declina.
Com
a greve do metrô, peguei carona com Val, que a princípio, iria me deixar na
Paulista. Falamos da Copa. Eu perguntei, na conversa, qual será a impressão dos gringos, quando descerem na estação
Artur Alvim e, no caminho para o Itaquerão, se depararem com aquela (risos) arte naif em volta. Val precisou mudar o trajeto, por causa do trânsito. Pedi para me
deixar na rua da Consolação, nos despedimos e fui em direção ao metrô
República, umas das estações que voltara a funcionar.
Mas
há males que vem para o bem: na Amaral Gurgel, um antigo amigo que tinha
trabalhado comigo, parou e me reconheceu. Quase saltou na minha frente. A gente
se pegou algumas vezes. Nos abraçamos. Estava na pressa e pedi o seu telefone.
Ele quer tomar um vinho comigo. No final, pediu um beijo, em plena avenida
cheia de carros. Eu dei um selinho. Tive que me apressar para chegar à tempo para o show de Filipe Catto interpretando o repertório de Cássia Eller, no SESC Vila Mariana. Nel já estava me aguardando. A
terapeuta perguntou, via whattsap, se
podemos marcar a terapia na próxima segunda. Ainda não respondi.