sexta-feira, 19 de dezembro de 2014




A festa da firma foi uma boa surpresa. É que o espaço físico não é muito chamativo pra se comemorar algo. Mas a ambientação foi certeira. Nem parecia que eu estava na administração central. Fiquei com o pessoal da tv, rindo e fofocando muito. Passavam uns garçons lindos, que estavam com uma espécie de fresqueira. Eles distribuíam uma “quentinha” pra quem quisesse comer algo mais substancioso. Tinham duas opções: baião-de-dois e uma comida vegan, que eu nem quis saber o que era. Não estava a fim de perder minha melanina. O sorteio dos prêmios aos funcionários não foi lá essas coisas. Achei interessante presentear o sortudo com uma viagem de uma semana para Santiago, no Chile. E só. Os outros prêmios não estavam à altura. E é óbvio que o figurino foi o que mais me chamou a atenção. Deus Pai, quanto equívoco! As pessoas acham que vão a um baile de debutante, pra se vestir de forma tão inapropriada? E o cardápio de mal gosto tinha uma gama de variedades. Vi mulheres vestidas de planta, outras foram de absorventes, de calopsitas (risos), de pomba-gira tinha aos montes.  Mas o que foi unânime foram as roupinhas de onças. Acho que todas compraram na mesma loja (risos). Me senti como um figurante na novela Pantanal. Depois do sorteio, beberiquei mais um pouco e saí à francesa.



No caminho para o metrô, passando pela catraca para ir embora, dou de cara com uma sapatona, bem grosseira (pra variar). Daquelas que você sente de longe o cheiro de couro. Estilo pedreira-caminhoneira-torneira mecânica. Deu um arroto e ficou falando palavrões, a troco de nada. Quer dizer, ela devia achar que estava fazendo graça. Ao estilo Tássia – tá se achando.   Eu apenas dei uma olhada serena de reprovação e desci para pegar o metrô. Isso tem que ser criado em cativeiro, longe da espécie humana.


Chegando no prédio onde moro, arranjei mais um bom motivo para detestar o Natal: quando entrei no hall, fui cegado pelas luzes de decoração natalinas azuis piscando, a ponto de não enxergar nada. Faltou a rena do nariz vermelho me receber para dar as boas vindas. Mas a decoração cafona me fez lembrar de contribuir com a “caixinha” dos funcionários, no fim de ano. O que me fez odiar ainda mais o Natal (risos).       

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014



A mente humana prega cada peça na gente! Pegando o metrô na estação Belém para voltar para casa, me sento e fecho meus olhos como forma de desacelerar um pouco a cabeça, depois de mais um dia exaustivo. Até porque é meio difícil ver alguma coisa interessante num vagão às 8 da noite. Com várias conversas como som ambiente, comecei a me lembrar do meu tempo de colegial. Ao mesmo tempo, veio um nome na minha memória em negrito e sublinhado: Iedo. Era o nome de um garoto que estudava na mesma sala que eu. Fiquei pensando o que me levou a lembrar desse nome e do missiva que se chama Iedo. Eu não tinha muita ligação com ele. Era mega cdf. Naquele frenesi com o bullying escolar, nós o chamávamos de Iôdo (risos). Me lembrei de ter perguntado a ele quem tinha escolhido seu nome. Ele não soube me responder. Continuei com a veia jornalística e quis saber se ele não pensava em mudar de nome. Ainda bem que ele tinha humor. Não se preocupava com o que as pessoas falavam sobre seu nome. Eu achava esquisito alguém se chamar Iedo. Ieda ou Hieda, tudo bem. Mas não vejo esse nome no gênero masculino. Não soa bem. A não ser que você queira abrir um instituto de beleza (risos). Será que os pais dele foram hippies, para chamá-lo desse jeito? Se bem que hippies colocam nomes mais lisérgicos em seus filhos, como "Raio da Manhã", "Luz do Luar", "Erva do Xingú", "Celeiro do Amanhã". Essas esquisitices.    


Elcimar passou ontem em casa. Vai passar o natal e virada do ano em Fortaleza. Falou para mim que, dependendo, ficaria um tempo por lá. Ele me contou que foi com um amigo numa casa de “swing”. Como estava sem uma mulher para acompanhá-lo, pagou 350 reais de entrada. Eu fiquei alarmado. Perguntei  se valia a pena gastar tudo isso por uma bacia de pererecas. Até porque perereca é tudo igual (risos). Ele disse que gozou umas nove vezes. Falei para ele que também conhecia casas de swings. Me olhou com olhar desconfiado. Aí eu disse: “Relaxa, tolinho. Perereca pra mim, só no brejo”. (risos).  É muito excesso de catuaba para o mesmo bofe. E eu ainda me pergunto: casar pra quê?


Não tenho acompanhado muito a programação de TV. Tenho achado tudo um tremendo porre. Só assisto de forma pontual. Mas valeu a pena ter visto a edição do Profissão Repórter de terça, sobre Cuba. Ou melhor, sobre os cubanos. Eles entrevistaram os cubanos que ainda moram na Ilha de Fidel e aqueles que se refugiaram para os EUA.  Me chamou a atenção um casal, que fugiu da ilha numa bóia para chegar ao american way of life de ser. O programa mostrou, através de um acervo de imagens, o casal em 1994 chegando em terras americanas e acompanhando o início de adaptação ao mundo capitalista. Para o marido foi fácil, afinal o que ele mais queria era lucrar e ter uma vida melhor. A equipe da TV Globo registrou o momento em que ele estava prestes a fechar um “bom negócio” com a compra de um carro, um modelo bem moderno para a época. A esposa começa a gritar com ele, dizendo não haver necessidade de se ter um veículo. A pauta se desdobra para o modo de viver deles nos EUA.  Ele começa a discutir com ela, dizendo que eles estavam longe da ilha, que eles agora tinham liberdade e a questionou do por quê ela estar tão resistente com a vida que estavam levando. A língua ferina da cubana, como uma chibata, devolveu num raciocínio bem rápido: “Em Cuba éramos mais felizes. Saíamos para nos divertir com nossos amigos. Éramos alegres”. E eu pergunto: vale a pena ter ostentação? 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014


Depois da brochada de Xangai (não sabe do que eu estou falando? Relaxe o esfíncter e clique no link...http://omundodelira.blogspot.com.br/2014/12/com-correria-nos-ultimos-dias-acabei.html), pausa para retocagem na pele com protetor solar e lá vamos nós em direção à Galeria Sete e Galeria Superfície. E o Ipod, de forma imponente anunciando a "Italiana" de Mendelssohn no randômico.


Desci a rua da Consolação em direção a rua Oscar Freire. As duas galerias ficam nessa que é considerada um dos glamours da cidade paulistana. Glamour até a página 2, certo? Afinal, bom gosto é algo que passa bem longe de lá. Bom gosto que eu digo das pessoas que não sabem comprar na Oscar. Mal virei a rua e quase me choco com um grupo de homens vestidos de Papai Noel, cantando Jingle Bells. Nada mais constrangedor da gente se ver digerindo uma cultura que não é a nossa. Vi um casal dando truque jogando papel na rua. Não deixei por menos e falei “tem dinheiro, mas não tem classe, né”? E continuei minha caminhada. Quando cheguei na Galeria Sete, mais um banho de água fria: a galeria estava fechada. Não quis perder tempo, atravessei a rua e entrei na Galeria Superfície, com a exposição Edições e Múltiplos: do Concretismo ao Contemporâneo (http://www.galeriasuperficie.com.br/exposicoes/edicoes-e-multiplos-do-concretismo-ao-contemporaneo/). A galeria é um espaço minúsculo. Eu entrei, vi umas pessoas que deduzi trabalharem lá e comecei minha imersão.  Até aí  tudo ok, se não fosse pelo fato de me incomodar featuring irritar com a conversa dos profissionais em questão,  em voz alta. Quer dizer, você está envolvido em observar e se aprofundar em determinada obra e fica com um ruído de vozes reverberando sobre sua cabeça, o que faz você perder totalmente a concentração. Eles agiam como se estivessem trabalhando numa feira. Eu não me fiz de rogado, dei uma bela olhada pra eles e emanei uma boa energia negativa com o olhar. Não sei por que, mas me inspirei em Ney Latorraca nesse momento (risos). No mínimo desrespeitoso apreciar o trabalho de um Leonilson, de uma Leda Catunda e ficar com aquele “coral de notas divergentes”   rasgando seus tímpanos. Acho que eles se tocaram com o volume alto da conversa. Um dos sócios da galeria, sacando minha reprovação com o barulho, me cumprimentou e me perguntou se eu não queria beber uma cerveja. Eu declinei. Só queria mesmo que eles ficassem na tecla “mudo”, enquanto eu passeava pela exposição.


 Assim que saí da galeria, subi a rua Ministro Rocha de Azevedo. Bem desanimado, pra ser franco, pois a rua é muito íngreme até chegar na Avenida Paulista. Quis mudar o trajeto, pegando a rua Padre João Manuel. Naquela vibe de contemplar a arquitetura, me deparo com uma vilazinha no meio da Ministro. E olha a surpresa boa que acabei sem querer descobrindo, no meio dessa pauliceia desenfreada.  


Subi até a Paulista, em direção ao Itau Cultural, animado em ver a exposição Cidades Gráficas. Tinha manifestação anti-Vilma acontecendo na Paulista. E outra pedindo intervenção militar. Os manifestantes pedindo o impeachment da presidenta pediu para a polícia militar fazer um cordão de isolamento entre eles e os militares, para não haver mistura entre eles. Fiquei assistindo a caminhada deles, do outro lado da avenida, enquanto descansave um pouco. Tinha pelo menos 800 pessoas pedindo a cabeça da Vilma. E umas 30 (risos) pedindo a volta da ditadura. Aí eu vi um senhor vestido de soldado do exército, esbravejando que estava na hora 'deles' botarem "ordem" no país. E qual seria alternativa que ele propunha? Ah, sim, acredito que a falta de liberdade de expressão, seguido de muita tortura vai resolver os problemas de nosso país.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014




Com a correria nos últimos dias, acabei não escrevendo sobre o roteiro cultural que sempre faço de fim de semana. Eu me impressiono quando pergunto para as pessoas sobre o “finde”, o que elas fizeram e elas simplesmente respondem: “ah, nada de mais”. Aí você continua a perguntar o que fez e fico chocado quando o nada de mais é não ter feito nada mexxxmo. Numa cidade como São Paulo, com várias opções para todos os gostos? Um ruído para meus ouvidos. Esse tipo de gente me faz bocejar antes delas abrirem a boca. Fico imaginado a vidinha “pão com pingado” que elas possuem.

Nesse roteiro quis priorizar visitar algumas galerias pequenas e que ainda não conhecia. Dei uma lida no Guia da Folha para fazer uma triagem. Por sorte vi duas exposições em espaços diferentes, que ficam na mesma rua. Medindo o tempo que teria para visitá-las, decidi ir em outra galeria para ver uma exposição que considerei interessante. Com um pop descartável no ouvido, me colei e fui desbravar o roteiro traçado. E tudo feito à pé.




Começando o roteiro com uma pseudo caminhada até a padaria Bella Buarque (http://padariabellabuarque.com.br/). Estava no pique de apreciar melhor a arquitetura da cidade. A gente fica naquele processo de aceleração constante durante a semana que você nem se dá conta de tudo que está em sua volta. Meu foco nesse dia estava em observar o design pela rua. Mas, assim que virei a Major Sertório, me desconcentrei em ver um menino lindo, que estava subindo em direção ao Mackenzie. Eu já o tinha visto há quilômetros. O gaydar estava no piloto automático, mas quando ele aciona, haja ansiolítico para controlar (risos). Ele passou por mim e, pra variar, desprezou a olhada que eu dei a ele. Dei aquele suspiro de decepção, que se acentuou quando uma racha passou por mim sorrindo e dizendo: “se você quiser, posso te ajudar com esse suspiro”. É que a cretina estava só no binóculo observando a esnobada que o bofe me deu. Aí eu agradeci, dizendo que eu não estava precisando de diarista (risos). Entrei na padoca e fui atendido pelo Michel, que sempre coloca minha auto-estima em dia. Sempre me chama de jovem. Pedi um brioche na chapa, ovos mexidos e um suco de laranja. Estava no pique de perambular muito pelo bairro. Saí solto em direção a Galeria Vermelho e fui cortando caminho pelo bairro de Higienópolis.


E o que dizer do encantamento que tive  e sempre tenho quando passo pela rua Sabará e me deparo com prédios belíssimos, desses que dá gosto ficar contemplando por um tempo sua arquitetura e sua paisagem em volta. E dá gosto de caminhar pelo bairro do Higi. A região é bem arborizada, faz você não se cansar tanto. Lógico que um protetor sempre cai bem. Subi a avenida Angélica, mas quando estava quase chegando ao meu destino final, agi por pura intuição e decidi caminhar pela rua Minas Gerais. Parecia que tinha entrado em outra dimensão, ou teletransportado para uma cidadezinha do interior. Vi umas casas (isso mesmo...casas), algo que dificilmente se vê na região do centro expandido de Sampa. Aproveitei para registrar em foto algumas delas, ainda em ótima conservação.


Depois de um belo insight arquitetônico, cheguei à Galeria Vermelho. Tinha lido no guia e me interessado em degustar a exposição Shangai em São Paulo in Shangai, da artista Carla Zaccagnini
(http://www.galeriavermelho.com.br/pt/exposicao/7986/shangai-em-s%C3%A3o-paulo-shangai/texto). A exposição nada mais é do que fotografar placas de ruas de nome Shangai em diversos pontos da cidade de São Paulo e da Grande São Paulo. Match Point.  Pelo que li a respeito de Carla, ela propõe ao espectador a entrar em um jogo de observação e reflexão ao contexto específico. Para mim foi frustrante, pois a obra em si não me motivou a ficar contemplando sobre a real finalidade da obra. Achei um tanto preguiçoso da parte dela em me incitar a ter iniciativa de me concentrar para tentar decodificar a proposta conceitual da exposição. Muito qualquer nota. Com essa quebrada de clima, fui me deliciar com um suco de cajú na Frutaria Paulista (http://www.frutariapaulista.com/) e me preparar para continuação de minha peregrinação cultural.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014




Enquanto lia alguns sites de notícias para me atualizar do esgoto de nossa política, meu ouvido de tuberculoso estava atento a uma conversa de Sílvia e Carlito sobre música, com recorte na MPB.  Silvia dizia que a música atual é tudo muito igual, que nada de novo a representava. E fazia comparações com músicos, poetas e letristas do calibre de Nelson Cavaquinho, que estava em audição durante o papo. Aí eu entrei na conversa e falei que ela estava sendo muito radical com a comparação, até mesmo porque é uma covardia comparar a música  “rala”  de hoje com os grandes clássicos de antigamente. Sílvia argumentou que existem muitos artistas “Marcelo Jeneci de ser”. Tudo muito igual. Também concordo. Utilizam a mesma técnica vocal de garoto melancólico, voz anasalada e linear, achando que esse tipo de interpretação é a nova forma “cult” de ser. Pra mim, é de uma preguiça sem tamanhos. Fora que os artistas de hoje não sabem diluir seu talento em seus trabalhos.

E a começa ficou animada. Argumentei dizendo que tinha poucos artistas da safra atual interessantes, mas que seria uma covardia tamanha compararmos os artistas de hoje com os de ontem. Até porque a cultura mudou e como um camaleão se adaptou, por exemplo, às grandes mudanças tecnológicas.  A internet, com sua cultura de rede de regurgitar algo rápido e de fácil digestão para as pessoas hoje em dia, tirou todo o interesse delas de escutarem com mais atenção a profundidade das canções, seja em suas letras contundentes e em seus arranjos bem trabalhados, sofisticados, arrojados.  Sei que não dá para viver de nostalgia, é verdade. Sou da época pré internet. Para eu saber sobre algo bacana no cenário musical, eu tinha que comprar pilhas de revistas. Mas voltemos à questão da qualidade musical de hoje em dia e de outrora. Os artistas de hoje de uma certa forma, se contaminaram com essa cultura de fácil acesso. Fora a técnica de processo contínuo que todos se utilizam, inspirados em algum Jeca Tatu pós-modern. Os genéricos dos genéricos dos genéricos.


Pegue por exemplo, O quereres, do Caetano. Quando a escutei pela primeira vez, fiquei em, brasas, não só pelo fato de ser mais uma grande música dele, mas principalmente pela complexidade dela. É bom lembrar mais uma vez que não existia internet, logo, eu não tinha como pegar a letra de O quereres tão fácil. Tinha que aguardar uma edição de alguma revista musical, que sempre colocava letras de canções que estavam despontando no cenário longínquo dos anos 80. Para minha sorte, O quereres saiu na finada revista Bizz. E o que era mais agradável: os professores (pelo menos os que me ensinaram) adoravam conversar, comentar e discutir sobre as metáforas embutidas nas canções que sempre tinha curiosidade de entender.

E a pergunta de hoje é: temos um O quereres nos dias de hoje? Temos alguma letra com a proeza poética de ícones como Vinícius, Cartola, Nelson Cavaquinho, Caetano, Chico,  feita pelos Silvas, Jenecis, Camelos de hoje?  Coloco no plural porque deles surgiram tantos outros idênticos como eles. O genérico dos genéricos dos genéricos. As letras de ontem  me inquietavam e me faziam questionar. As de hoje tem frontal demais (risos). E pelo que vejo nos jovens hoje em dia, que absorvem uma cultura tão nula, inquietação é algo que infelizmente falta para a evolução na vida moderna. Se eu quero me interessar pelos artistas de hoje? Parafraseando Filipe Catto, “eu adoraria”. Mas eu fico aguardando, em posição de yoga, algo instigante para minha audição.


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014


Depois do Armageddon que foi o período eleitoral que concomitou com a eleição da Vilma, passei por um processo de ressaca eleitoral que ainda não tem dia e nem hora para acabar. Muitos equívocos (pra variar) de informação distorcida e preconceituosa ainda pairam na rede, cada um impondo a sua verdade absoluta. Particularmente não tenho mais compartilhado notícias sobre política, apesar de estar acompanhando tudo o que acontece no cenário político brasileiro. Mas em quem acreditar? Quem de fato possui credibilidade hoje em dia? Ok, sei que partir do pressuposto de que o jornalista deve ser imparcial é ter uma visão muito romanceada do Quarto Poder. Mas nós, como seres tupiniquins não temos maturidade de fazermos uma cobertura política imparcial mesmo assumindo sua predileção por esse ou outro candidato. Você lê a Carta Capital e o site Brasil 247, que só noticia fatos pró PT e anti PSDB; e acompanha os fatos anti PT e pró PSDB no Estadão e no Globo. Somos muito arrogantes em acharmos que somos suficientemente maduros para termos a tal imparcialidade dos fatos. Acho que vai ser preciso no mínimo umas cinco reencarnações para eu conseguir visualizar a imparcialidade ideal. Mas o que mais me aflige é que lemos tantas “verdades”, impressas com uma segurança de argumentos que me dá a sensação de não saber quem é que está falando a verdade, de fato. É assustador. Acho que a nuvem negra do Armaggedon ainda paira em terras tropicais.

Juízo Final, poderia fazer a gentileza de chegar logo?



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014



Acordei com uma vontade absurda de não querer fazer nada. Demorei para me levantar. Minha casa está um chiqueiro, mas a diarista vem hoje para dar um trato em casa. Não posso me esquecer de comprar um presente para ela. Mas aí me lembro que meu cartão ainda não chegou e me ponho a imaginar uma cena em que entro no banco, o gerente pergunta cordialmente em que ele pode me ajudar e aí eu me explodo junto com todos. Santa Intifada, rogai por nós.
Consegui me sentar no vagão do metrô na estação República. Ótimo porque aproveito para ler um livro enquanto a estação Belém não chega. Se bem que eu estava com muita preguiça para ler. Fora que o metrô estava fedendo a bueiro. Um cheiro de mijo prensado. E minha garganta voltando a arranhar. Quando o metrô chegou na Sé, um garoto entrou e sentou perto de mim. Ficou de frente, na verdade. E começou aquela troca tímida de olhares, que já virou um sorriso de canto de boca.  Até que um homem manco estaciona na minha frente, em pé, cobrindo a bela visão que eu tinha. E detalhe: ele estava em pé na frente do assento preferencial. Não poderia ao menos se sentar para eu contemplar a beldade juvenil que me deu bola? Juro que me deu vontade de dar uma rasteira nele (risos). Acabei desencanando de ler.

E a máxima metroniana do dia: um sujeito entrou na estação Pedro II, desejou bom dia a todos e começou a falar bem alto que ele tinha sido assaltado, que tinha tomado um tiro nos olhos e que perdeu a visão, o olfato, o paladar e a audição. E ele ainda existe?

Ah, por gentileza, alguém pode avisar a Danusa Leão que ela está a cara da Donatela Versace? Mega obrigado.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014



Ah, os problemas. A vida seria tão sem tempero, não é mesmo? Semana passada, estava tomando um lanche no Engenhão quando recebo um torpedo do meu banco, informando a “compra com sucesso” de R$ 498,00. Era mais ou menos 7 da noite e a tal compra foi efetuada 5 minutos antes, conforme registrado pela mensagem. Por um ato reflexo até cheguei a pensar que de fato fiz a compra (risos).  Em plena véspera de comemoração para o fim de ano e meu cartão é clonado. Voltei para a tv e entrei em contato com meu banco. Ninguém atendia porque o horário de funcionamento vai até às 18h. Liguei num telefone padrão de atendimento ao correntista para verificar o ocorrido. A telefonista que me atendeu disse que a compra foi feita por uma agência de turismo que comprou uma passagem aérea. Então eu quis dar uma viagem surpresa pra mim mesmo? Como a compra veio com o nome do proprietário da agência e o nome era familiar, me lembrei de ter fechado uma viagem com essa agência no meu período de férias.  Pedi para ela bloquear o cartão. Ela foi bem pró ativa – uma exceção à regra com o péssimo serviço de telemarketing que temos. Sugeriu de se fazer um bloqueio parcial: somente compras pela internet e celular seriam bloqueadas e já solicitou um novo cartão. Na agência de turismo fui informado de que entrou um vírus no computador deles. Eles me pediram para que eu passasse o torpedo para se tomar as devias providências. Decidi ser mais prático e liguei no banco no meio da semana. 
Eu não tenho paciência para funcionário de banco. São muito letárgicos. Fora o excesso de simpatia que chega a dar um bolo no estômago. Cretinices à parte, o gerente conversou comigo a respeito e pediu para que eu não quebrasse o cartão, que iria pedir para uma assistente dele resolver minha situação.  Ok, fiquei aguardando a bonita me ligar. E olha a grata surpresa: ela ligou para me comunicar que meu cartão estava totalmente bloqueado.  Eu entendo que isso é feito por questão de segurança, mas sem me comunicar antes? Fiquei furioso, afinal de contas, estava sem dinheiro. Perguntei para a defunta como iria sacar uma grana? Aí ela disse que daria para sacar no caixa, mas que haveria um limite de valor por dia. Resumindo: fim de semana sem grana para fazer compra no mercado, sem grana para comprar o presente de minha irmã pelo seu aniversário e pior: sem dinheiro para pagar os meus FLORAIS! É nisso que dá ficar com o vale Saint Germain vencido. Só espero que a Intifada que existe em mim não cause estragos.  

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014


Fui acompanhar a gravação de um concerto no Sesc Bom Retiro, na última sexta-feira. Mesmo cansado, arranjei um resto de energia para trabalhar no fim de noite. Val estava acompanhando a gravação, junto com a DNArte, produtora que contratamos para produzir o programa. Cheguei no momento que Flavio, diretor do programa, terminava de gravar o depoimento da curadora do Festival de Música de Câmara, Claudia Toni. Esse festival, que se encerrou ontem, percorreu várias unidades do Sesc - capital, litoral e interior. Já estava mais do que na hora de se ter um evento para formação de público de música erudita.  Formar e ampliar esse público. E eu sei o quanto é difícil formar esse público, já que a música clássica necessita de uma concentração maior na audição para você saborear. Escutar música erudita, para mim, é ficar em estado de graça.


 Flavio me levou para conhecer o pianista que íamos gravar. Se chama Cristian Budu. Brasileiro, de origem romena. Uma graça de pessoa. Mora há 4 anos em Boston, nos Estados Unidos. Está terminando um mestrado na terra do tio Sam. Ele me contou que quer fazer aqui no Brasil uma série de recitais, mas com um diferencial: são concertos feitos em domicílio. Ideia bem bacana que faz sucesso nos EUA. Imagine escutar uma obra de Haydn ao pé do ouvido, de forma mais íntima. Ah, e eu não poderia esquecer meu leque para a audição.

E o que dizer de Cristian e sua performance, que me deixou nocauteado na plateia do teatro do Sesc Bom Retiro.  Para abrir as mesas de trabalho, ele pediu a bênção de Beethoven, tocando as 3 bagatelas do gênio. Na sequencia, interpretou 3 estudos de Alexander Scriabin. Durou meia hora. Ele me deixou tenso. E intenso. Prestei bastante atenção no seu olhar, no seu manusear. Ele parecia estar incorporado, tamanho a sua concentração. Intervalo de vinte minutos para respirar um pouco. Na segunda parte do programa, ele tocou Schuman, Villa Lobos e fechou com chave de ouro, ao apresentar sua interpretação ao insofismável tormento Mephisto, de Liszt (permita-se escutar, no vídeo abaixo) . Eu realmente senti muito sangue sendo jorrado das teclas do piano. Ele lavou a minha alma. É lógico que teve o bis. Ele mesmo brincou que depois de tanto sangue, iria tocar algo mais leve. Foi de Chopin. Saí passado a ferro de quina. 


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014


Estou num dilema sobre o que fazer na semana do Natal e virada de ano. Até queria sair um pouco de Sampa, afinal passo o revéillon na babilônia paulistana há três anos seguidos. Ao mesmo tempo, fico pensando que entre a semana do natal e a virada a cidade fica vazia. Dá, por exemplo, para aproveitar e colocar sua vida cultural em dia. Tem várias exposições que estou louco para ver,  mas no momento estou sem saco de pegar filas exorbitantes. Fora o fato de que você vai ter tempo apenas de fazer uma leitura dinâmica das obras expostas. Comigo não funciona assim. Quanto menor for o fluxo de pessoas baforejando em minha nuca, enquanto aprecio uma obra de arte, melhor.
 
E o Natal não tem mais aquele brilho que outrora me deixava ansioso para receber presentes e confraternizar com familiares e amigos. Até porque Santa Claus não é nem um pouco atraente. Ô velhinho mais assexuado que conheci. Me veio um questionamento agora: será que alguém tem tara pelo Papi Noel? Enfim, essa cultura não faz parte da nossa. Pelo menos, da minha.  Quando eu vejo as pessoas se estapeando com aquela variedade de odores na avenida Paulista, para ver os enfeites de Natal, me pergunto: vale o sacrifício para ver uma simples rena?




E antes de me desplugar da rede para dormir, me atentei a uma postagem de uma colega no facebook: ela colocou uma foto de três pés, cada um com um calçado diferente, bem no estilo Meninas Superpoderosas e escreveu: cada uma com estilo. Fiquei pensando a falta que faz a juventude transviada nos dias de hoje. Aí eu postei o seguinte comentário:

Será que fui vil? Deve ser o efeito da falta de floral (risos).

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014


Estou na contagem regressiva para minha próxima sessão de terapia. Minha taxa de mal humor tem se acentuado gradativamente e o termômetro disso é a falta de saco com as circunstâncias do cotidiano.


O mal gosto das pessoas, por exemplo. Fui almoçar com Helô e Sílvia no Moinho, batemos um bom papo, rimos, pagamos nossa conta e decidimos ir tomar café na Margô, próximo ao nosso local de trabalho. Quando saímos do Moinho, quase ceguei com o que eu vi vindo em minha direção: uma colega de firma, acompanhada de uma amiga. De meia branca. Uma sem noção dessas, em pleno calor paulistano com uma meia branca para quê? Ela pensa em se fantasiar de princesa da Disney? Em pleno bairro da Quarta Parada (respiratória)? Se tivesse um floral de bom senso, mandaria uma bacia pra ela. Foi o supra sumo do mal gosto. 


Pausa para o café na Margô. Para tentar apaziguar minha irritação, nada melhor do que folhear algo bem descartável para dar umas boas risadas. A pauta escolhida da vez: revista Caras. Já começamos a rir da capa da edição da revista, com a atriz Françoise Fourton. Vestida de noiva (risos). Aí eu penso na seguinte questão: uma atriz veterana como Françoise, carinha de 60, corpinho de 70. E botox banhado com formol na casa dos 80. Ela está tão em baixa assim para fazer esse papelão? Se eu estivesse no lugar dela, eu me casaria apenas no civil. Se bem que aí (risos) não daria nem pra ser rodapé de notinhas na matéria. Aliás, adorei o marido que ela arrumou. Uma querida.


Comecei a me entreter com a revista. Uma boa opção para quem está de mal humor. Folheando as páginas de futilidades da revista, vejo aquela outra atriz veterana, como é mesmo o nome dela? Ah, me lembrei, a Rosamaria Murtinha. Com uma roupa rosa brilhante estampando o cafona. Acho que ela comprou na seção “brechó de travesti”. Se eu a visse pessoalmente, poderia correr o risco de ficar cego com o brilho latente da roupa. Rita Lee já cantava sabiamente: mulher é bicho esquisito.

E a Adriane Galisteu, por onde anda? Impressionante como toda a edição da Caras tem sempre uma foto dela fazendo seu “trabalho de marketing”. É realmente constrangedor ver uma celebridade mendigando atenção. Eu até entendo a sua preocupação com a imagem. Como ela não aparece mais na tv aberta, ela precisa se “bingar” com alguma mediocridade que sirva de trampolim para ela não ser esquecida.  Mas acho que não está fazendo nenhum efeito. Ela não tem feito a mínima falta. 


terça-feira, 2 de dezembro de 2014


A ressaca de fim de semana começando, meu floral de Saint Germain terminando. E a sirene do meu mal humor começa a reverberar em volta.  Fico pensando se minha vida ficaria melhor com a segunda-feira sem a cara de segunda-feira. Eu a incluiria como fim de semana.  Três dias para relaxar. Daria até para fazer uma viagem, por exemplo. Mas nessa ocasião, a segunda teria cara de domingo. E domingo também é um dia péssimo (risos). Porque é um dia que, mesmo você tendo vontade de curtir sua casa, tem a obrigação de sair.  A não ser que você queira colocar seu lado masoquista para assistir todos os programas de auditório que passam na tv aberta. Eu me mataria.


Tomei uma ducha e saí tarde de casa para tomar café. Resolvi almoçar sem passar pelo breakfast. Tinha pedido 1 par de convites para assistir Preto no Branco, em cartaz no Sesc Bom Retiro. Era o último dia da apresentação do espetáculo. Resolvi chamar Raquel para ir comigo. Fomos caminhando até o Bom Retiro, com alguns pingos de chuva caindo sobre nossas cabeças. Me encontrei com um colega de firma que também foi assistir a peça. Naquela troca de cordialidades, perguntei como estava a vida e ele já começou com aquele texto "crtl c crtl v" de que estava trabalhando muuuito, que nunca tinha trabalhado taaanto como agora. E falando como se ele fosse o único a se exceder no expediente. Aí eu bocejei mentalmente, pedi licença a ele e fui pegar os convites. Nos encontramos novamente depois no café com a Meilin, uma amiga querida  com quem trabalhei no Sesc Vila Mariana e que atualmente trabalha no Sesc Bom Retiro.  Ela foi muito gentil em nos oferecer o café.

O espetáculo durou uma hora e meia, com a seguinte conclusão: todos se corrompem de alguma forma. A peça mostrou de forma curta e grossa o quanto as pessoas maquiam um estado de perfeição dos bons costumes e, na paralela, tratam seu lado pérfido (sim, todos nós temos) com a mais pura normalidade para o interlocutor – a plateia, no caso, digerir com a espontaneidade de uma obra renascentista (risos). Para se ter uma ideia, um casal de namorados que se sentou na minha frente ficaram  extremamente incomodados com uma cena de incesto na peça. Achei que eles iriam sair no meio do espetáculo. Assistindo Preto no Branco me deu a sensação de que a interpretação estava muito fake, mas entendi depois que essa sensação de ver um elenco fazendo um trabalho não muito consistente (segundo minha opinião),  foi proposital para a concepção desse projeto.  E demonstrar esse falso naturalismo requer um belo trabalho de ator. Não é a toa que tanto o diretor – José Henrique de Paula, quanto a atriz – Clara Carvalho estão indicados para o prêmio APCA. Humor negro com um texto corrosivo e indigesto mostrando a hipocrisia e amargura da vida moderna em tempo real. Do jeito que o Diabo gosta. E eu também.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014


Preguiça: dos males é o mais necessário para minha evolução. Meu pecado capital favorito. Depois de uma semana um pouco tensa, no aspecto quantitativo de trabalho a se fazer, decidi abrir mão de ficar me programando para fazer um roteiro cultural, algo que sempre faço no fim de semana. Tenho muito prazer em otimizar meu tempo com uma exposição, um cinema, mas eu realmente estava com o espírito de acordar no sábado e ficar me refestelando na cama.  Acordei às 14h. Escolhi calmamente um cd para escutar durante o banho. Adoro tomar uma ducha com o som bem alto. Com a rouquidão ímpar de Marina Lima, me arrumei para ir almoçar.


Depois do brunch, fiquei cronometrando a hora para checar se daria tempo de ver alguma exposição no restinho de tarde que ainda tinha, já que tinha combinado de ir jantar com meus primos. Tínhamos marcado com um mês de antecedência esse encontro. Com a escassez do tempo que me restava, relaxei o esfíncter, voltei para casa, me colei e fui pegar o subway.
Eu confesso ter um certo relaxo com família. Não tenho esse hábito comum das pessoas sempre se verem, se abraçar, se pegar, ficar dizendo “nossa, quanto tempo” ou o que considero pior: “você engordou” (risos). Essas firulas habituais de família me entediam.  E quando ficam te relembrando fatos do passado? Principalmente aqueles assuntos que você não quer se lembrar (risos). Semana passada, minha irmã, que adora fazer a linha “recordar é viver” me mandou várias fotos nossas quando crianças. Eu (risos) deletei.



Eu realmente fiquei feliz com o convite de meus primos para o jantar. Combinamos de se fazer a reunião na casa do Ricardo e de sua esposa, Camila. Eles moram em Santo André. Tive que pegar um trem na estação Brás de metrô. Não demorou muito a chegar. Quando o vagão abriu, aquele empurra desnecessário. Quer dizer, em pleno fim de semana e as pessoas se tratando como se fossem comboio de gado? Entrei calmamente e consegui me sentar. E quanta gente feia, Deus Pai! Me senti numa cena de Walking Dead . Uma grande concentração de monstros por metro quadrado. Ainda bem que a viagem foi rápida. Desci em Prefeito Saladino. Em menos de cinco minutos, meu primo Daniel passou para me pegar, junto com sua esposa Vivian e sua filha Luciana. Tirando o fato dele adorar Engenheiros do Hawaí, ele é uma boa pessoa (risos).

O jantar foi ótimo. Levei dois vinhos muito bons para degustar com as entradas e o prato principal. Escolhi um Carignan chileno que ainda não tinha experimentado. E um Rioja bem temperamental. É que o sommelier que me indicou esse vinho disse que assim que ele fosse aberto, deveria ficar 30 minutos respirando. E é claro que a gente não esperou trinta minutos (risos). Ah, e levei um rosé espanhol para tomarmos com a sobremesa. Ricardo foi o nosso gourmet e preparou umas bruschettas divinas de entrada. Comemos uma massa ao sugo com iscas de mignon. E um doce de chocolate com nozes.  Pra finalizar, um Nespresso choco rosso , indicação da Camila. Ambiente agradável, uma conversa prazerosa com muito bom humor. Me senti muito bem acolhido por todos. Já agendamos o próximo jantar para janeiro.