Depois da brochada de Xangai (não sabe do que eu estou
falando? Relaxe o esfíncter e clique no link...http://omundodelira.blogspot.com.br/2014/12/com-correria-nos-ultimos-dias-acabei.html),
pausa para retocagem na pele com protetor solar e lá vamos nós em direção à
Galeria Sete e Galeria Superfície. E o Ipod, de forma imponente anunciando a "Italiana" de Mendelssohn no randômico.
Desci
a rua da Consolação em direção a rua Oscar Freire. As duas galerias ficam nessa
que é considerada um dos glamours da cidade paulistana. Glamour até a página 2,
certo? Afinal, bom gosto é algo que passa bem longe de lá. Bom gosto que eu
digo das pessoas que não sabem comprar na Oscar. Mal virei a rua e quase me choco com um
grupo de homens vestidos de Papai Noel, cantando Jingle Bells. Nada
mais constrangedor da gente se ver digerindo uma cultura que não é a nossa. Vi
um casal dando truque jogando papel na rua. Não deixei por menos e falei “tem
dinheiro, mas não tem classe, né”? E continuei minha caminhada. Quando
cheguei na Galeria Sete, mais um banho de água fria: a galeria estava fechada.
Não quis perder tempo, atravessei a rua e entrei na Galeria Superfície, com a
exposição Edições e Múltiplos: do Concretismo ao Contemporâneo (http://www.galeriasuperficie.com.br/exposicoes/edicoes-e-multiplos-do-concretismo-ao-contemporaneo/).
A galeria é um espaço minúsculo. Eu entrei, vi umas pessoas que deduzi
trabalharem lá e comecei minha imersão. Até aí tudo ok, se não fosse pelo fato de me
incomodar featuring irritar com a
conversa dos profissionais em questão,
em voz alta. Quer dizer, você está envolvido em observar e se aprofundar
em determinada obra e fica com um ruído de vozes reverberando sobre sua cabeça,
o que faz você perder totalmente a concentração. Eles agiam como se estivessem
trabalhando numa feira. Eu não me fiz de rogado, dei uma bela olhada pra eles e
emanei uma boa energia negativa com o olhar. Não sei por que, mas me inspirei em Ney Latorraca nesse momento (risos). No mínimo desrespeitoso apreciar o trabalho de
um Leonilson, de uma Leda Catunda e ficar com aquele “coral de notas
divergentes” rasgando seus tímpanos.
Acho que eles se tocaram com o volume alto da conversa. Um dos sócios da
galeria, sacando minha reprovação com o barulho, me cumprimentou e me perguntou se eu não queria beber uma cerveja. Eu declinei. Só queria mesmo que eles ficassem na tecla “mudo”,
enquanto eu passeava pela exposição.
Assim que saí da galeria, subi a rua Ministro Rocha de Azevedo. Bem desanimado, pra ser franco, pois a rua é muito íngreme até chegar na Avenida Paulista. Quis mudar o trajeto, pegando a rua Padre João Manuel. Naquela vibe de contemplar a arquitetura, me deparo com uma vilazinha no meio da Ministro. E olha a surpresa boa que acabei sem querer descobrindo, no meio dessa pauliceia desenfreada.
Subi até a Paulista, em direção ao Itau Cultural, animado em ver a exposição Cidades Gráficas. Tinha manifestação anti-Vilma acontecendo na Paulista. E outra pedindo intervenção militar. Os manifestantes pedindo o impeachment da presidenta pediu para a polícia militar fazer um cordão de isolamento entre eles e os militares, para não haver mistura entre eles. Fiquei assistindo a caminhada deles, do outro lado da avenida, enquanto descansave um pouco. Tinha pelo menos 800 pessoas pedindo a cabeça da Vilma. E umas 30 (risos) pedindo a volta da ditadura. Aí eu vi um senhor vestido de soldado do exército, esbravejando que estava na hora 'deles' botarem "ordem" no país. E qual seria alternativa que ele propunha? Ah, sim, acredito que a falta de liberdade de expressão, seguido de muita tortura vai resolver os problemas de nosso país.