Com a correria nos últimos dias, acabei não escrevendo
sobre o roteiro cultural que sempre faço de fim de semana. Eu me impressiono
quando pergunto para as pessoas sobre o “finde”, o que elas fizeram e elas
simplesmente respondem: “ah, nada de mais”. Aí você continua a perguntar o que fez e fico chocado quando o nada de mais é não ter feito nada mexxxmo. Numa cidade como São Paulo, com várias opções
para todos os gostos? Um ruído para meus ouvidos. Esse tipo de
gente me faz bocejar antes delas abrirem a boca. Fico imaginado a vidinha “pão
com pingado” que elas possuem.
Nesse roteiro quis priorizar visitar algumas
galerias pequenas e que ainda não conhecia. Dei uma lida no Guia da Folha para fazer uma triagem. Por sorte vi duas exposições em espaços diferentes, que ficam na mesma rua. Medindo o tempo que teria para visitá-las, decidi ir em outra galeria para ver uma exposição que considerei interessante. Com um pop descartável no ouvido, me colei e fui desbravar o roteiro traçado. E tudo feito à pé.
Começando o roteiro com uma pseudo caminhada até a
padaria Bella Buarque (http://padariabellabuarque.com.br/). Estava no pique de
apreciar melhor a arquitetura da cidade. A gente fica naquele processo de
aceleração constante durante a semana que você nem se dá conta de tudo que está
em sua volta. Meu foco nesse dia estava em observar o design pela rua. Mas, assim que
virei a Major Sertório, me desconcentrei em ver um menino lindo, que estava
subindo em direção ao Mackenzie. Eu já o tinha visto há quilômetros. O gaydar estava no piloto automático, mas
quando ele aciona, haja ansiolítico para controlar (risos). Ele passou por mim e, pra
variar, desprezou a olhada que eu dei a ele. Dei aquele suspiro de decepção,
que se acentuou quando uma racha passou por mim sorrindo e dizendo: “se você
quiser, posso te ajudar com esse suspiro”. É que a cretina estava só no
binóculo observando a esnobada que o bofe me deu. Aí eu agradeci, dizendo que eu
não estava precisando de diarista (risos). Entrei na padoca e fui atendido pelo
Michel, que sempre coloca minha auto-estima em dia. Sempre me chama de jovem. Pedi
um brioche na chapa, ovos mexidos e um suco de laranja. Estava no
pique de perambular muito pelo bairro. Saí solto em direção a Galeria Vermelho
e fui cortando caminho pelo bairro de Higienópolis.
E o que dizer do encantamento que tive e sempre tenho quando passo pela rua Sabará e
me deparo com prédios belíssimos, desses que dá gosto ficar contemplando por um
tempo sua arquitetura e sua paisagem em volta. E dá gosto de caminhar pelo
bairro do Higi. A região é bem arborizada, faz você não se cansar tanto. Lógico
que um protetor sempre cai bem. Subi a avenida Angélica, mas quando estava
quase chegando ao meu destino final, agi por pura intuição e decidi caminhar pela rua Minas Gerais. Parecia que tinha entrado em outra dimensão, ou teletransportado para uma
cidadezinha do interior. Vi umas casas (isso mesmo...casas), algo que
dificilmente se vê na região do centro expandido de Sampa. Aproveitei para
registrar em foto algumas delas, ainda em ótima conservação.
Depois de um belo insight arquitetônico, cheguei à
Galeria Vermelho. Tinha lido no guia e me interessado em degustar a exposição
Shangai em São Paulo in Shangai, da artista Carla Zaccagnini
(http://www.galeriavermelho.com.br/pt/exposicao/7986/shangai-em-s%C3%A3o-paulo-shangai/texto).
A exposição nada mais é do que fotografar placas de ruas de nome Shangai em diversos pontos da cidade de São Paulo e da
Grande São Paulo. Match Point. Pelo que li a respeito de Carla, ela propõe ao
espectador a entrar em um jogo de observação e reflexão ao contexto específico.
Para mim foi frustrante, pois a obra em si não me motivou a ficar contemplando sobre
a real finalidade da obra. Achei um tanto preguiçoso da parte dela em me
incitar a ter iniciativa de me concentrar para tentar decodificar a proposta
conceitual da exposição. Muito
qualquer nota. Com essa quebrada de clima, fui me deliciar com um suco de cajú
na Frutaria Paulista (http://www.frutariapaulista.com/) e me preparar para continuação de minha peregrinação
cultural.