Recebi um convite de Eni Cunha, uma querida produtora
cultural para um sarau na noite de ontem. Fiquei feliz e empolgado com a notícia,
mas ao mesmo tempo brochado, pois no mesmo dia e horário teve a estreia do
documentário “7 de outubro”, último trabalho de Eduardo Coutinho, no Espaço Itaú
de Cinema. Duro foi decidir onde ir. O sarau, realizado na casa de um dos integrantes
do grupo Teatro Mágico, foi para reunir
a classe artística e contou com a presença do prefeito Fernando Haddad ao
evento. Pensei em ir nos dois eventos mas, infelizmente, comecei a ter uma certa
indisposição e tive que ir pra casa. Fiquei triste, pois queria muito rever
alguns colegas e conhecer outros artistas, até para me atualizar sobre a cena
cultural paulistana. Na troca de whats, pedi desculpas a Eni por não ter ido.
Ela foi muito generosa em lembrar de mim. Disse que me chamaria no próximo
sarau. Acho que vou mandar flores para ela. Foi uma pena não ter ido para tirar
uma casquinha do Haddad. Ela falou que teve uma fila grande para tirar fotos
com ele.
Como me restou ir para casa e me recompor, cheguei no
apê e já liguei a tv para acompanhar o noticiário. Não tive opção e deixei
ligado naquela sobra de ausência jornalística que é o Jornal Nacional. Não
estava prestando muita atenção e fiquei dando uma olhada pelo celular em uma
campanha que está tendo sobre racismo – o assassinato de jovens negros que tem
crescido nas principais metrópoles brasileiras. E olha só a surpresa: assim que
terminei de ver a campanha, vejo aquela repórter que faz cobertura de política,
a Zileide Silva, com um excesso de maquiagem branca pelo rosto. Foi um choque
para mim, pois ela é negra. E o mais engraçado é de que adianta esbranquiçarem
a repórter se (risos) é nítido ver a negritude da jornalista através de seu
cabelo. Só falta agora jogarem uma chapinha nela para virar uma genérica branca
Made in Nigéria. Muito desrespeitoso.
E o governo vai a cada round apanhando nos telejornais.
Achava até que estavam abusando no excesso de notícias sobre a gestão Dilma.
Mas depois de ter lido que o governo brasileiro está injetando dinheiro e
investimento na Venezuela, país em tremendo desmanche político e econômico,
administrado por uma versão Mercosul de Herodes, deduzi que Dilma pede pra
apanhar. Não dá pra ser conivente com isso. Mas estou no aguardo do gerador de
desculpas do PT acionar a justificativa da vez. Espero que dessa vez eles
sejam mais (bem) articulados e respondam em forma uníssone para fácil entendimento da
população. Porque no episódio das manifestações do dia 15 de março isso não
aconteceu. Ver os dois ministros na linha de frente para colocar os argumentos
do governo frente à crise foi assustador. As falas de ambos se divergiam. Quer
dizer, eles não se falaram antes de ir na coletiva de imprensa? Só faltava dizer que o tal “golpismo”
estava sendo articulado pela fada do dente (risos). Como disse uma senhora num
vídeo bem engraçado que vi no youtube, “lugar de choro é no pé do caboclo”.