quarta-feira, 18 de março de 2015



Estou na expectativa de que março passe logo, sem deixar muitas saudades. É que quero ver a chegada do mês de abril o quanto antes. Teremos dois belos feriados, num curto espaço de tempo. E é lógico que já fechei duas viagens para abstrair um pouco a alma. Na semana santa, embarco com Juçara para conhecer Inhotim, um centro cultural a céu aberto, em Minas. Já estava mais do que na hora de voltar a esse estado na qual sou declaradamente apaixonado. Sua beleza torneada entre montanhas, retratando o bucolismo único que só Minas tem. Fora a receptividade calorosa e sincera dos mineiros. E a deliciosa maneira de se ouvir o sotaque peculiar. Para o feriado de Tiradentes, escolhi aproveitar a cidade maravilhosa para fazer um roteiro cultural e dar uma espiada no que está rolando de interessante no circuito cultural. Estou pensando até em fazer um programa de turista, mesmo. Ir no Cristo Redentor e no Pão de Açúcar, afinal conheci esses dois atrativos turísticos quando era criança. E é sempre bom respirar o Rio de Janeiro. Me sinto em casa.



Uma colega querida ficou me perguntando “como assim, você não gostou da montagem do espetáculo da Gaivota”? (escrevi a respeito ontem, dêem uma olhada -  http://omundodelira.blogspot.com.br/2015/03/depois-de-um-breve-periodo-de.html). Bom, eu sou da opinião que para eu considerar um espetáculo realmente bom, eu tenho que sair mexido, incomodado, chocado, doído. A peça tem que me deixar em estado de reflexão. Ir ao Teatro como mero caráter de entretenimento não faz minha cabeça, a menos que você vá disposto a assistir algo do tipo. E como o tempo é algo precioso, eu prefiro utilizá-lo para assistir obras que realmente me propicie o questionamento das coisas. E me veio na minha mente um episódio que aconteceu enquanto assistia o espetáculo. No final do 2º ato da Gaivota, saí para ir ao toilete e tomar um café. Assim que voltei ao auditório, uma senhora estava sentada duas cadeiras ao lado da minha. Deduzi que tinha acabdo de chegar, pois não tinha visto ela no início do espetáculo. Ela me perguntou se tinha alguém sentado onde ela estava e eu disse que estavam sentados um casal, mas ela poderia ficar ao lado deles, pois os assentos estavam vazios. E ela começou a fazer um tricot verbal comigo. Como estava meio entediado pela peça, resolvi bater um papo. Ela me contou que tinha ido assistir a peça na abertura do evento, que achou péssimo terem colocado um espetáculo de quase 5 horas para abrir a cerimônia de abertura que durou mais de 2 horas e que tinha ido ver de novo, pois teve que sair no fim do 2º ato no dia da cerimônia. Foi inevitável ela perguntar o que eu estava achando, mas em vez de perguntar, ela decidiu começar com uma afirmação para terminar em forma de questionamento: “essa peça está ótima, não?” Não sei por que, mas me lembrei das  minhas aulas de inglês de tag question, que possui esse mesmo tipo de construção numa frase. Fui educado na resposta, pois não queria dizer de cara que não estava gostando. Falei que “estava ainda em processo de digestão”. Ela riu e disse que falaram para ela que os dois últimos atos da peça eram uma catarse. Confesso que até senti uma ponta de ânimo, já que depois de 2 atos, não tinha visto ainda a que veio. O 3º ato começou, se desenvolveu, se prolongou e, após o término do ato, me levantei para sair sem esperar a última parte do espetáculo, tamanha era minha irritação. Quando passei pela senhora novamente, ela me perguntou se eu estava indo embora, se eu não estava curtindo a peça. Eu respondi que tinha adorado a peça, pois ela teve sua finalidade: suspender meu remédio para insônia (risos).