Estou na expectativa de que março passe logo, sem deixar
muitas saudades. É que quero ver a chegada do mês de abril o quanto antes.
Teremos dois belos feriados, num curto espaço de tempo. E é lógico que já
fechei duas viagens para abstrair um pouco a alma. Na semana santa, embarco com
Juçara para conhecer Inhotim, um centro cultural a céu aberto, em Minas. Já
estava mais do que na hora de voltar a esse estado na qual sou declaradamente
apaixonado. Sua beleza torneada entre montanhas, retratando o bucolismo único
que só Minas tem. Fora a receptividade calorosa e sincera dos mineiros. E a
deliciosa maneira de se ouvir o sotaque peculiar. Para o feriado de Tiradentes,
escolhi aproveitar a cidade maravilhosa para fazer um roteiro cultural e dar
uma espiada no que está rolando de interessante no circuito cultural. Estou
pensando até em fazer um programa de turista, mesmo. Ir no Cristo Redentor e no
Pão de Açúcar, afinal conheci esses dois atrativos turísticos quando era
criança. E é sempre bom respirar o Rio de Janeiro. Me sinto em casa.
Uma colega querida ficou me perguntando “como assim,
você não gostou da montagem do espetáculo da Gaivota”? (escrevi a respeito ontem, dêem uma olhada - http://omundodelira.blogspot.com.br/2015/03/depois-de-um-breve-periodo-de.html). Bom, eu sou da opinião
que para eu considerar um espetáculo realmente bom, eu tenho que sair mexido,
incomodado, chocado, doído. A peça tem que me deixar em estado de reflexão. Ir
ao Teatro como mero caráter de entretenimento não faz minha cabeça, a menos que
você vá disposto a assistir algo do tipo. E como o tempo é algo precioso, eu
prefiro utilizá-lo para assistir obras que realmente me propicie o
questionamento das coisas. E me veio na minha mente um episódio que aconteceu
enquanto assistia o espetáculo. No final do 2º ato da Gaivota, saí para ir ao toilete e tomar um café. Assim que
voltei ao auditório, uma senhora estava sentada duas cadeiras ao lado da minha.
Deduzi que tinha acabdo de chegar, pois não tinha visto ela no início do
espetáculo. Ela me perguntou se tinha alguém sentado onde ela estava e eu disse
que estavam sentados um casal, mas ela poderia ficar ao lado deles, pois os
assentos estavam vazios. E ela começou a fazer um tricot verbal comigo. Como estava meio entediado pela peça, resolvi
bater um papo. Ela me contou que tinha ido assistir a peça na abertura do
evento, que achou péssimo terem colocado um espetáculo de quase 5 horas para
abrir a cerimônia de abertura que durou mais de 2 horas e que tinha ido ver de
novo, pois teve que sair no fim do 2º ato no dia da cerimônia. Foi inevitável
ela perguntar o que eu estava achando, mas em vez de perguntar, ela decidiu
começar com uma afirmação para terminar em forma de questionamento: “essa peça
está ótima, não?” Não sei por que, mas me lembrei das minhas aulas de inglês de tag question, que possui esse mesmo tipo
de construção numa frase. Fui educado na resposta, pois não queria dizer de
cara que não estava gostando. Falei que “estava ainda em processo de digestão”.
Ela riu e disse que falaram para ela que os dois últimos atos da peça eram uma
catarse. Confesso que até senti uma ponta de ânimo, já que depois de 2 atos,
não tinha visto ainda a que veio. O 3º ato começou, se desenvolveu, se prolongou
e, após o término do ato, me levantei para sair sem esperar a última parte do espetáculo, tamanha era minha irritação. Quando passei pela
senhora novamente, ela me perguntou se eu estava indo embora, se eu não estava
curtindo a peça. Eu respondi que tinha adorado a peça, pois ela teve sua
finalidade: suspender meu remédio para insônia (risos).