Não escrevo no blog desde abril
de 2015. Poderia relatar justificativas para maquiar umas situação, mas na real
fiquei com um certo bloqueio em compartilhar a intimidade do dia a dia. Na
verdade, escrever sobre o cotidiano, sobre as pessoas de meu convívio e até
aquelas que sem saber se tornaram pauta do blog, me deixou com uma sensação de
desconforto, pois me despia diariamente, o que me fez sentir bastante
vulnerável. E acredito que não só eu como muitos se incomodam quando a ideia de
se desnudar nos faz correr o risco de escancarar nossa fragilidade. Colocar
nossas fraquezas é necessário para evolução da espécie humana. Mas demorou
bastante para eu acordar e ver o quanto isso me fez bem, de uma certa forma.
Precisei voltar ao meu casulo pra concluir o quanto que mostrar minha
fragilidade foi um bem necessário. Perdi muitos assuntos para comentar. Fui
testemunha de muitas histórias engraçadas que aconteceram em diversos espaços e
tempos. Tive perdas, algumas descobertas um tanto incovenientes, mas sempre sem
perder o bom humor, para o bem da minha pele. E para dar um restart (risos), uma música para
relaxar o esfíncter e tentar resumir alguns assuntos que passaram como uma
poesia de Mário Quintana, na qual me dou o atrevimento de me inspirar:
Eles passaram.
E eu, passarinho.
Sigo firme e forte na terapia.
Ela tem me ajudado bastante a refletir sobre o stress da modernidade tardia (sublinhei
pra pegar emprestado essa citação de Nietszche). Tenho me tornado menos
intransigente com as pessoas. Em contrapartida, tenho refletido sobre o
conceito do que de fato é amizade para mim e para meus amigos. Ou para os que
apenas dizem que são. É impressionante você ver o tamanho do egoísmo das
pessoas. Elas não se interessam nem um pouco pelo que você faz ou deixou de
fazer. Elas já despejam o entulho que elas mesmas criam e acham que você tem a
obrigação de limpar. O que elas pensam que sou?
A Tangina, de Poltergeist?! Então decidi colocar como mantra para lidar
em minha relação com meus amigos dois ditados: 1 – não alimento mais nada que
não seja recíproco e 2 – vou trata-lo(a) da maneira que ele(a) mereça ser tratado(a).
Se isso vai fazer um bem para elas, eu não sei e também não me importo. O
importante é que seja bom para mim. E tem
me feito muito bem.
Nessa ausência em escrever,
centrei esforços para a leitura. Tenho lido muito, já que a televisão não anda
ajudando muito, no que diz respeito à qualidade de sua programação. É
lastimável você ver a TV despejar, impor um pacote de porcarias que beiram ao
suicídio coletivo. E eu estou falando da TV paga, porque a TV aberta já está
sepultada há tempos. Como diz minha avó, “está puxado, viu”(risos). Depois de
Clarice Lispector e Schopenhauer, comecei a ler “Tratado sobre a Tolerância”, de
Voltaire. A situação do incômodo foi latente e me deixou bem apreensivo,
tamanha a atualidade e força que o ensaio desse grande pensador possui. Tão
necessário para os dias de intolerância que vivemos, devido à ignorância das
pessoas em distorcer e/ou omitir a verdadeira informação. E graças a...bingo! Falta
de leitura. E de educação. São as ironias da modernidade tardia.
E pra completar, descobri mês
passado que tenho uma hérnia inguinal bilateral. Chique o nome, não?! Estava
tendo alguns sintomas e decidi ligar para Manu, um querido amigo médico. Pela sua experiência, pediu para fazer
alguns exames específicos. Ele já deduzia que se tratava de uma hérnia, mas
achou melhor averiguar. Cheguei a ficar acamado, com febre e dores. Além da
inguinal, tenho uma hérnia umbilical também. O pacote hereditário de defeitos
começou com o pé direito, com a quase chegada da idade da loba. Mas se tudo der certo, entro no bisturi esse
mês pra retirar tudo e ficar soltinho pra me recuperar bem, afinal setembro
está chegando e estarei de férias.
E de resto, meu diário estará
aberto. Não sei se todos os dias. Mas
garanto que o medo de ficar vulnerável passou. No caminho de volta para casa
ontem, peguei o metrô, que aliás, estava um cheiro insuportável. Fedendo perfume Tabu com queijo curado da
Serra da Canastra (risos). Me joguei nos “Sermões” do Padre Antônio Vieira e o
texto falava de confissão. E foi inspirado no sermão desse sábio senhor, que me
motivei a voltar a escrever o blog. E que essa motivação tenha duração a longo
prazo. Assim espero.
E pra fechar a (risos) terapia de
hoje, termino com uma notícia um tanto curiosa: com a prisão de José Dirceu, li
que (risos) vários petistas farão hoje uma vigília em frente ao Supremo
Tribunal Federal por causa de sua prisão. Mas desde quando que o Supremo virou
Igreja? Aí eu não me aguentei e fiz o seguinte comentário: “Vigília pra que?
Por acaso eles vão rezar um Terço? Se bem que (risos) no caso de Dirceu, vai
ser preciso muuuuuuuuuuuitos rosários meditados. Que Deus tenha complacência de
sua alma. A dele e de toda máfia que ele criou.