segunda-feira, 27 de abril de 2015




Brumadinho-Inhotim. Minhas mãos estavam suadas de ansiedade. Fui ao lavabo, joguei uma água na cara, para acordar um pouco. Passei o protetor labial e de rosto e comecei a estudar o mapa de Inhotim, que pegamos com os competentes atendentes de atendimento do Parque. Tínhamos duas opções para percorrer o parque: de carrinhos, parecidos com aqueles do Projac, conduzidos por belos meninos motoristas; ou caminhando. Perguntei para Ju o que ela preferia. Ela me perguntou o que eu queria e eu falei que seria muito mais emocionante conhecer o parque caminhando, mas era ela que decidia. E decidida exclamou: “vamos caminhar!” A vibe com ela estava muito boa.

Optamos por fazer as extremidades do Centro Cultural de Inhotim, deixando o núcleo do parque para o 2º dia.  Decidimos seguir a nossa intuição, sem se preocupar por onde começar. Mas a energia de Inhotim estava respirando a favor. Vimos uma obra de um artista que não conhecia, que não demos muita atenção, pois quando estávamos a caminho dessa primeira obra, visualizei do outro lado da laguna a imagem que escolhi para abrir bem nossos caminhos de boas vibrações. Salve Oiticica!

E as delicadezas visuais não paravam de acontecer. A caminho da próxima obra, uma variedade de folhas, em diferentes cores e estilos, acompanhando o nosso desfile em direção a uma grande artista que contribuiu muito para a Pop Art.

                          Obra de Yayoy Kusama

Demos uma volta para atravessar uma ponte e mergulharmos de cabeça na concepção artística de Oiticia. Quando entramos em sua obra, me veio uma sensação boa de infância. Me lembrei do meu aniversário de 5 anos. Metade das pessoas que estão no álbum já morreram (risos). E a outra está prestes a subir.



Aí eu e Juçara aproveitamos para encarnar algumas personas que criamos. Quando trabalhávamos juntos no SESC Vila Mariana, inventávamos várias performances para dar uma abstraída no stress. De  intelectuais do pós-modern até emergentes chiques de Nova Iguaçu que deixam claro em dizer que tem (risos) cidadania europeia. Quando passávamos por alguma obra externa de um artista, ficávamos dizendo que compraríamos a obra para (risos) colocarmos no jardim de nossa casa de praia, em Miami. Ou então falávamos que costruiríamos vários (risos) shoppings ao lado da obra. As pessoas ficavam alarmadas. E nós, às gargalhadas, nos divertindo muito.

O primeiro momento surreal do dia: entramos numa galeria onde passava um filme demos uma lida sobre o que se tratava o vídeo. Era um filme de caráter, digamos, experimental (risos). Como não tínhamos nos interessado, demos meia volta quando nos deparamos com um funcionário que, com seu sotaque brejeiro, nos disse: “Num vai assistir o filme, não? Quando olhamos pra cara dele, ficamos meio sem graça em dizer a verdade e fizemos a linha que estávamos perdidos. Perguntamos onde entrava para assistir e ele foi uma graça em nos orientar. Quando  nos sentamos, começamos a perceber que tínhamos entrado numa fria. Começamos a rir muito quando, de repente, paramos ao mesmo tempo e começamos, de fato, a ver o filme experimental. Estávamos pra lá do Mundo de Alice.