sexta-feira, 24 de abril de 2015



São Paulo-Belo Horizonte - Brumadinho. O vôo para Belo Horizonte foi rápido, nem sentimos o avião alçar suas asas. Previsto inicialmente para chegar às 19h na Pampulha, ele se adiantou em 20 minutos.  Como estávamos apenas com duas mochilas de mão, cada um, paramos apenas para um pit stop no toilete. Dei uma olhada nos passageiros que ainda pegariam suas malas na esteira, dei um “sorry periferia” e desfilamos, eu e Juçara, até a saída de desembarque. Leonardo, nosso motorista, já estava nos aguardando mesmo com o adiantamento do vôo. Palmas para nós.

O trajeto até Brumadinho foi de muito bom papo. Juçara foi na frente e eu decidi fazer a aristocrata e ir atrás. Leonardo foi um gentleman. Na primeira pergunta que fiz a respeito da região metropolitana de BH, já que adentrávamos na cidade de Betim, tive que interrompê-lo e exclamei que achava uma delícia o sotaque mineiro. Muito educadamente, ele me questionou se eu tinha conseguido ouvir o sotaque mineiro, pois tinha morado um tempo no Rio (acho) e ele tinha uma mistura de sotaques. É lógico que eu disse que sim (risos), que tinha conseguido ouvir uma mineirice em sua fala. Durante a viagem, fui percebendo que o vocabulário matuto mineiro tinha se impregnado nele. E eu achando que o truque tinha sido dado por mim. Na pauta, política – ele disse ter votado no Aécio, que tinha perdido toda a esperança no PT. Disse a ele que não era o único. Notei que as estradas estavam boas. Sim, porque as estradas estaduais de Minas são um pavor, cheia de buracos. Ju e eu estávamos ansiosos e não parávamos de tagarelar com Leonardo. Chegando na pousada, uma boa surpresa. Era um encanto. Se chama Pousada Dona Carmita (http://www.pousadadonacarmita.com.br/)  e fica fora da cidade. Nosso amado motorista nos levou até nossos chalés. Acertamos na pousada e no receptivo. Ponto pra nós.



Como estava cansado, decidimos jantar ali mesmo, no restaurante ao lado da pousada. Quando chegamos, um garçom que era (risos) a cara do Reginaldo Rossi com Luiz Airão nos atendeu. Tinha uma voz de locutor, muito bonita. Era uma graça de feio. Enquanto escolhíamos o que comer, entrou a vinheta do Plantão da Globo. E quando essa vinheta entra, é morte na certa. Noticiou o acidente com o filho de Geraldo Alckmin. O mais novo de sua prole. E toda a vez que entra essa maldita vinheta com a trilha assustadora, tenho a sensação de que a Globo apresente o seu momento Poltergeist. Realmente assusta.

Nos recompomos e o assunto nos deu fome. No pique de abrir as mesas de trabalho da culinária mineira, pedimos um prato chamado “mineirinho come quieto”: lingüiça caseira, torresmo, mandioca frita com uma porção de arroz e feijão tropeiro. Minha esteatose hepática deve ter dado pulos, faminta por pura gordura. Comemos feito dragas. Quando terminamos, pensei que teríamos que subir para chegarmos aos nossos chalés. E eu desesperado para que alguém nos rebocasse até lá.



Chegamos em meu chalé e Juçara deu uma olhada. Ficou falando que meu chalé era maior que o dela, que era melhor, essas coisas. Começou a questionar se o dela era de fato bom. Falei para ela desencanar da paranóia. Aí ela continou a dizer que minha cama, por ser de casal, era melhor e me pediu para depois ir no chalé dela dar uma olhada. Disse que ia, mas desconversei. Ficamos pra lá do Mundo de Alice, demos muitas risadas assistindo TV. Estava passando o Ta no Ar, do Adnet. Um dos poucos programas realmente bons de humor na televisão. Na TV aberta, é o único que vale a pena rir. Levei Juçara até seu chalé e eu comecei a achar que estávamos sendo vigiados por algum Saci. Juçara riu e disse que (risos) eu devia estar muito cansado, com os olhos fracos. Deixei ela na porta de seu apê, mas ela insistiu para que eu entrasse. E veja só a surpresa: o banheiro dela era melhor, os quadros em seu quarto eram mais bonitos, o azulejo do chalé dela era mais gracioso e a tv dela era bem melhor posicionada que a minha TV. E eu falei isso aos berros (risos). Só levei vantagem na cama de casal. Mas ainda demorei para dormir. Voltei ao chalé, apaguei todas as luzes e deixei a luz natural da lua que pairava sobre a bucólica Brumadinho despejar seu vigor na sacada de meu quarto. Era o start para um feriado inesquecível.