Brumadinho amanheceu com o céu
encoberto. Acordei e me pus a ficar de pé para observar, mais uma vez a
paisagem brejeira. Me emocionei ao ver o orvalho dançando sobre as folhas. Me
joguei no Ipod e deixei o randômico explorar a energia do lugar. Quando a
música começou a tocar, não tinha como dar o stop. Fui escovar os dentes, com o
fone de ouvido no talo. Ouvindo essa canção, senti o doce sabor do café da
Mogiana.
Juçara me ligou perguntando se eu
tinha esquecido de passar em seu chalé para tomarmos café. Ela estava mega
ansiosa para desbravar Inhotim. Tínhamos combinado um horário, é verdade, mas
acabei esquecendo. Me colei, sem abrir mão de meu óculos de sol a La
Bono Vox (até porque eu não sou obrigado a
ser simpático às 8 da madrugada) e fomos tomar nosso breakfast.
Leonardo nos pegou pontualmente
às 9h30. Como bom cavalheiro, subiu para nos pegar. Eu estava encantado pela
sua doçura. E tinha um sorriso lindo, se bem que deduzo que ele não deve sequer
achar isso. O percurso foi rápido, 10 minutos. Perguntei para Leo o que os
moradores achavam de Inhotim e ele respondeu que muita gente detesta o
Instituto. Juçara estranhou, afinal o Parque Cultural possui uma boa relação de
funcionários, o que deve empregar metade da cidade. A Ju perguntou qual
era a população do lugar. Leonardo disse que em torno de 15 mil, mas ele
reforçava que (risos) “em termo de área total, era maior que BH”. Eu não parava
de rir.
Leo nos deixou na porta de acesso
ao parque. Nós começamos a tremer de emoção. Leo nos perguntou que hora
queríamos que ele passasse para nos levar de volta. Ju e eu falamos horas
diferentes, no mesmo tempo. Na verdade, eu não tinha prestado atenção na
pergunta dele pois já estava fascinado pela atmosfera do parque. A renite
alérgica que cultivo me deu trégua e respirei aliviadamente o ar puro de
Inhotim. Meu corpo formigou de emoção. Juçara perguntou até que horas
funcionava o Parque e Leo disse que fechava às 17h30. Não pestanejei: disse
para nos pegar na última hora. E um detalhe que me fez ficar apaixonado por
Léo: ele nos avisou que assim que chegássemos na entrada de acesso ao parque, deveríamos
ir direto ao caixa sem entrar na (imensa) fila para pegarmos os convites. Porque
nós merecíamos ser tratados como celebridade pseudocult vanguardista (risos).
Quando chegamos direto ao caixa, olhei pra trás e pensei: “Maria de Fátima,de
Vale Tudo iria adorar participar dessa cena”.