segunda-feira, 5 de janeiro de 2015



A ceia de Natal e a virada de ano novo foram uma grata surpresa pra mim. Eu estava com muita preguiça de fazer qualquer mise em scène de confraternização porque me dá canseira. Fora que eu não estava a fim de fazer caras e bocas, aquele cenário com familiares que não há espontaneidade de demonstrar o que de fato você sente pelo outro. No Natal, alguns amigos acabaram ficando por aqui também e aí eu decidi fazer uma ceia em casa. Chamei Gau e Clau pra passarmos juntos a véspera de Natal. Fiz arroz de forno e assei um tender. Comprei uns queijos para degustarmos como entrada, bebericando um belo vinho. E só. E muita música boa servindo de base para um bom papo. Me incomoda o fato das pessoas fazerem comida para um batalhão de pessoas e no final, fica aquela quantidade exorbitante de sobra. É de dar náuseas. No dia seguinte, puro sossego, apesar da louça que tive que lavar. Fiquei o dia todo em casa, curtindo a solitude com comida, livros, muita música clássica e pra lá do mundo de Alice.


Após o Natal, estava na vibe de fazer uma linha Greta e curtir a passagem de ano em paz, tomando um vinho, lendo e ouvindo música.  Falei com Afonso pelo whatsapp. Ele tinha voltado de Minas pois passou o Natal com sua família. Disse que ficaria em Sampa, que tinha chamado Dandra e seu namorado para cear com ele. Me senti atraído pela ideia de passar junto e me convidei, afinal são pessoas adoráveis, com ótimo senso de humor. Comprei vinho e uma champagne pra gente comemorar.

No dia 31, deixei minha casa mais ou menos arrumada, me colei e saí para comemorar com as meninas (risos). Estava difícil passar um táxi pela minha rua. Liguei para um serviço de táxi e para minha surpresa aguardei apenas 10 minutos para ser atendido. Eu estava vestido de forma bem veada (risos). Estava com uma bolsinha que comprei em Atacama, dessas que vc deixa a tiracolo no ombro. E uma caixa com as bebidas. Quando entrei, o taxista - um rapaz super simpático e bem guapo, me levou até a Vila Mariana para me encontrar com meus amigos. Começamos a conversar. Ele me disse que era sorte a minha de ter conseguido um táxi, que tinha mais de cem solicitações, mas não tinha frota para atender a demanda. Aí eu pensei que era realmente sorte a minha pegar um taxista bonito e ainda por cima simpático. Ele tinha escutado o pedido pela rádio escuta e decidiu pegar a corrida. Estava indo embora antes de me pegar. Ia passar a virada com sua avó, já que a namorada dele estava de plantão no hospital.

E aí veio o momento “sitcom”: a uma certa altura da nossa conversa, ele me perguntou com quem iria passar a virada. Eu falei que alguns amigos estavam me aguardando. Como uma lince à espreita, ele me perguntou se eu não iria passar com minha namorada (risos). Disse que não tinha namorada. Ele insistiu no assunto querendo saber por que eu não tinha namorada. Aí eu mostrei minha bolsinha que comprei em Atacama e perguntei se homem que namora mulher usava bolsinha como acessório. Ele titubeou um pouco pra responder, mas finalizou o assunto com uma resposta que me colocou em meu devido lugar: que homem não utilizava o tipo de bolsa que estava usando, mas que eu estava sendo bem macho para usá-la. Eu quase perguntei se ele não queria casar comigo (risos). Que ser evoluído. Ponto para ele.


Faltando cinco minutos para o grande final de 2014, subimos até a cobertura. A cena foi magnífica. Dava para ver a queima de fogos num raio de 360º. Com direito de se ter o Parque Ibirapuera ao fundo.  Deu pra imaginar essa cena? Foi impressionante.

Para coroar a entrada de 2015, uma cena digna de um filme de Almodóvar, ou Buñuel ou...whatever: estava aguardando o táxi, já do lado de fora para me levar para casa, quando vejo dois casais na calçada se despedindo de seus familiares, a caminho do carro, para ir embora. Estava entretido com as fotos que joguei no Facebook e Instagram, quando ouço uma gritaria ensurdecedora. Fiquei apreensivo a princípio quando vi os dois casais com as quatro portas do carro abertas e numa gritaria só. É que (risos) tinha entrado uma barata dentro do veículo. Pra variar, as mulheres – que adoram queimar o filme - ficaram numa gritaria de que elas não iriam entrar no carro. O distinto marido e motorista do carro teve que tirar uma dimensão inteira pra achar o inseto. Fiquei apreciando aquele momento, gargalhando mentalmente. Meu táxi chegou e quando eu entrei, apenas escutei: ACHEI a maldita (risos). Ele então começou a sua epopeia de matar a barata. Com (risos) um martelo. Contemplando esse curta-metragem mental, pensei: pra que mise em scène se a vida real é muito mais interessante pra se apreciar.