segunda-feira, 27 de outubro de 2014



Equívocos, um mal necessário para padecer no Paraíso. Estava dando uma olhada no Instagram para prestigiar e curtir a foto de alguns amigos. Um querido postou uma foto sua junto com a sua mulher, alegres e sorridentes, como se estivessem numa lua-de-mel constante. Eles foram fazer uma viagem para um país da América do Sul. Acho que era no Uruguai. Um casal lindo. Mas analisando com mais atenção, me atentei ao lugar onde eles registraram o seu momento ternura e comecei a ter risadas malignas mentais. Quer dizer, você viaja para um país diferente do seu, com lugares interessantes a mostrar, como a beleza de suas praças e monumentos e eles postam uma foto em um shopping (risos)? Pelo menos não tiraram fotos carregando sacolas de compras.


Dias atrás, fui com Carlito lanchar na pizzaria Ideal. Comentava com ele sobre uma série de exames que tinha feito para verificar se estava tudo nos conformes. Ele perguntou se eu estava temeroso. E eu respondi que lógico que estava apreensivo. Ele me confidenciou que nunca tinha feito check up para saber da saúde. Isso porque ele é bem mais velho que eu. Disse que não queria saber se tinha algo. Pensando no quanto achei equivocado da parte dele e o quanto me incomoda a inércia das pessoas, decidi ligar o meu desfibrilador verbal para “acordar o paciente”. Aí eu falei para ele pensar sob essa ótica: com o hábito de não fazer exames, de repente começa a sentir algo e obrigatoriamente vai ao médico, que pede pra você fazer exames e daí você descobre que tem um tumor que já corroeu metade do seu corpo. Pensei por um breve momento se peguei pesado. Com a cara que Carlito fez, de refugiado da Palestina, decidi amenizar. Terminei meu raciocínio concluindo que, com a vida que levamos, não vale a pena terminarmos dessa forma. Ele ficou um pouco perplexo, enquanto terminava de comer um pedaço da pizza de marguerita. Estava saborosa.


A exposição Made in...feito por brasileiros, que ficou um bom tempo em cartaz no Hospital Matarazzo, me causou um certo estranhamento. Fiquei um pouco incomodado com a forma que as pessoas apreciavam as obras parecendo um comboio de gado. Não prestavam atenção em nada. Acredito que se os monitores contratados exercessem de fato a sua função (o que não aconteceu) ficaria mais razoável. Mas o pior estava por vir. Entrei numa sala bem perfumada e vi uma moça uniformizada, bonita e cheia de charme. A princípio, pensei que se tratava de uma performance, quando a Barbie anoréxica abre sua boca e fala: “Bem vindo ao momento Natura” (risos). Para não perder a chance, dei corda e perguntei do que se tratava a performance. Ela me contou que eu poderia utilizar qualquer cor da linha de batons da “marca”, para eu poder deixar um beijo na parede. Não foi à toa que vários artistas declinaram do convite em participar da exposição. Exposição com cara de varejão. Realmente, o cúmulo do equívoco.