Equívocos, um mal necessário para padecer no Paraíso. Estava
dando uma olhada no Instagram para prestigiar e curtir a foto de alguns amigos.
Um querido postou uma foto sua junto com a sua mulher, alegres e sorridentes,
como se estivessem numa lua-de-mel constante. Eles foram fazer uma viagem para
um país da América do Sul. Acho que era no Uruguai. Um casal lindo. Mas
analisando com mais atenção, me atentei ao lugar onde eles registraram o seu momento ternura e comecei a ter risadas malignas mentais. Quer
dizer, você viaja para um país diferente do seu, com lugares interessantes a
mostrar, como a beleza de suas praças e monumentos e eles postam uma foto em um shopping (risos)? Pelo menos não tiraram
fotos carregando sacolas de compras.
Dias atrás, fui com Carlito lanchar na pizzaria Ideal.
Comentava com ele sobre uma série de exames que tinha feito para verificar se
estava tudo nos conformes. Ele perguntou se eu estava temeroso. E eu respondi
que lógico que estava apreensivo. Ele
me confidenciou que nunca tinha feito check up para saber da saúde. Isso porque
ele é bem mais velho que eu. Disse que não queria saber se tinha algo. Pensando
no quanto achei equivocado da parte dele e o quanto me incomoda a
inércia das pessoas, decidi ligar o meu desfibrilador verbal para “acordar o
paciente”. Aí eu falei para ele pensar sob essa ótica: com o hábito de não
fazer exames, de repente começa a sentir algo e obrigatoriamente vai ao médico,
que pede pra você fazer exames e daí você
descobre que tem um tumor que já corroeu metade do seu corpo. Pensei por um breve momento se peguei
pesado. Com a cara que Carlito fez, de refugiado da Palestina, decidi
amenizar. Terminei meu raciocínio concluindo que, com a vida que levamos, não
vale a pena terminarmos dessa forma. Ele ficou um pouco perplexo, enquanto terminava de
comer um pedaço da pizza de marguerita. Estava saborosa.
A exposição Made
in...feito por brasileiros, que ficou
um bom tempo em cartaz no Hospital Matarazzo, me causou um certo estranhamento.
Fiquei um pouco incomodado com a forma que as pessoas apreciavam as obras
parecendo um comboio de gado. Não prestavam atenção em nada. Acredito que se os
monitores contratados exercessem de fato a sua função (o que não aconteceu)
ficaria mais razoável. Mas o pior estava por vir. Entrei numa sala bem
perfumada e vi uma moça uniformizada, bonita e cheia de charme. A princípio,
pensei que se tratava de uma performance, quando a Barbie anoréxica abre sua
boca e fala: “Bem vindo ao momento Natura” (risos). Para não perder a chance,
dei corda e perguntei do que se tratava a performance. Ela me contou que eu
poderia utilizar qualquer cor da linha de batons da “marca”, para eu poder
deixar um beijo na parede. Não foi à toa que vários artistas declinaram do
convite em participar da exposição. Exposição com cara de varejão. Realmente, o
cúmulo do equívoco.