terça-feira, 14 de outubro de 2014





Fiquei na expectativa de acordar, abrir a porta da minha sacada e me deparar com um céu azul, típico de fim de semana. Pra minha tristeza e desolação, vi apenas um céu opaco e um ar difícil de se respirar. A umidade estava muito baixa. Pra quem tem rinite e desvio do septo como eu, é como ganhar um vale presente. De um jihadista (risos). Com um sol desses radiando pela cidade de São Paulo, tomei meu café calmamente, li a Ilustrada da Folha, o Caderno 2 do Estadão e o Segundo Caderno, do Globo, embalado por um setlist só com a nata da negritude. E a abertura não poderia ser melhor. É Ben na veia.


Me encontrei com Claudia na padoca próxima ao Largo Arouche. É a Meca das beashas. Se bem que, pensando melhor, a Meca fica próxima da padoca. No cinemão de “atendimento”, ao lado (risos). Definimos o que ver sem aquela preocupação se teríamos tempo para fazer tudo. Seguindo uma máxima que aprendi nas minhas aulas de filosofia: no fim de semana o tempo não existe. Pegamos o metrô na República, descemos na estação Paulista e batemos perna até chegarmos na Galeria Vermelho. Na entrada, em destaque, o nome da exposição: Let´s write a history of hopes. Pra quem anda com uma visão pessimista do mundo, pensamos que seria útil um pouco de luz no fim do túnel. Porém, para nossa surpresa, quando entramos e começamos a contemplar as obras do artista Ivan Argote  (http://www.ivanargote.com/) sobre a temática em questão, ficamos desorientados: suas obras são carregadas de melancolia e desespero. Você vê a obra (feitas com esculturas inacabadas propositalmente) retratando escombros e aproveitando bastante o uso de material, como o cimento. A falta de cores e o excesso de cinza em suas obras potencializa esse desespero e essa fragilidade humana, tornando-nos omissos a tomar qualquer atitude.  E é aí que vem o “x” da questão. A função do artista foi de nos dar um chacoalhão e nos conscientizar de que essa “história de esperança” deve começar a ser escrita por nós. Só não sei por onde começar.




Mas a resposta veio em seguida. Da Galeria Vermelho, fomos em direção ao MUBE ver “Em busca de um novo mundo”, uma exposição da artista plástica Beatriz de Carvalho (http://www.beatrizdecarvalho.com.br/) . Até mesmo porque eu não estou com a mínima vontade de ver o Castelo Rá Tim Bum, em exposição no MIS. Só de ver as pessoas se estapearem para entrar, já me deu enxaqueca.  


Clau e eu ficamos surpresos com o mundo de fantasia apresentado pela artista. E concordamos que houve uma sintonia entre as duas exposições: na de Ivan o questionamento sobre o mundo ideal; na de Beatriz, a resposta dada de prontidão. Existe, sim uma luz no fim do túnel. Passeando pelas obras, refleti que tem faltado muito esse “mundo colorido” nas crianças hoje em dia. Na minha infância eu tomava Biotônico Fontoura e Calcigenol. Na geração de hoje, o bom é tomar Prozac. Para garantir sua sobrevivência no stress da vida moderna.