Fiquei na expectativa de acordar, abrir a porta da minha
sacada e me deparar com um céu azul, típico de fim de semana. Pra minha tristeza
e desolação, vi apenas um céu opaco e um ar difícil de se respirar. A umidade estava muito baixa. Pra quem tem rinite e desvio do septo como eu, é como
ganhar um vale presente. De um jihadista (risos). Com um sol desses radiando pela
cidade de São Paulo, tomei meu café calmamente, li a Ilustrada da Folha, o
Caderno 2 do Estadão e o Segundo Caderno, do Globo, embalado por um setlist só com
a nata da negritude. E a abertura não poderia ser melhor. É Ben na veia.
Me encontrei com Claudia na padoca próxima ao Largo
Arouche. É a Meca das beashas. Se bem que, pensando melhor, a Meca fica próxima
da padoca. No cinemão de “atendimento”, ao lado (risos). Definimos o que ver
sem aquela preocupação se teríamos tempo para fazer tudo. Seguindo uma máxima
que aprendi nas minhas aulas de filosofia: no fim de semana o tempo não existe.
Pegamos o metrô na República, descemos na estação Paulista e batemos perna até
chegarmos na Galeria Vermelho. Na entrada, em destaque, o nome da exposição:
Let´s write a history of hopes. Pra quem anda com uma visão pessimista do mundo,
pensamos que seria útil um pouco de luz no fim do túnel. Porém, para nossa
surpresa, quando entramos e começamos a contemplar as obras do artista Ivan
Argote (http://www.ivanargote.com/) sobre a temática em questão, ficamos desorientados: suas obras são
carregadas de melancolia e desespero. Você vê a obra (feitas com esculturas
inacabadas propositalmente) retratando escombros e aproveitando
bastante o uso de material, como o cimento. A falta de cores e o excesso de cinza
em suas obras potencializa esse desespero e essa fragilidade humana, tornando-nos omissos a tomar qualquer atitude. E é aí que vem o “x” da questão. A
função do artista foi de nos dar um chacoalhão e nos conscientizar de que essa “história
de esperança” deve começar a ser escrita por nós. Só não sei por onde começar.
Mas a resposta veio em seguida. Da Galeria Vermelho, fomos
em direção ao MUBE ver “Em busca de um novo mundo”, uma exposição da artista
plástica Beatriz de Carvalho (http://www.beatrizdecarvalho.com.br/) . Até mesmo porque eu não estou com a mínima
vontade de ver o Castelo Rá Tim Bum, em exposição no MIS. Só de ver as pessoas
se estapearem para entrar, já me deu enxaqueca.
Clau e eu ficamos surpresos com o mundo de fantasia apresentado
pela artista. E concordamos que houve uma sintonia entre as duas exposições: na
de Ivan o questionamento sobre o mundo ideal; na de Beatriz, a resposta dada de
prontidão. Existe, sim uma luz no fim do túnel. Passeando pelas obras, refleti
que tem faltado muito esse “mundo colorido” nas crianças hoje em dia. Na minha
infância eu tomava Biotônico Fontoura e Calcigenol. Na geração de hoje, o bom é
tomar Prozac. Para garantir sua sobrevivência no stress da vida moderna.