quarta-feira, 22 de outubro de 2014


Depois da lavada de alma que tive, com o espetáculo “Irmãos de Sangue” (leiam texto que escrevi sobre a peça. Ainda dá tempo de assistir e prestigiar um bom espetáculo:http://omundodelira.blogspot.com.br/2014/10/depois-de-muito-tempo-sem-motivacao.html), Marquinhos estava nos aguardando para continuarmos nossa epopeia dionisíaca pela noite paulistana. Até mesmo porque eu precisava me recompor e tomar “uns bons drink”. Marquinhos estava nos aguardando num bar, quase em frente ao Sesc Belenzinho. Lugar inusitado, com um nome clichê, diga-se de passagem: Boutique Vintage Brechó e Bar (http://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/boutique-vintage-brecho-bar) .  Uma cor no meio do cinza, que é a região da Quarta Parada. Sim, é esse o nome do bairro. Eu sempre complemento que o nome do bairro deveria ser Quarta Parada Respiratória (risos) de tão feio e nebuloso que é.

O lugar escolhido para darmos start não poderia ter sido mais propício. Uma ambientação que a princípio causa um estranhamento pela quantidade de coisas que envolvem o lugar. Você tem a sensação de que tudo está poluído demais. Ao mesmo tempo que é um bar, ele também é um brechó, com uma ambientação inspirada em algum cabaré, em versão light. Muita coisa retrô. Muito vintage. E tem também shows, com uma programação variada a cada dia. Tinha um conjunto se apresentando. Eles tocavam tão bem, que eu nem prestei atenção.

Marquinhos nos aguardava numa mesinha. Sentamos e começamos a papear. Pedi uma caipirinha. Fomos atendidos por uma bee estilo babydol, bem novinha e bacana. Ela estava com um chapéu que me fez lembrar na hora do Boy George. Aí eu só chamava ela de Boy George (risos). Ela foi uma querida quando veio nos dizer que o sofá estava disponível, caso a gente quisesse ficar mais à vontade. Ficamos conversando sobre o impacto do espetáculo por um bom tempo. E depois de tomarmos alguns drinks, a conversa ficou mais papo cabeça. E mais hilária. Ficamos observando a fauna em volta. Pessoas interessantes, mas não a ponto de “elaborar um texto” pra ver se fisgávamos algo. Tinha um casal sentado ao nosso lado. Beeeem feios (risos). Toda a vez que terminávamos um assunto, olhávamos para eles e falávamos o mantra: “que casal lindo, gente”. E isso foi em processo contínuo até sairmos de lá. Depois de um certo tempo, me familiarizei com o bar. Estava super à vontade, papeando com pessoas queridas e sendo muito bem atendido.

E quem disse que a noite terminou? Ficamos tão animados com o tricô feito, que decidimos ir para outro lugar. A opção? Rua Augusta. Deus, como fiquei com receio de voltar para lá. A Pomba Gira 3D estava mesmo me rodeando (risos). Mas não me fiz de rogado e topei ir. Ricardo e eu estávamos bem “soltinhas”. Gloriette e Marquinhos colocaram Elis Regina no setlist. Ouvir “Mucuripe” e vendo a paisagem urbana decadente e ao mesmo tempo, de uma beleza peculiar, na turbulenta São Paulo, foi catalisador.



E chegamos na rua Augusta. A Babilônia Caída Contemporânea. Mal saímos do carro e Ricardo foi abordado por um grupo de jovens, que estavam bebendo e se divertindo nas proximidades. Do nada, veio um bofe e deu um beijo em Ricardo e em mim. Deus, como faz falta pessoas desprovidas de preconceito. Mas isso acontece no mundo possível que é a Augusta. Estávamos bem dispostos a arranhar a cara na calçada. A-do-ro fazer “pesquisa de campo” na rua. E a Augusta é ideal para isso. Mas achei melhor guardar a pomba e me jogar em algo mais tranquilo. No caminho para um barzinho, que ainda estava aberto, vi um artista vendendo umas pinturas. Comecei a ver, quando me deparei com a figura de um tucano, pintada por ele. Aí eu gritei: “Gente, o Aécio em plena Augusta! Olha o Aécio (risos)”. E só abrindo parênteses: Aécio iria adorar a Augusta. O pintor fechou a cara na hora. Deduzo que ele goste da "Vilma" (risos). Entrou um bofe, militante (e chato) querendo saber se éramos tucanos. E conversar sobre eleição às 3 da manhã? Só com muito Prozac. Ricardo estabeleceu uma conversa com ele. Sou a favor de uma boa discussão. Mas não a ponto de alguém jogar em seu texto uma indução para que você vote em determinado candidato. Entrei no bar e vi uma porção de garçons bonitos. Mas achei melhor trancar a pomba e ficar na minha. Ricardo entrou em seguida e viu o barman e já fez a sua exaltação chamando ele de “entidade”. Ele usava uma espécie de turbante. Era de chamar muito a atenção. Pena que quem nos atendeu era um dos mais feinhos. Mas uma graça de pessoa. Tomei meu Cosmopolitan e ficamos tagarelando até entrarmos no assunto...política..de novo. Foi uma conversa um tanto calorosa para o horário e decidi estabelecer conexão com um casal que estava ao lado de nossa mesa. Já tinha visto eles se beijando loucamente. E me deu vontade, sabe? (risos). Para estabelecer um contato, eu caí sem querer (risos) pra pegar minha bolsa e o gentil cavalheiro me segurou. Começamos a conversar e o papo foi super agradável. Ele é soldado. E ela...bem, uma reles mulher. Daquele tipo bonita, porém burrinha. Com comprovação de diploma (risos). Um perfil que todo o bofe que se preza gosta. Falamos de viagens e dei umas dicas ao casal. Por fim ele chegou a me convidar, junto com sua namorada, para irmos a outro lugar. Mas parafraseando uma canção interpretada por Bethânia...”assustada, eu disse não”. Senti uma vibe boa no casal, mas depois de um certo hiato sem sair à noite, o melhor é você se permitir aos poucos. A maturidade da idade te ajuda a fica com o pé no chão. E eu consegui passar no teste.