sexta-feira, 14 de novembro de 2014



No bate-rebate com uma desatenta ontem, no Atenas (http://www.athenasrestaurante.com.br/), rodeado por amigos, ela começou a introduzir um texto sobre os modos e manias da família tradicional exemplar. E quando eu digo tradicional, é para reforçar que o raciocínio dela sobre o exemplo de família que ela quer ter é naquele formato Ku Klux Klan que a gente conhece: seu pai conhece sua mãe, juntos procriam e tem no mínimo uns 4 filhos...brancos. Ah, e a educação é baseada nos princípios ditos cristãos do “crescei e multiplicai”. Sim, infelizmente, ainda existem pessoas retrógradas no mundo.

Já sacando qual era a minha, ela me perguntou polidamente se eu estava com “alguém”. Nesse contexto da situação, pronomes indefinidos me estimulam muito (risos). Eu respondi que no momento, não tinha “nenhum” pretendente. A palavra “nenhum” soou como uma corda que eu dei para ela pegar e colocar delicadamente no pescoço. Após a minha resposta ela questionou, num tom exagerado de exclamação: “Ah, você é gay”?! Digamos que minha resposta resumiu-se em ficar com cara de paisagem com um leve sorriso, mantendo minha pose escandinávia e continuando a conversa com outros queridos. Propositalmente, contei para a mesa sobre um caso com um carioca que, ocasionalmente, vem visitar a família em São Paulo e aproveita para me ver. As indagações continuaram. Qual foi a próxima bobagem? “Por que não assume um namoro com o rapaz”? Aí eu pedi ajuda a São Luís Maria Grignion de Monfort e pedi sabedoria (sim, ele existe e não é devaneio da minha cabeça: http://blog.cancaonova.com/tododemaria/biografia-de-sao-luis-maria/) . Comecei a argumentar que dá muito trabalho o serviço de manutenção de um relacionamento. E pensei em fazer a seguinte relação: “sabe aquelas bonecas da Estrela, dos anos 80 – perguntei - que só abrem a boca quando são estimuladas, apertando os botõezinhos colados nas costas? Com os ‘casos’ a gente trata assim: apertamos o botão do play para eles falarem apenas o necessário e funcionarem do jeito que a gente quer”. O namorado dela, um pouco incomodado com as intervenções da pífia mulher, perguntou se ela tinha se familiarizado com a história da boneca. Ela, num tom de indignação disse que não teria esse tipo de atitude com um cara que estivesse a fim dela. Mas como um raio de Gyodai, emendei: “acho que você não entendeu a pergunta. O que a gente quer saber é se você se familiarizou com a boneca” (risos). E finalizei: “concordam”? O clima tenso compensou com o sorriso maroto e sarcástico do bofe da defunta, tomando a sua Heineken como um troféu. Jogo rápido é assim. Ela não teve agilidade nem de sentir que doeu.