quarta-feira, 12 de novembro de 2014




Não sei se estava exigente demais, em achar que não tinha opção no Guia da Folha (http://guia.folha.uol.com.br/) para fazer um roteiro bacana no domingo. Ouvindo Garbage até o talo, me arrumei rapidamente pra sair, afinal o domingo me dá a sensação de que ele não avisa que está indo embora. Fui bater perna e no meio do caminho decidi ir na Iracema tomar meu café (http://www.iracemapaesedoces.com/). Lá, sentado no balcão, tracei o que iria fazer. Estava no pique de fazer algo pela região mesmo. Li no Guia sobre a exposição do Carybé, no Sesc Bom Retiro. Ótimo. Da padoca até o Sesc é um pulo. Fui caminhando pelo decadente bairro de Campos Elíseos. É de dar náuseas. Prédios com uma arquitetura tão bonita. E tão deteriorada. No caminho, vejo dois policiais fazendo a ronda, colocando alguns moradores de rua na parede. Com a arma em riste. Pelo contexto da cena, totalmente desnecessário.


Chegada no Sesc Bom Retiro. Uma unidade bem construída, bem cuidada. Pena que o entorno não seja tão agradável. Me dá a impressão de estar numa cidade de filmes de faroeste, sabe? Fora o liceu, que fica ao lado e não funciona no fim de semana, não tem nada em volta. Entrei e fui direto para a exposição. Para quem ainda tem um certo ranço com artes plásticas, é uma boa dica para começar a perder o preconceito. O trabalho ilustrado de Carybé exposto na unidade é inspirado na obra de Jorge Amado, “O compadre de Ogum”. Ele recria a obra de Jorge Amado, “pintando” um recorte da história. Achei ok, mas eu precisava de mais emoção. Pensando no critério estabelecido de ficar soltinho na região central, fui em direção ao Centro Cultural Banco do Brasil. Segui à pé até o metrô Santa Cecília, desci no Anhangabaú e fui caminhando pelo vale, até chegar no CCBB. Entrei no centro cultural, sentei-me, antes de dar start na exposição. Não quis criar expectativa. E pensar que eu não fazia ideia do que me aguardava.


O que dizer de Hans Hartung? Bem, eu não sou um exímio conhecedor de artes plásticas, mas confesso que fazia um bom tempo que eu não saía tão sensibilizado. Foi um mergulho de cabeça em sua obra. Ele foi um homem muito bonito. Lutou na Segunda Guerra e teve sua perna amputada. E com sua esposa casou, se separou, se reconciliou, se casaram novamente e juntos ficaram até a morte dela. A exposição começa no 4º andar, com as últimas obras feitas pelo artista. Depois da morte de sua esposa, em 1987, ele trabalhou compulsivamente até sua morte, em 1989. Mas fora sua história rica em situações, o que me deixou tocado foi o que o motivou a começar a pintar e a traçar uma maneira peculiar de criação. Ele conta que situações que o impressionaram quando criança o motivaram a traçar seu estilo de composição. O desenho delineado dos relâmpagos, nas tempestades que o deixavam atônito, foi uma de suas inspirações para criar suas pinturas. É só reparar bem nos seus quadros e ver a maneira ziguezagueante que ele molda sua arte. Saí em estado de graça. Para quem deseja emoções fortes, seja bem vindo à tempestade. A arte abstrata agradece.