Com o fiasco de ter iniciado meu roteiro cultural em uma
galeria que estava fechada, não perdi tempo. Voltei ao ponto de ônibus, na
Rebouças e li o Guia para ver outra opção. Vi duas sugestões e como um bom
libriano, me surgiu a indecisão. Pedi pra Deus me ajudar. A resposta veio em
menos de um minuto. Estava subindo a linha Metrô Paraíso. Com essa luz Divina
me iluminando, tomei minha decisão. Próxima parada: Sesc Vila Mariana.
Cheguei na unidade e me apressei para subir até a
exposição. Entrei no elevador e pedi para subir no 1º andar. E aí veio meu
estranhamento, ao ser questionado pela ascensorista o que eu ia fazer lá. E eu
respondi, perguntando e sem perder o humor, o que se faz numa exposição.
Sorriso amarelo estampado no rosto, ela não fez mais perguntas. Desci no andar
para ver o que me aguardava.
O que me chamou a atenção foi o nome da exposição:
Compulsão Narrativa. Pelo que entendi, é uma curadoria feita pela equipe de
programação da unidade, reunindo artistas que criassem obras relacionando desenho
e narração. A maioria dos artistas eu não conhecia. Quando comecei a me
concentrar em analisar o que cada obra representava, fui surpreendido com
alguns gritos: chegaram algumas crianças fazendo algazarra. Em plena exposição.
E pra piorar mais ainda, vi uma monitora no espaço que não fez nada para conter
aqueles catarrentos, correndo e driblando as obras permeadas no lugar. E quando
você pensa que o melhor a fazer é sair, mas você decide ficar sem estar atento
aos “sinais” (dá uma lida no texto anterior, pra se atualizar: http://omundodelira.blogspot.com.br/2014/11/a-maxima-santificante-do-fim-de-semana.html ) sobe
uma dublê de atriz conduzindo várias crianças, acompanhadas pelos seus pais
para uma contação de histórias. Quer dizer, com tantos espaços para se fazer a
intervenção e ela escolhe a área de exposição? Como estava de voto vencido, fui
procurar uma cadeira para sentar e contemplar a cena. Enquanto postava as fotos
tiradas da exposição no Instagram, fui observando a atriz se esforçando na
interpretação para conquistar a atenção dos pirralhos. Como cheiravam a merda,
Deus Pai! Joguei as fotos no Instagram e saí à francesa.
Para coroar de vez meu sábado, resolvi ir ao cinema.
Pela praticidade, escolhi assistir um filme no Pátio Paulista. Era próximo de
onde eu estava. Aproveitaria para almoçar por lá mesmo. Escolhi ver Garota
Exemplar, com Ben Affleck. Mas eu fui por causa do David Fincher, que dirige o
filme. Bom, o que dizer a respeito. Era um filme bom. Tão bom que eu quase saí
na metade dele. A primeira cena do filme já entrega o quão previsível o
filme se torna. Thriller mexicano de maquiagem ianque. Fincher derrapou ao
tentar criar um clima de thriller psicológico para fixar atenção do espectador.
Sorry Fincher, mas dessa vez você não conseguiu. Depois do filme, aquele
silêncio na sala. Só uma pessoa bateu palma. Devia estar sedada, de tanto Prozac (risos). Saí cansado e me sentindo brochado
pelo fato do meu dia não ter sido tão frutífero como gostaria. Com essa
sensação, fiquei sem vontade de cair na noite. Pinguei meu San German, peguei o
bumba e voltei para casa. A companhia de Raul Pompeia e Padre Antônio Vieira apaziguou
minha irritação.