quarta-feira, 5 de novembro de 2014


Acordar com o barulho da chuva. Há tempos não participava de uma cena assim. Tempo agradável, me deixou mais disposto a levantar-me e ouvir um bom som, para abrir as mesas de trabalho do dia.


Tive que passar no banco pra sacar um dinheiro para a diarista, que vem hoje limpar meu apartamento. Não posso me esquecer de fazer compras hoje, sem falta. É vergonhoso ter chegado em casa ontem, com fome e não ter nada pra forrar o estômago. E pra piorar, a preguiça inana se apoderou a ponto de não querer botar o dedo mindinho do pé pra fora do apê. O pacote de torrada integral estava intacto. Vejamos o que tinha na geladeira: leite, saquinhos de ervas para chá, margarina (honey, don´t), copo com resto de requeijão light. Estava bem puxado (risos). Tive que improvisar e fazer o milagre da multiplicação do requeijão. Comi quatro torradas e o requeijão deu. Enquanto ia delineando a torrada com a espátula, para colocar aos poucos o requeijão, me lembrei de uma história bíblica que aprendi na escola em que estudava sobre a viúva de Sarepta.

Pra contextualizar melhor: estudei por 8 anos em uma escola Adventista, no que chamamos hoje de Ensino Fundamental.  Muitas histórias que tenho guardadas na minha memória sobre essa época. Mas como são histórias (risos) tristes, já vou direto ao recorte: por se tratar de uma escola administrada por uma igreja, tínhamos em nosso currículo escolar aulas de religião. No primário – 1ª a 4ª série, as professoras tinham o hábito de começar sempre contando uma história da Bílbia. Minha professora do 2º ano, a professora Maria José, umas das melhores e mais importantes mestras que eu tive, abria a aula contando a história do profeta Elias. Em um dos episódios, o profeta, instruído por Deus, visita a cidade de Sarepta. Lá, ele é recepcionado por essa viúva, que não sabemos o nome. Quem sabe, no Juízo Final (risos). Uma mulher extremamente pobre, humildemente prepara uma refeição para Elias, com o pouco que tem. Sensibilizado pela atitude da viúva, Elias faz uma oração que multiplica o azeite e a farinha para eles não passarem fome. Inspirado por essa breve passagem do tempo, consegui fazer milagre e lanchei sem complicações. Mas se eu fosse a tal viúva, já aproveitava a compaixão do profeta e pedia uma bela cesta básica.

Comecei a reler O Ateneu, do Raul Pompeia. Deus, por que eu demorei tanto para redescobrir esse livro. Comecei a ler as primeiras cinco páginas.  Aí eu voltava do início e lia novamente o texto, maravilhado com sua narrativa hiperbólica e corrosiva.  Li umas 4 vezes o prefácio. Na última vez, sublinhei tudo que tinha achado interessante. Ou seja, quase tudo (risos). Só dei um pause para ver aquele programa do Miguel “Fala Bela”, o Sex and the City no Morro (risos). É descaradamente uma cópia da série norte-americana. São 4 amigas versão Vidigal de Carrie, Miranda, Samantha e Charlotte. No programa, assim como na original, elas sempre se encontram em algum lugar para bebericar e falar de futilidades. Com Carrie se tomava um Cosmopolitan.  Com as “nêga”, cerveja no buteco da comunidade. Assunto em comum: homens. Têm as histórias paralelas com as protagonistas. Ou será a Claudia Gimenez a atriz principal? Isso soa confuso, mas não compromete o texto do Miguel, que finalmente abriu mão daqueles textos de besteirol horrível que ele escrevia. Ele se sobressaiu com Pé na Cova. Com as “nêga” não tem sido diferente.  “Então, lacrou!” foi o bordão da vez. A Débora Duarte, fazendo a dona Rosemary, uma mulher totalmente antiquada, grosseira de modos, de baixo calão, roubou a cena no capítulo de ontem. Agora, fazer o momento “Oi, somos cópias das Sublimes” para fechar o episódio, foi bem forçado. Totalmente desnecessário. Entre o original e a versão, fico com a primeira opção.